Apesar de encerrada há mais de três décadas, a incrível missão militar de investigação ufológica da história ainda suscita debates e levanta polêmicas. A Operação Prato, conduzida secretamente pela Força Aérea Brasileira (FAB) no litoral fluvial do Pará, entre os meses de setembro e dezembro de 1977, foi a mais extraordinária atividade já realizada por militares para se investigar o Fenômeno UFO — que na época se manifestava geralmente na forma de bolas de luz, apelidadas pelos ribeirinhos de “chupa-chupa” ou “luz vampira”. A Operação foi amplamente exposta em diversas edições da Revista UFO e de UFO Especial e não restam dúvidas quanto ao seu sucesso, conforme garantiu em 1997, em uma entrevista bombástica e exclusiva à esta publicação, o homem que a comandou, o coronel Uyrangê Hollanda. O militar confirmou o que em parte já se sabia: que a Aeronáutica chegou a obter mais de 500 fotografias dos objetos, cerca de 16 horas de filmes em 8 e 16 mm e centenas de depoimentos de testemunhas e vítimas.
Não há conhecimento em lugar algum do mundo de uma ação militar que tenha obtido tamanha documentação e tão impressionantes resultados — e tudo oficialmente. A isso se soma o fato de que, entre os objetivos finais da Operação Prato, estava a determinação para se tentar manter um contato direto com as inteligências responsáveis pelo fenômeno, e ele também foi obtido. O fato ocorreu no início da segunda quinzena de dezembro de 1977, quando o próprio Hollanda estava com alguns de seus comandados em um afluente do Rio Guajará-Mirim, quando todos avistaram um UFO cilíndrico de cerca de 100 m de comprimento. Emitindo um chiado, o objeto praticamente pousou em posição vertical sobre a margem oposta do rio. Uma pequena porta abriu em sua parte superior e através dela uma criatura saiu do aparelho, flutuando, vindo a se colocar praticamente na frente dos homens, atônitos. “Parecia que aquele ser queria que o víssemos e soubéssemos que ele conhecia nossas atividades no local”, disse Hollanda à UFO.
Encerramento das atividades
Minutos depois, sem que uma só palavra fosse trocada entre as partes, encerrou-se o primeiro contato entre militares e seres extraterrestres de que se tem conhecimento na história. O fato era impensável, mas real. E ao relatar o ocorrido ao seu superior, no I Comando Aéreo Regional (COMAR I), como era rotina obrigatória da Operação Prato, Hollanda foi surpreendido com a ordem de encerrar imediatamente a missão militar. Apesar de ela estar programada para durar muito mais tempo, o contato direto com as tais inteligências responsáveis pelo fenômeno aparentemente amedrontou a cúpula da Aeronáutica, que decidiu pelo encerramento sumário das atividades. E assim foi feito. Hollanda recebeu a ordem de juntar seus homens em Colares e se retirar de lá. Mas mesmo tendo se passado três décadas e meia desses fatos, eles continuam vivos na memória de centenas de moradores de Colares, causando até hoje fortes emoções.
A prova disso está nas inúmeras produções de documentários e filmes sobre a Operação Prato, como o levado ao ar em 2008, protagonizado ineditamente pelas próprias testemunhas e vítimas dos acontecimentos. Trata-se de Chupa-Chupa: A História que Veio do Céu, que retrata com espantoso realismo a ação de forças alienígenas no Pará. O documentário teve como principal qualidade mostrar o fenômeno que se abateu sobre o estado sob a ótica dos diretamente envolvidos — são eles que contam suas histórias no filme, com pouca participação de artistas contratados. As testemunhas e vítimas do chupa-chupa mostram suas caras e não disfarçam a emoção que viveram naquela época. A História que Veio do Céu se diferencia enormemente de documentários anteriores sobre o tema e tem a pretensão apenas de descrever as experiências vividas em Colares, e tal simplicidade é o que garante seu sucesso.
“É contagiante a emoção com que os moradores da ilha recordam e descrevem os fatos que viveram”, ressaltou o folclorista e historiador paraense Walcyr Monteiro, consultor da Revista UFO e um dos maiores especialistas brasileiros nas lendas e contos amazônicos. Monteiro relata que a gravidade do chupa-chupa, associada ao renitente sigilo que as autoridades da Aeronáutica insistem em manter sobre os fatos, deu origem a outro debate, ainda mais inquietador — será mesmo que os militares encerraram sua investigação das manifestações extraterrestres na selva naquele dezembro de 1977? O debate sobre isso persiste, tendo à frente a Revista UFO [Veja texto nesta série].
Ação de outras inteligências
Enfim, como se sabe, muita coisa ainda está para ser esclarecida sobre os avistamentos e ataques a pessoas ocorridos no Pará, e apesar de já conhecermos muito sobre o tema, ainda resta saber detalhes preciosos sobre a impressionante ação, naquela época e local, de outras inteligências cósmicas. Mas talvez o efeito mais importante de tantos documentários e filmes sobre toda aquela incrível situação vivida pelos ribeirinhos da ilha de Colares com o chupa-chupa foi o de atrair para o debate novos personagens que até então eram desconhecidos quando o tema é discutido, e este é o motivo deste texto.
Já temos por certo que a onda chupa-chupa foi detectada inicialmente na região do Rio Gurupi, que corta os estados do Pará e Maranhão e onde mais tarde se concentrariam os casos de maior gravidade que já se viu na casuística ufológica brasileira. Também é conhecido o fato de que a Operação Prato foi lançada em um momento em que, felizmente, os ataques começaram a diminuir de intensidade — mas a vida dos moradores daquelas áreas não foi fácil até que isso ocorresse e centenas de casos de agressões pelas luzes foram registrados. A missão militar foi a maior iniciativa de que se tem conhecimento para investigação oficial do Fenômeno UFO no Brasil e foi classificada como confidencial dentro das normas do Regulamento para Salvaguarda de Assuntos Sigilosos.
O que já se apurou foi que, na maioria das vezes, os avistamentos eram noturnos, quando UFOs sobrevoavam as pequenas comunidades litorâneas e rurais, levando pânico e terror. Segundo relatos da época, os objetos tinham formato geralmente esférico, seguidos dos de aparência cilíndrica e uns raros em forma de peixe — muitas testemunhas dão conta de que transportavam em seu interior criaturas semelhantes a seres humanos de estatura média. As vítimas do chupa-chupa eram em geral adultas e de ambos os sexos e os incidentes ocorriam normalmente de forma casual, quando estavam em suas casas, nas ruas, igrejas e escolas. Segundo a doutora Wellaide Cecim Carvalho, médica enviada pela Secretaria de Saúde do Pará para tratar das vítimas, que dava expediente na pequena unidade sanitária de Colares, cerca de 60 a 70% dos ataques da luz vampira eram dirigidos a mulheres [Veja texto nesta série].
Novas revelações surgem
Toda essa situação já foi longamente exposta e documentada pela Revista UFO, inclusive os resultados obtidos durante a Operação Prato, embora nossos governantes tenham preferido manter silêncio sobre a missão militar, mesmo passadas três décadas. Assim, na falta de uma manifestação oficial de nossas autoridades, a Comunidade Ufológica Brasileira tem se valido de investigações constantes na região onde ocorreram os fenômenos e da cooperação de alguns poucos militares que resolveram revelar o que sabiam. Entre eles, evidentemente, o que mais contribuições deu para denunciar os fatos foi o coronel Uyrangê Hollanda, que comandou a operação e, 20 anos depois de encerrada, concedeu uma bombástica entrevista à UFO, revelando detalhes dos procedimentos da missão na selva e como ele e seus homens estiveram frente a frente com os seres extraterrestres que pilotavam as naves na Amazônia.
Pois 10 anos após a histórica entrevista de Hollanda, surgiu um novo militar também disposto a revelar o que conhece sobre as ações secretas da Força Aérea Brasileira (FAB) no Pará. O tenente-coronel Gabriel Brasil, aposentado da Aeronáutica e ainda residente em Belém, é este homem. Embora inicialmente reservado e indeciso quanto até que ponto poderia chegar em suas declarações, o militar decidiu contar muita coisa que vinha guardando para si após uma rápida intervenção do editor da Revista UFO, A. J. Gevaerd. Apesar de não ter participado diretamente da Operação Prato, ele estava na ativa no I Comando Aéreo Regional (COMAR I) durante sua realização, e compartilhou informações com os homens que a conduziram, em especial o coronel Uyrangê Hollanda, de quem foi muito amigo. Como também se sabe, o I COMAR foi a instituição que controlou as atividades da operação.
Aquela luz permaneceu ali parada por vários segundos, quando de repente desapareceu como se tivesse se teletransportado para algum lugar. Simplesmente desapareceu na nossa frente. Além desse caso, eu também tive outro avistamento
Já reformado, Gabriel Brasil ainda guarda em seu arquivo pessoal cópias das fotos de UFOs tiradas na ocasião por Hollanda e seus homens em Colares. Ele as apresentou a este autor, mas a maioria delas já era conhecida pela Comunidade Ufológica Brasileira, por terem sido várias vezes publicadas. Em sua entrevista, o militar também descreveu avistamentos de naves que teve pessoalmente nas décadas de 50 e 70, testemunhando que considera o Fenômeno UFO uma coisa séria e inquestionável. Durante o período em que esteve na ativa, ainda na década de 80, o tenente-coronel foi chefe do extinto Serviço Regional de Proteção ao Voo de Belém (SRPV-BE). Além disso, na mesma época, foi professor de teoria de propagação ionosférica na Universidade Federal do Pará (UFPA), quando teve um dos avistamentos mais marcantes de sua vida.
UFO no meio da noite
“Eu dava aula à noite e naquela época os funcionários da UFPA estavam em estado de greve. De repente as luzes do campus se apagaram e eu pensei que fossem representantes da categoria impedindo que déssemos aula. Saí da sala junto dos alunos para ver o que era e exatamente em cima da Ilha do Combu havia uma luz amarela com 300 a 500 m de diâmetro”, declarou o militar, referindo-se à ilha localizada na foz do Rio Guamá, bem na frente da universidade e ponto turístico de referência de Belém. A luz observada, segundo Brasil, era muito intensa e permaneceu por vários segundos no ar. “Logo aquilo desapareceu como se tivesse se teletransportado para algum lugar. Simplesmente desapareceu na nossa frente”. Depois de Hollanda, ele é o militar que mais contribuiu com a revelação de informações sobre a Operação Prato. Vejamos a entrevista exclusiva que concedeu.
O senhor tem em seu acervo algumas fotos que mostram os UFOs observados durante a Operação Prato, e disse ter visto muitas outras e ainda assistido a filmes feitos pelos militares em Colares. O que este material todo contém?
As fotos são retiradas dos filmes feitos pelos militares da Aeronáutica durante aquela missão na selva. Em um deles aparece uma sonda ufológica com 80 cm de diâmetro, que foi fotografada e filmada à noite ao lado de um coqueiro pela equipe do coronel Uyrangê Hollanda. Aquela sonda circulava por Colares e era ela que imobilizava as vítimas e recolhia materiais [Sangue de pessoas e amostras orgânicas e minerais do meio ambiente], segundo as informações da equipe que esteve lá. Além disso, eu assisti a um filme, que os colegas conseguiram, em que se vê a aproximação de uma nave. Ela tinha descido do céu e arriado uma escada para seus tripulantes saírem do objeto. Mas quando eles perceberam a chegada da equipe do Hollanda, subiram de volta no aparelho e decolaram, deixando um rastro de luz bastante intenso e permitindo que fosse feito bastante material fotográfico. As imagens mostravam também como era o funcionamento das tais naves, que aparentemente operavam através da variação da luz [Tese defendida por certos militares que atuaram na Operação Prato]. Agora, o que tinha dentro delas para se fazer essa avaliação, ninguém sabe.
Algumas fotos da Operação Prato acabaram vazando, mas os filmes nunca saíram dos quartéis. O que o senhor, que os assistiu, poderia nos falar sobre eles? O que eles mostravam?
O que eu posso informar sobre a operação militar que aconteceu em Colares é que os registros resultaram principalmente em quatro filmes, que tinham duração de oito a 10 minutos cada. Naquela época, quem comandava o I Comando Aéreo Regional (COMAR I) era o brigadeiro João Camarão Telles Ribeiro, que reuniu representantes da sociedade e autoridades locais para mostrar o material obtido. Também
vieram para aquela reunião militares do Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial, de São José dos Campos (SP). Além deles, acredito, estavam representantes da NASA. Os filmes foram apresentados durante o encontro, mas depois disso nunca mais se soube deles. Eu sempre tive uma forte relação de amizade com o saudoso coronel Uyrangê Hollanda, principalmente por causa de assuntos relacionados a discos voadores, pois ambos apreciávamos o tema.
O que o coronel Uyrangê Hollanda lhe confidenciou sobre sua missão militar em Colares?
Ele me informou que os filmes obtidos por sua equipe foram enviados a Brasília e creio que devem estar lá até hoje [Segundo fontes, estariam no Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), em Brasília]. Naquele acervo era possível ver atividades dos objetos voadores não identificados sobrevoando a área, pousando, decolando e até entrando na água direto, sem reduzirem sua velocidade. Os filmes também apresentavam naves pequenas entrando em outras maiores. E ainda mostravam as operações das sondas, que coletavam material.
O senhor sabe onde foi parar esse material?
Devido a toda a amizade que eu tinha com o Hollanda, várias cópias das fotos vieram parar em minhas mãos, e as mantenho até hoje. Ele também me mostrou duas imagens obtidas no município de Tomé-Açú, bem no interior do Pará. Em uma delas aparecia uma nave pousando em determinado local, o que fica claro porque aparecem as marcas das sapatas da nave [Trem de pouso]. Eu também vi outra foto na qual é possível perceber que houve a coleta de material do solo a uma relativa altitude. Atualmente, eu não sei onde essas duas imagens foram parar.
No período em que foi realizada a Operação Prato, em 1977, o país sofria com a Ditadura. Existem teorias que afirmam ter havido a presença de militares norte-americanos, que teriam influenciado os brasileiros para que o material obtido na missão fosse apreendido e enviado a Brasília. O que o senhor sabe sobre isto?
Eu desconheço completamente esta versão. Não havia nenhum norte-americano aqui. Na época, eu trabalhava diretamente com o brigadeiro Felipe Camarão e com certeza eu teria sabido disso. A realidade é que ele recebeu uma determinação lá de Brasília para que fossem feitas investigações sobre o chupa-chupa, quando então foi montado um grupo de trabalho que passou vários meses em Colares. Era a Operação Prato. Muito material foi coletado pelos militares, que também fizeram os avistamentos. Mas tudo foi apresentado para a sociedade e apenas os filmes foram encaminhados a Brasília. Daí eu nunca mais ouvi falar deles. É possível que ainda existam, mas sabe-se lá onde.
Na Região Amazônica existem muitos casos de avistamentos de discos voadores e até de contatos com seres extraterrestres. O senhor saberia dizer que locais exatamente eles acontecem?
Além da ilha de Colares, outra região em que os fenômenos eram e ainda são constantes é a que está compreendida no delta do Rio Amazonas, indo de lá até a divisa do Pará com o Maranhão. Outro local onde ocorrem vários avistamentos de naves é a região próxima do Rio Tapajós, onde eles são tão constantes que se tornaram comuns entre os ribeirinhos, fazendo parte de seu cotidiano.
Além de acompanhar o desenvolvimento da Operação Prato e de constatar seus resultados em fotos e filmes, o senhor também teve experiências pessoais de avistamentos de naves. Como elas ocorreram?
Sim, tive um avistamento na década de 50, quando estudava na Escola da Aeronáutica, que funcionava no Campo dos Afonsos, na Ilha do Governador [Rio de Janeiro]. Eram 02h00 e eu estava de serviço na pista de pouso e decolagem da base, quando observei uma luz descendo na vertical a uma velocidade incrível. Tinha uma cor amarelada, tipo lâmpada de sódio. Quando se aproximou um pouco do solo, mudou de direção em 90 graus e manteve aparentemente a mesma velocidade, quando a luz então alterou para a cor verde. Isso para mim foi incrível, porque entre as leis que nós conhecemos, da Mecânica de Newton e até a Mecânica Quântica, aqueles movimentos eram impossíveis. Qualquer corpo mudando de direção sofre os efeitos de massa e velocidade, e assim haveria uma autodestruição do mesmo. Mas aquele objeto que eu vi não sofria a força da gravidade e nem a mudança de direção. Esse foi um dos avistamentos.
O senhor teve mais algum avistamento? Poderia nos contar?
O outro caso aconteceu na década de 70, quando eu ainda lecionava teoria de propagação ionosférica na Universidade Federal do Pará (UFPA), à noite. Em uma determinada época, os funcionários públicos estavam em estado de greve e o movimento também atingia a universidade. Em uma ocasião, estava dando aulas quando de repente as luzes se apagaram. Eu pensei que fossem alguns representantes da categoria impedindo que déssemos aula, e saí junto com alguns alunos para ver o que se passava. Estudantes de outras turmas fizeram o mesmo, resultando em um aglomerado de gente no pátio do campus. Então, exatamente em cima da Ilha do Combu, que fica bem na frente da UFPA, havia uma luz amarela muito intensa, com tamanho entre 300 e 500 m de diâmetro.
O que ocorreu então? O que o senhor viu?
Aquela luz permaneceu ali parada por vários segundos, quando de repente desapareceu como se tivesse se teletransportado para algum lugar. Simplesmente desapareceu na nossa frente. Além desse caso, eu também tive outro avistamento na década de 70, em cima das instalações da Embratel, em Belém. Era por volta das 23h00 quando surgiu uma luz branca muito intensa, passando a média altitude e com uma velocidade incrível. Como piloto e acostumado com as velocidades das aeronaves, estranhei muito aquilo. Porque naquela década não havia, como ainda hoje não há, nenhuma aeronave que pudesse voar àquela velocidade, cruzando o horizonte tão rapidamente. Eu estimo que a luz estava em torno de seis a 10 mil quilômetros por hora. Tentei fotografar, mas foi tecnicamente impossível.