O marinheiro caminha lentamente sobre a pequena ponte de madeira que leva até a doca às margens do Rio Piscataque, na cidade de Portsmouth, Estados Unidos. O Ano é 1896 e o homem cumpre o serviço de vigia noturno para um navio da Marinha atracado ao seu lado. É uma noite escura, silenciosa e quente. Tudo o que ele consegue ouvir é o som ocasional das ondas batendo contra o pier, e os estalos das tábuas sobre as quais pisava. Tendo às mãos o melhor e mais moderno rifle da época, ele se sente seguro enquanto flui sobre o seu rosto a brisa fresca do rio, suave movimento do agradável ar noturno. O barco, firmemente amarrado ao pier, produz apenas uns pequenos rangidos na velha madeira do cais, acompanhando o moroso movimento das águas. Subitamente, o marujo de guarda dentro da embarcação rompe a placidez do cenário com um acentuado grito de surpresa: “Ei! O que é aquilo?”
Ao longe, subindo o rio em direção ao oceano, surge um objeto silencioso meio branco-amarelado e achatado. Ele está voando, mas não produz nenhum som. Estupefato, o vigia esforça a sua audição em busca de algum som conhecido, mas não consegue perceber nada além do rangido do barco e do suave murmurar das ondas no pier. Sem mais avisos, o estranho elemento continua a se mover, aproximando-se lentamente. Os vigias se entreolham: E agora? O que fazer? Atirar no intruso celeste ou continuar observando admirados aquela “coisa” vir para cima deles? Como não há ninguém para consultar e o objeto, àquela altura, já estava bem perto, eles apertaram com força o punho das suas armas até que, no último momento, sem saber o que fazer e já completamente tomados pelo medo, abriram fogo contra o objeto que passou tranqüilamente sobre suas cabeça, totalmente indiferente ao disparos dos fuzis. Os vigias chegaram a ouvir as balas percutirem contra o corpo do UFO, e viram o brilho delas chisparem, inútil, na superfície do metal. Afastando-se, o artefato aumenta um pouco o seu brilho e, ainda sem produzir o menor ruído, ganha velocidade em direção ao mar.
Apavorado, um dos guardas corre aos brados para chamar o oficial superior, acordando os marujos e atraindo a presença de alguns homens de serviço que tinham se protegido dos disparos, todos correram para a doca ainda à tempo de testemunhar a estranha luz sumir ao longe. Coisa que o sonolento oficial e nem seus subordinados jamais haviam visto antes. O objeto no qual os dois guardas haviam alvejado a curta distância continuava voando. Sem nenhum barulho e aparentemente também sem motor e asas. Ninguém jamais viu algo assim! Reportaram o incidente para a base de comando, mas os oficiais de lá, incrédulos, pensaram que eles tinham enlouquecido: Um objeto voador, completamente silencioso com as balas ricocheteando contra o seu casco?! Mas o oficial assegurou a veracidade da história ao almirante, e este recolheu o testemunho de todos os três homens que juraram nos momento dos registros. Lembrem-se que isto aconteceu em 1896. Este relato consta nos arquivos do jornal Portsmouth Herald, datados de novembro de 1896. Se os Estados Unidos não tinham nada no ar em 1896, então o que era? Talvez nunca venhamos a saber… Ou será que agora, diante de tantos relatos semelhantes, nós possamos finalmente descobrir?
Mais avistamentos de UFOs em 1896 [por B. J. Booth] – Os jornais noticiavam um crescente número de experimentos com aeronaves durante a “histeria dos dirigíveis”, entre os anos 1896 e 1897. Há um grande aumento no número de patentes destes veículos após 1890. Samuel Pierpont Langley testou seu primeiro modelo de aeroplano em 06 de maio de 1896. O explorador sueco Solomon Andree fez uma mal sucedida tentativa de viagem de balão ao ártico em 31 de maio. William Paul caiu com seu dirigível Albatross em setembro. O periódico Sacramento Bee reportou, em 17 de novembro, que três homens de Nova Iorque tentaram viajar para a Califórnia em um dirigível, e por causa disto em muitos dos dias seguintes houve centenas de relatos de avistamentos vindo de moradores da região. Uma outra onda de centenas de avistamentos aconteceu entre janeiro e maio de 1897. Muitos deles durante as noites dos meses de inverno, começando na Califórnia e se espalhando para leste, e eram alimentados por histórias de jornais sensacionalistas. William Randolph Hearst publicou um editorial em seu San Francisco Examiner, no dia 05 de dezembro de 1896, criticando todo esse estardalhaço: “Falso jornalismo tem lá as suas boas hipóteses, mas nós não conhecemos um retorno mais elaborado nesta linha que faça o público acreditar que os ares estão povoados por dirigíveis. Temos ouvido há várias semanas que estas histórias de dirigíveis é puro mito”.