A câmera panorâmica do Spirit obteve esta imagem em cor verdadeira de Adirondack que tem o tamanho de uma bola de futebol. Os cientistas selecionaram Adirondack para a primeira inspeção de rocha em close que está mais próximo da base e, relativamente, livre de pó e tem uma superfície plana fácil de penetrar. Foi no dia 20 de janeiro de 2004 que o Spirit começou a rolar ao redor da superfície marciana e deu início a sua primeira missão cientifica: investigar rochas e amostras de terra com suas câmeras e espectrômetros para que os cientistas possam determinar, entre outras coisas, se a Cratera Gusev já teve um lago. “Agora, nos arriscamos para fora no local de campo para fazer observações mais detalhadas que não podemos fazer do próprio lander”, disse David Des Marais, membro da equipe científica em 19 de janeiro em entrevista coletiva.
No dia 16 e 17 de janeiro, o Spirit investigou um pedaço de terra ao lado do lander com o Microscópio de Imagem, o APXS (Espectrômetro de Raios X) e o Espectrômetro Mossbauer. “Pela primeira vez, usamos todas as nossas ferramentas em uma parte do terreno marciano”, revela Steven Squyres, o principal investigador para a missão numa entrevista em 20 de janeiro. “Começamos a formar um quadro do que realmente é esta terra na Cratera Gusev”.
O Espectrômetro Mössbauer mede a abundância de minerais ferrosos e identificou três componentes na terra marciana: Olivina (um mineral constituído de ferro, magnésio e silicatos) e dois minerais ricos em ferro, não identificados, em um estado oxidado. Considerando que a Olivina é vulcânica, é possível que o local consista em grande parte de lava.
As câmeras de imagens do Spirit mostram o braço mecânico do robô pairando sobre um pedaço de terra. O braço contém quatro instrumentos. O APXS identificou elementos como silicone, enxofre, cloro, argônio, ferro e níquel, sendo o silicone e o ferro os mais abundantes. Os cientistas não foram surpreendidos por encontrar silicone e cloro porque eles são comuns nos locais da Viking e da Pathfinder. Mas o APXS fez a primeira detecção de muitos elementos mais raros como níquel, cobre e zinco.
O APXS também pode ter solucionado uma pergunta posta pelo Espectrômetro de Mössbauer. Este instrumento Mössbauer toca a terra tirando os espectros e, surpreendentemente, os grãos se mantiveram unidos depois do contato. O enxofre e cloro vistos pelo APXS podem indicar sais agindo como uma cola química que segura a terra granulando tudo. Estes sais poderiam ter-se originado em água filtrada pela terra marciana ou de vulcões.
“Não sabemos se esta terra veio da Cratera Gusev, disse Squyres, citando as freqüentes tempestades de pó em Marte. Estes materiais poderiam ter vindo de outro lugar. Será interessante cavar um buraco ou olhar onde a Mãe natureza cavou um. Acrescentou depois, acredito que em algum lugar embaixo de nossas rodas tem sedimentos de lago. Mas que distância abaixo de nós temos de ir? Eu não sei”, destaca Squyres.
No dia 18 de janeiro — décimo quinto dia marciano do Spirit ou Sol 15 —, os controladores dirigiram, com sucesso, o robô a 2,9 metros de uma rocha do tamanho de uma bola de futebol denominada Adirondack por sua semelhança superficial a uma montanha. Em Sol 17, o Spirit inspecionará a superfície de Adirondack com Microscópico, o APXS e o Mössbauer. A ferramenta de abrasão moerá a superfície da pedra provavelmente em Sol 18 e os instrumentos olharão no interior exposto em Sol 19. Adirondack parece ser basalto vulcânico. “Acreditamos que esta pedra é, provavelmente, o representante de muitas das pedras que vemos neste local”, diz Des Marais.
A equipe da missão ainda não decidiu um plano para Sol 20 em diante, mas o Spirit, provavelmente, será dirigido para um pedaço de terra granulada a menos de um metro. O veículo permanecerá estacionado lá por vários Sóis quando os cientistas entenderão as suas observações. Isto possibilitará que os engenheiros de vôo concentrem os esforços em pousar seu gêmeo, o Opportunity, no outro lado de Marte nas primeiras horas da manhã de 25 de janeiro. Eventualmente, o Spirit irá em direção a uma cratera a 250 metros de distância. O impacto que escavou a cratera ejetou pedras de dezenas de metros debaixo da superfície, dando para o Spirit uma chance para inspecionar material datado de um tempo em que a Cratera Gusev estava cheia com água.
“Tudo parece bom para chegar o pouso do Opportunity”, diz o gerente para missão Mark Adler. “Pensamos que não haverá necessidade de quaisquer manobras, mas continuamos acompanhando a trajetória da astronave. O Spirit está em excelente estado de saúde. “Tudo está, de fato, trabalhando da maneira que esperávamos. Estamos vendo uma pequena quantia de degradação da energia solar com o passar do tempo muito próximo do que vimos com a Pathfinder e as missões do Sojourner seis anos atrás. Mas, não há nenhuma degradação de qualquer equipamento; todas as coisas estão trabalhando de acordo com as especificações”.
Com poucas pedras grandes à vista, os controladores de solo não antecipam nenhum problema na movimentação do Spirit ao redor da paisagem plana. Passeios mais longos serão tentados uma vez que a equipe tem bom controle de como o Spirit se comporta em terra marciana. “Onde estamos agora, as coisas parecem bem largas e abertas em termos de rodar ao redor”, diz Eddie Tunstel, engenheiro para mobilidade do robô.