Os pesquisadores Gabriel de la Torre e Manuel Garcia, da Universidade de Cádiz, Espanha, publicaram um artigo no qual discutem se a forma como percebemos o ambiente ao nosso redor, junto a fatores psicológicos, limita nossa busca por inteligência extraterrestre e até mesmo nos impede de localizar os alienígenas. Os dois descobriram, após uma série de experimentos, que a maior parte das pessoas é prejudicada por suas ideias preconcebidas e limitações de atenção, com o resultado de não conseguir perceber uma possível inteligência alienígena mesmo que esteja bem diante de seus olhos. O neuropsicologista De la Torre afirmou: “Pensamos nos ETs como outra forma de humanos, mas mais avançados. Nós tentamos entender o mundo como se este se encaixasse em nossas crenças, estruturas e sentidos, mas na realidade pode ser muito diferente”.
Os espanhóis afirmam, por exemplo, que os alienígenas talvez não se comuniquem por rádio, provavelmente utilizando outros meios como a própria matéria escura. Esta é uma substância que se especula que corresponda a cerca de 80 % da matéria do Universo, e não interage de qualquer forma com a matéria que conhecemos, mas pode ser detectada por sua influência gravitacional. O ponto é que os pesquisadores podem estar procurando por alienígenas buscando evidências que consideraríamos óbvias, e talvez deixando passar a coisa verdadeira que pode estar bem à vista. De la Torre e Garcia aludem ao chamado Efeito Gorila, um teste de atenção seletiva realizado em 1999, no qual um grupo de pessoas passa seguidamente uma bola de basquete de uma para outra, enquanto os indivíduos participantes do experimento devem contar o número de passes. Nisso, outro indivíduo, vestido com uma fantasia de gorila, passa no meio do jogo, e foram poucas as pessoas que estavam observando que o perceberam.
Os espanhóis fizeram sua própria experiência, pedindo a 137 voluntários para observar fotos de superfícies planetárias e procurar por qualquer estrutura que não parecesse natural. Em uma das fotos inseriram uma pequena imagem de um sujeito vestido de gorila acenando, e somente 45 dos 137, ou 32,8 %, conseguiram percebê-lo. Em um estudo paralelo os pesquisadores também descobriram que pessoas com personalidade mais intuitiva são mais propensas a achar o gorila que aquelas mais analíticas, ao contrário do que o senso comum apontaria. “As pessoas com cognição mais intuitiva detectaram o gorila mais vezes, comparadas àquelas mais analíticas e racionais”, complementa De la Torre. Possivelmente isso se deve ao fato que pessoas mais racionais estão mais focadas na tarefa, e literalmente não conseguem enxergar fenômenos inesperados como um gorila acenando. A conclusão de De la Torre é de que a atual pesquisa sobre vida extraterrestre pode estar sendo limitada por nossas noções preconcebidas. O espanhol recomendou que o Instituto SETI precisa refinar suas buscas com o auxílio de psicólogos e neurocientistas. “Atualmente, o trabalho psicológico nessa área tem sido dedicado na maior parte ao impacto do contato com alienígenas em nossa sociedade. Se queremos encontrar outras inteligências, trabalho multidisciplinar é necessário, e psicologistas são os peritos em termos de inteligência”, completa De la Torre.
O artigo foi publicado no periódico Acta Astronautica
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Livro: Guia da Tipologia Extraterrestre
Há séculos a espécie humana assiste à chegada de estranhos seres geralmente bípedes e semelhantes a nós, que descem de curiosos veículos voadores sem rodas, asas ou qualquer indício de forma de navegação. Quase sempre estas criaturas têm formato humanoide e não raro se parecem com uma pessoa comum, mas com um problema: elas não são daqui, não são da Terra. O que pouca gente sabe é que existem dezenas de tipos deles vindo até nós, alguns com o curioso aspecto de robôs, outros se assemelhando a animais e há até os que se parecem muito com entidades do nosso folclore. O Guia da Tipologia Extraterrestre faz uma ampla catalogação de todos os tipos de entidades já relatadas, classificando-as conforme sua aparência e características físicas diante de suas testemunhas, resultando num esforço inédito para se entender quem são nossos visitantes.