“Existem mais coisas no céu e na Terra, Horácio, que a tua filosofia jamais sonhou”. A frase, presente na peça original Hamlet, obra atribuída ao escritor inglês William Shakespeare, é repetida – erradamente, é verdade -, há séculos pelo mundo. Mas é usada eventualmente quando fenômenos inexplicáveis e intrigantes são presenciados por alguém ou, em alguns casos, por várias pessoas.
Desde a noite de 25 de outubro passado, a frase dita pelo príncipe dinamarquês Hamlet ao amigo Horácio exemplifica muito bem a experiência vivida por moradores de três comunidades de Santo Antonio do Tauá. Naquela noite, dezenas de pessoas das comunidades de Vila dos Remédios, Santa Rita e Tracuateua da Ponta foram acordadas com a aparição de dois objetos voadores não identificados. O avistamento das supostas naves causou medo e perplexidade entre as testemunhas.
O acontecimento suscitou as lembranças de outro fenômeno ocorrido entre os anos de 1977 e 1978, na região dos municípios de Colares, Vigia, e na Baía do Sol, em Mosqueiro, no sul do Estado do Maranhão e no próprio município de Santo Antonio do Tauá. O fenômeno ufológico popularmente conhecido como Chupa-Chupa se tornou um dos fatos mais espantosos para a Ufologia Mundial.
Fatos da época fizeram com que a própria Força Aérea Brasileira e o 1º Comando Aéreo Regional (1º Comar) desencadeasse a Operação Prato [Veja edições UFO 114, 115, 116 e 117, como também os documentos oficias da OP, prontos para baixar em http://ufo.com.br/documentos/]. Somente 20 anos depois, alguns detalhes dessa operação foram revelados em uma entrevista dada pelo seu comandante, o capitão Uyrangê Hollanda, à Revista UFO e, depois, ao programa Fantástico.
Até hoje, passados mais de 30 anos, a Aeronáutica não liberou uma parte das informações do relatório feito pelo capitão Hollanda e sua equipe. O material é composto por relatos das vítimas, fotos e filmes em 8mm coletados pelos militares durante o período.
Medo e TVs fora do Ar
A população das três comunidades de Santo Antonio do Tauá teme que os fatos relacionados ao Chupa-Chupa possam voltar. O medo predomina. Os sentimentos são de surpresa ou fascínio para quem presenciou a aparição dos UFOs. Há receio de serem vítimas de chacotas ou tratados como “caboclos ignorantes”, em razão de muita gente acreditar que se tratava de aviões que sobrevoaram as localidades.
Mas, para Maria Lúcia Luz da Conceição, de 52 anos, o que ela viu “jamais poderia ser um avião. Eu conheço um avião”, diz. Ela conta que, por volta das 22h30 do dia 25 de outubro, estava dormindo quando foi acordada por um zumbido estranho. “Meu marido entrou no quarto e eu fiquei com muito medo. Minhas pernas não mexiam e, quando consegui me levantar, acabei me batendo. Fui até a janela e vi aquela luz quase em cima de casa. Disse: ‘Meu Deus! Esse avião vai cair’. Mas não era avião. Ia bem devagarzinho com aquela luz forte, depois foi para cima das árvores. Não podia ser um avião”, enfatiza.
Outro fato evidenciado pelos moradores de Vila dos Remédios foi a interferência que a presença dos objetos causaram em aparelhos eletrônicos. “As televisões saíram do ar. Ficou só aquele chuvisco. Quando fui ver, pensei que eles iam descer na piçarreira. Vi dois objetos e eles não faziam barulho de avião. Um deles seguiu e se afastou. O outro deu a volta por trás da mangueira, depois voltou em direção do outro objeto e foram embora”, relata Manoel da Conceição, marido de Maria da Luz.
O escritor e ufólogo Daniel Rebisso Giese [Entrevistado por A. J. Gevaerd na Edição UFO 114 e autor do livro Vampiros Extraterrestres na Amazônia (Edição particular, 1991)], que foi com um grupo de pesquisadores ao local em 30 de outubro, defende o que ocorreu nas comunidades, devido à interferência em equipamentos eletrônicos, e lembra que é considerado pela Ufologia como um contato de 2º grau.
Duas novas aparições essa semana em Santo Antonio
Na última quarta-feira, dia 10, a equipe do Diário do Pará esteve nas localidades de Tracuateua da Ponta, Santa Rita e Trombetas, conseguindo um novo relato de aparições de um UFO, ocorrido na semana passada [Outros casos também foram relatados anteriormente]. O outro avistamento foi o de um casal de irmãos adolescentes. Na primeira, eles estavam no carro da família e foram seguidos por quase cinco minutos por um dos discos voadores, puderam observar com detalhes a base da suposta nave. Até hoje os dois irmãos não conseguem esquecer o que ocorreu e só dormem na companhia dos pais.
A família Barata estava reunida na varanda da casa de Terezinha Barata, avó de Marison Luan Barata Rabelo, de 13 anos, e Luciane da Costa Barata, de 15, montando uma árvore de Natal e conversando. No primeiro contato, a mãe dos adolescentes ficou relutante em deixar que eles falassem sobre o fato ocorrido em 25 de outubro. “Muita gente não acredita e eles pode ser tratados como mentirosos. Além disso, meu filho é menor e não pode dirigir o carro”, argumentou Luciane Rabelo, de 32 anos.
Não esquecem o que ocorreu e recordam como os irmãos chegaram à casa. “Eles estavam muito assustados, nervosos. Até hoje eles não conseguem dormir sozinhos. Têm de dormir comigo e meu marido”, afirma a mãe. Meio ressabiados, os dois irmãos relataram o que viram naquela noite. “Pensamos que era um avião que ia cair, porque estava muito ba
ixo. Vinha pelo meio das árvores descendo. Paramos o carro e vimos ele levantar de novo. Eu vi um ‘x’ torto embaixo da nave. De longe, parecia um ônibus cheio de luzes. Aí desceu com tudo na mata. Estava em cima das árvores, longe, uns 50m do carro”, recorda Luciane.
“Ele foi se aproximando da estrada. Era arredondado embaixo com luzes do lado que ficavam vermelhas, azuis e amarelas. Era muito maior que o carro. Deu duas voltas em torno do carro e quando ia dar a terceira volta desligamos o motor. Eu disse pro meu irmão para irmos embora. Daí ele sumiu de repente. Quando chegamos aTracuateua, várias pessoas estavam fora de casa vendo as naves”, disse ela.
O mais recente avistamento ocorreu na última segunda-feira, dia 08 de novembro. O microempresário Ronaldo Silva Souza, de 32 anos, conta que vinha fazendo brincadeiras e “encarnando“ em amigos e moradores da Vila dos Remédios. “Esse pessoal tá ficando é doido”, dizia. “Parece que não sabe o que é um avião”, falou para um amigo. “Eu estava achando que era mentira, que queriam aparecer”, frisou Souza. Mas o que ocorreu naquela noite dificilmente ele vai esquecer.
Vinha para Belém e combinou com um amigo, Nazareno, para levá-lo até Santo Antonio do Tauá, onde pegaria um ônibus para Belém. Eram por volta das 18h30 e choveu no caminho. Pararam em uma área coberta e depois seguiram viagem. “Estavamos na estrada do ramal do 23 e vínhamos conversando. Já era quase 19h00. Uma hora, virei o rosto pro lado para poder ouvir o que ele estava falando. Quando olhei para as árvores, vi aquele negócio”, relembra.
O microempresário se assustou e avisou Nazareno. “Vi o objeto fixo no meio da copa das árvores. Tinha um foco forte e luzes que mudavam de cor. Não era helicóptero, ficamos com medo, nos afastamos e esperamos ver se subia ou travessava a estrada. Mas não vimos mais nada, nem o tamanho”.
Aparições diferentes do Chupa-Chupa
Para o ufólogo Daniel Rebisso, os casos de 1977 e 1978 em Colares e outras cidades fazem parte da fenomenologia ufológica. Porém, ele ressalta que os relatos atuais são outros, comparados aos ocorridos 33 anos atrás. Ou seja: não ocorreram fatos semelhantes ao fenômeno Chupa-Chupa. “Essa região faz parte desse cenário de avistamentos. Mas hoje está tudo globalizado. Se ocorresse algo como em 77, todo mundo saberia. A coisa seria difundida rapidamente. Isso tudo [aparições] não deve se fixar na materialidade, e sim na impressão espiritual de quem a vivencia. Hoje há muitos vídeos na internet. Mas quando há muitos detalhes, engenharia, a gente sabe que não são fenômenos ufológicos. O pensamento deles é muito diferente”, argumenta Giese.
Ele diz que alguns estudiosos da Ufologia apostam que os UFOs e seus tripulantes estão aqui para nos observar, ver as mudanças e a evolução do homem. “Desde 1950, após a Segunda Guerra Mundial, eles têm aparecido sempre de forma evasiva, sem muito contato. Não se deixam tocar”, destaca.
“São sinais no céu. Mas o que vale muito mais que uma foto é a experiência de cada um. Eles estão querendo suscitar questionamentos e preparar os homens para dizer que não estamos sós no universo”, conclui. A assessoria da Aeronáutica foi contatada para emitir uma nota, via e-mail, sobre a movimentação de aeronaves sobre Santo Antonio do Tauá no dia 25 de outubro. Ainda não houve resposta.
O município fica a 36km da sede de Colares [Mapa disponível clicando aqui], município paraense que ficou famoso no após os relatos de um fenômeno ufológico ocorrido nos anos de 1977 e 1978, conhecido como Chupa-Chupa – o apelido dado pela população paraense às ocorrências de supostos ataques de extraterrestres ocorridos em Colares. As vítimas do Chupa-Chupa relatavam que feixes de luz disparados por UFOs machucavam as pessoas. As lesões se assemelhavam com “furos” feitos por queimaduras. Muitos dos ataques ocorriam mais de uma vez ao dia. Daí a expressão.