O plano original ao começar a série de posts sobre HQs seria intercalar com outros assuntos. Mas a repercussão foi tão boa que na sequência voltamos ao tema. Hoje, com uma HQ legitimamente nacional, a Manticore, lançada ao final dos anos 1990 pela editora Nona Arte.
As duas edições foram lançadas respectivamente em setembro e outubro de 1998, com roteiro de Gian Danton, e arte de Antonio Eder, José Aguiar, Luciano Lagares, e Márcio Freire. O tema central era o chupacabras, que naquele ano estava ocupando a mídia, com muitos casos sendo relatados.
Na trama, a misteriosa criatura surge atacando rebanhos e criações, motivando a contratação de um detetive por parte de um militar aposentado, identificado apenas como Coronel. Ao mesmo tempo, um senhor encontra a criatura e a acolhe, estranhamente sem nenhum medo, e tem início uma viagem, do ponto inicial em Minas Gerais até Curitiba.
O detetive, incrédulo a princípio, passa a seguir as pistas. Nesse ponto, entremeadas a história principal, vemos quadrinhos com formato de telas de TV apresentando noticiários a respeito da criatura e seus ataques, e também as teorias a respeito.
Estas passam de alienígenas a experimentos genéticos, e até um especialista em vídeo chamado \”Claudeir Covosky\”, merecida homenagem ao grande pesquisador Claudeir Covo, é visto. Importante lembrar que o formato de tela de TV exibindo noticiários em meio a história principal surgiu pela primeira vez na clássica HQ dos anos 1980, Batman: O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller.
Existe ainda uma cena em um local no Brasil Central, onde uma equipe militar tem um encontro nada amistoso com outras criaturas. Chegando a Curitiba, o detetive finalmente encontra o chupacabras em um final impactante e trágico.
A história tem sequência no número 2 da Manticore, quando descobrimos mais a respeito do Coronel. Ele é uma figura do submundo que literalmente comanda o Brasil desde o governo Vargas, tendo inclusive assassinado figuras importantes da política brasileira. Adepto do mais estrito conservadorismo, ele busca impedir as monumentais mudanças que ocorrerão se outro grupo secreto, do qual faz parte o velho que trouxe o chupacabras, conseguir seu intento.
Em outra sequência, ambientada séculos atrás, é revelada a verdadeira história do chupacabras. No final apoteótico, o grupo de Curitiba tenta fazer contato, mas homens armados guiados pelo Coronel irrompem no local, ameaçando matar todos. Contudo, uma imensa sombra surge repentinamente, cobrindo a todos…
A trama de Manticore é muito sombria, com bela arte pintada, e a história comprova que produzimos aqui no Brasil uma ficção científica tão boa quanto a que se faz em outros países. E entre o material ainda traz um artigo do pesquisador Carlos Machado, o mais conhecido especialista sobre o Chupacabras do Brasil.
Como tantas outras iniciativas do gênero em nosso país, infelizmente Manticore não foi além. No site da editora Nona Arte outras HQs podem ser baixadas em formato PDF. Muito raramente exemplares aparecem em sebos, e obviamente recomendamos que o leitor aproveite, se conseguir.
Adendo 1: Está nas bancas a UFO 171, onde este consultor teve a grata satisfação de entrevistar o pesquisador americano Jim Marrs. Falei brevemente deste e outros assuntos no mais recente post em meu blog, Escritor com R. Brevemente a UFO 171 estará sendo anunciada no Portal da Ufologia Brasileira.
Adendo 2: Mais um review da série The Event publicado no site Aumanack. Neste segundo episódio é revelado que os prisioneiros chefiados por Sophia são sobreviventes da queda de uma nave não identificada no Alasca, em 1944. Possuem DNA um por cento diferente do nosso, e envelhecem muito mais lentamente. Estão presos por se recusar a dizer de onde vieram e quais seus objetivos. Seriam mesmo alienígenas?