Desde que iniciou-se a chamada Era Moderna dos Discos Voadores, em 24 de junho de 1947, uma nova área de investigação cultural foi inaugurada: a Ufologia, uma matéria multidisciplinar que, baseada no método de investigação científica, reunia conhecimentos dos mais diversos setores para lidar com um novo desafio à Humanidade, os UFOs. Porém, paralelamente à essa novíssima ciência, teve início também um movimento que pretendeu esclarecer a mesma questão, mas sob outro ponto de vista bem duvidoso; estamos falando de algo que podemos chamar aqui de “Enganologia”. termo mais que apropriado para defini-la.
“O dito pelo não dito, ou antes pelo contrário”
Aliás, essa “pseudo-ciência” (na falta de uma denominação melhor) existe desde que o ser humano apareceu sobre o planeta Terra: sempre existiram pessoas mais espertas que a maioria, que usam sua persuasão para enganar quem lhes acompanham, criaturas menos favorecidas. Isso, infelizmente, ocorre em todos os setores da atividade humana, seja científica, religiosa, social, política etc. Mas, na Ufologia, sua manifestação chega a ser assustadora, já que essa disciplina ainda não se encontra regulamentada ou codificada eticamente e qualquer discussão a seu respeito, na maioria das vezes, segue a tônica do ditado que diz que “fica o dito pelo não dito”, ou seja: quando se fala muito em coisas improváveis ou imateriais, fica na consciência das pessoas o direito de nelas acreditarem ou não.
Uma coisa é certa: a Ufologia se baseia em fatos – e isso é incontestável! São milhares os depoimentos comprovados existentes, milhões os relatórios de observações, inúmeros os fatos inequívocos, centenas os filmes, fotos e vídeos a respeito, significantes os registros em radares, etc. Isso sem falar nos depoimentos diretos de autoridades de diversos países do mundo, nas análises feitas sobre marcas no solo deixadas por UFOs, das interferências eletromagnéticas que estas naves produzem, das incompreensíveis e grotescas mutilações de animais, dos recentemente descobertos e assustadores implantes de microsistemas em seres humanos, etc. É incalculável o volume de informações, provas e evidências existentes – e qualquer pessoa de bom senso pode facilmente verificar que os discos voadores são absolutamente reais e de origem extraterrestre. Em função desses fatos surgiram inúmeras hipóteses de trabalho para enquadrar a questão, todas sendo presentemente analisadas com o auxílio das ciências oficiais e tradicionais. No último século, para se ter uma idéia, os homens fizeram evoluir imensamente seus conhecimentos, que são fundamentais para tratar e compreender as mais diversas facetas da Ufologia.
Origem intraterrestre para tripulantes de UFOs
Uma dessas hipóteses de trabalho da Ufologia, ainda em estudo, é a que defende a origem intraterrestre dos ocupantes dessas naves, os chamados “ufonautas”. Vários livros já foram escritos narrando a Teoria da Terra Oca, o que é considerado um verdadeiro absurdo sob o ponto de vista da ciência oficial – e até da própria disciplina ufológica. Já dizia um grande e renomado ufólogo brasileiro que, “se existe algum vazio nesta estória toda, esse vazio deveria ser procurado é no interior da cabeça das pessoas que afirmam tamanha besteira”. Oras, o que aconteceria com o peso da crosta terrestre comprimindo o núcleo da Terra, se esta fosse oca? Qualquer criança já na terceira série do primeiro grau aprende que a superfície do nosso planeta é formada pela crosta, que é composta de uma camada granítica que forma os continentes, e uma camada basáltica, onde há os oceanos, tendo uma pressão de ar ao nível do mar de uma atmosfera.
Logo abaixo da crosta temos o manto, que é formado por silicatos de ferro e magnésio comprimidos até a uma profundidade de 725 km. E, envolvendo o núcleo da Terra, temos uma capa de sulfuretos e óxidos diversos. Já no núcleo exterior, temos uma mistura de ferro-níquel em fusão e à uma pressão estimada em 1,5 milhão de atmosferas. Finalmente chegamos ao núcleo interior, contendo ferro-níquel em estado sólido à uma pressão de 3,5 milhões de atmosferas, à uma temperatura calculada pelos cientistas em torno de 6.000 graus centígrados. Pois bem, como seria o tipo físico de um ser supostamente intraterrestre, se vivesse em um ambiente com tamanha pressão e temperatura?
Entradas para o interior da Terra no Pólo Norte
Essa composição do interior da Terra é defendida por milhares de cientistas, mas meia dúzia de pessoas insistem em dizer que a Terra é oca.
Alguns chegam até a afirmar que a NASA, com o auxílio de seus satélites, já teria fotografado uma das acreditadas entradas para o interior do planeta, que se localizaria sobre o Pólo Norte. É muita imaginação… Todas as fotos obtidas pela NASA ao longo de seus quase 30 anos de atividade, dentro e fora do ambiente terrestre – e são bilhões são criteriosamente catalogadas e numeradas, armazenadas em bibliotecas especializadas espalhadas por mais de 20 centrais da agência norte-americana. A NASA chega a empregar mais de 1.000 funcionários, bibliotecários e especialistas em documentação, só para manterem organizados os seus acervos. Assim, pessoas que afirmam tamanha besteira já foram até perguntar para a agência sobre a ou as pretensas fotos da “entrada polar”? É óbvio que não obtiveram qualquer êxito. Mas, mesmo assim, é muito fácil falar o que se quer ou o que se pensa – o difícil é provar. É também muito fácil enganar as pessoas, convencê-las com argumentos quaisquer.
Mas, se alguém ainda tiver dúvidas no que diz respeito à Teoria da Terra Oca, os diversos vulcões em atividade hoje na crosta do planeta comprovam que seu interior é razoavelmente quente e que as pessoas que afirmam que a Terra é oca ou vazia carecem de um mínimo de informação e bom senso. Que provas apresentam? Palavras, somente palavras. É o que dissemos no início, do dito pelo não dito, já que ninguém irá tirar satisfações de quem afirma tais coisas. Para desconversar ou contra-argumentar em favor de suas insustentáveis e ridículas teorias, alguns advogados da “tese oca” chegam até ao extremo de afirmar que os supostos intraterrestres vivem no interior da Terra, mas em outras dimensões. Como provar isso? Como substanciar tais afirmações? É algo totalmente improvável, simples fantasia.
Contatos telepáticos com extraterrestres: animismo?
Muitas pessoas ligadas ao movimento ufológico ainda dizem que estão em contato telepático direto com seres de origens ora extraterrestres, ora intraterrestres. Nesses casos também há enormes exageros e desvarios – “chutes” mesmo -, e de todos os casos do gênero que pude verificar pessoalmente, constatei que a grande maio
ria corresponde tão somente a contatos anímicos. Acho perfeitamente possível que um terrestre mantenha contato telepático com os seres de outros planetas, ufonautas. Mas, na prática, a análise destes casos proporciona resultados desanimadores – de centenas de pessoas que alegam terem tais privilégios, pouquíssimas apresentam algum subsídio mínimo para corroborarem suas interessantes, porém insustentáveis, estórias.
Mas, voltando à Teoria da Terra Oca, acredito pessoalmente, até, que possam haver cavernas ou bolsões logo abaixo da superfície da Terra, em sua crosta, onde os ufonautas que desenvolvem atividades rotineiras no planeta possam montar uma base de operações ou até mesmo se esconderem dos humanos que habitam a superfície. Mas, da í a afirmar a existência de mundos subterrâneos, complexos, organizados, com cidades e tudo, não há nenhum respaldo científico. E há ainda pseudo-pesquisadores do assunto, defensores do absurdo, que garantem que existe até um sol central no interior do planeta… Entre os diversos livros que falam sobre esse espetacular e muito pouco plausível assunto, há um particularmente \’sui generis\’: “Erks. o Mundo Interno”, de autoria de um Sr. Trigueirinho e editado pela Editora Pensamento. Quando esse livro foi publicado, como ocorreu com a maioria dos ufólogos sérios deste país, desconfiei “logo de cara” das suas belas fotografias. Assim, coloquei-me a checá-las com os métodos que disponho, já que esta é a especialidade e o objetivo básico do Centro de Estudos e Pesquisas Ufológicas (CEPU), que presido. Durante algum tempo procurei o Sr. Trigueirinho insistentemente, para tentar obter os negativos da fotos publicadas no seu livro e fazer uma análise técnica das mesmas. Infelizmente, além de encontrar muitas barreiras em minha tentativa, sempre recebi o mesmo recado, proveniente de seguidores próximos daquele autor: “Trigueirinho não pretende provar nada”.
As fotos de Trigueirinho: truques fotográficos
Mesmo assim, ainda restavam-me condições para analisar tais fotos a partir do próprio livro, pois eram muito evidentes. E, como investigador desse tipo de registro da existência dos UFOs, a partir de estudos conclusivos, posso afirmar que as fotos que aparecem não só no livro Erks, mas também nos demais livros editados pelo Sr. Trigueirinho depois desse, são simples, primários e elementares truques fotográficos. Na capa de um de seus livros, por exemplo, aparece a foto da Lua, feita com um tempo longo de exposição; ao seu lado, há um belo reflexo de sua luz, provocado pelas lentes da máquina fotográfica. Oras, para explicá-la, o autor tem a coragem de afirmar que esse reflexo é uma nave espacial! É completamente lamentável…
Nos vários livros do Sr. Trigueirinho, absolutamente todas as fotos que mostram luzes ao longe foram obtidas através de processos elementares de trucagem, oras com tempo de exposição longo, oras com movimentação proposital da câmera fotográfica, oras as duas coisas juntas. Essas luzes, muitas vezes, não passam de simples luminárias de ruas ou de simples fontes de luz conhecidas, ou seja: ridículas fraudes fotográficas. Oras, o que eu posso concluir -ou qualquer outra pessoa com um mínimo de bom senso – do conteúdo de um livro onde as fotos são uma farsa? Que o livro e sua estória é uma outra farsa? Que isso não passa de simples manipulação de palavras? Repetição de centenas de coisas absurdas e fraudes que já escreveram ou fizeram a respeito da Ufologia? Ou isso representa um desejo incontido de alguém, de como gostaria que nosso planeta fosse? É, desse jeito a Ufologia vai mal! A partir do momento que alguém como o citado autor consegue vender edições e mais edições de seus paupérrimos livros e arrebanhar cada vez maior número de adeptos, somos forçados a crer que quem trata seriamente da Ufologia neste país está negligenciando suas funções de orientador das massas quanto ao assunto…
Um antigo filme, já repetido várias vezes
Parece que já assistimos a esse filme antes. Ao redor do mundo, desde os início da Ufologia, de George Adamski a Trigueirinho, por diversas vezes surgiram pessoas trilhando nesse mesmo e tortuoso caminho da mistificação. E quais foram os resultados? Nada, absolutamente nada além de fotos falsificadas e lindas, mas inverossímeis, estórias de “super-ETs” ajudando a Humanidade e de alguns “pseudo-escolhidos” para realizarem suas tarefas aqui, como se fossem seus representantes. Isso me faz lembrar a história do garoto que sempre brincava para enganar seus amigos, pedindo socorro. Fazia isso apenas para se divertir, até que um dia estava realmente morrendo afogado e gritou aos seus amigos, desesperado, pedindo socorro. Ninguém o ouviu pois pensavam tratar-se de uma nova brincadeira, não deram a mínima… Por isso, escrever meias mentiras no meio de meias verdades sempre enganou muita gente, que, com o devido tempo, acordou um dia para perceber conscientemente a fria em que entrou. Só fica uma dúvida em toda essa conversa do Sr. Triguerinho: quais são seus reais objetivos e o que há por trás de tudo isso? O tempo dirá…