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UFOs presentes também no centro-oeste de Minas

Milton Aloísio de Oliveira
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Créditos: Márcio V. Teixeira

A partir da década de 60 várias ocorrências ufológicas marcaram a então pacata região centro-oeste do estado de Minas Gerais. Este artigo procura traçar um panorama geral das principais aparições catalogadas e descrever a evolução histórica das pesquisas locais, até então inexistentes. Em Pará de Minas, outrora, uma pequena cidade localizada a 70 km da capital do estado, conhecida como a terra dos teares e dos sinos, que mesmo vivendo na profunda religiosidade dos antigos tempos, já se ouvia dizer sobre as assombrações que apavoravam os passantes de uma estrada que leva ao distrito de Tavares e ao município de Florestal, mas que, na época, tratava-se da única opção rodoviária para deslocamentos à cidade de Belo Horizonte. Diziam aterrorizadas testemunhas, então, sobre a presença muito constante de uma dama toda vestida de branco que se tornava brilhantemente visível mesmo na profunda escuridão do local, lá no Alto da Maniçoba – como era identificado aquele ponto do percurso. O fato lembra, devido à semelhança, os mesmos casos que perpetuaram o folclore da região de Passa Tempo, muito bem estudados pelo emérito pesquisador Antônio Faleiro. Vale recordar um fato histórico por demais interessante sobre essa rodovia estadual. Benedito Valadares Ribeiro, paraminense da gema, quando governador interventor de Minas Gerais, nomeado por Getúlio Vargas, resolveu calçar com paralelepípedos aquele caminho. Pretendia, além do progresso para a região, facilitar seus deslocamentos da capital mineira à sua terra natal, situação que acontecia com bastante freqüência. Adorava passar os finais de semana em sua fazenda. E a estrada, parte calçada com paralelepípedos e parte de terra batida, assim continuou até o início do ano de 2001. Foi quando, mesmo tombada pelo patrimônio histórico do Estado, em nome do progresso foi totalmente asfaltada.

Imprevisível dizer que esta peculiaridade tenha sido o que atraiu tanto a curiosidade dos “manobristas” dos UFOs. O certo é que, em toda região, nunca existiu ponto de maior freqüência de aparições. Desde o Alto da Maniçoba até o município de Florestal. Mas a cidade de Pará de Minas também experimentou a emoção de ver UFOs sobrevoando os seus céus. Em 1962, uma linda nave em forma de pratos superpostos, do tamanho de uma lua cheia e que girava em torno de si mesma, cruzou o céu de sul a norte, emitindo fantástica luz que variava nas tonalidades de amarelo, azul, verde e vermelho. Em 1969, imediatamente à ocorrência de um inusitado apagão, um objeto discóide esverdeado, fazendo manobra espetacular – que lembra um oito preguiçoso da aviação – em vertiginosa velocidade, espantou e maravilhou a todos que o viram.

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Em 1970, o mais tradicional colégio católico de toda região, o Ginásio São Francisco, teve suas aulas noturnas suspensas uma vez que professores e alunos que tinham carro saíram na direção em que seguira um grande UFO, rumo ao Cristo Redentor, no alto da Serra de Santa Cruz, após sobrevoar o pátio daquela instituição de ensino. O próprio diretor do educandário, um padre franciscano, foi quem em primeiro lugar o avistou e chamou a atenção das demais pessoas com grande alarde. Nos anos 60, uma onda de avistamentos ocorreu em Minas, entre 1967 e 1969. Em setembro de 1968, duas estudantes de Direito retornavam de Divinópolis, onde estudavam, via Juatuba, então distrito de Mateus Leme, e quando já percorriam a recém inaugurada BR-262 passaram por um pequeno UFO, aparentemente suspenso sobre a outra direção da pista, poucos quilômetros antes do trevo de acesso a Pará de Minas. Ambas juízas de Direito atualmente, F. M. pôde reparar, segundos depois, que seu relógio parou no exato momento que passaram pelo estranho objeto, às 20h30. O veículo de I. B., um Volkswagen, um pouco à frente, passou a apresentar problemas mecânicos que obrigaram a parar à margem da estrada, ali permanecendo até conseguirem socorro.

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O objeto voador já havia sido notado, por ambas, minutos antes do arrepiante encontro. Embora a noite fosse enluarada, o UFO era brilhante o bastante para não passar despercebido, uma vez que emitia forte luz de cor prateada, como se fosse encarnada. Tiveram a impressão, quando ainda se aproximavam do local onde ocorreu o pouso, que o objeto vinha voando de longe entre as baixas serras da região.

crédito: Fotos cortesia Cipfani

“A pesquisa ufológica exige esforço e muita disciplina”, lembra o pioneiro Húlvio Aleixo. Esses dois requisitos são seguidos à risca pelas equipes do Grumpu, Cipfani e GEO. Acima, à direita, a travessia do Rio São Francisco em balsa, para se atingir local de avistamento, e a consulta a mapas no meio na mata

“A pesquisa ufológica exige esforço e muita disciplina”, lembra o pioneiro Húlvio Aleixo. Esses dois requisitos são seguidos à risca pelas equipes do Grumpu, Cipfani e GEO. Á direita, a travessia do Rio São Francisco em balsa, para se atingir local de avistamento, e a consulta a mapas no meio na mata

Ao chegarem a Pará de Minas, logo após noticiarem o ocorrido aos que lhes eram mais íntimos, já puderam perceber que seriam inconvenientemente ridicularizadas não fosse outro propositado acontecimento. A extinta TV Itacolomi, de Belo Horizonte, começou a noticiar em seguidas edições extras de seu telejornal, dezenas de avistamentos de objetos voadores não identificados, todos ocorrendo naquele momento, nas mais diversas e distantes regiões do estado, constituindo o fato, a verdadeira “noite dos UFOs em Minas Gerais”. De Itajubá, Belo Horizonte, Lavras e muitas outras cidades, inúmeras informações pipocavam na sede daquela saudosa emissora de televisão.

Meses antes, uma conhecida educadora da cidade, quando aprendia a dirigir um veículo automotor na citada estrada que leva a Florestal, encontrando-se na companhia de sua filha, pode reparar um outro objeto não identificado, porém, de tamanho mais considerável, pousado por entre a vegetação rasteira ali existente, logo à beira da rodovia. A. C. relatou a existência de diversas pequenas janelas côncavas – parecendo escotilhas – em toda a extensão do oval objeto.

O início das investigações na região

Muito embora alguns se interessassem pelo assunto na cidade, inclusive o autor do presente texto, apenas em 27 de junho de 1979, a partir da brilhante palestra ministrada por Húlvio Brant Aleixo, é que este grupo de pessoas se uniu, finalmente, com o firme propósito de estudar cientificamente o fenômeno na região. Assim nasceu o Grupo de Estudo dos OVNIs (GEO), tendo como eterno padrinho um dos mais competentes estudiosos e verdadeiro pioneiro da Ufologia Brasileira o professor Húlvio, fundador do Centro de Investigação Civil dos Objetos Aéreos Não Identificados (Cicoani).

J
á em 04 de maio de 1984 o grupo foi devidamente regulamentado, com aprovação e registro de seus estatutos, passando a constituir uma sociedade civil de pesquisas independente, sem fins lucrativos, e que visa concorrer, modestamente, para a solução do enigma do século. A partir de então, e por boa parte da década seguinte, os integrantes do GEO tiveram o privilégio de conviver com o professor Húlvio, sempre na companhia do inesquecível Manoel, também pesquisador do Cicoani e fotógrafo profissional, quando em suas inúmeras visitas à região, numa não muito nova Kombi, realizaram pesquisas, muitas vezes investigando casos que o grupo local lhes repassava.

Começavam, então, algumas investigações conjuntas. A casuística nas décadas de 70 e 80 era farta na região de Florestal e adjacências. Entre os diversos casos investigados pelo Cicoani e o GEO naqueles locais, muitos diziam respeito a sondas que invariavelmente perseguiam moradores rurais, fazendeiros e seus agregados. Um dos mais interessantes é referente a um vaqueiro, cujo nome foi pedido reserva e sigilo, que se submeteu a terrível aproximação noturna de um UFO. Quando ele cavalgava pelos pastos da fazenda onde trabalhava um objeto voador, com várias hastes na sua base inferior (parecendo estiletes), abateu-se, como vindo do nada, sobre o mesmo e seu cavalo.

O referido vaqueiro se escondeu debaixo do animal que, curiosamente, permaneceu apático e completamente inerte à ocorrência, como se estivesse hipnotizado. O UFO ficou pairando considerável tempo sobre os dois em baixíssima altitude. Segundo o observador, a luminosidade era tamanha que seria possível achar uma agulha em meio à vegetação. Ainda teve a impressão de que as hastes serviriam para capturá-lo, embora isso não tenha se concretizado. Inexplicavelmente, na década vigente as ocorrências escassearam, ausência que parece repetir-se em quase todo o território nacional. Entretanto e coincidentemente, poucos dias antes da elaboração desta matéria, notícias chegaram da região de Florestal, dando conta de estranhos veículos fantasmas trafegando por aquela estrada, que aparecem e desaparecem repentinamente, sem deixar o menor vestígio. As investigações foram iniciadas e se espera, com incontida esperança, que seja o limiar de uma nova era de ocorrências na região.

Reconhecimento a um verdadeiro pioneiro

A Ufologia de Minas Gerais – e do Brasil – deve muito a Húlvio Brant Aleixo, um homem sério, professor de psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, que desde 1950 vem trabalhando incessantemente na investigação e documentação científica do Fenômeno UFO no país. Ele fundou, há mais de 50 anos, o Centro de Investigação Civil dos Objetos Aéreos Não Identificados (Cicoani). Trabalhar ao seu lado foi uma rara e valiosa oportunidade, além de constituir a realização de um grande sonho deste autor que teve seu interesse voltado para a Ufologia em 27 de junho de 1979, a partir da brilhante palestra ministrada pelo professor Húlvio. Assim é que surgiu, com o firme propósito de estudar cientificamente o fenômeno na região, o Grupo de Estudo dos OVNIs (GEO).

A partir de então, e por boa parte da década seguinte, os integrantes do GEO tiveram o privilégio de conviver com o professor Húlvio. Todos acompanhavam atentos e curiosos o trabalho desenvolvido pelo pesquisador, que sempre esbanjando humildade e profundo conhecimento científico nos falava com sabedoria sobre os cuidados na abordagem aos envolvidos com UFOs. “O observador percebe que poderá colocar em jogo toda sua credibilidade pessoal, ao relatar algum avistamento dessa espécie. Isso constitui o maior entrave à ideal pesquisa do fenômeno”, dizia-nos o sábio cientista. Ainda segundo ele, “muitos se omitem, até presentemente, restringindo seu relato apenas às pessoas de sua confiança”.

De saudosa lembrança, o prudente posicionamento do mestre, no sentido de se evitar qualquer tipo de manifestação pessoal do investigador, durante a entrevista com o observador. Não era inteligente, segundo ele, qualquer ingerência durante esses momentos, sob pena de jogar por terra a fidedigna reprodução do ocorrido. É que, diante do inusitado, também dizia Húlvio Aleixo, que qualquer colocação poderia induzir o entrevistado a adaptar seu relato. Chamava atenção a prática que o investigador inventou para solucionar a grande carência dos entrevistados, quando chamados a reproduzir em desenhos os aparelhos observados. O professor Húlvio usava uma massa especial e pedia que o entrevistado a manipulasse, objetivando dar a forma que mais se assemelhasse à observação. Os resultados eram fantásticos.

Embora os contatos pessoais tenham se extinguido, e caso tenha acesso a este trabalho, saiba o professor Húlvio, que seus ensinamentos foram de imensurável valia a todos os integrantes do GEO, como são de toda a Ufologia Brasileira. Eles continuam enraizados em nossas mentes, constituindo verdadeiros estatutos de cientificismo e condução ética na concretização de estudos do Fenômeno UFO com o necessário rigor, pelo que todos, publicamente, o agradecem.

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