Já vai para quase quatro décadas que ocorreu em Goiás o primeiro caso de abdução alienígena conhecido no estado. A surpreendente história do lavrador Adelino Roque, então residente em Itauçu, cerca de 60 km de Goiânia, foi manchete dos principais jornais locais e nacionais na época, além de ter envolvido delegados de polícia, moradores da zona rural e até o 4º Comando Aéreo de São Paulo (IV COMAR). O surpreendente episódio também deixou em alerta para a opinião pública mundial quando a revista espanhola Enigmas, em sua edição de outubro de 1999, repercutiu o desconcertante fato vivido pelo abduzido — que se suicidou logo após sua experiência.
O caso ocorreu na tarde de 20 de abril de 1969, quando o rapaz voltava do armazém de seu tio, José Marcório, indo em direção à Fazenda Serradinho. Logo após ter sido atingido por um raio, Roque contou que foi arrebatado para dentro do que descreve como um “tambor voador”. Segundo sua esposa, a dona de casa Ivani de Freitas Roque, ele sentiu ser tirado de cima de seu cavalo, que amanheceu arreado na Fazenda Quilombo, de Zeca Pacheco. “Um foco de luz o atingiu no peito e então ele não viu mais nada. Só se lembra de que acordou em Itumbiara no dia seguinte”, declarou Ivani. De acordo com a senhora, o marido sentiu como se estivesse viajando a uma velocidade fora do comum — dentro daquele tambor totalmente escuro e incomunicável.
Viagem instantânea
“Ele disse não ter visto nem ouvido ninguém. Só recuperou os sentidos na madrugada do dia 22. Quando acordou, estava deitado sobre uma pedra à margem do Rio Paranaíba, na divisa de Goiás com Minas Gerais”. A única pessoa que estava no local e o socorreu foi um leiteiro de Itumbiara, que, embora não tenha acreditado em nada relatado por Roque, ajudou-o a voltar para casa. Já o senhor Marcório afirmou que o rapaz morava em Itauçu, mas que não sabia como havia chegado naquele lugar. “O leiteiro achou engraçado, pois naquela época não havia condução que levasse uma pessoa de nossa cidade para Itumbiara em um dia e voltasse no outro”.
Após perceber que se encontrava longe de casa, Adelino Roque precisou fazer duas viagens de ônibus e cavalgar mais 12 km até a Fazenda Quilombo. A esposa, parentes e amigos estavam ansiosos aguardando sua chegada. “Reunimos uma turma para procurá-lo, pois pensamos que tivesse caído em um buraco ou coisa parecida. Mas, do mesmo jeito que ele foi, voltou — até o sapato ainda estava engraxado. Só notei que havia um sinal roxo nas suas costelas, causado pelo revólver que ficava apertado na cintura”, explicou Ivani. “Era normal andar armado naquele tempo”.
Depois de ser abduzido, Roque nunca mais foi o mesmo. Começou a negligenciar o trabalho rural e passou a desenvolver hábitos estranhos, como beber quase um litro de pinga por dia. Pouco mais de um mês após seu regresso, o rapaz novamente desapareceu — dessa vez em companhia de uma sobrinha, que ajudava Ivani a tomar conta da casa. De acordo com testemunhas, a dupla partiu para um local indeterminado, onde permaneceu por 22 dias somente com a roupa do corpo. Em 12 de junho de 1969, Roque e a moça foram encontrados mortos — acredita-se que tenham ingerido um veneno chamado Aldrin, de uso comum na zona rural. “Ele deixou uma carta pedindo que eu abençoasse as crianças e pagasse suas contas. E quando morresse, era para ser enterrada junto a ele”, lembra Ivani, comovida.
Investigação mais apurada
Visando solicitar uma investigação mais apurada da história, o COMAR enviou uma carta ao delegado de Itauçu, mas o caso foi abafado. Somente 30 anos após a ocorrência surgiu um novo depoimento que poderia desvendar o mistério. O técnico em telecomunicações Valdir Marcório, sobrinho do falecido Adelino Roque, afirmou que o ocorrido com o tio era invenção para encobrir um caso amoroso. “Aquilo não aconteceu, foi uma desculpa para ele se ver livre da família. Ele tinha várias amantes e era considerado sistemático pelos moradores do município”. Mas alguns depoimentos contradisseram essas afirmações, como o de dona Ivani e o de José Marcório — ele depôs a favor de Roque quando entrevistado pelos periódicos da época.
José Marcório afirmou ainda que o sobrinho foi perseguido por uma estranha luz a caminho de sua fazenda. “Ao cavalgar mais uns 100 m, o rapaz se sentiu hipnotizado por uma corrente de luz fria que lhe havia tocado as costas — ele ficou apenas um dia fora de casa”. Na segunda vez que Roque desapareceu com a sobrinha — que se supunha ser sua amante —, Marcório afirmou que o casal havia sumido por 17 dias, e não 22 como se pensava. Ele defende até hoje a veracidade da história. “O menino saiu de casa desorientado, deixando o arroz e o feijão para colher. Não tinha caso nenhum com sua sobrinha. Ele bebia pouco, somente um gole de pinga por dia”. Essa é sem dúvida uma das histórias mais curiosas da rica e somente agora divulgada casuística goiana. O que todos se perguntam, agora, é: quantos casos do gênero ainda existiriam e seriam desconhecidos dos ufólogos?