A responsabilidade de quem forma opiniões jamais deve ser esquecida ou diminuída. Isso se torna ainda mais importante quando estamos falando de Ufologia e suas repercussões
Paradoxalmente, o acesso universal e ilimitado à informação poderá ter um efeito perverso se a pessoa que a utiliza não dispuser do espírito crítico e conhecimentos necessários para poder adequadamente triar, selecionar e avaliar com bom senso.
No que diz respeito às informações sobre Ufologia, esse é um aspecto de enorme importância e com potenciais repercussões na sociedade.
Certamente, no exercício da nossa prática, já fomos muitas vezes questionados pelos nossos amigos e seguidores que apresentam dúvidas legítimas, incertezas e até teorias próprias baseadas neste tipo de informação.
Como ufólogos não apenas temos o dever de informar e esclarecer, mas também de alertar para os potenciais riscos e ameaças à evolução do conhecimento.
Assistimos igualmente de forma epidêmica a emergência de uma paranoia de ideias e teorias não convencionais que se apresentam como alternativas de explicação para determinado fenômeno.
Pessoas tentam nos enfiar goela abaixo a ideia de que um contato está próximo, que híbridos estão circulando entre nós, que governos escondem fatos, que humanoides cabeçudos entram sorrateiramente em nossos quartos, que animais mutilados são obras de ETs.
Verdade X opinião
Crédito: Prefeitura de Peruíbe
Mas algo não se encaixa, alguma coisa não faz sentido, ainda que nós acrescentemos “Ufologia” na equação. E por quê? É simples: porque se trata de alegações que não podem ser testadas.
Afirmações que não podem ser imediatamente refutadas e que, ao final, acabam adquirindo um caráter verídico. Nossa moeda mais preciosa – o intelecto – é muitas vezes desvalorizada.
Nossa credulidade é desenfreada e o pensamento cético é raramente praticado. Dessa forma, qualquer pensamento implausível acaba sendo aceito. Atualmente, os fatos importam menos do que aquilo em que as pessoas escolhem acreditar. Ou seja, são tempos em que a verdade foi substituída pela opinião.
Sem colocar em causa o direito pessoal ao livre arbítrio relativo a essa matéria, não devemos deixar de refletir sobre as suas potenciais repercussões futuras.
O valor do silêncio
Crédito: Olhar Digital
Por alguma razão, provavelmente cultural, somos treinados para a – falsa – ideia de que somos obrigados a responder a todas as perguntas e reagir a todos os ataques. Mas isso não é verdade.
Falar é uma escolha, não uma exigência, por mais que assim o pareça. Xenócrates, filósofo, professor e matemático grego, que foi discípulo de Platão, afirmou mais de 300 anos antes de Cristo: “Me arrependo de coisas que disse, mas jamais do meu silêncio”.
Na qualidade de ufólogos com responsabilidades perante a opinião pública devemos buscar ser proativos na sensibilização, educação e esclarecimento da sociedade em geral e dos decisores políticos em particular.
Mas, diante da credulidade cega e da desonestidade intelectual, devemos ter sempre em mente que o silêncio pode ser a mais poderosa das respostas.
Desse modo, não só estaremos a honrar nossa herança, mas estaremos igualmente a dar uma contribuição séria e premente de cidadania na defesa inabalável do conhecimento científico.
Marco Aurélio de Seixas é médico cardiologista em São Paulo e conselheiro especial da Revista UFO