No início das pesquisas, Ubirajara e Pacaccini acusaram veementemente o Corpo de Bombeiros e o Exército de responsáveis pela captura e ocultação dos ETs que apareceram em Varginha no dia 20 de janeiro de 1996. Unindo-se a eles, outras entidades ufológicas assinaram um documento em que apontavam vários detalhes da complexa operação de transporte dos seres. “Essa operação foi comandada pelo tenente coronel Olímpio Wanderley dos Santos”, denunciou Pacaccini, além de citar o nome de todos os outros envolvidos, na reunião feita em Varginha em 04 de maio de 1996. Como já era de se esperar, ambas as corporações continuam negando terem tido qualquer envolvimento no ato. Então, quem está mentindo?
Como todas as acusações se voltavam contra a Escola de Sargentos das Armas (ESA), é mais do que evidente que esta seria procurada por todos os meios de comunicação, especializados ou não, para que algum dos seus responsáveis se pronunciasse em defesa. Na época, a equipe de reportagem de UFO Especial tentou, por inúmeras vezes, entrar em contato para ouvir o depoimento do principal envolvido na operação, o general Sérgio Lima. Tudo em vão. O soldado que nos atendeu disse que tinha ordens expressas para não tocar neste assunto. Reagindo a favor de nossa insistência, e desobedecendo a palavra do seu oficial superior, ele se estendeu na conversação até o ponto em que disse acreditar na aparição do ET em Varginha “…mas o general não pode saber…”, argumentou, querendo permanecer isento de maiores comprometimentos. Após um ano de intensa especulação, novos e incansáveis contatos, via telefone, foram efetuados pela Equipe UFO Especial. Pretendíamos apenas ouvir a confirmação de suas versões e dar oportunidade para contar tudo o que a população tem direito de saber. Se o general se predispusesse a usar sua benevolência para responder a três perguntas, se tivesse comportamento ameno e não dado desculpas esfarrapadas para não atender às chamadas, certamente a ESA teria sido poupada de tantos boatos e suposições. A única manifestação pública a que o ocupadíssimo general achou oportuna — claro que com o consentimento do alto comando de Brasília — foi uma coletiva para Imprensa, realizada nas dependências da própria ESA, onde se fizeram presentes as equipes de reportagem das principais redes de televisão.
O comandante da corporação, Sérgio Lima, utilizando uma linguagem um pouco ostensiva, declarou aos repórteres que os boatos levantados e aludidos pela mídia eram levianos e movidos com o propósito de denegrir a imagem da tradicional escola. Depois, sem mais nem menos, retirou-se do recinto dando a entrevista por encerrada. E, numa matéria publicada na revista IstoÉ, em maio passado, foi ainda mais longe quando declarou: “As afirmações são tão absurdas que chegam a ser ridículas”. Ridículas? Nem tanto. Se assim fossem, os oficiais não se oporiam a prestar esclarecimentos à Revista UFO Especial quando esta, na época, cedeu espaço para a corporação se defender das acusações dos pesquisadores. Tal atitude, típica de autoritarismo, leva-nos a salientar ainda mais a hipótese de que existe mesmo algo sendo ocultado, pois caso contrário não haveria motivo para esse comportamento — característico de quem abusa do poder -, achando que por ocupar cargo importante tem o direito de desdenhar o esforço dos ufólogos e da mídia.
TUDO PARA SE MANTER O SEGREDO: BOMBEIROS, MILITARES E MÉDICOS CONSPIRAM — Muitas pessoas consideram este um episódio mal esclarecido, em virtude das coincidências entre os fatos e a versão dos ufólogos, pois o ex-administrador do Hospital Regional e um dos donos do Humanitas, Adilson Usier Leite, revelou que nas semanas que se seguiram ao aparecimento do ET, “… os dois hospitais da cidade tiveram movimentações extraordinárias”. Conforme sua justificativa, no Humanitas a agitação ficou por conta da chegada de novos equipamentos, enquanto que no Regional os funcionários prestavam atendimento a um caso especial de exumação de cadáver — de José Maria Misael Filho, morto na Delegacia que havia sido transportado pelo Corpo de Bombeiros àquela instituição.
Quando interrogada sobre a mesma questão, Eliete Ferreira Soares, supervisora do hospital, disse de maneira hostil: “Tenho pacientes à minha espera e não posso perder tempo com bobagens”. Baseados em informações de alguns funcionários do Regional, Pacaccini e Ubirajara crêem que a agitação anormal daqueles dias foi causada justamente pela presença dos alienígenas. Adilson afirmou que a administração dos hospitais estaria disposta a reconhecer o caso, se em sua visão fosse verdadeiro e se, em troca, divulgássemos os nomes dos empregados que contataram os pesquisadores. Talvez uma estratégia bem formulada para esconder suas reais intenções: despedir ou fazer severas represálias a quem estivesse envolvido. Esse impasse foi propagado de maneira tão intensa que o administrador culpou os investigadores de interagirem contra a manutenção da ordem da Saúde Pública, alegando que os pacientes internados estavam traumatizados com o diz-que-diz dos corredores.
O complexo quebra-cabeças tem outras contradições que impossibilitam a distinção entre boatos e verdades. O capitão Pedro Alvarenga, comandante da 13ª Companhia do Corpo de Bombeiros, outra vez negou seu envolvimento no transporte do cadáver alienígena, alegando que se o fato tivesse realmente acontecido, seria impossível sua instituição escondê-lo, uma vez que iria causar alterações emocionais e psicológicas graves nos militares. “Houve um equívoco por parte do administrador. O nome da corporação foi utilizado de forma casual. Não há um fundo de verdade nisso que ele falou por aí”, contestou Alvarenga. E agora? O que há por trás das afirmações de Adilson Usier e do capitão Alvarenga, que continua dizendo que sua unidade não foi acionada para a referida operação? Segundo o comandante, “… os Ufólogos estão divagando sobre o assunto e aproveitando a situação para se auto promoverem nacional e mundialmente”.
Após várias viagens investigativas a Campinas, e com o inegável auxílio de Osvaldo e Eduardo Mondini, que lideraram as pesquisas naquela região, os ufólogos têm certeza absoluta de que a criatura foi necropsiada na Unicamp pelo médico legista Fortunado Badan Palhares, professor daquela instituição. Por sua vez, Badan defendeu-se dizendo não saber de onde nós, ufólogos, tiramos uma idéia tão engenhosa. “Desconheço qualquer tipo de material alienígena que tenha seguido para o IML ou para a Unicamp”, concluiu o legista. Em meio a tantas contradições e desculpas de todos os lados, infelizmente, até hoje não foi possível comprovar definitivamente se eram corpos de ETs ou, quem sabe, de cidadãos comuns. Apesar de
tantas intempéries, os investigadores continuam em ação efetiva no sentido de solucionar o caso em tempo recorde, para que este não se torne mais um Caso Roswell.
Mais uma vez, a Equipe UFO Especial tentou contatar os principais dirigentes acusados por Ubirajara Franco Rodrigues e Vitório Pacaccini, primeiramente, seguidos de Claudeir Covo, Marco Antonio Petit, Edison Boaventura Júnior, Osvaldo e Eduardo Mondini e demais pesquisadores. No entanto, como já era de se esperar, foi impossível manter qualquer tipo de contato. Coincidentemente, na época em que preparávamos esta edição, o Caso Varginha completava redondos doze meses de polêmica, e nenhum dos membros supracitados foram encontrados. Todos — à exceção de Adilson Usier, que não reside mais em Varginha, e a secretária da nova diretoria, Claudinéia, não faz “a mínima idéia para qual hospital ele foi transferido em Uberlândia (MG)” — estavam em viagens a outras localidades, ou fazendo cursos, ou ocupados com outras atividades, ou…