Há quase duas décadas, ufólogos do mundo todo vêm falando sobre a existência de um projeto altamente secreto destinado à escuta clandestina de ligações telefônicas, chamado Echelon. Na maioria das vezes, o nome do projeto nem mesmo era citado, mas pesquisadores sérios sempre se preocuparam com a possibilidade de um sistema de escuta eletrônica controlado pelo Governo dos Estados Unidos estar sendo empregado para controlar a atividade dos investigadores do Fenômeno UFO. De acordo com as informações, o Echelon poderia ter acesso a quase todos os telefonemas feitos no mundo, à maioria das transmissões de fax e até às mensagens eletrônicas enviadas por milhões de pessoas a cada dia. Embora fossem ainda suposições, estas informações deixaram alertas investigadores e estudiosos do Fenômeno UFO, pois, em muitos casos, as próprias agências de inteligência e espionagem dos EUA divulgavam dados equivocados, a fim de confundir os investigadores e abalar deliberadamente a credibilidade de seu trabalho. Por isso, todo cuidado é pouco. Com o passar do tempo, novos fatos revelaram uma realidade ainda mais assustadora do que se poderia supor. Descobriu-se que, por meio do Echelon, a Agência de Segurança Nacional (NSA) monitoraria constantemente também todas as transmissões de televisão, emissões de rádio, conversas feitas em walkie-talkies e até mesmo as transmissões dos rádios usados nos berços de crianças, as chamadas babás eletrônicas.
Mitos da era da informática — Para chegar a tal nível de atividade, a NSA empregaria um sistema chamado Sinal de Espionagem [Signal Intelligence ou Sigint], em operação nos Estados Unidos há muito tempo, baseado na Rede de Satélites de Decodificação de Sinais Eletrônicos. É usando tal avançada tecnologia que a NSA conseguiria ter acesso a transmissões de faxes, telefonemas e a maior parte dos e-mails trocados no planeta – exceto as que estiverem protegidas por chaves criptográficas, sistemas que embaralham as informações de uma mensagem, que em tese somente pode ser lida pelo destinatário. Mas, mesmo assim, quando as mensagens são captadas e “ouvidas” pela NSA, nem sempre são decodificadas inteiramente, pois não há capacidade de processamento para se analisar tudo. É como se uma pessoa estivesse em meio a uma rua movimentada, ouvindo buzinas, carros, pássaros, passos, alarmes, rádio etc, tudo ao mesmo tempo. É isso o que a instituição faz. De todos os dados que chegam até ela, apenas trechos específicos são realmente analisados.
Embora vários especialistas em espionagem eletrônica internacional tenham deixado vazar a informação que tal sistema existisse realmente, durante muito tempo tudo não passou de boatos e mitos da era da informática, uma espécie de lenda urbana. Poucos levaram em consideração a existência do Echelon. Qualquer um que confirmasse a existência de tal sistema era chamado de lunático, e isso somente começou a mudar a partir dos dois últimos anos, quando o Vaticano abriu inquéritos contra os EUA, em 1999, alegando que Sua Santidade estaria sendo espionada 24 horas por dia pelo Echelon. O Vaticano queria saber o que levaria a NSA a espionar o sumo pontífice da Igreja Católica. Além disso, uma mudança na posição dos homens de ciência também não tardou a surgir. O diretor da Federação dos Cientistas Americanos, John Pike, afirmou que devemos nos acostumar com o fato de estarmos sendo espionados. “O Big Brother já existe. Ele está nos ouvindo em qualquer lugar do mundo!” Pike se referia a um programa global de monitoração passiva da humanidade, que se convencionou chamar de Big Brother e que estaria observando tudo o que se passa em todos os cantos da Terra 24 horas por dia, 365 dias do ano.
A própria Federação explicou que o Echelon consiste em uma rede global de computadores que busca, em milhões de mensagens interceptadas a todo instante, palavras-chave que signifiquem situações de risco ou de interesse para o Governo dos Estados Unidos. Essas palavras são muitas, e quando emitidas em conversações telefônicas, transmissões radiofônicas, e-mails e faxes, acionam um sistema específico de análise. Toda palavra é verificada, nas freqüências e canais selecionados, por glossários computadorizados desenvolvidos exclusivamente para o Echelon – os processadores de rede. Assim, se em uma determinada conversa telefônica a expressão “terrorismo” for enunciada em um contexto em que também esteja presente a palavra “Bush”, por exemplo, o Echelon ativaria os processadores. Se até então essa inocente conversa estava apenas sendo monitorada, a partir da pronúncia daquelas palavras ela passou a ser gravada ou ainda simultaneamente analisada, em diversos níveis. Um complexo conjunto de computadores interligados faria infinitas combinações matemáticas e vocabulares para se descobrir se as pessoas envolvidas na hipotética conversa poderiam ser terroristas com algum plano para executar o presidente Bush, ainda seguindo-se os exemplos dados. E assim como “terrorismo”, as palavras “UFO”, “extraterrestres” e “contato imediato” também ativam o sistema, já que os discos voadores são assunto de interesse da segurança nacional dos EUA.
Os processadores de rede conectam todos os sistemas do Echelon e permitem que cada terminal funcione como um setor de distribuição de dados. Exemplos claros de como o Echelon monitora e interfere nas questões de segurança nacional, não somente dos Estados Unidos, mas também de seus aliados, podem ser encontrados em várias situações. Uma delas envolveu a trágica morte da princesa Diana. Em setembro de 2000, o empresário Mohamed Al Fayed entrou com processo contra a Agência Central de Inteligência (CIA), a NSA, o Departamento de Defesa e o Ministério da Justiça norte-americanos, afirmando que seu filho Dodi Al Fayed e Diana estavam sendo espionados por esses órgãos quando morreram no aparente acidente de carro ocorrido em 31 de agosto de 1997. Al Fayed tomou essa atitude porque, em 28 de agosto de 1998, Richard Tomlinson, um ex-agente do Serviço Secreto Britânico (MI6), informou que Henri Paul, o motorista que morreu no acidente, estava na folha de pagamento do MI6 há pelo menos três anos.
Coincidências demais — Como se não bastasse, o empresário afirmou ainda q
ue o acidente foi muito semelhante a um plano desenvolvido para matar o presidente iugoslavo Slobodan Milosevic, em Genebra, idealizado pelo MI6 em conjunto com a NSA e a CIA, usando o Sigint e o Echelon. Al Fayed, em sua busca por explicações para a morte do filho, inicialmente confiou nas informações prestadas pela CIA, mas depois de descobrir que os norte-americanos estavam omitindo dados sobre o acidente, mudou de posição. Passou então a suspeitar que Dodi e Lady Di teriam sido mortos com a colaboração das agências de inteligência, e por isso pediu a abertura de um inquérito nos Estados Unidos. Seu objetivo era ter acesso às informações do governo, mas no dia 13 de outubro de 2000, uma corte de Washington negou o processo contra os centros de inteligência envolvidos, alegando não ter jurisdição sobre o caso.
Em nosso próprio país tivemos ocorrências ufológicas que evidenciaram a presença unânime dos órgãos norte-americanos de espionagem em vários processos. Em janeiro de 1996, por exemplo, a cidade mineira de Varginha foi “invadida” por especialistas civis e militares estrangeiros vindos, segundo algumas fontes, dos Estados Unidos. Foram atraídos à cidade em virtude das informações de que um UFO teria se acidentado e dois de seus tripulantes, resgatados. O que mais impressionou foi a rapidez com que chegaram ao local, pois o Caso Varginha estava apenas em seu início e ainda não era de conhecimento público, passando a ser quando a imprensa nacional noticiou o incidente. Como poderiam tais norte-americanos saber do caso? Segundo se soube, o Sigint e o Echelon monitoravam e ainda monitoram os movimentos militares brasileiros – e de vários países sul-americanos – em tempo integral, catalogando tudo aquilo que seja detectado na atmosfera, incluindo os veículos aéreos não identificados captados pelo país, os UFOs. Inclusive, o interesse pelo Brasil tem constantemente se intensificado. Na década passada, por exemplo, o Governo brasileiro decidiu empenhar-se em construir uma rede de controle eletrônico em toda a Amazônia. Para sua construção, que custaria bilhões de dólares, duas empresas estavam concorrendo em licitação: a francesa Thomsom CSF e a norte-americana Raytheon. Foi então que o Governo dos EUA descobriu e vazou – de forma pretensamente acidental – a informação de que a Thomsom estava subornando pessoas expressivas da equipe de seleção, provando isso com gravações telefônicas entre essas pessoas e a empresa francesa.
O próprio Departamento de Comércio dos Estados Unidos pressionou o Governo brasileiro e apresentou as gravações. Com base nelas, obtidas por meio da escuta clandestina do Echelon, a Thomsom foi desclassificada e a Raytheon ganhou a licitação para a execução do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). Como? Os telefones de todas as pessoas envolvidas estavam grampeados. Curiosamente, a Raytheon é uma das empresas mais importantes para a operação das bases de captação de sinais e rastreamento… do próprio Echelon! Todas as bases da NSA são mantidas por ela. Em outras palavras, ter o Projeto Sivam sendo construído pela Raytheon é como se o Governo brasileiro contratasse um lobo para tomar conta de suas ovelhas. É importante lembrar ainda que o Sivam é composto de vários subsistemas restritos, que acabaram sendo posteriormente instalados pela Raytheon, aos quais os técnicos brasileiros não tiveram acesso. Nada impede que a NSA, portanto, esteja colocando, através do Echelon, os transmissores de dados diretamente em nossas próprias estações de captação, em Território Brasileiro. Tudo indica que esteja efetivamente fazendo isso ou produzindo sistemas de envio de dados para os processadores de rede do sistema Echelon.
Controle de operações bancárias — Se for mesmo assim como se presume, tudo o que nós, brasileiros, descobrirmos na Amazônia será também de conhecimento da Agência Nacional de Segurança dos EUA, a temida NSA. Esses são casos conhecidos, mas há vários outros menos famosos. Um deles envolve o espião aposentado e vice-diretor da NSA no Canadá, Mike Frost, que confessou que o braço da entidade naquele país – o Centro de Segurança das Comunicações do Canadá (CSE) – investigou ilegalmente as comunicações de dois secretários de Margareth Thatcher e o telefone celular da esposa do primeiro ministro canadense, Pierre Trudeau, por requisição direta da própria ex-primeira ministra da Inglaterra. Tudo foi feito sem qualquer necessidade de se instalar aparelhos especiais, já que as escutas foram implementadas utilizando-se os sistemas em uso nas dependências ocupadas por aquelas autoridades [Surgiram informações de que o Echelon possa captar conversas em salas onde o telefone esteja até mesmo no gancho]. Além disso, existe a suspeita de que a NSA tenha tirado ilegalmente milhões de dólares da conta bancária na Suíça de Vincent W. Foster, conselheiro especial da Casa Branca, ao descobrir que o dinheiro que ele recebia vinha do Governo de Israel.
Em outras palavras, ao decidir, sem prévio julgamento, que Foster era um espião a serviço dos israelenses, a NSA teria decidido por conta própria utilizar seu sistema de controle sobre operações bancárias para retirar todo o dinheiro de sua conta, antes mesmo que a CIA o prendesse por espionagem. Logo após ter sido informado sobre o acontecido, por Hillary Clinton, o conselheiro foi encontrado morto, em um suposto suicídio. Como se vê nesses poucos exemplos, a vida de autoridades e dignatários está sendo vigiada constantemente. Mas não só destes, como de muita gente simples que habita este planeta. Se alguém tem a ilusão de que isso tudo seja mentira, e que um sistema como o Echelon só seja possível no futuro, pode esquecer! Ele já chegou e o programa global Big Brother veio com ele. Vamos dar aqui um exemplo prático de como funcionam estes aparatos de vigilância. Esse artigo foi escrito em São Paulo e enviado, via e-mail, para a Redação da Revista UFO em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Este autor o escreveu em um computador pessoal, acessou a Internet e, usando uma senha completamente aleatória, despachou a mensagem com texto simplesmente clicando no botão enviar. O artigo, então, foi recebido em menos de dois segundos no escritório da publicação. Mas, sem minha autorização, quando cliquei no botão enviar, uma cópia foi feita e seguiu um percurso diferente. Ela foi para um dos três satélites controlados pela NSA, produzidos pela empresa TRW com os codinomes Orion e
Vortex.
Localizado em uma órbita de 35 mil km de altura, um desses satélites recebeu minha mensagem e passou a analisá-la, como o sistema faz com todas as bilhões de outras mensagens eletrônicas. A NSA tem condições para isso. Além dos satélites Orion e Vortex, a agência opera ainda outros dois satélites construídos pela empresa norte-americana Boeing, com codinome Trumpet. Eles orbitam entre 35 e 200 mil km, respectivamente. A NSA também possui sete estações de monitoramento ilegal de escuta, espalhadas pelo mundo. Assim, possivelmente, a cópia não autorizada deste artigo foi transferida para as localidades de Sugar Grove, nos Estados Unidos, ou para Leitrim, no Canadá, onde estão as duas estações que controlam as informações que partem do Brasil. O satélite que recebeu este artigo enviou o texto para um computador que imediatamente “leu” seu conteúdo, antes que qualquer pessoa na Revista UFO sequer tivesse tempo de ler o cabeçalho. Em seguida, o mesmo computador o enviou a um sistema de tradução e detecção de palavras-chave, um módulo de glossário do próprio Echelon. Ele certamente encontrou no texto uma série de palavras que fizeram com que o artigo passasse por milhares de níveis de análise. Depois de poucos minutos o computador detectou que este artigo fala exatamente da NSA, assim, dado ao grau de importância do tema, passou da fase automática para a fase manual de análise.
Militarismo tecnológico norte-americano — É nesta fase do processo que um operador humano recebe e lê tudo o que escrevi, provavelmente em uma instalação localizada em Fort George Meade, em Maryland, também nos Estados Unidos. Mas o texto pôde ser lido ainda pela base do Echelon na Inglaterra, localizada em Menwith Hill, ou na Alemanha, Canadá, Austrália, Japão… Tanto faz! Tudo pertence ao Echelon e está sob controle direto da NSA. Por isso, não faz diferença de onde o artigo foi lido, pois a destinação dos resultados de sua análise foi a mesma: altos escalões do militarismo tecnológico norte-americano. Em todos os casos, o artigo foi grampeado e lido, em princípio por uma máquina. Mas dependendo das palavras que ela tenha encontrado, o texto poderá ter sido transferido para um terminal e analisado por um operador. Não apenas o citado e-mail, enviado para a Revista UFO com o texto, mas todos os e-mails enviados por mim e por você, leitor! E ainda, todos os telefonemas e faxes, incluindo aqueles originados em grandes corporações mundiais, delegacias de polícia, sedes de máfias internacionais, escritórios de governo, quartéis militares, centros de diversão etc.
Todos os meios de comunicação que utilizem circuitos eletrônicos e ondas de rádio são objeto de escrutínio ilegal por parte do Echelon – ou seja, só ficam de fora cartas enviadas por correio convencional. Para se ter idéia do poder de alcance do sistema, todos os projetos enviados para o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), os sistemas do Veículo Lançador de Satélites (VLS) do Brasil e até mesmo as ligações do presidente Luís Inácio Lula da Silva estão grampeados. E não é só isso: a NSA está recebendo também todos os indicadores econômicos do Brasil e de todos os outros países, antes que os governantes locais nem sequer tenham lido o jornal da manhã. Mas se o leitor acha que acabou por aqui, saiba que nossas ligações telefônicas também são monitoradas. Isso inclui a totalidade das comunicações com o uso de telefonia celular e mais de 90% das ligações locais e estaduais – pois as ligações internacionais estão 100% grampeadas. Não importa se a pessoa é rei, rainha, presidente ou estudante universitário, tudo o que diz usando um dos meios de comunicação acima é escutado pelos sistemas do Echelon. Por esse motivo é tão fácil manter os ufólogos sob vigilância. E exatamente por isso, todos os pesquisadores devem ter muito cuidado em suas investigações e comunicações.
Os ufólogos que sobressaem acima da média, que usam muito a imprensa ou a internet – na forma de e-mails, fóruns, sites, chats etc – para divulgar seus trabalhos e suas pesquisas, e aqueles que têm atividade notória em suas localidades, são alvos prioritários e constantes do Echelon. E não só ufólogos, mas pessoas que se destacam em várias outras áreas. Em artigo publicado pela revista Business Week, e republicado no Brasil pelo jornal Gazeta Mercantil, fica evidente o poder do Echelon. Quem conhece essas empresas jornalísticas sabe que não tratam de ficção científica e não costumam publicar informações duvidosas. Na verdade, são até muito conservadoras. A Gazeta, por exemplo, publicou em sua edição do dia 04 de junho de 1999 que o Echelon estaria grampeando as telecomunicações do planeta. “Telefonemas, faxes, telex, e-mails, transmissões de rádio e microondas, nada escapa às antenas e computadores da Agência de Segurança dos Estados Unidos (NSA)”, divulgou o jornal, esclarecendo ainda que o sistema, administrado pela NSA, o Echelon é “avô” de todas as operações de espionagem que existem. “Líderes políticos e empresariais estão despertando para o alarmante potencial desse sistema confidencial. Em uma combinação de satélites de espionagem e sensíveis estações de escuta, ele intercepta quase todas as comunicações eletrônicas que cruzam uma fronteira nacional, além de todos os sinais de rádio”.
Sistema de alcance planetário — O jornal esclarece detalhadamente como funciona o sistema, que garante ter alcance planetário: “O Echelon também escuta a maioria das telecomunicações de longa distância dos países, até chamadas locais de telefones celulares”. Com isso, observamos que não é a ética que controla as ações da NSA, mas simplesmente a conveniência, conforme assegura o almirante reformado Bobby Ray Inman. Ele já chefiou a agência e recentemente afirmou que a CIA propôs, certa vez, o compartilhamento com a NSA das informações confidenciais sobre empresas e seus negócios, obtidas de maneiras lícitas e ilícitas. Segundo o plano, a CIA forneceria, por exemplo, documentos da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) para a Boeing em troca das gravações que a NSA fizesse das conversas telefônicas entre os executivos da Embraer. Mas Inman garantiu não ter concordado com a estrat&
eacute;gia. Disse ainda que sua posição venceu porque o status multinacional das empresas tornaria difícil escolher os beneficiários das informações a serem obtidas. O que mais chama a atenção, nesse caso, é que se fosse mais fácil escolher quem se beneficiaria das informações, não haveria problema?
Quando um repórter da Business Week estava preparando uma matéria sobre o assunto, a NSA recusou-se a falar com ele, mas reiterou que não compartilha interceptações com empresas. Embora a área de informações econômicas tenha sido sempre uma prioridade do Echelon, Inman diz que os principais alvos são “questões comerciais justas”. Mas o que são questões comerciais justas para os militares e burocratas norte-americanos que controlam o sistema? Quem decide, e como, o que é ou não justo? Assim, como se pode ver, o problema é grave e tem influência direta na vida de todos nós, hoje e no futuro. Mas o pior ainda está por vir. As informações divulgadas na Business Week e na Gazeta Mercantil são apenas a ponta do iceberg de uma rede de corrupção envolvendo membros da elite governamental dos EUA – uma espécie de sindicato que aproveita as informações econômicas privilegiadas para vencer concorrências internacionais e recuperar parte do investimento nas campanhas políticas norte-americanas. Felizmente, jornalistas internacionais têm destacado os perigos do abuso – ou mau uso – do Echelon. Mas, como qualquer instrumento tecnológico, ele está sujeito aos excessos políticos, e já houve alguns.
Durante o mandato do presidente Ronald Reagan, por exemplo, o Echelon interceptou telefonemas comprometedores de Michael Varnes, então deputado democrata, para autoridades da Nicarágua. As transcrições dessas conversas vazaram para a imprensa, o que resultou em danos irreparáveis à sua carreira política. Imagine o que aconteceria se os telefonemas dos políticos brasileiros também fossem de conhecimento público. Mensalão, CPIs, assassinatos de políticos, máfia de ambulâncias… Contudo, em muitos casos, o tiro também pode sair pela culatra. Por duas vezes, espiões canadenses que colaboraram com a NSA utilizaram o Echelon para colher informações sobre acordos pendentes de fornecimento de cereais entre os Estados Unidos e a China. Posteriormente, ludibriaram seus parceiros em negócios com preços menores para o Canadá. Em 1998, o Echelon foi exposto e levado ao conhecimento da opinião pública por um estudo preparado para o Parlamento Europeu pela Omega Foundation, empresa britânica de pesquisa de mercado. Os europeus ficaram furiosos com a constatação de que até mesmo na Europa todas as comunicações por e-mail, telefone e fax eram rotineiramente interceptadas pela NSA.
Alvos principalmente não militare — “Ao contrário de muitos dos sistemas de espionagem eletrônica desenvolvidos durante a Guerra Fria, o Echelon tem alvos prioritariamente não militares: governos, organizações e empresas de praticamente todos os países”, notou o relatório da Omega Foundation. De fato, a maior base da NSA para espionagem eletrônica na Europa está em Menwith Hill, próximo a Yorkshire, na Inglaterra. Ela é operada em conjunto com o Quartel General de Comunicações Governamentais Britânico (GCHQ), o representante local da NSA naquele país. Em outras palavras, os ingleses também são espionados dentro de sua própria casa pelos norte-americanos. Ao redor da estranha instalação há pelo menos 25 estruturas semelhantes a gigantescas bolas de futebol, cada qual ocultando uma antena high tech sintonizada para interceptar um alvo específico de telecomunicação. O editor de UFO A. J. Gevaerd e o ex-editor da revista inglesa UFO Magazine, Graham Birdsall [Já falecido], estiveram próximo a um dos portões de acesso à estação de Menwith Hill, em 1997. Pararam o veículo na rodovia que passa ao longo da extensão oeste da base, e em questão de minutos duas viaturas militares os interpelaram para que revelassem o que pretendiam ali.
Os soldados pediram a Gevaerd que entregasse a câmera fotográfica que portava, o que só não fez por alegar ser um turista brasileiro conhecendo a região. Ele e Birdsall estavam do lado de fora da base, sendo o último um cidadão inglês observando instalações governamentais de seu próprio país. Da mesma forma, líderes da Europa continental se alvoroçaram quando diversos artigos de jornais publicados no continente sugeriram que o Echelon poderia estar espionando informações secretas de suas empresas e fornecendo-as aos competidores da Inglaterra. Isso foi rapidamente abafado, possivelmente com a troca de favores. Embora a explicação oficial da NSA para o uso de seu “grampo” mundial seja a proteção dos Estados Unidos contra o terrorismo e o tráfico de drogas, a verdade é que basta um pequeno ajuste no sistema de filtro para que o uso seja bem diferente e atenda a interesses obscuros. No caso do tráfico de drogas, por exemplo, a prática já provou que o uso do Echelon não se dá exatamente como alega a NSA.
Todo cuidado é pouco — E assim também em outros campos. Se o glossário de fato incluir em seu sistema, por exemplo, a palavra “UFO”, como já descrevemos, a agência pode rapidamente esquadrinhar qualquer eventual disco voador que seja detectado por sistemas militares de proteção mundial e, assim, saber imediatamente onde tenha se dado ou venha se dar um suposto contato. Isso explicaria a rapidez insana com que certos movimentos norte-americanos acontecem quando surgem UFOs. Mas não é só isso. Os EUA estão há duas décadas tentando bloquear o Programa Espacial Brasileiro, impedindo-o de prosperar. Este autor entrevistou dezenas de engenheiros e especialistas do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP), e todos disseram a mesma coisa: os Estados Unidos tentam evitar que o Brasil e a Argentina venham, no futuro, entrar em
uma corrida armamentista e usar seus foguetes como lançadores de artefatos atômicos. Exagero? Ora, o que impediria a NSA de usar os equipamentos do Echelon para grampear os funcionários do INPE 24 horas por dia, tendo acesso às transmissões de desenhos, pesquisas, faxes com comentários técnicos, chaves, senhas e tudo mais? Nada!
Essa é uma hipótese legítima. E o que impediria a NSA de passar para as empresas norte-americanas ou canadenses de telefonia um relatório com todas as informações vindas nos faxes, telefonemas e e-mails das empresas de telefonia de outros países, que concorreram nos leilões de privatização do Sistema Telebrás? Igualmente nada! Deste modo, permitiriam que uma empresa amiga tivesse acesso a informações que nem mesmo o Governo brasileiro tinha. Por essas e outras, caro leitor, todo cuidado é pouco quando estamos nos comunicando por qualquer um dos meios eletrônicos já citados. Certamente o Echelon estará ouvindo você!