Fim de semana, 14 de outubro de 1978. Como de hábito, às 22h00, o gerador que fornece eletricidade a Jacuruna foi desligado. Manoel França, assim como o resto dos moradores de Jacuruna, foi dormir. Mas estava um ar abafado em sua casa e ele decidiu sair para se refrescar um pouco. Por baixo das telhas filtrava uma luminosidade diferente, e enquanto abria a porta, pensou que aquilo não poderia ser a luz da Lua, porque esta estava atrás da casa. Assim que saiu, à sua frente havia um resplendor intenso vindo do manguezal. O que seria aquilo? Duas grandes luzes, uma amarela e outra verde, envoltas por um halo luminoso que incomodava a vista.
Rapidamente, pegou sua máquina fotográfica Nikon, regulou o foco para o infinito em velocidade quatro, mas as luzes já não estavam lá. Vasculhou o céu e acabou por vê-las já se distanciando, rumo ao sul. Enquanto as luzes atravessavam por sobre o lago cm frente à sua casa, conseguiu fotografá-las. Uma delas era mais veloz, e intermitente. Manoel passou o resto da noite sem dormir, porque estava sentindo muito calor. Logo pela manhã foi para o jornal onde trabalhava para contar o ocorrido a seu chefe, Anísio Carvalho. Os dois seguiram para o laboratório a fim de revelar o filme. No mesmo dia em que foram publicadas as fotografias dos objetos no jornal, entramos em contato com a testemunha, que se mostrou introvertida, mas acabou entendendo a questão. Então propomo-nos a analisar o filme com vários profissionais, e não importando se falso ou verdadeiro, divulgaríamos o resultado. Em comum acordo, Manoel nos entregou os negativos.
Inicialmente, constatamos a idoneidade da testemunha com colegas e diretores do jornal. Em seguida, os laudos, com excelentes ampliações e assinados por dois profissionais de fotografia em Salvador: Artur Viana e Lindomar de Souza, firmaram a autenticidade das fotos. Um terceiro fotógrafo, Cláudio Reis, realizou um trabalho extraordinário de blue-up, ampliando os minúsculos pontos para quase 5 cm de diâmetro. Desse modo, a veracidade estava confirmada. O segundo passo era ver as cartas celestes e o atlas do astrônomo Ronaldo F. Mourão, através dos quais comprovaríamos se a posição das estrelas junto aos UFOs correspondia à do dia e horário das fotos.
INVESTIGAÇÃO — Percorremos todos os caminhos possíveis para comprovar a hipótese. Viagens a Jacuruna, mapas da região, consultas a profissionais de diversas áreas (o Serviço de Meteorologia informou que a temperatura ambiente de Salvador era de 25,4º, presumindo-se ser a de Jacuruna uns 3 ou 4º abaixo, não havendo assim justificativa para o calor excessivo sentido por Manoel dentro de casa) e reconstituição do fato. Além de cálculos matemáticos que determinaram o tamanho dos objetos, que era 20 m de diâmetro, à distância de 2.000 m, fizemos novas indagações a Manoel França e ele nunca se contradisse ou fez qualquer tipo de alteração às declarações anteriores.
Usamos um aparelho de medir a capacidade mental e emocional da testemunha: o seu intelecto estava no período positivo, porém em declínio; o emocional e físico na pior fase do negativo. Isto era o indicativo de que, aparentemente, aquilo tudo não teria sido fruto de sua imaginação, pois seus sistemas emocional e psicológico não sustentariam invenções sem se traírem de uma forma ou de outra. Claro que sabemos que o uso do biorritmo não significa uma certeza.
Ele é mais um subsídio de investigação para analisar as declarações das testemunhas. Em outros casos de contatos e abduções no Brasil e no mundo também se tem utilizado este aparelho e é verificado que ambas as situações ocorrem quando a vítima, se encontra em “desvantagem” nos ritmos físico, emocional e intelectual. Assim que se provou que as fotografias tiradas por Manoel França eram verdadeiras, alguns colegas, por motivos inexplicáveis, começaram a pressioná-lo, zombar-lhe, acusá-lo de mentiroso etc.
Enfim, foi o início de seu calvário: o contatado ficou irritadiço, mal humorado, às vezes respondia de forma grosseira. Devido à pressão que estava sofrendo, França resolveu tirar novas fotografias de UFOs para tentar provar que ele não era mentiroso. Começou então a levar para casa equipamentos mais sofisticados de fotografia de seu serviço, sentava-se à porta todas as noites, com uma câmara fotográfica munida de uma lente zoom de 500 mm. Na noite de 21 de maio de 1979, assim que o gerador de luz foi desligado, os objetos começaram a aparecer, percorrendo a rua principal em direção à igreja, a uma altitude regular.
ATINGIDO POR UM RAIO — França começou a correr atrás das luzes enquanto disparava a máquina, lá pelas 23h30, quando estava novamente em casa, viu um objeto luminoso, desta vez, no manguezal. Enquanto preparava o equipamento fotográfico, em poucos segundos, a luz se postou a menos de 30 m dele. A testemunha apontou a zoom para o objeto, mas não chegou a pressionar o botão de disparo. Nesse instante, um feixe de luz verde saiu do UEO e atingiu Manoel no meio do peito, atirando-o desacordado uns dois metros casa adentro. A família correu ao seu auxílio. Quando a vítima despertou, somente perguntava sobre o paradeiro de sua máquina fotográfica. Mas ninguém conseguia encontrá-la.
Juntamente com sua filha, Manoel foi até à rua onde se reuniam vários vizinhos, todos assustados com os gritos. Depois de inúmeras buscas, a máquina fotográfica acabou por ser encontrada à distância de 30 ou 40 m da porta de sua casa. Como ela poderia ter voado de suas mãos, sendo que pesava mais de um quito, ate àquela distância e continuado intacta era um mistério. Já em casa, França não conseguiu dormir: ele e a filha começaram a ter fortíssimas dores de cabeça, disenteria e vômitos. Infelizmente, os membros do G-PAZ perderam uma chance ímpar de analisar esses efeitos no organismo humano através de exames médicos, pois só tomaram conhecimento desses sintomas dois meses depois, quando o próprio contatado os revelou.
Quanto ao filme de fotografias, no dia conseguinte ao ocorrido, Manoel e seu chefe, Anísio, foram ao laboratório do jornal para revelá-lo. Nova surpresa: estava completamente velado. A partir daí, o fotógrafo foi demitido por utilizar equipamento do jornal sem autorização. Anos mais tarde, tivemos conhecimento de que o contatado estava trabalhando cm outro jornal, mas nunca mais conseguimos encontrá-lo.