Tyson foi convidado para analisar as múmias, mas para ele, a proposta é incoerente
O polêmico pesquisador mexicano Jaime Maussan redobrou a aposta no palácio de San Lázaro durante a segunda audiência, sustentando que as múmias eram a prova da presença alienígena em nosso passado. Na verdade, ele até apresentou análises científicas para apoiar sua afirmação. Vários especialistas de diversas áreas, da mesma forma, teriam sido convocados para dar uma olhada nessas múmias, entre eles o divulgador científico e astrofísico americano Neil deGrasse Tyson, que rejeitou o convite.
“Há alguns dias recebi um convite oficial para ir ao México ver pessoalmente esses corpos ‘extraterrestres’, e recusei por um motivo muito simples”, disse Tyson para a StarTalk. “Se você vai fazer um convite para um cientista ver um corpo, esse convite não deve ser feito para um astrofísico, mas para um biólogo.”
“Na verdade, tem que ser pelo menos 10 biólogos ou bioquímicos. E todos deveriam poder colher uma amostra de tecido desses corpos. É assim que deve ser feito”, acrescentou. Muitos apoiadores de Maussan acreditam que uma única análise, como a apresentada durante a segunda audiência, é prova suficiente. Mas, segundo Tyson, não é assim que a ciência funciona.
“A ciência não funciona com uma única pessoa declarando o resultado de uma única experiência. Nem mesmo de dois experimentos. Quando uma pessoa envia um resultado, esse resultado é compartilhado – como dados, amostras de tecido ou instruções explícitas sobre como reproduzir o experimento – com outros laboratórios regionais e ao redor do mundo que você nem conhece (revisão por pares). Quando você chega a um acordo entre os resultados, é aí que você estabelece uma nova verdade objetiva.”
“Se isso acontecer com estes restos mortais e conseguirmos a verificação, só então poderemos conversar”, disse ele. Aproveitando o momento cético, o cientista também atacou David Grusch, dizendo que não basta dizer algo e jurar perante o Congresso dos Estados Unidos que é verdade, não importa qual cargo, grau ou carreira você tenha.
Deixando de lado o método científico, Tyson expressou preocupação com a aparência das múmias de Nazca, argumentando que elas parecem humanas demais para serem algo de outro planeta. “Se você pretende falsificar um alienígena e torná-lo convincente, você tem que fazer melhor do que isso”, disse o cientista, que falou sobre o voraz ser amorfo do filme A Bolha (1958), como exemplo de algo totalmente diferente de um ser humano.
No entanto, neste ponto Tyson talvez tenha mostrado um argumento um tanto fraco. Qualquer civilização inteligente e tecnológica que venha de outro mundo para o nosso terá necessariamente uma forma humanoide. E a razão não é caprichosa, mas é uma lei do próprio universo e da própria natureza: evolução convergente. Isto é, se vierem de um planeta semelhante ao nosso, é provável que sejam parecidos com o nosso. O mistério continua.