Não é exagero afirmar que, de todos os estados do Brasil, Mato Grosso é um dos que tem maior incidência de casos ufológicos. Dentre suas localidades com ocorrências frequentes, Chapada dos Guimarães e Barra do Garças são as que apresentam índices mais expressivos de misteriosas manifestações. E sendo mais abrangente, não somente o estado tem tais características, mas também o Centro-Oeste do país é conhecido por experiências ufológicas famosas e nunca oficialmente elucidadas. Dentre os muitos acontecimentos envolvendo o fenômeno em Mato Grosso, um deles está bem documentado e é tido como o exemplo mais antigo de manifestação da presença alienígena na Terra registrado no Brasil. O relato é do ilustre Augusto João Manoel Leverger (1802-1880), detentor do título de Barão de Melgaço por seu heroísmo na defesa do Território Brasileiro durante a Guerra do Paraguai.
Leverger acumulou feitos que o levaram a se destacar como escritor, historiador, geógrafo e herói militar — foi uma das figuras mais importantes da literatura mato-grossense e nacional de sua época. Devido à sua cultura e informação, não seria qualquer fato capaz de intimidá-lo ou impressioná-lo, nem qualquer pessoa que poderia enganá-lo. Porém, algo aconteceu e o assombrou tanto que ele resolveu registrar o incidente que viveu. O Barão de Melgaço testemunhou a passagem de um UFO descrito pelo próprio como “um fenômeno como nunca antes vira”. A ocorrência se deu em 05 de julho de 1846, época em que estava no comando de uma barca canhoneira saindo de Cuiabá e seguindo em direção ao Paraguai. O evento foi tão significativo que Leverger fez seu registro com riqueza de detalhes, sendo posteriormente publicado na edição de 26 de novembro de 1846 da Gazeta Oficial do Império do Brasil [Veja box].
Tradições indígenas
Manifestações ufológicas são quase rotineiras no estado, sendo Mato Grosso o primeiro a receber destaque sobre estes fenômenos na mídia nacional. Tais eventos acontecem há séculos e se mantêm vivos através da oralidade, difundidos pelos habitantes mais antigos, desde fazendeiros a moradores urbanos, que relatam até contos ainda mais remotos narrados pelos índios bororos, xavantes e caiapós, que há muito dominaram o Centro-Oeste. São essas experiências indígenas seculares que trazem informações reveladoras sobre o Fenômeno UFO, com narrativas enigmáticas que sobreviveram a tantas tentativas de se manter segredo sobre tais histórias.
Mas as tradições orais entre os habitantes mais antigos tornaram-se raras por inúmeros motivos, que vão desde o cunho sagrado destes depoimentos — que são passados através de gerações — até a maior influência da sociedade sobre eles, que faz com que os índios novos não se interessem mais pelas suas raízes e queiram integrar o mundo globalizado em que vivemos, tanto social quanto culturalmente. Portanto, existe uma enorme perda histórica principalmente para culturas majoritariamente orais, como é o caso. Mesmo assim, entre os contos dos anciões podem ser encontrados inúmeros vestígios de manifestações ufológicas quase esquecidas. Algumas acabaram sendo reveladas a muito custo ao homem branco, o que satisfez sua curiosidade antropológica a respeito dos indígenas e suas tradições. O que a sociedade contemporânea considera como Fenômeno UFO sempre foi algo divinizado pelos povos mais antigos, como os índios, misturando-se aos seus mitos e lendas e compondo o folclore brasileiro, que é substancialmente de origem nativa.
Mas até que ponto os mitos e lendas indígenas podem ser vistos como fantasias? E até que ponto contêm vestígios da ação extraterrestre no planeta? Muito do que para os índios eram fatos culturais e religiosos, o homem dito civilizado utilizou para compor seu acervo de fábulas e mitos. Mas são nestas verdades nativas que encontramos um rico patrimônio de deslumbrantes relatos que foram preservados, seja na narrativa dos bororos, seja nos rituais sacros dos caiapós ou seja nos segredos quase escondidos dos xavantes. Quando as tradições e histórias indígenas são pesquisadas a fundo, assim como o próprio folclore, podem ser encontrados indícios dos mais diversos eventos ufológicos adaptados à linguagem e às denominações criadas pelos nativos. Mbaé-Tatá, por exemplo, significa “coisa de fogo” ou “o que é todo fogo”. Trata-se de uma expressão de origem indígena que foi aportuguesada para Boitatá e era utilizada pelos mais antigos para descrever uma assombração ou um fantasma. Com o tempo este conto sofreu grandes transformações, conforme a interpretação e a região, recebendo nomes como Baitatá, Batatá, Bitatá, Biatatá, entre outras variações da mesma palavra.
“Ouro que muda de lugar”
No folclore brasileiro também se fala muito da lenda da Mãe do Ouro, que é bastante difundida nas zonas rurais. Trata-se de uma bola de fogo que vaga à noite pelas regiões de vegetação mais densa, não muito diferente da “coisa de fogo”, a Mbaé-Tatá. Ainda hoje alguns caboclos tentam explicar estas esferas com a expressão “ouro que muda de lugar”. Estes exemplos se referem ao mesmo fenômeno e são palavras encontradas também como definição para “um fogo que não queima”, segundo narrativas diversas, o que só torna tudo mais curioso e intrigante, pois um fogo que não queima nos induz a pensar em um artefato luminoso, como uma lâmpada, que ilumina mas não causa queimaduras. Porém, como os índios só conheciam o fogo, a tendência mais lógica seria entender a expressão como a associação direta com algo que conhecessem de outros domínios — suas experiências ufológicas. Se fosse levada uma lâmpada de volta no tempo, para mais ou menos 500 anos atrás, as pessoas daquela época a descreveriam com base no que compusesse sua realidade.
O consultor da Revista UFO Antonio Faleiro é a maior referência na Ufologia Brasileira quando se trata da investi
gação e catalogação de casos de possíveis UFOs nos mitos e lendas da cultura nacional. Suas pesquisas viraram o livro UFOs no Brasil: Misteriosos e Milenares [Código LIV-010 da coleção Biblioteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br], que trata com muita seriedade das narrativas indígenas e dos ribeirinhos cuiabanos — ambos defendem com fervor suas tradições, encaradas como folclore hoje em dia. Em todo o Centro-Oeste, mais especificamente em Mato Grosso, muitas dessas narrativas são passadas de geração em geração, sendo assim disseminadas e mantidas vivas. Uma das histórias mais populares trata do Minhocão, uma lendária criatura que viveria nas profundezas do Rio Cuiabá e que teria vindo do Rio Paraguai. Curiosamente, todos os relatos sobre tal ser vêm da região do mesmo rio em que Augusto Leverger avistou o primeiro UFO registrado na história do país [Veja box].
A lenda conta que a criatura saía das profundezas do rio e revirava canoas e embarcações. Em outras versões, pescadores eram levados por ela e nunca mais eram vistos. Um trecho interessante foi retirado de um artigo escrito em 1908 por Alípio Miranda Ribeiro, em uma obra regional desvinculada do Fenômeno UFO. Sobre o Minhocão, ele escreve: “Disse-me que era preto e parecia um bote de quilha para cima. O rapaz, que estava em uma canoa no Rio Paraguai, encostou-se à terra, aportou e correu com todas as forças para casa. Fui ver o lugar e encontrei o seu rastro na lama e no aguapé: era uma depressão enorme, um sulco muito largo que só uma embarcação muito grande poderia ter produzido e, por toda a redondeza, só havia canoas, ainda assim pequenas”. Tal fenômeno pode seguramente ter sido um UFO identificado como “um bote de quilha para cima”, pois há na literatura ufológica inúmeros relatos modernos de avistamentos de objetos com descrição similar. Para o caboclo que testemunhou o fato, ficou certo que era o Minhocão, já que foi dentro da cultura disponível para ele na época que sua razão procurou uma explicação.
Avistamento em Cuiabá
Em outro texto, intitulado O Minhocão e de autoria de João Felizardo, o autor relata uma estranha manifestação em 1920, que atribuiu à criatura: “Há muitos anos o Minhocão veio vindo, veio vindo e se aproximando. Às vezes vinha por cima da serra, às vezes vinha pela várzea”. O que impressiona no texto é que a narrativa descreve algo inexplicável que vem por cima de montanhas e aparentemente sobrevoando o campo, e que, pela falta de explicações, foi associado às aparições da suposta criatura. Exemplos de casos assim abundam. Temos atualmente no Mato Grosso, mais especificamente em Cuiabá, um caso que alude a este tipo de fenômeno. O fato se deu em 10 de março de 2011 e tratou-se do avistamento de duas esferas luminosas que circundavam os prédios. Quem fez o registro das imagens foi Diego Dirlene, a partir da janela de seu apartamento. Elas foram levadas ao conhecimento do astrônomo amador Eduardo Baldeci, que declarou que “o artefato registrado pela câmera não é um corpo celeste e nem um fenômeno atmosférico, como um meteorito. Muito menos aviões, que não voam tão próximos, pois, se fosse, haveria risco de colisão. Podemos dizer que são UFOs”.
De formato esférico, esses artefatos são menores do que discos voadores e costumam anteceder contatos e manifestações de objetos maiores, às vezes com tripulantes. Os avistamentos do Minhocão poderiam ser manifestações de sondas em alta velocidade
Vistas há um século, tais esferas virariam uma nova lenda folclórica. Apesar de este evento ter sido registrado na cidade, outros como ele são mais comumente relatados na zona rural, por ser menos influenciada pela atividade humana e por nossa tecnologia — uma luz brilhante movimentando-se de forma estranha sobre uma fazenda ou campo chama muito mais atenção, despertando nos observadores algo que lembre o conceito de assombração, logo um Minhocão. Da mesma forma, dentro da fenomenologia ufológica são muito conhecidos os relatos das chamadas sondas, que surgem individualmente ou em grupos. Em sua maioria de formato esférico, esses artefatos são menores do que discos voadores convencionais e costumam anteceder contatos e manifestações de objetos maiores, às vezes com tripulantes. Os avistamentos do Minhocão poderiam ser, na verdade, manifestações de sondas em alta velocidade, que, devido à ilusão de ótica, dariam a impressão de terem um rastro.
O Minhocão é uma constante nas conversas dos ribeirinhos mais antigos, que sempre têm algum bom “causo” sobre possíveis avistamentos, principalmente pescadores pantaneiros que vivem nas redondezas da cidade de Barão de Melgaço. Lá encontramos relatos de uma enorme criatura com “grandes olhos de fogo verde e língua incandescente” saindo das águas à noite. Esta é uma das lendas mais contadas na região e está presente em todo o Centro-Oeste, sendo que narrativas muito semelhantes podem ser ouvidas também em outras partes do Território Brasileiro. Na região Norte, por exemplo, podem ser encontrados contos que descrevem quase a mesma situação com uma criatura que em tupi-guarani é chamada de Mbóia-um, ou “cobra preta”, mais amplamente conhecida como Boiuna, “serpente preta”. Ela ataca os índios e às vezes é responsabilizada pelo desaparecimento de algum integrante da tribo. Em outras regiões a história se repete com outros nomes, como a Mbóia-guaçu, “cobra comprida” ou “cobra grande”, popularizada como Boiguaçu e relatada como uma serpente de grandes proporções cujo corpo é coberto de olhos brilhantes que ofuscavam quem olhasse para ela. No Amazonas esta criatura é conhecida como Cobra Maria.
Bolas de fogo pelas matas
A diferença entre estes relatos e os de uma cobra real de grandes proporções, como a jiboia e a sucuri, é o fato de que neles sempre se retrata um animal que emana uma luz muito forte e brilhante. Na tribo dos caiapós coroás esta serpente misteriosa é conhecida como Kangãti ou “cobra grande”. Já para os índios kaiabi a criatura é conhecida como Mói u-u, que tem o mesmo significado. Para os xavantes a história mais contada é a das bolas de fogo que perambulam pelas matas, que são associadas a um ser de origem mágica que as conduz — eles chamam esses objetos flamejantes, assim como a entidade que os controla, de Uzô-né-ran. Seriam esferas luminosas que apareceriam como um presságio, antecedendo algum acontecimento significativo, tanto bom quanto ruim. Segundo os índios, a luminosidade é tanta que clareia toda a região próxima de onde aparecem.
Os xavantes contam ainda outros relatos impressionantes, como o da E-té-bôzi, ou “pedra
brilhante”, que é um artefato comparado a um minério cintilante com descrição muito semelhante às dos discos voadores contemporâneos. Para eles, tais objetos teriam relação com as esferas luminosas Uzô-né-ran, enviados pelo E-té-bôzi para vigiar as matas, exatamente como na teoria de que sondas ufológicas sejam despachadas pelos discos voadores para reconhecer o ambiente antes de alguma ação por parte de seus tripulantes. Tais pedras brilhantes também seriam conduzidas por seres conhecidos entre eles como Saréuá ou Saríuá, um tipo de entidade que aparece magicamente e vasculha as florestas — eles estão em todos os lugares, inclusive entre as pessoas, mas não se deixam notar.
Nas redondezas da Serra do Roncador, próximo à Barra do Garças, que está a 516 km da capital, Cuiabá, é rotineira a interação entre os índios xavantes e os mistérios que rondam a área. A serra é conhecida internacionalmente pelas manifestações ufológicas que abriga em toda a sua extensão, ocorrências que são testemunhadas constantemente por moradores espalhados pelo seu vasto território. Barra do Garças abriga contos milenares que ainda hoje são vistos pela comunidade ufológica como mistérios que vão desde a existência de supostas civilizações que habitariam o interior do Roncador à passagens subterrâneas que ligariam o Brasil a Machu Picchu, no Peru. Na região é comum encontramos histórias ligadas ao Templo de Ibez, ao continente perdido de Atlântida, ao Reino de Agartha, à cidade de Shambhala, ao Portal de Aquários, ao Caminho de Ló, entre outras que envolvem antigas míticas civilizações.
Muitas vezes tais relatos vêm acompanhados de descrições de vulcões extintos, achados de fósseis de dinossauros e avistamentos de frequentes sinais luminosos de várias cores vistos em cavernas da região. A serra recebeu o nome de Roncador devido ao som que em determinados momentos emana de suas entranhas, parecendo um grave e forte ronco que ecoa pelo cerrado. Tal estrondo ocorre devido ao encontro dos fortes ventos da região com os imensos paredões maciços da serra. Ainda assim, há quem afirme que o barulho é proveniente de manobras de UFOs sobrevoando a região. Por isso, a tarefa mais difícil do pesquisador é separar os indícios de fatos verdadeiros daqueles que são frutos de mentes férteis e criativas.
As histórias contadas na região têm suas raízes antes mesmo da descoberta do Brasil, com vestígios desta hereditariedade encontrados em inscrições rupestres e tradições indígenas. No âmbito das gravuras rupestres e de antigas representações artísticas, estas datadas da pré-história, o assunto se torna mais intrigante ainda, fazendo com que sejam considerados conceitos delineados pelo pesquisador Erich von Däniken sobre a hipótese Ufoarqueológica, também conhecida como Teoria dos Antigos Astronautas. Em determinado ponto de Barra do Garças, assim como em outros lugares da região, encontram-se enigmáticas figuras gravadas em baixo relevo nas rochas e paredões de montanhas, que em sua maioria são desenhos compostos de símbolos circulares na forma de discos concêntricos. O conjunto de inscrições mais significativo se encontra em uma pedra de grandes proporções atualmente exposta em uma pequena praça, nas proximidades do Rio Araguaia.
Figuras encantadas
O mais interessante é que essas figuras rupestres podem ser comparadas com outras idênticas encontradas na região de Tassili, no Deserto do Saara, portanto, do outro lado do globo. A pintura discoide de Tassili vem acompanhada, bem ao seu lado, de uma enorme criatura de seis metros batizada pelo seu descobridor, o arqueólogo Henri Lhote, de Grande Deus Marciano em alusão às vestimentas que apresenta, semelhantes aos trajes espaciais utilizados por astronautas. Já as inscrições rupestres brasileiras são acompanhadas de relatos indígenas sobre criaturas que vieram das estrelas, como contam as tradições orais dos bororos, xavantes e caiapós. Enfim, Barra do Garças é considerada porta de entrada para a Serra do Roncador e lá é comum ouvir dos índios, residentes em sua área urbana ou rural, relatos de contatos com criaturas não humanas ou supostamente extraterrestres, que eles denominam de “seres das estrelas” — os xavantes, em especial, falam dos Iuë-uptabi, “os encantados”, entidades ou deuses que peregrinam pelas matas e residem em cavernas profundas, que os índios respeitam muito.
Lá há uma caverna em que os nativos só entram até a primeira galeria, não se arriscando a avançar mais por temerem o que possa haver mais adentro. Segundo eles, nela viveriam ‘pessoas estranhas’, e quem se arrisca a entrar lá não retorna mais
Ainda hoje os mistérios do lugar são guardados fortemente pelos xavantes, que vivem pela região e têm vários lugares sagrados que não podem ser visitados pelo homem branco sem que este seja acompanhado por algum integrante da tribo. Entre tais locais há uma caverna em que os nativos só entram até a primeira galeria, não se arriscando a avançar mais do que isso, pois temem o que pode haver mais adentro na montanha. Segundo eles, nas profundezas do local viveriam “pessoas estranhas”, e quem se arrisca a entrar lá não retorna mais. Outro lugar considerado sagrado é a Lagoa Encantada, em cujas águas há total ausência de vida. Alguns índios até nadam nela, mas não se aventuraram a mergulhar muito fundo, pois têm medo de serem sugados por alguma força invisível e não voltar mais à superfície. Segundo os anciões de uma aldeia próxima, a lagoa seria a entrada das “moradas dos deuses”, onde luzes mergulham e depois saem da água em direção às estrelas.
Já ao norte de Mato Grosso há outra etnia que em suas tradições se refere a “um ser que veio das estrelas com armas nunca vistas” — ele teria convivido com os caiapós e ensinado muitas coisas ao povo da tribo. “Seria um extraterrestre herói e civilizador que teria chegado até a região em uma canoa voadora”, diz o citado Antonio Faleiro em sua obra. Tal herói das estrelas é chamado pelos caiapós de Bebgororoti ou Bep-Kororoti, e segundo eles sua canoa voadora emanava fogo, mas com labaredas que não queimavam. O visitante conseguiu fazer amizade com o guerreiro povo caiapó e desde sua aproximação ensinou os nativos a aper
feiçoarem a agricultura, a melhorarem os instrumentos de caça e a aprimorarem as acomodações da aldeia, entre outras instruções práticas.
Lançando raios dolorosos
Os índios contam que, certa vez, o Bep-Kororoti começou a mudar de atitude, mostrando-se agressivo por algum motivo não esclarecido. O tempo passava e aquele ser começou a discutir com todos, até que um dia esbravejou com um índio e sumiu na mata. Quando retornou à tribo, trouxe consigo sua arma espacial, chamada pelos nativos de Kop, que era capaz de lançar raios dolorosos. Naquele dia, em uma ação inusitada para os caiapós, Bep-Kororoti desafiou toda a tribo para uma luta, mas que seria desleal, pois ninguém conseguiria derrotá-lo devido à sua poderosa arma. O homem das estrelas notou o medo dos nativos e caminhou para longe, até uma montanha chamada pelos índios de Pukatôti, e momentos depois foram ouvidos trovões e raios que amedrontaram a todos. Então os nativos notaram a canoa voadora saindo da montanha e subindo aos céus — envolta em fumaça e relâmpagos, o veículo desapareceu por entre as nuvens.
Os detalhes contados pelos caiapós são minuciosos e sua narrativa ainda hoje é perpetuada por todos os subgrupos da etnia. Eles mantêm rituais sagrados que relembram a história desse ser que veio do céu, cerimônias fechadas e quase secretas, mas que já foram algumas vezes fotografadas. O mais curioso está no fato de que, para realizarem as cerimônias, determinados pajés se vestem com uma intrigante indumentária composta de macacões e capacetes feitos de palha trançada — a roupa lembra muito a pintura rupestre do Grande Deus Marciano do deserto de Tassili, mencionada acima. A lenda foi ganhando gradualmente a curiosidade dos pesquisadores, especialmente devido a um episódio ocorrido em 1969. Trata-se de um fato contado por João Américo Peret, renomado pesquisador do folclore brasileiro com trabalhos de pesquisa conhecidos no mundo inteiro.
Astronautas e índios
Peret conta que, certa vez, integrou uma operação da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) que consistia em se aproximar dos índios suyás, também conhecidos como beiços de pau, que na época estavam convivendo com os caiapós. Foi estabelecido um processo de pacificação e amizade com a etnia, e quando estavam obtendo sucesso na manobra, no final da década de 60, Peret e sua equipe levaram dois suyás adolescentes para o Rio de Janeiro. Um deles se chamava Tariri e o outro, Kairá. Ambos aparentavam ter 15 anos e estavam um pouco assustados, mas isso não impediu a curiosidade dos garotos ao prestar atenção em uma televisão que estava próxima e rodeada de pessoas — naquele dia o mundo estava eufórico e em contagem regressiva para a chegada do homem à Lua. Quando os garotos se aproximaram, puderam notar que aquele “aparelho mágico” mostrava pessoas. A surpresa aconteceu quando Tariri viu na televisão a imagem dos astronautas norte-americanos com trajes espaciais e não se conteve, apontando assustadíssimo para um deles e gritando: “Bep-Kororoti, Bep-Kororoti, Bep-Kororoti”.
Na época, Peret não associou o ocorrido à Ufologia, mesmo porque ela não era seu campo de interesse, mas seu contexto dá força a uma interpretação ufológica da reação de Tariri, como depois o indigenista iria confirmar em novas visitas àquela tribo. Mas a história de Bep-Kororoti não é a única estranha do norte do Mato Grosso, quase divisa com o estado do Pará, onde os indígenas mais antigos colecionam lendas sobre passagens mágicas de outros mundos para este — e sobre isso os caiapós são precisos ao afirmar que sua origem é resultado justamente dessas passagens. O nome caiapó, aliás, significa “homens semelhantes aos macacos”, um apelido dado por tribos vizinhas que os avistaram durante rituais usando máscaras de macaco. Entretanto, eles sempre se autonomearam mebêngôkré, que, traduzido ao pé da letra, significa “gente que veio do buraco da água” ou “povo que veio do espaço entre águas”.
Os mebêngôkré narram em suas lendas a vinda de seu povo para este mundo, uma viagem que chamam de më-katoro-kradj, “surgimento” ou “origem”. Para eles, há um mundo celeste no qual teriam se originado os primeiros seres humanos, assim como seus ancestrais. Eles teriam chegado até aqui por meio do que chamam de më-prebdjà, “aquilo que trás”, também podendo ser traduzido como “que vem de outro lugar” ou “acesso de um lugar para outro”. Pelo que se pode notar, a etnia é rica em impressionantes narrativas que podem ser muito bem relacionadas com manifestações ufológicas.
Outros relatos também intrigantes e com mesmo contexto se espalham por toda a extensa divisa entre os estados de Mato Grosso e Goiás, uma região que séculos atrás era dominada pelos bororos — que não são muito diferentes dos xavantes quando se trata de relatos de fatos estranhos e de conotação ufológica. Tantos os xavantes quanto os bororos têm em suas ricas mitologias lendas relacionadas a seres semelhantes aos humanos, porém de baixa estatura e com três ou quatro dedos nas mãos, que teriam vivido na região. Algumas dessas histórias falam ainda que tais seres viviam junto com outras estranhas criaturas parecidas com humanos e que tinham seis dedos. O interessante é que, posteriormente à descoberta desta lenda, foram encontradas em cavernas da região, especialmente entre a Serra Azul e a do Roncador, marcas de pegadas petrificadas de pés com seis, quatro e três dedos, mas nenhum registro de pés com cinco dedos. Uma dessas cavernas é conhecida como Gruta dos Pezinhos justamente por este motivo.
Pegadas de seis e quatro dedos
Alguns pesquisadores arriscam defender a tese de que os rastros na Gruta dos Pezinhos não são necessariamente pegadas, mas sim inscrições, o que não minimiza a incrível relação entre os contos dos índios com os indícios arqueológ
icos descobertos por volta do final da década de 70. Fatos narrados pelos nativos há centenas de anos são complementados e corroborados por algo registrado, no mínimo, há mais de 10 mil anos. Apesar de a Gruta dos Pezinhos ser totalmente carente de uma avaliação e exploração arqueológica minuciosa, alguns poucos pesquisadores especializados deduzem que tais pegadas tenham idade entre 10 e 40 mil anos — elas estão por toda a caverna e aparentemente foram produzidas em um tempo em que a gruta ainda era de argila. O fato é que, independente de serem pegadas ou inscrições, algo está ali e está sendo comunicado às gerações atuais.
Aventuras exploratórias
Um dos primeiros a anunciar a existência da gruta foi ninguém menos do que Timothy Patterson, o lendário explorador da região que puxou a genética de seu famoso tio, o coronel Percy Fawcett, conhecido no mundo todo. Antes mesmo de a misteriosa caverna ganhar o nome de Gruta dos Pezinhos, Patterson já a havia batizado de Gruta dos Perdidos e a descreveu em seu livro O Templo de Ibez, no qual relata a origem histórica dos enigmas da Serra do Roncador e a odisseia de seu tio, de quem o autor era também um dedicado discípulo. O coronel Fawcett, por sinal, é um personagem que constitui outro caso em que, com o tempo, se tornou lenda. Na verdade, ele viveu algo bastante real em meados da década de 20, mas que também acabou tomando ares míticos.
Muitas expedições ocorreram, mas nenhuma delas teve sucesso em encontrar a cidade perdida, embora já se conheça até a sua denominação, Maanoa ou Manoa. As aventuras custaram a vida de inúmeros exploradores, que sucumbiram naquele local
O explorador inglês, que era coronel da Real Artilharia Britânica, foi para Barra do Garças por volta de 1919 em uma incansável procura por aquilo que ele estava convicto de existir na região: vestígios de uma civilização intraterrestre perdida. Seu objetivo era estabelecer contato com este suposto povo, que para ele seria descendente dos Atlantes. Há registro manuscrito da expedição, que hoje pertence à coleção de documentos da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. Há poucas certezas sobre Fawcett, mas uma delas é a de que ele realmente deslocou-se para o Brasil, embrenhou-se nas matas da Bahia e, seguindo pistas e vestígios, tentou desbravar o Mato Grosso, sendo que suas descobertas o levaram até a Serra do Roncador, onde ele sumiu misteriosamente em 1925. Fawcett era mundialmente admirado por ter levado uma vida inteira dedicada a emocionantes aventuras na Ásia e América do Sul. Após o seu desaparecimento ele foi retratado em lendas que inspiraram escritores como Arthur Conan Doyle, autor de O Mundo Perdido, e H. Rider Haggard, de As Minas do Rei Salomão — além de ter servido de inspiração a Steven Spielberg para a criação de Indiana Jones.
As aventuras do coronel inglês motivaram ainda dezenas de outros expedicionários nas décadas seguintes, que igualmente tentaram desvendar os mistérios da Serra do Roncador. Alguns deles eram movidos pela aventura enquanto outros buscavam conquistar o prêmio que o jornal inglês The Times oferece até hoje a quem prestar informações sobre o que aconteceu ao explorador. O que se sabe, no entanto, é que muitas outras expedições ocorreram, mas nenhuma delas teve sucesso na busca da tal cidade perdida. E o curioso é que, embora existam dúvidas quanto à existência da tal civilização subterrânea, já se conhece até a sua denominação, Maanoa ou Manoa. As expedições custaram a vida de inúmeros aventureiros, que morreram por picadas de serpente ou pelas mãos de índios que eliminavam aqueles que ousassem penetrar em suas terras sagradas.
Entidades de outros mundos
Vasculhando o Mato Grosso é possível encontrar também enigmas escondidos até nos recantos mais encantadores do estado, como a exuberante Chapada dos Guimarães, a 67 km de Cuiabá, local que se destaca pela fama de hot spot ufológico e pelos imensos paredões de beleza natural — a relação entre UFOs e regiões com elevações de importância geológica, ricas em minérios e cristais, é bastante notória. A sequência de montanhas que formam a Chapada propiciou o surgimento dos mais variados rituais místicos e crenças alternativas, assim como atraem sérios pesquisadores de suas características. Ela fica em uma posição equidistante entre os oceanos Atlântico e Pacífico, a aproximadamente 1.600 km de cada um. Apesar da distância das águas marítimas, é curioso constatar que em meio às pedras do terreno do local é comum encontrarmos pequenas conchas fossilizadas, provando que esta região também foi mar um dia. Ao longo do tempo, o planalto de Chapada preservou histórias centenárias de índios que juram ter convivido com “estrelas multicoloridas pairando no céu noturno”.
Os bororos são um exemplo. Eles constituem um povo que desde épocas ancestrais testemunhou avistamentos de objetos voadores não identificados, os quais chamavam de aroê-kodureu, que significa “alma que voa”, e sempre tiveram a Chapada dos Guimarães como seu território. Para eles a rotineira presença de bolas de fogo no firmamento era associada a entidades ou fantasmas vindos de outros mundos, que sempre se mostravam presentes em matas e grutas. Nas redondezas da Chapada estranhos relatos remetem a uma imponente caverna chamada de Aroê Jarí, “Morada das Almas”. Nos séculos passados a etnia usava o local para rituais, pois acreditava que era um atrativo para os espíritos, e ali deixavam as urnas mortuárias do seu povo. Alguns índios contam que há muitos anos eles viam “almas reluzentes” entrando na caverna, o que talvez justifique a origem do ritual de sepultamento. Aroê Jarí é a maior caverna de arenito do Brasil, cuja entrada tem 60 m de largura por 10 m de altura e extensão de 1.550 m.
Algumas testemunhas contam que já avistaram luzes saindo da caverna, enquanto outras afirmam ter visto seres na escuridão de seu interior e que repentinamente somem sem deixar vestígios. O acesso ao local é permitido somente quando se está acompanhado de um guia autorizado e são 8 km de caminhada até lá. O local é apenas uma das atrações da Chapada dos Guimarães, que conta ainda c
om numerosos paredões, precipícios e morros, sendo o mais alto da região o São Jerônimo, de quase 900 m sobre o nível do mar. Trata-se de um morro achatado e muito conhecido pelas constantes manifestações ufológicas que lá ocorrem — por isso foi apelidado de Ufoporto, pois seria uma pista natural para pouso para discos voadores.
Índios Morcegos
Há quem acredite que toda a Chapada tenha algum tipo de poder transcendental ou místico sobre as pessoas, que por ali passaria uma espécie de corredor conhecido como Linha Energética do Paralelo 15 Sul, um fluxo eletromagnético ao longo de uma reta imaginária que coincidentemente passaria também sobre outros lugares místicos, como a citada Serra do Roncador, o Lago Titicaca e a região de Ica, no sul do Peru, onde estão as Linhas de Nazca, além de Brasília. Segundo as profecias do padre italiano Dom Bosco, no paralelo 15 sul nasceria uma civilização diferente, perfeita, que daria origem ao Terceiro Milênio, defendido por alguns como a Era de Aquário. Segundo a lenda, o corredor aglutinaria um conjunto de ondas cósmicas que chegariam apenas a alguns lugares especiais do planeta. E de acordo com antigas filosofias, a linha energética também abrigaria um plano intermediário entre o mundo físico e o espiritual.
Outra envolvente lenda contada pelos anciões de Mato Grosso diz respeito a um tipo de comunidade selvagem e desconhecida que guardaria ferozmente os mistérios da cadeia de montanhas ao longo de todo o Centro-Oeste, os chamados Índios Morcegos — os xavantes afirmam que os mais antigos da tribo já tiveram contato com tais indivíduos. Os relatos mais detalhados sobre eles são contados pelos apinayés, que atualmente residem no norte de Tocantins e cujas narrativas são até hoje passadas hereditariamente. Segundo eles, existiu há muito tempo entre os estados de Mato Grosso e Goiás uma pequena população selvagem cujos membros tinham asas, hábitos noturnos e saíam de cavernas para voar como morcegos. Na língua dos apinayés, eram conhecidos como kupe-dyeb e eram muito violentos com aqueles que ousassem se aproximar de suas cavernas.
Quantas são as civilizações anteriores, em todo o mundo, que já falaram de luzes no céu, irmãos das estrelas, objetos mágicos, lendas que sobrevivem e são redescobertas todos os dias? Seriam apenas acaso histórico ou coincidências culturais? Certamente não
Os apinayés também relatam que, certa noite, uma grande quantidade de seus guerreiros se reuniu para atacar os kupe-dyeb e, assim, agruparam combatentes de 10 aldeias encorajados a atacar a estranha comunidade alada. Chegando às montanhas eles usaram a estratégia de fechar a entrada da caverna onde viviam os morcegos com palhas secas e, logo em seguida, incendiaram tudo. Neste ataque, um kupe-dyeb idoso morrera e outro, ainda criança, foi visto correndo caverna adentro. Entusiasmados com o ataque, os apinayés tiveram coragem para entrar na caverna para buscar o menino, procurando-o por vários lugares. Depois de longa busca, acabaram encontrando a criança suspensa no teto, aparentando ser um morcego. Em uma reunião na aldeia, os apinayés então decidiram poupar a vida do menino e, por fim, acabaram pegando-a para criar como se fosse da tribo. Mas no início tiveram muita dificuldade, pois o pequeno kupe-dyeb chorava muito e recusava todo tipo de alimentação — a única comida que a criança passou a aceitar era o milho.
“Moradores de baixo”
Outro curioso detalhe mencionado pelos índios era que o menino não dormia à noite e se mostrava sonolento de dia. Um dia os apinayés perceberam a criança morcego cantando uma estranha música que continha os versos “U-ua klunã klocire, klud pecetire”. A cantiga vinha acompanhada com a atitude de agarrar o próprio pescoço com as mãos. Depois de um tempo perguntaram para a criança sobre aquilo e ela disse que seu povo dançava daquele jeito. O interessante é que, até hoje, a etnia canta esta canção como forma de lembrar o menino, que morreu alguns dias depois de tristeza. Entre os pesquisadores que trataram dos apinayés está o escritor, antropólogo e etnólogo alemão Curt Unckel (1883-1945), cujas obras foram fundamentais para compreensão da religião e cosmologia de muitos índios brasileiros.
E quanto aos Índios Morcegos o escritor e pesquisador que é referência é o naturalista norte-americano Carl Huni, que escreveu sobre tais seres alados em 1969. Ele descreveu ao seu correspondente Raymond Bernard, que vivia no Brasil, uma criatura mencionada pelos fazendeiros e nativos brasileiros da seguinte forma: “A entrada da caverna é guardada pelos Índios Morcegos, que são de pele escura e pequeno porte, mas de grande força física. Seu olfato é mais desenvolvido do que o dos melhores cães de caça. Mesmo que aprovem e me deixem entrar nas cavernas, receio que estarei perdido para o mundo, porque guardam o segredo muito cuidadosamente e não permitem que aqueles que entrem possam sair”.
Ainda segundo Huni, as cavernas habitadas pelos Índios Morcegos estariam nas proximidades do Rio Araguaia, “na encosta de uma cadeia de montanhas tremendamente comprida chamada Roncador”. Huni descreveu que eles viviam em cavernas e sairiam apenas à noite para a floresta vizinha, mas sem manter contato com os chamados “moradores de baixo” — para os nativos, segundo o explorador, estes habitavam uma cidade subterrânea na qual formariam uma comunidade autossuficiente e com uma considerável população. Tais índios estariam sendo responsabilizados pelo desaparecimento de pessoas.
Seres alados em todo o mundo
Enfim, o repertório de histórias que rondam Mato Grosso é variado e rico, e ainda há várias que se assemelham a lendas encontradas em outras partes do mundo, como a pesquisada antigamente por alguns ufólogos e que envolve uma entidade humanoide denominada Draco Mothman. Para uns, seria uma rara espécie de alienígena negro e de hábitos noturnos que teria asas, tal como os Índios Morcegos. Muito citados no passado, estariam relacionados às gárgulas, valquírias e vampiros. Igualmente, no Arquipélago de Molucas, na Indonésia, os nativos falam de Orang-bati, ou “homem alado”. Esta seria uma criatura humanoide semelhante a um macaco e que teria asas de morcego. De acordo com relatos, também teria hábitos noturnos e seria responsável pelo sumiço de pessoas das aldeias. Lendas antigas também sugerem que os Orang-bati viveriam em uma rede de profundas
cavernas do Monte Kairatu, um vulcão extinto na ilha de Seram, a segunda maior das Molucas.
De forma semelhante, segundo as tradições da ilha de Java, nas montanhas de Salak haveria uma criatura alada com as mesmas características dos Índios Morcegos e dos Orang-bati, chamada pelos javaneses de Ahool devido ao som de seu grito “triste e melancólico”. Dizem que a criatura habita grandes cavernas atrás de enormes cachoeiras da região. A única descrição que encontramos sobre os Ahool no Ocidente vem do naturalista Ernest Bartels, que alega tê-los visto sobrevoar sua cabeça perto de uma cachoeira nas montanhas Salak, em 1925. Tempos depois, Bartels disse ter ouvido um grito melancólico de gelar o sangue e logo associou o som àquelas criaturas, mas não chegou a ter a oportunidade de vê-las novamente. Na ilha de Java o ser é bastante conhecido nos povoados e, segundo dizem, é coberto de pelos de cor cinza-escuro — tem ainda grandes olhos negros, pés virados para trás, cabeça de macaco, rosto semelhante ao humano, braços pequenos e asas de morcego.
Apenas acaso histórico?
Histórias de seres com asas de morcego podem ser encontradas também na Angola e no Congo, na África Central. Descrições de seres idênticos aos Índios Morcegos brasileiros também existem no Zâmbia, onde eles são conhecidos como Kongomato, que significa “quebrador de canoas”, pois surgem nas proximidades dos rios derrubando canoas e levando pessoas. Segundo a lenda, a criatura não foi observada apenas pelos nativos da região, mas também por exploradores europeus. Tribos que nunca se encontraram e que contam quase a mesma coisa tornam muito improvável que estas semelhanças sejam mero acaso, pois quando testemunhas de locais afastados fazem descrições de seres tão parecidos temos a impressão de que estes estiveram efetivamente em todas as regiões consideradas.
A ideia de que seres andaram por vastas áreas do planeta ganha ainda mais reforço quando comparamos, além da lenda dos Índios Morcegos em relação com esses outros seres, as inscrições rupestres quase idênticas em cavernas do Mato Grosso e as do Saara, na África. Em qualquer lugar do globo onde se procure encontraremos histórias aludindo aos mesmos fenômenos luminosos, seres de diversos tipos e relacionamentos que mantiveram com populações locais — exatamente como em tantas áreas do Mato Grosso. Quantas civilizações anteriores já falaram de luzes no céu, irmãos das estrelas, objetos mágicos, lendas que sobrevivem e são redescobertas todos os dias? Seriam apenas acaso histórico ou coincidências culturais? Certamente que não. Se levarmos em conta o componente ufológico de tantas narrativas, podemos encontrar nestas tradições folclóricas as respostas para muitas de nossas perguntas.