No início de 1996, o Brasil e o mundo foram surpreendidos com a notícia de que uma nave extraterrestre havia se acidentado na cidade de Varginha, no sul do Estado de Minas Gerais, e que alguns de seus tripulantes haviam sido recolhidos pelas autoridades. Nessa época eu residia na localidade de Itaipava, um distrito do município de Petrópolis, no interior do Rio de Janeiro. Lembro perfeitamente como, em uma noite de domingo, ao assistir ao programa Fantástico, da Rede Globo, tive o primeiro contato com essa fascinante história. A reportagem revelava que duas adolescentes, as irmãs Liliane e Valquíria Silva, juntamente com uma amiga mais velha, Kátia Xavier, ao passarem por um terreno baldio no bairro Jardim Andere, de Varginha, com o objetivo de cortarem caminho para chegar mais cedo à casa onde moravam, encontraram uma criatura de aspecto monstruoso agachada nas proximidades do muro de uma oficina mecânica.
O ser “não era nem homem, nem animal”, disseram. Ao serem entrevistadas pelo programa, as testemunhas ainda estavam visivelmente abaladas. Elas haviam encontrado algo muito especial. Segundo elas, a criatura tinha pele marrom viscosa, olhos enormes de cor vermelha, e três protuberâncias na parte superior da cabeça, que era bastante volumosa. Não notaram sinais que indicassem a existência de boca ou nariz. A criatura apresentava ainda muitas veias saltadas, principalmente nos ombros, e seus pés eram proporcionalmente grandes. O ser parecia não se sentir bem, dando a impressão de estar entorpecido. Em poucos segundos, as três testemunhas partiram chorando em direção à casa das irmãs, imaginando, entre outras coisas, terem encontrado o diabo…
A reportagem fazia menção, ainda, a boatos que corriam na cidade, segundo os quais a misteriosa criatura havia sido capturada por militares e passado por um dos hospitais de Varginha, antes de ser retirada da localidade. Essas informações faziam referência à participação de membros do Corpo de Bombeiros, Exército e da Polícia Militar locais. O advogado e ufólogo Ubirajara Franco Rodrigues, então co-editor da Revista Ufo e residente no mesmo bairro em que ocorreu o fato, entrevistado pelo Fantástico, já declarava que “alguma coisa de muito importante parecia estar sendo encoberta”. Mas, francamente, nesse meu primeiro contato com a história, não cheguei a ficar impressionado. No entanto, com o passar dos dias, acabei telefonando para Ubirajara e minha percepção das coisas começou lentamente a se modificar. Estávamos no limiar de uma investigação que iria revelar um dos casos mais importantes da Ufologia mundial.
Proposta de suborno
Nos meses seguintes, estive várias vezes em Varginha para ajudar e participar das investigações, sempre a convite de Ubirajara, sem dúvida um dos maiores talentos da Ufologia Brasileira. Minha primeira visita à cidade ocorreu em 03 de maio, com o objetivo de participar de uma reunião que iria ocorrer no dia seguinte, na qual seriam passadas para vários pesquisadores e investigadores convidados as últimas informações conseguidas por Ubirajara e Vitório Pacaccini, membro do Centro de Investigação Civil de Objetos Aéreos Não Identificados (CICOANI), sediado em Belo Horizonte, que tinha já se incorporado às investigações, colaborando com o pesquisador varginhense. Quando cheguei à rodoviária da cidade fui recepcionado por Pacaccini, que prontamente me colocou a par de uma verdadeira bomba.
Poucos dias antes, Luísa Helena Silva e suas filhas, Liliane e Valquíria, testemunhas primárias do caso, haviam recebido a visita de quatro homens vestidos de terno escuro, que não quiseram se identificar. O objetivo central desse contato foi simplesmente apresentar uma proposta de suborno à família. Os homens estavam dispostos a pagar o dinheiro que fosse necessário para que as filhas desmentissem o caso, ou seja, que negassem ter avistado a criatura no dia 20 de janeiro. Disseram que voltariam depois para saber a resposta. Informaram ainda que, caso aceitassem, seriam levadas para dar uma entrevista a um canal de televisão fora da cidade, para que desmentissem seus depoimentos anteriores. Era evidente que havia um projeto visando a desmoralização do caso, baseado nas primeiras testemunhas – da mesma maneira que havia ocorrido 50 anos antes com o Caso Roswell.
Uma reunião histórica
Na manhã de 04 de maio, os investigadores convidados começaram a chegar, e prontamente começaram as discussões. Naquela tarde é que foram tomadas as decisões mais importantes pertinentes às informações que seriam passadas para os representantes da imprensa de vários jornais, redes de televisão e rádios presentes, que aguardavam ansiosos por um pronunciamento oficial dos envolvidos nas pesquisas. Por volta das 15h00, em meio aos debates, Pacaccini adentrou o auditório solicitando-me que o acompanhasse. Fomos rapidamente de carro até a rodoviária de Varginha, pois uma das principais testemunhas militares, que já estava colaborando com as investigações, estava chegando à cidade. O militar já havia prestado depoimento antes, mas nada havia sido gravado.
Diante da relevância de suas informações, ele tinha sido convencido a prestar um novo depoimento, que desta vez seria gravado em segredo e às escondidas de seus superiores. Minha missão foi justamente gravar seu depoimento, ao ser entrevistado por Pacaccini. A gravação foi realizada num imóvel seguro e desocupado. Era um local seguro para tal ato, visto que a cidade estava em polvorosa e os oficiais da Escola de Sargentos das Armas (ESA), da qual saíram os soldados que capturaram as criaturas, estavam vigilantes para que nenhum subordinado da instituição revelasse a verdade. Assim, durante aproximadamente 45 minutos, assisti a uma história impressionante. Essa testemunha havia tido contato direto com uma das criaturas e havia participado do comboio militar que a retirou da cidade, já morta. Era a primeira vez na história da Ufologia Brasileira que tal fato ocorria.
Após deixarmos o militar novamente na rodoviária de Varginha, Pacaccini me levou até as proximidades do auditório, um anexo da residência de Ubirajara na época, onde estava sendo realizada a reunião, e foi buscar dona Luísa e suas filhas para também participarem. Ao retornar à reunião, tomei conhecimento de que muitos dos colegas ufólogos presentes eram contra a divulgação dos nomes dos militares envolvidos nas operações, conseguidos através de nossas testemunhas militares. Expus a Claudeir e a Ubirajara que dificilmente teríamos outra oportunidade como aquela e argumentei que, se não apresentássemos
aos jornalistas algo realmente de importância sobre o caso, dificilmente eles retornariam numa outra ocasião, quanto tivéssemos novas revelações a fazer. Os dois pesquisadores tinham exatamente a mesma posição, e resolvemos ignorar as opiniões da maioria dos ufólogos presentes. Seriam omitidos apenas alguns pequenos detalhes que poderiam servir para identificar as testemunhas militares, colocando-as em risco.
Alguns minutos depois dos debates entre ufólogos, Ubirajara abriu o auditório aos repórteres e dona Luísa Helena e suas filhas foram apresentadas à imprensa, prestando um detalhado depoimento sobre a tentativa de suborno que sofreram. Logo em seguida, o pesquisador Claudeir Covo, co-editor de Ufo, leu um manifesto assinado por membros de 10 dos principais grupos de pesquisas do país, reafirmando a importância do caso, que conclamava outras possíveis testemunhas a procurarem os pesquisadores. Em seguida, Pacaccini divulgou os detalhes básicos do episódio e os nomes de alguns dos militares da ESA envolvidos nas operações. Na oportunidade, citou o tenente-coronel Olímpio Vanderlei Santos, que, segundo o depoimento que eu havia acabado de gravar, teria sido o comandante das operações. Referiu-se ainda ao capitão Ramirez e ao tenente Tibério, da Polícia do Exército, citando também o sargento Pedrosa, o cabo Vassalo e os soldados Cirilo e De Melo.
“Brincar de fazer Ufologia”
Era evidente para todos que estava se fazendo história na Ufologia Brasileira, e todos os presentes, de uma forma ou outra, faziam parte dela – mesmo aqueles que tinham votado contra a divulgação dos nomes dos militares, temendo alguma represália. Naquela mesma noite, os telejornais das emissoras locais colocaram no ar todo o fato, citando os nomes de alguns dos militares da ESA envolvidos nas operações de captura e transporte das criaturas. A partir daquele dia ficava claro que os principais pesquisadores do caso não estavam “brincando de fazer Ufologia”, como garantiu Ubirajaramomentos antes do final da reunião com os jornalistas.
Nessa declaração havia, é claro, um certo grau de decepção com aqueles companheiros que não estavam dispostos a assumir maiores responsabilidades e tinham sido contrários à divulgação dos nomes dos militares. A reação dos militares não tardou: eles marcaram para 08 de maio um pronunciamento do comando da Escola de Sargentos das Armas. Já sabíamos que tudo seria cabalmente negado por eles, mas não contávamos com a falta de habilidade demonstrada pelo comando da instituição para lidar com o problema. Foi lamentável. No dia marcado, o general-de-brigada Sérgio Pedro Coelho Lima, comandante da ESA, leu uma nota de poucas linhas, cujo teor rechaçava qualquer envolvimento de seu contingente ou mesmo de recursos da instituição com o caso. Não convenceu. Um dos jornalistas presentes, não satisfeito, perguntou ao general onde estavam os militares citados pelos ufólogos nos dias em que teriam ocorrido os fatos denunciados. Em resposta, o general simplesmente disse que “estavam trabalhando em prol do Exército e da Nação”. Questionado se poderia provar isto, limitou-se a responder com outra questão: “provar para quem?” O mesmo jornalista insistiu, pois era visível a intenção dos militares de não esclarecer os fatos. O general Lima disse então que não tinha que provar nada a ninguém e se retirou.
Manobras de acobertamento
A partir daquela data ficava claro, pelo menos para parte da imprensa, que algo de grave estava sendo encoberto. O general Lima não voltaria a falar sobre o caso publicamente. Procurado dias depois pelo jornalista Goulart de Andrade para uma entrevista, segundo o próprio jornalista, Lima teria dito que recebera ordens de Brasília para não mais se pronunciar. Mas algo muito sinistro estaria sendo planejado dentro da ESA, para abafar a propagação do caso, uma manobra que se mostraria inócua, face ao volume de evidências acumuladas pelos ufólogos.
A partir do que havia sido divulgado na reunião de 04 de maio, também ficava evidente para o comando da ESA que, apesar das pressões que fazia para a manutenção do sigilo em torno do Caso Varginha, membros de seu contingente não estavam tão dispostos a manter o acobertamento quanto se imaginava. Na visão de tal comando, algo precisava ser feito. Assim, por um lado, era necessário identificar nossos informantes, aqueles que estavam colaborando com os investigadores civis, e, por outro, criar um tipo de mecanismo que exercesse ao mesmo tempo maior pressão sobre aqueles que tinham algo realmente a revelar e atenuar o impacto de uma declaração pública de um dos envolvidos diretamente com os fatos. A ESA estava trabalhando contra o relógio. A partir dessas necessidades, foi deflagrada no dia 10 de maio uma sindicância interna na instituição, através da portaria militar número 033-AJ-G2. O documento que a criou, ao qual tivemos acesso recentemente, através de um de nossos informantes militares, é assinado pelo próprio comandante da instituição, o general Lima.
Por incrível que possa parecer, as primeiras páginas dessa documentação, se forem examinadas sem maior cuidado, podem dar a entender que ela foi criada para que o comando da ESA conseguisse descobrir se seus membros e equipamentos tiveram ou não ligação com os fatos denunciados pelos ufólogos. Por exemplo, se transportaram ou não uma criatura extraterrestre para fora da cidade de Varginha. Mas será que o general Lima precisava desta sindicância para ter respostas desse tipo? É claro que não! Dois dias antes, em seu pronunciamento aos jornalistas, numa tentativa de convencê-los de que tudo não passava de uma fantasia, o general Lima já havia afirmado que nenhum membro do contingente da instituição ou mesmo quaisquer recursos ligados à ESA tinham tido qualquer forma de participação nos fatos que estavam sendo divulgados pela imprensa.
Irritação dos militares
A parte mais ilustrativa e interessante desse documento, recentemente obtido, está ligada aos depoimentos supostamente prestados por vários militares que tiveram, segundo nossas fontes, envolvimento nas operações de captura e transporte das criaturas para fora de Minas Gerais, ou no processo de acobertamento. Esses depoimentos teriam sido prestados ao coronel Renê Jairo Fagundes, responsável pela referida sindicância – outro nome diretamente envolvido com o caso e a política de sigilo da ESA, que ainda não havia sido divulgado.
Apare
ntemente, segundo a documentação a que tivemos acesso, todos os depoentes tiveram que responder se conheciam ou tinham tido algum tipo de contato com os pesquisadores Ubirajara Rodrigues e Vitório Pacaccini. Os militares revelavam também onde estavam nas datas e horários críticos relacionados ao caso, e o que faziam nesses momentos, o que era uma das indagações que o general Lima não respondera na entrevista à imprensa. Estas páginas informam ainda, em termos gerais, o nome de testemunhas – geralmente outros militares – que poderiam confirmar a versão do suposto depoente. Não é muito difícil de se imaginar, especulando-se um pouco, que os procedimentos desta sindicância foram inspirados em boa parte nos questionamentos feitos ao general Lima pelo já mencionado jornalista que o interpelou (sobre o que estavam fazendo os militares nas datas e horários divulgados pelos ufólogos), que o deixou tão irritado.
O mais impressionante é uma informação que recebemos de outra fonte, que serviu durante muitos anos na ESA e hoje reside no norte do país. Segundo ele, pelo menos parte dos depoimentos constantes em tal sindicância, que constituem a documentação a que tivemos acesso, não foi prestada no sentido literal. De acordo com nossa nova fonte, não passariam de uma peça de ficção criada dentro do processo de acobertamento, desenvolvida para que os militares envolvidos com a história – principalmente os que possuíam patentes inferiores – assinassem e se comprometessem com a política de sigilo.
Ainda segundo tal informante, cujo nome ainda não pode ser revelado, havia um temor por parte do comando da ESA de que um ou mais dos militares envolvidos no Caso Varginha se desligassem do Exército e revelassem a verdade. Se isso acontecesse, pelo menos na visão limitada dos que imaginaram e desenvolveram a idéia da sindicância, o Exército teria em mãos uma outra versão para ser utilizada em defesa da “verdade oficial”. Esses documentos apresentam detalhes como a filiação dos depoentes, os números de suas identidades militares e suas declarações perante o sindicante, coronel Fagundes. Mas eles não estão assinados, ou melhor, não são as cópias assinadas, que imaginamos terem sido posteriormente arquivadas.
Por exemplo, na página referente ao suposto depoimento do comandante das operações, o tenente-coronel Santos, existem várias perguntas cujas respostas não estão impressas, o que não acontece nas páginas referentes aos demais depoentes. As respostas adequadas não haviam ainda sido estabelecidas? Isso tudo fortalece a idéia que nosso segundo colaborador, relacionado a este aspecto do caso, está mesmo falando a verdade. Colocamo-nos diante de uma peça de ficção, mas de sérias conseqüências. De algo com dupla finalidade: preservar a versão oficial da ESA e fazer pressão sobre os membros de seu contingente. Essa pressão, ao contrário do documento que a gerou, não é ficção.
Reconstituição da história
Em 05 de maio de 1996, dia seguinte ao da reunião em que divulgamos pela primeira vez nomes de membros da ESA envolvidos no caso, vários deles teriam sido presos, confinados em suas instalações. O curioso nessa história é que, na visão do comando da ESA, nossos informantes militares, que prestaram seus depoimentos voluntariamente, tinham que estar sempre entre as patentes mais baixas. Com o passar dos meses, surgiram outros militares do Exército, da Força Aérea Brasileira, bombeiros e membros da Polícia Militar de Minas Gerais, além de um número expressivo de civis, todos contrários ao processo de acobertamento, que passaram a nos ajudar a reconstituir progressivamente a história.
Soubemos através de outra testemunha militar, um operador de radar do Rio de Janeiro, que, desde o final de 1995, UFOs vinham sendo detectados cada vez com mais freqüência sobrevoando o sul de Minas. Segundo ele, esta atividade cresceu ainda mais a partir do dia 13 de janeiro de 1997. Nessa data, segundo o piloto de ultraleve Carlos de Souza, um objeto voador não identificado e de aparência metálica, em forma de charuto, caiu numa fazenda próxima à Rodovia Fernão Dias, entre as cidades de Varginha e Três Corações. Souza era a mais nova testemunha do caso, localizada pelo ufólogo Claudeir Covo. Ele alega ter observado o aparelho ainda em vôo, em chamas, que seguiu a trajetória da rota até o suposto lugar da colisão. Ao chegar ao ponto de impacto, situado na Fazenda Maiolino, teria encontrado militares do Exército recolhendo os destroços.
Segundo o piloto, que se dirigia a um local onde aconteceria um campeonato de ultraleve, havia no local dois caminhões, uma ambulância militar e um helicóptero – mas nenhum sinal dos possíveis ocupantes do artefato. Souza alega ainda que, ao ser notado pelos militares, foi expulso da área e posteriormente seguido. Ao parar num posto de gasolina da Fernão Dias, foi abordado por uma pessoa não identificada, que havia chegado ao local com um acompanhante, ambos num carro Opala.
Queda do UFO confirmada
O cidadão abordou o piloto e “sugeriu” que esquecesse o que tinha visto. Na realidade, segundo a testemunha, houve mais do que uma simples sugestão: um tom de ameaça no ar. Souza preferiu seguir o conselho, permanecendo em silêncio durante vários meses, até que, lendo uma matéria sobre o caso, de autoria de Covo, resolveu procurar o pesquisador e relatar o sucedido. Em relação à queda de uma nave não terrestre em Varginha, existem outras confirmações de sua ocorrência inequívoca, entre elas testemunhas militares que também revelaram ter visto chegar à ESA dois caminhões carregando os fragmentos metálicos. Isso para não falarmos dos depoimentos do senhor Eurico de Freitas e sua esposa, dona Oralina, que informaram ter observado, próximo à cidade, numa madrugada daquela semana, um objeto voador em forma de cilindro e de aspecto metálico, aparentemente com problemas, voando baixo e soltando algo semelhante &
agrave; fumaça.
Mas, se as primeiras referências à queda do objeto estão relacionadas ao dia 13 de janeiro, todas as testemunhas até hoje revelam que a primeira criatura foi capturada somente na manhã do dia 20, mais exatamente às 10h30, por membros do Corpo de Bombeiros, no bairro Jardim Andere de Varginha. Participaram de sua captura, segundo nossas fontes, o sargento Palhares, o cabo Rubens, os soldados Nivaldo e Santos. Esteve também no local o próprio comandante dos bombeiros de Varginha, major Maciel, que seria transferido nos dias seguintes para a cidade de Poços de Caldas (MG).
A criatura estava visivelmente ferida e, após sua captura, feita com a ajuda de uma rede, foi transferida para uma caixa de madeira e retirada da cidade no interior de um caminhão do Exército. Em julho de 1999, fui convidado a fazer uma palestra para um grupo da Ordem Rosacruz de Poços de Caldas, para onde o comandante do Corpo de Bombeiros de Varginha havia sido transferido após a captura de um dos seres. Na oportunidade, fui entrevistado pelos principais jornais da cidade, que deram amplo destaque às minhas pesquisas sobre o Caso Varginha. Durante uma dessas entrevistas, o jornalista que a realizou não pôde contar com a presença do fotógrafo e horas depois me procurou no hotel onde estava hospedado, para obter algumas fotos minhas para a matéria, que seria publicada no dia seguinte. Depois de completar seu trabalho, fui questionado pelo mesmo sobre minha visão a respeito do caso. Para minha surpresa, logo em seguida, o profissional revelou-me que, após a transferência de Maciel para Poços, tinha se tornado íntimo do militar e já havia comentando com ele sobre o caso ocorrido no sul de Minas.
Aliens alvejados com fuzil
Segundo este fotógrafo me confidenciou, num determinado dia o comandante lhe confirmou que a história era realmente verdadeira e que, em termos gerais, não diferia muito do que a própria imprensa havia divulgado através dos pesquisadores. Ainda de acordo com o rapaz, Maciel teria dito que, se ele passasse aquela informação para terceiros, o bombeiro evidentemente negaria. Além dessa nova peça no quebra-cabeça, outros dois depoimentos agregaram mais tempero ao caso, o de um militar reformado e o de um civil. De acordo com eles, por volta das 14h00 de 20 de janeiro, membros do Exército fizeram uma busca numa mata situada entre os bairros Jardim Andere e Santana. Foram ouvidos dois tiros e em questão de segundos os militares saíram da mata.
Dois deles estavam carregando sacos de campanha, dentro de um dos quais havia algo que se movia, enquanto, no segundo, apesar de conter alguma coisa do mesmo tamanho, não foi notado movimento. Alguns pesquisadores sugerem que mais duas criaturas foram localizadas e capturadas, talvez atingidas pelos disparos. Mas ainda não existem evidências definitivas que permitam essa interpretação. De qualquer forma, por volta das 20h00 daquele dia, dois policiais militares do serviço de inteligência localizaram e capturaram outra criatura, também entorpecida e no mesmo bairro da cidade. Tudo parece indicar que este segundo ser foi o mesmo que havia sido visto na tarde daquele dia por Liliane, Valquíria e a amiga Kátia.
Alguns dos aspectos mais importantes do Caso Varginha estão relacionados a este ser que, segundo os depoimentos, foi conduzido após a captura para o Hospital Regional do sul de Minas, situado no centro da cidade, e horas depois transferido para o Hospital Humanitas, onde acabou por falecer. Segundo testemunhas civis e militares, todos os esforços foram efetivados para mantê-lo com vida. Além da testemunha que conheci pessoalmente, cuja gravação do depoimento em vídeo fui o responsável, Ubirajara e Pacaccini conseguiram outro relato, também gravado em vídeo, sobre esse aspecto do caso. O depoimento foi prestado por outro soldado do Exército, que também participou do comboio responsável pela retirada da criatura da cidade. Através dessa fita, pudemos ver que o militar estava visivelmente abalado com o que presenciara. Falando claramente, nunca vi um rosto expressar tanto pavor.
Como outras, essa testemunha militar também estava visivelmente aterrorizada, e não fez questão alguma de esconder isso em seu depoimento aos ufólogos. Tais militares descreveram as criaturas da mesma maneira que Liliane, Valquíria e Kátia, dando ainda mais credibilidade aos depoimentos civis. Confirmaram a participação na operação de retirada da criatura do Hospital Humanitas, entre outros soldados, o capitão Ramirez, o tenente Tibério, o sargento Pedrosa, os cabos Vassalo e Welber, e o soldado De Melo. Estava ainda presente, segundo nossas fontes militares, no interior do próprio hospital, o tenente-coronel Olímpio Vanderlei Santos, que comandou as operações.
Envolvimento de Badan Palhares
Segundo fatos levantados pelos ufólogos, esta segunda criatura também foi conduzida, tal como a primeira, para a Escola de Sargentos das Armas. E na madrugada de 23 de janeiro ambas teriam sido levadas por um outro comboio para a cidade de Campinas (SP). Após passarem pela Escola Preparatória de Cadetes do Exército, foram transferidas para a Universidade de Campinas (Unicamp), onde pelo menos uma delas foi entregue ao médico legista Fortunato Badan Palhares. Mas apesar de termos duas testemunhas civis que garantem inquestionavelmente o envolvimento de Palhares, ele continua negando publicamente qualquer forma de envolvimento com a história, o que não pode ser considerado uma surpresa.
Com o passar de algumas semanas, outras criaturas apresentando os mesmos aspectos foram aparentemente encontradas por civis, em diferentes pontos da região. A primeira delas foi detectada pela senhora Terezinha Gallo Clepf, esposa de um dos políticos mais conhecidos da região, durante uma festa realizada no Restaurante Paiquerê, que fica dentro do Zoológico de Varginha, na noite de 21 de abril. Dona Terezinha informou que a criatura apresentava olhos grandes de cor avermelhada, aparentemente sem pupilas e luminosos. Sua boca não passava de um pequeno traço horizontal. Praticamente, não dava para se notar o nariz e a pele
do ser tinha uma coloração marrom escura. Apresentava ainda um capacete dourado envolvendo sua cabeça, que a diferenciava dos seres capturados. O suposto ET estava totalmente imóvel. Seus olhos, entretanto, abriam e fechavam. Ainda segundo dona Terezinha, aquele ser estava a apenas 5 m de distância da varanda do restaurante, para onde havia se dirigido sozinha.
Mortes no zoológico
Sobre forte impacto emocional, ela entrou no salão onde era realizada a festa e pediu para seu marido levá-la embora, só revelando mais tarde sua experiência. Curiosamente, nos dias que antecederam o acontecimento, morreram de maneira misteriosa, no mesmo zoológico, vários animais que, apesar de terem suas vísceras estudadas, não se sabe do que morreram. “Não foi encontrado qualquer sinal que justificasse o acontecido”, declarou Ubirajara.
Em maio de 1996, poucos dias depois do incidente com dona Terezinha, mais uma criatura apresentando semelhança com as anteriormente descritas foi avistada, desta vez aparentemente tentando atravessar a estrada que liga Três Corações à vizinha Varginha. A testemunha foi o estudante Ildo Lúcio Gardino e o encontro aconteceu quando ele passava com seu carro bem em frente à propriedade de onde o casal Eurico e Oralina teve o avistamento de uma nave em forma de fuso, no mês de janeiro.
O aspecto mais delicado e ao mesmo tempo mais controverso do caso, entretanto, é, sem dúvida, a morte do policial militar Marco Eli Chereze, um dos integrantes do serviço de inteligência que participaram da captura da segunda criatura, ocorrida na noite de 20 de janeiro. Logo nos primeiros meses das investigações, surgiram a partir de outras fontes, principalmente através de um militar da reserva, informações sobre um policial que havia falecido de infecção generalizada após ter tido contato direto com um dos seres. Devido à gravidade da situação, o assunto foi tratado com todo o cuidado pelos pesquisadores envolvidos na investigação, enquanto Ubirajara Rodrigues buscava mais informações.
O ufólogo confirmou num cartório civil em que são registradas mortes em Varginha, que um policial havia realmente falecido pouco tempo depois da captura das criaturas. Ubirajara conseguiu uma cópia do registro de óbito e, através das informações constantes no mesmo, pôde localizar a família do rapaz. Progressivamente, foi ficando claro que um dos militares envolvidos no recolhimento da segunda criatura tinha sido o falecido. Uma mesma testemunha militar empregada anteriormente declarou que teve contato com membros do Exército relacionados com o rapaz morto, e que estes revelaram que, naquela noite, no momento da captura, a criatura teria esboçado uma leve reação e o policial teria tocado sem luvas em seu braço esquerdo. Para alguns de seus companheiros, ele havia sido contaminado de alguma maneira.
A família de Marco Chereze conseguiu, inicialmente, apenas abrir um inquérito na delegacia local, para apurar possíveis responsabilidades médicas que teriam levado à sua morte. Os parentes fizeram isso porque, poucos dias depois de 20 de janeiro, havia surgido um furúnculo numa das axilas do soldado, extraído logo em seguida nas dependências do próprio quartel da corporação. O que mais chamava a atenção da família de Chereze foi a total falta de informações sobre o estado de saúde e a morte do rapaz. Ele foi enterrado e, mesmo assim, meses depois, ninguém sabia exatamente os motivos de seu óbito. O próprio delegado de Varginha que presidiu o inquérito, apesar de sua insistência perante à corporação militar em que Chereze servia, não conseguiu ter acesso à documentação oficial ligada à necrópsia do soldado. A sonegação de informações sobre tal fato é simplesmente um desrespeito à família.
Isolamento e morte
Somente quando o Caso Varginha completou um ano, em 20 de janeiro de 1997, após denunciarmos publicamente o acobertamento de mais esta grave peça do quebra-cabeça, em meio a uma reunião com a imprensa, é que a família, o delegado e os pesquisadores envolvidos tiveram acesso ao laudo. Segundo seu conteúdo, Chereze morreu em virtude de uma infecção generalizada em seu organismo. O policial teria chegado em casa, numa certa noite após a captura da criatura, sentindo fortes dores nas costas. Ele começou a apresentar um processo gradativo de paralisia, além de febre. Devido ao agravamento de seu estado, acabou sendo levado para o Hospital Bom Pastor, onde ficou praticamente isolado da família, permanecendo internado por vários dias. Seus familiares – em especial sua irmã Marta Antônia Tavares, que ia com mais freqüência ao hospital – não conseguiam entrar em contato sequer com o médico responsável pelo tratamento de Chereze, e muito menos descobrir qual era sua doença.
Poucos dias depois de sua internação, o soldado foi finalmente transferido para o Hospital Regional do sul de Minas, também em Varginha, exatamente o mesmo para onde ele próprio teria levado, na noite de 20 de janeiro, a criatura que capturou. Chereze foi levado diretamente para o Centro de Tratamento Intensivo da instituição, onde veio a falecer exatamente às 11h00 do dia 15 de fevereiro – 26 dias após seu envolvimento com o ser extraterrestre. Apesar de terem sido feitos todos os testes e exames possíveis, em busca de um diagnóstico, a verdade é que isto não foi conseguido a tempo, como declarou o próprio delegado que presidia o inquérito, em seu relatório ao juiz. Simplesmente, os médicos que trataram Chereze não sabiam como combater a doença que ele tinha.
Depois que divulgamos detalhes a respeito de sua morte à imprensa presente na reunião que marcou o primeiro aniversário do caso, o comando da Polícia Militar de Minas Gerais desmentiu imediatamente os fatos aqui publicados – inclusive que Chereze estivesse de serviço na noite do dia 20 de janeiro. Isso apesar da família declarar o contrário com veemência. Nesse ponto da narrativa, é importante lembrarmos que foi justamente a criatura encontrada e capturada pelo policial que também saiu morta de tal encontro, após vários dias de internação num outro hospital da cidade, o Humanitas. Haveria alguma ligação entre esses óbitos? E o que dizer dos animais que faleceram no zoológico de Varginha, nos dias que precederam o avistamento de uma terceira criatura? De que maneira fazem parte dessa trama? São questões para as quais ainda não temos respostas. Parece claro para este autor, entretanto, que a morte de Chereze pode ter se transformado na peça menos controlável e mais perigosa do processo de acobertamento imposto pelos militares da ESA e do Exército brasileiro.
Pressões e manipulações
Oito anos já se passaram desde que algo muito significativo aconteceu no espaço aéreo do sul de Minas Gerais, culminando com o Caso Varginha. Não sabemos ainda se o que ocorreu foi o acidente de um UFO ou se aquela nave que tra
nsportava as criaturas posteriormente capturadas fora atingida ou atacada por nossas Forças Armadas. Desde 1996, quando estive pela primeira vez na cidade, percebi que estava diante de algo verdadeiramente singular. Conheci testemunhas civis e militares que, de uma maneira ou de outra, continuam a ser as maiores evidências dessa história. Além dos militares que entrevistei, há a sóbria narrativa de Liliane e Valquíria e sua mãe, dona Luísa Helena, que chegaram a receber visitas misteriosas e propostas de suborno para se calarem e desmentirem tudo que já haviam dito. Elas teriam que fazer uma única coisa: renegar a realidade do acontecimento mais marcante de suas vidas. Mas não o fizeram, mesmo sabendo que isso poderia representar uma ajuda material substancial.
A atitude de denúncia tomada pela família é mais um exemplo para aqueles que ainda acreditam na qualidade do ser humano. Dinheiro não compra a dignidade de todo mundo. E tal como as irmãs refutaram a tentativa de suborno, também sua amiga, que viu a segunda criatura junto delas, não poderia deixar de ser destacada nesta matéria. Kátia Xavier é uma mulher honesta, que resistiu às pressões mais fortes que seriam aplicadas nas testemunhas, para que o caso fosse destruído. Fui testemunha do drama vivido por todas essas pessoas.
Ao contrário do que muitos poderiam pensar, o destaque que as testemunhas receberam da mídia e a aparente fama que conquistaram mudaram suas vidas e as abalaram extremamente. Certa vez, por exemplo, acompanhei Kátia durante uma entrevista para um canal de tevê norte-americano. Enquanto era obrigada a relatar mais uma vez a história, ela chorava de tristeza ao ver sua vida particular desmoronar como resultado de sua dedicação à verdade. Estive pessoalmente no local da queda indicado por Carlos de Souza, participando da busca por possíveis fragmentos que pudessem milagrosamente ter escapado do processo de recolhimento que os militares empreenderam na área. Eu e os demais ufólogos não encontramos nada, a não ser sinais de que o terreno havia sido revolvido e duas marcas deixadas por algum tipo de veículo ou guindaste.
Uma tragédia familiar
Conheci mais recentemente a viúva de Marco Eli Chereze e suas filhas, personagens que agregam um valor particularmente dramático à história do Caso Varginha. Quando observamos o episódio no ângulo dos envolvidos, vemos que ele engloba uma tragédia familiar e acordamos para o fato de que já é hora de percebermos que as vítimas desse caso não estão apenas de um lado da história. Por mais que fossem diferentes de cada um de nós, as criaturas capturadas em Varginha são fruto de um processo evolutivo semelhante ao que nós tivemos, que aparentemente se alastrou pelo universo. Os seres recolhidos pelo Exército tinham, tal como nós, pernas, braços, tronco e cabeça. Não eram monstros de tentáculos semelhantes a polvos, nem tinham garras como caranguejo, tipos tão propalados em filmes de ficção científica hollywoodianos.
Mas se muito já sabemos sobre o caso, tenho a clara percepção, da mesma maneira que os parceiros ufólogos Ubirajara Rodrigues e Claudeir Covo, que provavelmente não temos conhecimento sequer de 30% de toda a história. Cada uma de nossas principais testemunhas militares, por exemplo, tinha conhecimento apenas dos fatos em que esteve envolvida diretamente. Dentro da Escola de Sargentos das Armas, a instituição militar que comandou as operações no sul de Minas, era proibido falar no assunto – a desobediência seria punida com prisão sumária do infrator. A maior parte de seu contingente nunca travou contato com as informações sobre o caso, que estavam em poder unicamente do comando da instituição. O assunto atingiu um nível de segurança tão elevado que manobras de acobertamento foram coordenadas por membros da inteligência do Exército, durante as próprias operações. Uma das coisas mais difíceis do Caso Varginha era que a verdade tinha que ser encoberta não só da população, mas também do maior número possível de militares da própria ESA.
Vários oficiais de alta patente detinham controle das informações, provavelmente aqueles 70% que os ufólogos nunca conseguiram obter, apesar de seus esforços. O general-de-brigada Sérgio Pedro Coelho Lima, comandante da instituição, controlou o fluxo de dados com mãos de ferro, apesar de uma visível inaptidão para lidar com a imprensa. Alguns de seus auxiliares diretos também estariam envolvidos nas manobras de acobertamento de informações, que incluem repressão aos militares de forma geral. Outro militar de alta patente envolvido com os episódios no sul de Minas é o sub-comandante da ESA na época dos fatos, coronel João Luiz Penha de Moura, cuja identidade apenas raras vezes foi relacionada ao caso. Até então, os ufólogos não tinham ligado seu nome à captura de seres extraterrestres na região. Enquanto muita gente ainda acreditava que o Caso Varginha fosse algo cômico e motivo de piada, como caracterizou o episódio do programa Casseta & Planeta, pessoas estavam sendo pressionadas, ameaçadas e até presas – e não apenas ao que se refere ao episódio de 05 de maio, já relatado.
Telefonemas ameaçadores
O capitão Alvarenga, que havia substituído o major Maciel no comando do Corpo de Bombeiros da cidade, logo após dar uma entrevista, teve o mesmo destino dos militares de baixa patente citados por Pacaccini em nossa reunião de 04 de maio. Isso para não falarmos das ameaças veladas, através de misteriosos telefonemas, que os principais investigadores do caso receberam – algo da maior gravidade, que nunca havia sido publicado antes e que agora divulgo contra a vontade expressa do amigo Ubirajara, o único de todos os ufólogos envolvidos com o episódio que reside em Varginha.
Os telefonemas eram feitos por pessoas ainda não identificadas, que tinham a clara intenção de intimidar os pesquisadores. Outra coisa que não havia sido divulgada antes é que os ufólogos Ubirajara e Pacaccini foram convidados e compareceram na ESA para prestarem depoimentos, onde garantiram que continuariam a defender a realidade do caso. Ubirajara, inclusive, informou aos militares que, tanto este autor quanto Claudeir Covo, estávamos prontos a fazer o mesmo se fôssemos convidados – ou intimados. Mas, por motivos qu
e desconhecemos, isso não foi considerado necessário e nunca fomos chamados. As tentativas de suborno de testemunhas, a perseguição e pressão às mesmas, ameaças e prisões e a morte trágica de Marco Eli Chereze – que não chegou a conhecer suas duas filhas –, nada disso é piada ou motivo para programas humorísticos.
Em face disso tudo, acredito que seja hora de assumirmos de maneira definitiva o objetivo de nossas vidas. Fazemos parte de um movimento iniciado há muitos séculos, que busca algo bastante simples, mas capaz de mudar a história de nossa civilização: a verdade. Muitos morreram por ela e mantiveram acesa sua chama. Giordano Bruno, queimado vivo pela Santa Inquisição por declarar a existência de outros mundos habitados, continua entre nós, enquanto seus algozes mergulharam na escuridão e esquecimento. Metaforicamente falando, estamos ainda hoje construindo um alto edifício, e mais cedo ou mais tarde alguém poderá chegar ao último andar a partir de novas testemunhas que forem surgindo. Certamente, sua visão do caso será mais completa do que a que temos hoje. O importante, no entanto, é continuarmos acreditando na força das evidências, e percebermos que existe um sentido maior em toda a trama formada pelo quebra-cabeça representado pelo Caso Varginha e pela Ufologia em geral. Essa trama envolve testemunhas, contatados e pesquisadores, e por mais que ainda não se dê conta, nossa própria humanidade.
Posição de independência
É hora de nossas Forças Armadas assumirem definitivamente uma posição de independência em relação à política mundial de acobertamento, hoje sob o comando exclusivo dos interesses norte-americanos, e desenvolverem uma política própria de preparação de nossa população quanto à realidade do Fenômeno UFO. É hora de o Governo Federal dar um passo à frente e se juntar ao Chile e Uruguai, apenas para citar nações de nosso continente, assim como o México e reconhecer a importância do tema para a sociedade. E é isso que os ufólogos brasileiros querem pedir através da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, que a Revista UFO promove. Estamos nos aproximando de algo extremamente importante para todos nós, que mudará de maneira definitiva nossa história, nossa visão do universo, da vida e, sobretudo, nosso destino como humanidade.
Operação “Anões Grávidos”
por Wallacy Albino
Um dos principais fatos que demonstram que algo de muito estranho e anormal ocorreu em 20 de janeiro de 1996, na cidade de Varginha, com envolvimento e acobertamento por parte de nossas autoridades, foram as enormes contradições que os comandantes da Escola de Sargentos das Armas (ESA) manifestaram quanto à seqüência das ocorrências. A instituição, que fica na vizinha Três Corações, esteve diretamente envolvida no processo de captura e transporte das criaturas, mas seu comando acabou cometendo graves erros ao tentar explicar o contrário à imprensa.
Em 08 de maio de 1996, o general-de-brigada Sérgio Pedro Coelho Lima, comandante da ESA na ocasião, compareceu a uma entrevista coletiva em que leu um comunicado da instituição que comandava, afirmando que “nenhum elemento ou material da Escola teve qualquer ligação com os aludidos acontecimentos daquele dia [20 de janeiro], sendo inverídica toda e qualquer comunicação contrária”. E insistiu com os jornalistas que nada de anormal havia ocorrido na cidade.
Tempos depois, durante uma reportagem para a rede BBC, de Londres, num programa que acabou sendo adquirido pela Discovery Channel e exibido no Brasil em 1999, durante a série Semana da Invasão Extraterrestre, uma grave contradição viria à tona. O major Calza [Foto], que participou ao lado do general Lima da divulgação da primeira versão oficial da ESA, aparece no documentário com uma nova versão para os fatos. Segundo ele, a instituição já admitia estar envolvida com os acontecimentos na cidade de Varginha. Calza afirmou na reportagem que “naquela data havia um anão, desfigurado e mentalmente retardado, que estava muito machucado devido à chuva de granizo que havia ocorrido naquela cidade, e assim, estava andando por Varginha assustando os moradores locais, junto de sua esposa, também anã, que além de tudo estava grávida e para dar a luz”. Calza garante que ela teria sido levada com o caminhão do Exército para o Hospital Regional do Sul de Minas, justamente no mesmo dia, hora e local para onde foi levada a segunda criatura capturada.
Se não bastasse apenas essa história fantasiosa de que foi mobilizado o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar e o Exército nacional por causa de um casal de anões grávidos e machucados, durante a seqüência da entrevista o major ainda acabou deixando escapar acidentalmente a seguinte frase: “Foi aí então que nós [O Exército] pegamos essa criatura”. Ou nosso major é uma pessoa muito preconceituosa a ponto de achar que um anão não é um ser humano, e sim uma criatura, ou então acabou se perdendo nessa desculpa absurda que tentava passar para a imprensa sobre o que realmente ocorreu em Varginha em janeiro de 1996.