Há um personagem residente em São Tomé das Letras cuja história se mescla à da rica Ufologia Mineira. É praticamente impossível falar de discos voadores e seus tripulantes em Minas Gerais sem mencionar a cidade, e quando se faz isso é impossível não trazer à tona o nome do pesquisador, testemunha de inúmeros avistamentos ufológicos e abduzido Oriental Luiz Noronha, mais conhecido como “Tatá”. Figura conhecida e respeitada em sua comunidade, é quem se tem como referência no Sul do estado.
Este autor esteve recentemente em São Tomé das Letras para gravação de um documentário de televisão do qual participou também Tatá. Após as filmagens, ele nos concedeu esta entrevista. O mineiro teve um início de vida difícil. Perdeu a mãe ainda na infância e seus primeiros anos de vida foram passados com os índios. Depois, em idade escolar, seus tios o levaram para morar com eles. Ainda criança, aprendeu o serviço de sapateiro e fez todo tipo de trabalho para ganhar o pão de cada dia, chegando a executar até trabalhos de eletrotécnica. Mas ele tinha outra vocação.
Oriental Luiz Noronha tinha aspirações musicais e gostava de cantar canções com sofisticação melódica. Dedicou-se a essa arte o quanto pôde. Saiu de uma pequena cidade do interior de Minas Gerais e foi para o Rio de Janeiro, onde cantou com Nelson Gonçalves, Emilinha Borba e grandes nomes da fase áurea do rádio brasileiro. Mas sua busca por desvendar os enigmas da própria existência, os porquês de estar aqui, de onde veio e para onde vai, fizeram-no voltar às raízes para buscar respostas. Nesta entrevista, ele conta passagens importantes dessa sua fase inicial de vida.
O legendário Sumé
Suas pesquisas ufológicas na rica região do Sul de Minas Gerais tiveram início ainda quando era criança, aumentaram na juventude e na fase adulta se encheram de vigor. Tatá interessou-se por desvendar as coisas ocultas que lhe sensibilizam a alma e pelo que se falava na cidade sobre o legendário Sumé [Veja edição UFO 254, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Assistiu a fenômenos de aparecimento e desaparecimento de objetos em locais fechados e conheceu eubiotas que lhe despertaram a curiosidade pela filosofia ocultista. Procurou intensamente por inscrições rupestres nas rochas perdidas em meio às matas de seu estado e achou algumas de valor histórico.
FONTE: SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE
A sede da Sociedade Brasileira de Eubiose, entidade que teve enorme influência na vida e decisões do entrevistado
A incessante busca pela arte ancestral e seus estudos sobre os índios cataguases, antigos habitantes do local, fizeram dele um historiador de São Tomé das Letras. Andando por dias e noites pelas campinas, matas, cachoeiras, montanhas e as numerosas grutas da região, dormindo em barracas armadas no alto das pedras e varrendo os céus com os olhos, vivenciou fatos largamente referenciados na Ufologia, alguns deles contados nesta entrevista, como o incrível Caso Akiel, bastante conhecido na cidade.
Não há dúvida ao afirmar-se hoje que esse decano da Ufologia Brasileira, às vésperas de completar 80 anos e, no mínimo, com 60 anos de prática ufológica, dificilmente seria superado em vivências de campo e em horas de vigília por qualquer concorrente ainda vivo. Mas, mais do que isso, Tatá dedicou-se também, como nenhum outro, à história e à Ufologia de sua cidade, tendo publicado três livros: São Tomé das Letras: Berço ou Túmulo de Uma Civilização [Edição particular, 1978], São Tomé das Letras: Útero da Terra [Madras,1985] e São Tomé das Letras e o Mundo Subterrâneo [Madras, 2003].
Econômico em palavras
Oriental Luiz Noronha viveu dias gloriosos, teve mulheres, muitos filhos e constituiu uma grande família. Ainda hoje vive na prestigiosa Pousada do Tatá, conhecida de todos na cidade e movimentada por turistas que querem conhecer as histórias locais contadas por quem as vivenciou. Tatá é essa pessoa, um homem simples, espontâneo, calmo, educado, esclarecido e de conversa fácil — mas econômico em palavras, ainda mais agora que teve um leve acidente vascular que lhe dificulta fazer palestras, embora ainda escreva muito bem e simpaticamente fale com todos que o procuram.
Como grande admirador da arte rupestre, também abundante em Minas Gerais, Tatá se queixa da sua destruição. Em uma inscrição que achou, havia palavras obscenas escritas a carvão. É triste, mas é isso que o interessado neste tipo de vestígio arqueológico encontra nas rochas milenares da região. “Até a pintura rupestre de um disco voador os vândalos chegaram a destruir, quebrando parte da rocha em que está”, lamenta. Pichações, falta de isolamento e defesa insuficiente do poder público ao patrimônio histórico são fatores que contribuem para a degradação das pinturas ancestrais. Tatá, além de ufólogo e historiador, é também um guardião desses bens históricos da cidade. Vamos à entrevista.
O seu apelido Tatá é curioso. Dizem que fora dado pelos índios. É verdade?
Eu nasci em Cruzília, aqui no interior de Minas Gerais, em 06 de abril de 1938. Em 1944, quando minha mãe Benita Alves de Souza morreu prematuramente em São Gonçalo do Sapucaí, meu pai biológico, Orphila Athaide Noronha, que era boiadeiro e viajava muito, estava indo para o Rio de Janeiro levando uma boiada e minha mãe, sem parentes, acabou sendo enterrada como indigente. Eu e minha irmã Eliza ficamos a sós no pequeno casebre de pau a pique coberto de sapê. Aí, um casal de índios tupis-guaranis, nossos vizinhos, nos levaram para sua tenda no aldeamento e ficamos morando com eles. Meu pai, pelo serviço que fazia, não podia ficar conosco nem nós irmos com ele.
O que aconteceu a seguir?
Pouco depois, minha tia, irmã de meu pai, que morava em Cruzília, veio a São Gonçalo e levou minha irmã, que na época tinha um ano e meio. Eu ainda fiquei por uns quatro anos morando com o casal de índios até os meus tios me levarem também para junto de minha irmã. Na aldeia aprendi a chamar o velho índio de Vô Siduca — e eles me chamavam de Tatá devido aos meus cabelos vermelhos. A palavra significa fogo em tupi-guarani. Eu era ruivo e agora tenho cabelos brancos.
Meu retorno a Minas Gerais se deveu aos questionamentos que eu fazia por razões existenciais. Certo dia encontrei o professor Henrique José Souza, fundador da Sociedade Brasileira de Eubiose, que me sugeriu ir a São Tomé das Letras. Isso me ficou na cabeça.
E quanto à sua origem da família? De onde vêm os Noronha?
Meu bisavô era o alferes João Luiz Gonçalves de Noronha, fazendeiro que morava em Cristina, também em Minas Gerais, casado com Maria Amélia Gonçalves. O título de alferes equivalia ao de segundo-tenente na época. Ele lutou como voluntário junto a alguns de seus filhos na Guerra do Paraguai e ali perdeu entes queridos defendendo o Brasil. Meu avô, por sua vez, foi Oriental Luiz Gonçalves de Noronha, casado com Eliza Athaide. Eles residiam em Águas Virtuosas, lindo nome para uma cidade com belas fontes medicinais que, depois, não sei a razão, mudou de nome para o de um inexpressivo peixinho, Lambari, que permanece até hoje. Quando eu era criança, a vovó Eliza sempre me contava esta história de que o pai do vovô Oriental, João Luiz, era um homem bom e muito religioso, que um de seus filhos era padre e que quando houve a Abolição deu sem pestanejar o sobrenome da família Noronha aos escravos libertados de sua fazenda.
E como foi sua vida depois?
Quando eu era criança, meu padrinho e pai adotivo montou uma sapataria, onde aos nove anos eu já defendia u
m dinheirinho, mas sempre gostei de cantar e tinha voz para isso. Cantei por um bom tempo na Rádio Caxambu, em programas que eram realizados nos fins de semana — o conhecido locutor esportivo Jorge Curi, seu irmão radialista Alberto Curi e seu irmão mais novo, Ivon Curi, eram os grandes astros da emissora. Foi o cantor Ivon Curi, então grande ídolo da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, que me convidou a cantar no programa de Paulo Gracindo, A Hora do Pato. Ele já havia participado do programa e sua carreira de cantor tinha decolado, tornando-se depois também um grande ator de cinema e televisão. O Ivon Curi me levou para o Rio e cantei naquela famosa rádio. Ali fiz carreira como cantor e no final dos anos 50 participei do conjunto Os Brotos, mas isto é outra história…
A vida em uma cidade grande não devia ser fácil para quem sai do interior. O que você fez para sobreviver? E por que voltou para Minas Gerais?
Fui sapateiro, eletricista, técnico em eletrônica e cantor de Os Brotos, como falei, o que me propiciou ir ao Rio. Eu ganhava pelas apresentações nas rádios e nas casas noturnas. Fui convidado para cantar no Palácio do Catete para o presidente Juscelino Kubitschek, e foi um sucesso. Convivi com os maiores nomes da música da época, conheci muitas pessoas da mais alta sociedade carioca, mas sentia um grande vazio. Foi inevitável voltar, como se o meu destino fosse esse. Meu retorno a Minas Gerais se deveu aos inquietantes questionamentos que eu fazia sobre questões próprias da vida e busca de razões existenciais. Certo dia encontrei o professor Henrique José Souza, fundador da Sociedade Brasileira de Eubiose, que me sugeriu ir morar em São Tomé das Letras. Isso me ficou na cabeça.
Você era tenor quando tentou ser músico. Teve alguma decepção com a música erudita?
Certa vez fui até a Gravadora Copacabana e lá me disseram que procurasse no primeiro andar um tal senhor Edmundo, já de certa idade e muito educado, que pegou a relação das minhas músicas e disse que ia ser muito sincero comigo — falou-me para mudar o repertório porque a gravadora não iria gravar minhas canções. Disse-me também que a mídia havia mudado e que eu deveria procurar estilos que a moçada compra e quer ouvir, não importando se a música é boa ou ruim. O senhor Edmundo ressaltou ainda que para a gravadora só interessava vender discos, e finalizou dizendo para eu mudar e retornar. Eu me percebi naquele momento como um passarinho, que cantava quando tinha vontade de cantar e que o meu cérebro, conhecendo o que é bom, jamais aceitaria música ruim. Vi que músicas lindas são jogadas no lixo. Na semana seguinte voltei para Cruzília e, mais tarde, depois de outros locais, vim para São Tomé das Letras.
FONTE: SETUR MG
Entrada de uma das inúmeras grutas que existem em São Tomé das Letras, que o entrevistado conheceu e explorou
Parece que você viveu uma situação incomum na escola. Poderia descrevê-la para os leitores?
Aos 13 anos tive uma experiência metafisica muito intrigante. Eu estudava no Colégio Paroquial São Sebastião e admirava o tinteiro com uma linda cordoalha de prata que ficava em cima da mesa do professor — eu desejava muito ter algo igual. Certa noite eu sonhei que estava roubando o tinteiro e, para minha surpresa, no dia seguinte, ao chegar à escola, fiquei sabendo que o tinteiro tinha mesmo sumido. Passado uns dias, ao mexer no meu armário, não sei como, achei o tinteiro. Estranhei o acontecido, mas não falei com ninguém. Passei dias e dias angustiado e com medo que achassem o tinteiro e me acusassem de roubo. Então, cansado desse tormento psicológico, pedi ajuda divina e naquela noite sonhei que estava devolvendo o tinteiro e que o deixara embaixo de uma escada na escola. No dia seguinte, chegando ao colégio, o comentário geral era de que tinham achado o tinteiro embaixo da escada. Foi algo insólito e inesquecível para mim.
A vida de criança no interior de Minas Gerais costuma ser cheia de aventuras e quem anda pelos campos costuma ter surpresas. Houve mais algum caso intrigante na sua infância?
Sim, na verdade houve, porque a minha primeira experiência ligada à Ufologia ocorreu quando eu tinha dez anos — quando fui abduzido. Vou contar como tudo aconteceu. O meu tio, irmão de meu pai biológico, era um caçador que adestrava cães de caça para outros caçadores da região. Nas caçadas que ele fazia eu o acompanhava desde muito novo, e com isso aprendi a caçar e tomei gosto pelo esporte. No meu quarto, no armário em que guardava minhas pequenas coisas, havia também um estilingue que fiz com todo capricho para caçar. Eu tinha então quase dez anos.
Dizem que certos alienígenas não gostam de quem maltrata ou caça animais. O que pensa a respeito?
Bem, eu acho que isso é verdade, mas naquele dia eu ainda não pensava assim e lá pelas seis da manhã sai de casa para caçar. Fui a uma fazenda perto da cidade, pois tinha que voltar até às 11h00 porque as aulas no grupo escolar iniciavam ao meio-dia. Na fazenda eu caçava dentro de um grande mangueiro e nele havia um cocho extenso com que o fazendeiro tratava a criação. Distante uns 10 m dali havia uma lobeira, um pequeno arbusto conhecido como fruta do lobo, no qual eu me escondia para esperar as rolinhas — as aves se juntavam ali para comer os grãos triturados pelos animais. Eu dava a estilingada na hora certa e muitas voavam para uma pequena mata adjacente ao cocho. Então o meu instinto caçador me fazia sair detrás do arbusto e entrar naquela pequena mata, observando com cuidado a copa das árvores, onde estavam os pássaros. E assim fui olhando para cima…
Já estou imaginando o que você deve ter visto em cima das árvores…
Não, não foi na copa das árvores. Eu segui em frente e tudo aconteceu mais adiante. Naquele pedaço de mata nascia uma mina d’água onde os animais bebiam, mas eles já tinham se retirado. No fundo da mata havia um tremendo barranco, de uns 20 m de altura, cheio de samambaias incrustadas na parede. Esse paredão servia de cerca para o mangueiro, cerceando a passagem dos animais. Eu olhei para o barranco e vi junto a ele um objeto de uns 2 m de diâmetro parado — tinha tom madrepérolado e refletia um brilho todo especial. Eu estava caçando, mas então olhei bem para aquele objeto luzidio e dei uma estilingada que acertou em cheio o UFO no barranco. Daí já não me lembro de mais nada. Perdi a consciência por completo. Quando me dei conta, estava próximo daquela lobeira perto do cocho, há muitos metros de distância do paredão onde tinha desvanecido.
Bem, uma estilingada no UFO não tem graça e você teve o troco que mereceu. Mas conte-nos o que houve em seguida?
Eu mesmo me pego às vezes rindo do que fiz, mas na hora fiquei muito assustado com o meu estado e o lapso de tempo que tive, pois quando dei a estilingada naquela luz estranha era de manhã cedo, e quando acordei já era de noite. Fiquei por um bom tempo ali parado, até passar aquele estado de letargia. Então voltei para casa e minha avó, preocupadíssima, ralhou comigo. Não me alimentei ao chegar, passei o dia sem o café da manhã, sem almoço e sem jantar. Uns dias depois ocorreu o inusitado. Eu gostava de jogar basquete e vôlei em uma quadra adjacente à nossa casa, mas quando o dia estava quente demais e eu me exercitava muito, costumava sair sangue da minha narina direita. Em resumo, fui acometido de infecção. O médico fez o serviço e, veja só, retirou da minha narina uma pequena esfera, e ainda me culpou por tê-la colocado no nariz. Ora essa. Só muito tempo depois eu compreendi que tinha sido abduzido e que “eles” tinham colocado um implante em meu nariz, responsável pelo sangramento que virou infecção.
O médico retirou da minha narina uma pequena esfera e ainda me culpou por tê-la colocado lá. Só muito tempo depois eu compreendi que tinha sido abduzido e que ‘eles’ tinham colocado um implante em meu nariz, que causou um sangramento.
Você deve ter ficado intrigado com a abdução. O que houve em seguida? Como seguiu sua vida?
Sobre aquela visão e a abdução o mistério permaneceu e fiquei muito incomodado com aquilo. O tempo passou e coisas estranhas começaram a acontecer comigo. O caso do tinteiro no colégio foi um deles, que quase me enlouqueceu. Três anos depois fui para o Rio de Janeiro cantar na rádio, e não deu certo, como falei. Então voltei a minha terra, casando. Tentei ainda cantar novamente no Rio, mas percebi realmente que a minha música estava ultrapassada e resolvi abandonar de vez a ideia de cantar para viver. Eu precisava ganhar a vida e trabalhei aqui em Minas Gerais de eletricista, fazendo também conserto e montagem de aparelhos para retransmissão de televisão. Assim fiz uma boa casa, comprei uma pequena chácara, uma carroça com uma boa égua e resolvi pesquisar esta enigmática cidade de São Tomé das Letras.
Há locais muito interessantes por aqui. O que você pesquisou primeiro?
Eu não tive dúvida: entrei no Carimbado, cujas histórias de bruxas, gnomos e outros seres que estariam resguardando o acesso à caverna impressionavam a todos, além de ouvir que ela levava a Machu Picchu, cidade mística muito distante, no Peru. Então eu quis pagar para ver, mas ali quase morri sem achar o que queria. Após algum tempo retornei à caverna acompanhado por dois amigos — eu pretendia ir fundo. Para minha surpresa, ela já não era mais a mesma. Algo havia mudado ali, pois não consegui achar o caminho que fizera antes nem o corredor que levava às profundezas. No meu livro São Tomé das Letras: Útero da Terra [Madras,1985] descrevo a desilusão que tive no Carimbado. Era uma caverna sinuosa, perigosa e que fisicamente não leva a lugar algum.
Sabe-se que na Gruta de São Tomé, ali nos arredores da cidade, há inscrições muito antigas. Em seus estudos, a que conclusão você chegou sobre elas?
Eu concluí depois de muitos anos de pesquisas que essas inscrições na Gruta de Tomé Apóstolo nos trazem uma mensagem da nossa primitiva história registrada nas rochas, como se fosse um anagrama escrito e ensinado aos primitivos por Sumé, da história jesuítica. Pesquisei essa arte rupestre e o que mais me impressionou é que a 1.700 km de distância há um conjunto de inscrições semelhantes no abrigo da Pedra Grande, no Cerro de Itaquatiá, local perto do município de São Pedro do Sul. Itaquatiá em tupi-guarani significa pedra pintada — mas tem gente dizendo que essas inscrições são meros rabiscos deixados por nossos antepassados, que não sabiam nada além de caçar e pescar.
É provável que desconheçam a história. E você, o que diz sobre as inscrições?
Eu digo não. Os primitivos sabiam o que estavam fazendo; nós é que não sabemos como eles aprenderam com Sumé a contar suas experiências às gerações futuras. Somos parte desta geração futura e responsáveis por muitas coisas que ficaram perdidas na noite dos tempos ou esquecidas na memória. Essas inscrições, tanto as de São Tomé Apóstolo como as de Itaquatiá, segundo estudiosos de escolas religiosas, poderiam ser do Dilúvio bíblico. Enfim, é um mistério. Além disso, o bandeirante Costa Matoso também passou por aqui e registrou essas inscrições. Esta relíquia se encontra hoje na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, no bloco de escrituras intitulado Códice Costa Matoso — são desenhos anagramáticos das inscrições deixadas pelos índios.
FONTE: ROGÉRIO SANTOS
A histórica Igreja do Rosário, no centro de São Tomé das Letras, local que já foi cenário de vários avistamentos ufológicos
Na pintura rupestre que você achou aqui perto há o sugestivo desenho de uma nave alienígena. Como você a encontrou? Quem a teria feito?
Em uma segunda-feira de manhã eu saí de Cruzília com minha carroça puxada pela Jandira, minha égua de estimação, e depois de algumas horas cheguei a São Tomé das Letras. Fui à procura de algum sítio arqueológico, pois o local é rico nessas relíquias, com muitas inscrições rupestres deixadas pelos silvícolas que habitaram a região. Os antigos nativos daqui eram índios cataguases, nômades descendentes dos tupis-guaranis. O cacique Itajibaçu — que significa braço-forte — era o chefe da aldeia. Anos depois de sua morte, ela foi chefiada por seu filho Jaguariúna, o felino sagaz. Então eu acampei no Morro do Areado, porque a noite já estava chegando. Na manhã seguinte, não muito longe de onde estava, encontrei essas pinturas rupestres. Na foto que fiz se vê realçado um disco voador contornado com giz neutro. Depois me encarreguei de fazer no papel o desenho da figura toda. Foi uma experiência incrível achar essa imagem, que mostra que entidades alienígenas e suas naves já se apresentam aqui há muito.
De fato, a arte é muito sugestiva de visitação alienígena. Essa pintura já foi avaliada com método científico para constatação de sua idade?
Sim, os primitivos pintavam nas rochas aquilo que mais os impressionavam. A pintura naquela parede no Morro do Areado foi uma grata surpresa. Alguém deixou registrado na rocha um objeto voador. Quanto à idade, calculo ter mais de 400 anos, mas apenas por comparações feitas com outras inscrições achadas em vários outros locais. A única informação histórica que há de épocas passadas refere-se ao personagem Sumé, que teria estado entre os nossos silvícolas e ensinado coisas que lhes eram desconhecidas — em especial, fixar a palavra por meio de desenhos representativos. Ainda não foi feito nestes desenhos nenhum exame pelos processos de datação por carbono 14 ou termoluminescência, métodos que poderiam datar com precisão a época em que foram feitos. Quem sabe um dia alguém os faça.
O personagem Sumé é tomado hoje apenas como mito. Essa figura o impressiona?
Eu realmente fiquei admirado ao ver como os nossos índios sabiam fixar palavras na pedra, com figuras desenhadas representando um anagrama, algo que podia ser lido por outros que soubessem de sua cultura tribal. Sabe-se que quando o bandeirante Lourenço Taques desbravou esta região de Minas Gerais, por volta do ano 1650, ele perguntou aos cataguases quem teria feito essas inscrições. E eles responderam: Sumé. Segundo os nativos, essa entidade lhes ensinou muitas coisas que desconheciam, como o plantio da mandioca, da batata-doce, do milho e do amendoim. Ensinou-lhes também o que é mais importante hoje para nós: a fixarem na pedra, pintando, o que lhes sensibilizava a mente.
Há notícias de Sumé também trazidas pelos padres que primeiro estiveram no Brasil Colônia. Como você entende isso? Seria apenas uma lenda antiga?
As notícias sobre a estadia desse personagem entre os índios estão nas cartas escritas pelos padres jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, pelo padre agostiniano Alonso Gavilán e por outros que estiveram com os nativos e escutaram deles as coisas ensinadas por Sumé. Então os religiosos, talvez para facilitar o trabalho de catequese, tomaram Sumé por Tomé, o Apóstolo, e foram em frente no trabalho deles. Não é porque há quem não creia em Sumé que tal nome seja invenção dos padres. Afinal, foram eles que ouviram dos índios, não os que não creem. Os religiosos apenas podem ter confundido ou se aproveitado do nome, mas ouviram tal história dos nativos e contaram à Europa do jeito deles. Sumé não é lenda, mas fato histórico testemunhado pelos índios e contado aos padres.
Não tive dúvida: entrei no Carimbado, cujas histórias de bruxas, gnomos e outros seres que estariam resguardando o acesso à caverna impressionavam a todos, além de ouvir que ela levava a Machu Picchu, cidade mística distante, no Peru.
Entendo. Voltando ao tema anterior, como lê a pintura rupestre no Morro do Areado, dada como sendo um sugestivo disco voador?
Alguém primitivo desenhou lá em amarelo um objeto aéreo em forma de disco com cúpula. Ele tem quatro tubos circulares embaixo, afastados à direita, que expelem luzes, fagulhas ou fumaças. Acima, fora do objeto e à esquerda, há uma estrela no firmamento. Ainda acima do disco, mais à esquerda, há três pequenos riscos, como a indicar o movimento da nave. Do lado direito, embaixo, há um tucano das matas nativas e, mais à esquerda da ave, uma cobra comum do local.
O que você acredita que o autor da inscrição queria dizer?
Bem, acho que o primitivo queria nos dizer o seguinte: “Vi este objeto de cúpula voar no céu soltando fogo por baixo. Voava no céu ao lado da estrela como um tucano e ziguezagueava no ar como a cobra no chão”. Os padres, por sua vez, no trabalho de catequese entre os índios, se espantaram quando viram os desenhos e associaram os três riscos à esquerda da nave com sua crença na Santíssima Trindade — acharam que os silvícolas já conheciam a trindade Pai, Filho e Espírito Santo e que isso só poderia ter vindo de Sumé ou Thomé, o Apóstolo. Daí eles escreveram cartas para o rei de Portugal com o que acreditavam e aquilo ficou histórico. Para mim, fatos ufológicos estão presentes aqui há pelo menos 800 ou 1.000 anos.
Impressiona a quantidade de avistamentos em São Tomé das Letras e região. Há algum caso recente que você estudou?
Sim, há. Em 27 de março de 2017, o senhor Pedro Linares, um homem trabalhador, íntegro e de boa saúde, vinha lá pelas 16h00 de seu sítio em sua camionete dirigindo com destino a São Tomé das Letras. De repente, admirado, ele observou em uma reta da estrada, na parte de cima do Morro do Pião, uma luz brilhante parada bem no alto do morro, coisa que jamais tinha visto. Então pegou seu celular, que estava com pouca carga, e fez um filme do UFO — segundo a testemunha, ele ficou ali por umas três horas. Linares ficou vendo o fenômeno acontecer e depois me trouxe a filmagem para examinar. Eu percebi que além da luz havia algo mais acima, e identifiquei um objeto de uns 80 m em forma de dois pratos estacionados acima da luz. Depois disso, mais ou menos no horário desse avistamento, nossos amigos que moram defronte ao Pico do Pião, que fica uns 3 km daqui do centro da cidade, têm vigiado o local, mas até agora não houve novo avistamento ali.
São comuns aqui avistamentos de bolas de fogo, pontos luzentes viajando nos céus e outros efeitos não identificados. Tendo em vista suas experiências pessoais, qual delas o fez refletir mais?
Sim, são comuns os avistamentos, tanto por mim quanto por moradores e turistas que frequentam a cidade. A regularidade dos casos é grande e vários chegam ao meu conhecimento. Quando eu era mais jovem e fazia investigações de campo, por várias vezes dormi nos matos da região e vi várias manifestações de fenômenos luminosos. Certa vez, fazendo uma pesquisa em um local chamado Mata do Jardim, por volta de 13h00, eu procurava inscrições rupestres e algo aconteceu. Entrei na mata à procura de rochas com pinturas e de repente, acima de mim, vi um objeto muito grande que sobrevoava o alto da mata. O artefato estava baixo e não fazia nenhum barulho. Tinha forma arredondada e uma cor cinza-escuro. Nesse dia eu estava com uma filmadora VHS e tentei captar a cena, mas as árvores atrapalhavam a filmagem. O objeto seguia muito lentamente em direção à saída da mata. Não tive dúvidas e caminhei na mesma direção — o meu propósito era conseguir filmá-lo. Mas em um instante ele desapareceu, tornando-se imperceptível aos olhos. Segui mais um pouco e fiquei embaixo de onde o artefato desaparecera, mas muito chateado por ter perdido a filmagem.
O desaparecimento instantâneo sugere um efeito de invisibilidade. Hoje as filmadoras com lentes infravermelhas captam a luz em frequências não vistas pelos olhos. Talvez elas pegassem algo mais naquela tarde…
Sim, as filmadoras de hoje estão muito melhores, mas na época só havia aquela. Veja só o que foi mais espantoso: há uns 300 m dali havia uma plantação de milho que estava sendo colhida e o vegetal amontoado embaixo de um pinheiro. Havia nele um bando de pombas selvagens comendo o milho. De repente as aves alçaram voo e na revoada muitas vieram em direção à mata, onde eu estava. Ao sobrevoarem bem alto a minha cabeça, começaram a cair com o papo estourado. Eu não ouvi nenhum barulho de tiro, batida ou algo que pudesse abatê-las. Cheguei a recolher três pombas que estavam com o papo cheio de milho e verifiquei que tinham quebrado o pescoço, pois saía sangue das narinas. À noite, quando cheguei em casa e refleti sobre o acontecido, me dei conta de que o objeto ainda permanecera sobre mim, mas em um estado invisível — nem eu nem as pombas pudemos vê-lo. O UFO não me deixou filmá-lo e tive a certeza de que ele estava sobre a minha cabeça, e a morte das aves confirma isso. Sim, foi efeito de invisibilidade.
FONTE: ÁLVARO GIMENEZ
O entrevistado especializou-se na pesquisa de casos de sondas ufológicas, muitas vezes observadas por moradores so sul de Minas
Na noite de 08 de setembro de 1995, em frente à Igreja de Pedra, houve um avistamento que rodou o país pela internet. Você estava ali e viu tudo. Como foi isso?
A Igreja do Rosário fica em frente à minha Pousada, onde moro. Nesse dia havia na cidade a festa do Jegue in Night, uma brincadeira que se deve ao jegue que seria leiloado após o show. Havia umas 600 pessoas na festa e eu estava filmando tudo. Por volta de uma hora da madrugada apareceu no alto da Serra de São Tomé duas luzes que foram avistadas por todos — elas faziam movimentos variados, o que causou um verdadeiro alvoroço na multidão, com gritos e comentários sobre o que estava acontecendo. De repente, uma das luzes sumiu, mas a outra permaneceu visível por uns 40 minutos. Fez exibições nos céus e as pessoas ficaram acompanhando tudo boquiabertas. Eram sondas ufológicas, comuns por aqui.
Alguém relatou algo incomum naquela hora em algum local por perto?
Fiquei curioso sobre aquilo e no dia seguinte fui pesquisar. Descobri o relato de que uma das sondas tinha descido no pasto de uma fazenda, a uns dois quilômetros da cidade. De fato, o objeto foi avistado ali. O homem que me contou a experiência inicialmente, achou que era um pedaço de plástico que caíra no pasto e pediu à mulher que o recolhesse. Ele não queria que as vacas viessem a mastigá-lo, pois poderiam se engasgar. O fazendeiro já estava de saída para a cidade de Três Corações quando a mulher se aproximou do tal plástico, perto da casa, e notou que ele começou a se elevar do chão — a sonda pairou no ar a pouca altura. Nisso, cheia de medo, a mulher gritou para a filha dizendo que corresse atrás do marido e pedisse ajuda. O homem voltou rápido e pôde ver o objeto subindo devagar, indo em frente e ficar do tamanho de uma estrela até sumir no céu. A sonda não deixou nenhuma marca nem resíduo no chão.
Houve algum avistamento ufológico em que para você a fuselagem da nave ficasse nítida? Ou algum detalhe dela ou dos ocupantes que se pudesse dizer absolutamente físico, sem qualquer engano?
Sim. Não sei precisar a data exata, mas no começo dos anos 70 eu estava em uma propriedade na zona rural do Bairro do Cantagalo com minha companheira e mais um casal amigo. Eram em
torno de 20h00 quando avistamos sobre a Pedra do Disco, no Bairro do Areado, uma nave-mãe que transitava bem lentamente nos céus. A nave era enorme, tinha uns dois quilômetros de comprimento e era semelhante a um charuto. Não consegui definir sua cor, mas notei um facho de luz esverdeada que iluminava tudo percorrendo a parte superior do objeto. Havia também uma pequena luz na frente e uma grande na parte traseira depois veículo. De repente vieram cinco luzes arredondadas, de uns 10 m de diâmetro cada, todas pequenas e próximas do objeto de tamanho descomunal. Estas luzes menores entravam e saíam a grande velocidade do interior da nave-mãe e ficaram assim por uns 10 minutos. Uns 5 minutos depois o charuto e as luzes pequenas desaparecerem do nosso campo visual, dois caças da Aeronáutica passaram em linha reta na mesma rota do artefato. Tudo bem nítido, sem engano.
Na manhã seguinte, não muito longe de onde estava, encontrei essas pinturas rupestres. Na foto que fiz se vê realçado um disco voador contornado com giz neutro. Depois me encarreguei de fazer no papel o desenho da figura toda.
Nas vigílias ou andanças por essas terras você já presenciou alguma materialização ufológica?
Certa vez, já era mais de 22h00, decidi sair para observar o céu. Peguei o meu Jipe Rural e fui até a Pedra do Disco, o melhor local daqui para fazer uma vigília, observar os céus e pensar na vida. Após algum tempo e cerca de uns 400 m à minha frente se materializou um objeto com um metro de diâmetro por uns 3 m de comprimento. Era parecido com um tubo branco de plástico grosso, como esses de encanamento. O artefato ficou ali parado e eu fiquei observando a formação, lembrando-me de que a cor daquela coisa era semelhante à de uma ração animal na forma de osso que eu comprava para o meu cão. Ao pensar nisso, o objeto assumiu a mesma forma do osso que eu comprava e ficou assim por um bom tempo; depois sumiu da mesma forma que apareceu, ou seja, sem deixar vestígio. Era uma materialização que mudava de forma e não deu para saber mais do que isso.
Você já conseguiu captar à distância o pensamento de algum tripulante de nave durante um avistamento? Como se fosse uma comunicação?
Receber uma mensagem telepática nunca me aconteceu, mas já ocorreu o inverso. Eu estava um dia com um grupo de turistas em frente à Igreja de Pedra quando todos avistaram um objeto que se aproximava a baixa velocidade, vindo de Três Corações para São Tomé das Letras. Aí eu decidi enviar uma mensagem mental para o artefato parar — e incrivelmente ele parou. Depois fixei o pensamento para que se elevasse, ele subiu no ar. Em seguida, que voltasse a se movimentar, e assim aconteceu. Então, com esses movimentos o falatório no aglomerado de turistas perto de mim aumentou a ponto de chamar a atenção das demais pessoas que estavam na praça, entre elas o então secretário de Turismo da cidade, que estava no posto de gasolina e veio saber o que estava acontecendo, porque também avistara o UFO nos céus. Em alguns casos ufológicos que testemunhei pude notar que existe uma relação entre o observador e o fenômeno observado.
Você já esteve dentro de uma nave?
Que eu me lembre, não. Pode ter ocorrido comigo, mas não tenho lembrança de tal fato em minha vida.
Avistamento de UFOs têm sido constantes em São Tomé das Letras e região. Como você entende essa casuística abundante ali?
Nestes quase 60 anos de pesquisas aqui em São Tomé, cheguei à conclusão de que os UFOs que tenho observado não são objetos de outros planetas, mas devem ser de algum mundo paralelo ao nosso, de outra dimensão de espaço e tempo — são fenômenos de origem ultrafísica. Isto parece loucura, mas não estou dizendo que não haja vida em outros planetas, porque o universo é imenso e com toda certeza deve existir vida em muitos “distritos espaciais” e de muitas formas físicas diferentes. Entretanto, a casuística ufológica que tenho testemunhado aqui me parece de origem dimensional.
A vida ultrafísica é considerada por muitos como duvidosa. Você teria alguma experiência mais objetiva para entendermos sua certeza quanto às suas experiências serem oriundas de outra dimensão?
Em 1978, alguns meses após a publicação do meu primeiro livro, fui a São Tomé das Letras para passar um tempo. Era um dia quente, quase sem nuvens. Conversei com o senhor Antônio Rosa e armei minha barraca em um lugar costumeiro, e depois saí para dar uma volta. Fui matar a saudade da Gruta do Carimbado, tendo cuidado com os morcegos, porque transmitem doenças. Após o jantar, recolhi-me na barraca. No dia seguinte encontrei uns amigos e tivemos uma conversa proveitosa, mas eu estava desiludido com coisas existenciais.
O que aconteceu então?
Fui até a praça principal e sentei-me no beiral, mas ventava bastante e fiquei preocupado com a minha barraca — seria preciso reforçá-la para suportar o vento. Nisso apareceu um homem de uns 30 anos, com quase dois metros, forte, moreno e com dois olhos puxados. Ele veio em minha direção e apresentou-se como Akiel. Apertamos as mãos e ele foi logo dizendo que acompanhava as minhas pesquisas e estava me esperando, porque conhecia uma cidade subterrânea, da qual era morador, e que se eu quisesse ele poderia me levar para conhecê-la. Calculei comigo que fosse mais um louco dos tantos que às vezes aparecem na cidade, geralmente espiritualistas fanáticos como muitos que já pude conhecer.
FONTE: AMPUP
O entrevistado realizou de forma rotineira inúmeras vigílias ufológicas em São Tomé das Letras, com bons resultados
Você aceitou conhecer a tal cidade?
Veja só: eu estava preocupado com a minha barraca, que corria o risco de ser levada pelo vento, e para me ver livre do indivíduo, como pesquisador que sou, concordei que pelas 15h00 ele iria ao meu acampamento e juntos nós seguiríamos ao local. Na hora marcada eu estava dormindo e apareceu Akiel, acordando-me e dizendo que já estávamos atrasados, porque a caminhada seria longa. Meio acordado e meio dormindo, fui seguindo seus passos. No caminho Akiel foi dizendo que sua missão era construir um grande edifício, e com a ajuda de outros a construção fora iniciada. Disse-me que era arquiteto e dedicava-se de corpo e alma àquela grande obra. Enquanto me contava aquilo, observei bem o caminho que estávamos fazendo e notei que não o conhecia. Estranhei o fato, porque conheço palmo a palmo os trajetos e não me recordava de ter passado por ali antes — era um lugar diferente de tudo. Então entramos em uma gruta rasa, em um cubículo parecido com elevador. As paredes e o teto eram bem polidos, ambos de material parecido com bronze. Aí senti medo, notei que estava bem desperto e percebi que o ser ao meu lado e tudo aquilo era real. Enfim, estávamos descendo de elevador para algum lugar.
Que coisa estranha. Como poderia haver um elevador em uma gruta no meio do mato?
Não sei, mas era onde eu estava descendo de elevador. Akiel continuou sua história contando sobre o trabalho que estava fazendo. Então o elevador parou e a porta abriu. O fulgor amarelado de dentro daquele local se modificou, sem perturbar a vista, e uma nova claridade emanava onde paramos. Ao sair, vi que o chão era ladrilhado com pedras, lembrando paralelepípedos cinzentos. Então demos de cara com uma planície verdejante, onde havia pássaros e uma festa de cores de folhagens e de sons. Riachos cristalinos cortavam as florestas e, ao longe, avistei um mar de azul intenso, que se confundia com o céu. Andamos por muito tempo em uma temperatura agradável e senti fome. Então Akiel apanhou do chão um vegetal e, retirando as folhas, disse-m
e que era Atanga, o alimento mais rico que se possa imaginar — havia sido aperfeiçoado por seres extraterrestres, fazendo-se uma síntese de todas as algas existentes. Quando subimos uma pequena elevação, deparei-me com uma cidade gigantesca feita de pedras sobrepostas, que de longe resplandeciam um intenso clarão. Parecia que estava no país das maravilhas. Era incrível.
E nesse local não havia gente?
Havia homens e mulheres, uns parecidos conosco, outros diferentes. Vi seres claros e aloirados com olhos azuis, embora outros tivessem olhos negros e corpos morenos. Em uma planície vi que os seres trabalhavam em diferentes objetos — uns pareciam discos voadores e outros eram compridos em forma de charuto. Alguns outros tinham o formato de garrafa. Seres de estatura mediana trabalhavam nessas construções sem se importarem com a minha presença. Então, subitamente, fui trazido de volta e vi que já era noite. Quando dei por mim, estava a uns 200 m da minha barraca e nunca fui sonâmbulo. Levantei-me, mas parecia estar pisando em nuvens. Custei a voltar ao normal…
E quanto a Akiel, você não o viu mais?
Eu fiquei com a figura de Akiel na cabeça. Não havia entendido o que se passara comigo e fui procurar um hóspede como ele em todas as acomodações da cidade. Dei sua descrição e procurei nos registros dos hotéis e pousadas, mas ninguém soube me informar qualquer coisa a respeito dele. Fiquei como louco procurando. Quis me convencer de ter dormido e sonhado com a cidade subterrânea, mas não podia ser, pois toquei em Akiel na praça, onde apertamos as mãos. Depois, no elevador da gruta, eu estava bem acordado e Akiel estava ao meu lado — era um ser físico, absolutamente normal.
De repente, admirado, ele observou em uma reta da estrada, na parte de cima do Morro do Pião, uma luz brilhante parada bem no alto do morro, coisa que jamais tinha visto. Então pegou seu celular e fez um filme daquele estranho fenômeno.
Você procurou a entrada da caverna?
Depois, como um desesperado, procurei a entrada da caverna que daria para aquele lugar misterioso, aquele mundo perdido. Perguntei a mim mesmo: estou ficando louco? Tendo alucinações? Tive receio de comentar isso com outras pessoas, pois poderiam me internar. Então voltei a Caxambu, onde morava. E na luta do dia a dia esqueci esses acontecimentos, mas não demorou muito e logo tiveram início outras manifestações, como poltergeists, premonições e recordações de outras vidas. Compreendi depois que eram fenômenos procedentes de outra dimensão e que Akiel era um ser ultrafísico materializado.
Sabe-se que seres ultrafísicos adensam o plasma corpóreo, se fazem visíveis e interagem. Mas em outras cidades há casos bem estudados que sugerem a vinda de astronautas de exoplanetas físicos. O que pensa disso?
Pelas minhas pesquisas em São Tomé das Letras e região, entendo que existam dois tipos de seres ultrafísicos. Um deles é multidimensional e se manifesta sem qualquer corpo físico, apenas em sua forma energética, que é uma consciência originária de um mundo paralelo ao nosso e capaz de se irradiar. Outro tipo é o que se manifesta fisicamente, mas que também procede de outra dimensão. Trata-se de um ser originalmente ultrafísico. Ou seja, os seres que eu tenho notado aqui são todos dimensionais — ora é o tipo que se materializa e se apresenta na forma densa, tal como Akiel, ora é o que se manifesta apenas como essência energética, projetando sua forma e consciência no contato.
Além dos avistamentos e dos encontros com seres, fala-se que os alienígenas também fazem curas. Você conhece algum caso assim?
Não só conheço como tive essa experiência. Vou contar um caso que aconteceu comigo recentemente. Eu fiquei muito enfermo, com minhas taxas de hemoglobina muito baixas e uma anemia terrível. Sempre desmaiava e não conseguia pensar. Então fui hospitalizado em Cruzília, tomei transfusão de sangue, soro, medicação e fiquei no hospital por nove dias. No penúltimo deles, tarde da noite, eu assistia ao último jornal e minha acompanhante dormia. Foi quando a porta do apartamento abriu e entraram duas enfermeiras que vieram a mim. Mas não falaram nada. Uma delas começou a mexer no meu braço e não me recordo o que colocou em mim. Era impressionante que as duas mulheres eram idênticas, absolutamente iguais e muito bonitas. Elas fizeram o serviço sem falar nada, depois sorriram e saíram. Fiquei maravilhado com a beleza das moças. Na manhã seguinte, na hora do café, perguntei sobre as enfermeiras gêmeas e fui informado de que no hospital não havia nenhuma funcionária daquele tipo e muito menos gêmeas — os médicos acharam até que eu estava sonhando, mas naquela hora eu estava assistindo televisão e muito bem acordado. No mesmo dia tive alta.
São Tomé das Letras tem fama de ser um dos sete “pontos energéticos” da Terra. Haveria uma causa para existir e movimentar essa energia incomum em benefício das pessoas?
Eu gosto de tentar entender a razão de esta energia que emana da cidade potencializar as pessoas que chegam aqui. O fato é que estamos em cima de uma grande montanha de cristais de quartzo, em camadas sobrepostas, que formam os quartzitos. Nossa matéria corporal é formada de energias puras que se condensam e o nosso corpo é capaz de captar energias positivas ou negativas. O pensamento, que é um mundo formado por energias, então metaboliza esses influxos imateriais e potencializa os conjuntos celulares. Assim, dependendo do estado emocional em que cada um se encontra, aceita e metaboliza, porque o querer pessoal é base do nosso próprio existencialismo. Ou seja, a pessoa recebe a “seiva energética” da cidade e se revigora. Por isso é importante que ao chegar a São Tomé das Letras se pense somente em coisas boas, que nos façam felizes, porque tais pensamentos vão vitalizar as energias daqui emanadas, causando imediato bem-estar e melhoria pessoal. Todo visitante pode experimentá-la.