Em 03 de agosto de 1995, o doutor Ozires Silva deu uma importante entrevista ao programa Balanço Geral, conduzido pelo radialista Gilberto Pereira, na Rádio Bandeirantes. Na ocasião, o ex-presidente da Varig, Petrobrás e Embraer falou longamente sobre seu avistamento ufológico de 19 de maio de 1986, na presença do co-editor da Revista UFO Claudeir Covo e do jornalista Eduardo Marine, da revista Istoé. Veja abaixo a transcrição do diálogo feita por Covo e editada por A. J. Gevaerd.
Pereira — Doutor Ozires, quando o senhor chegava a São José dos Campos (SP), vindo de Brasília, teve a oportunidade de ver objetos voadores a bordo de um avião Xingu. Poderia relatar o que aconteceu?
Silva — Foi em maio de 1986. Eu estava voando com um dos nossos aviões da Embraer. Já era noite e minha chegada seria em torno de 21h00. Quando estava sobre Poços de Caldas (MG), entrei em contato com o Centro de Controle de Tráfego Aéreo de Brasília, solicitando autorização para iniciar a descida para o aeródromo de São José. O controle autorizou, mas perguntou se eu estava vendo alguma coisa “estranha” no ar. Eu disse que não, que não estava vendo nada, e eles me relataram que estavam recebendo “algo” no radar. Quer dizer, estavam tendo indicações no radar de que havia três objetos não identificados em torno de São José, sendo um mais próximo de São Paulo, outro um pouco mais ao sul da cidade e o outro na direção do Rio de Janeiro.
Pereira — O que ocorreu neste momento?
Silva — Eu disse que não via nada, mas que ficaria olhando na medida em que descia. Quando estava bastante próximo de São José, no momento do vôo em que se transfere o contato do controle de Brasília para o de São Paulo, perguntei se eles ainda tinham a imagem no radar e o que estava acontecendo. Aí, me deram a direção de onde eu deveria olhar, no azimute, e eu olhei e vi. Era um corpo celeste bastante luminoso que parecia um lustre comum, exceto pelo tamanho, talvez um pouquinho mais alongado. Neste momento eu pedi autorização para voar na direção desse objeto. Estava com meu co-piloto, só nós dois, e viramos a proa do Xingu na direção de São Paulo, na direção do objeto, e cada vez nos aproximávamos mais daquilo.
Pereira — O objeto não identificado estava parado no ar. Que cor tinha?
Silva — Sim, ele se mantinha mais ou menos parado. Tinha cor alaranjada, que talvez pudesse ser explicada até pela poluição de São Paulo, que torna laranja também os astros. Mas o fato é que o radar de Brasília tinha plotado [Detectado] esse objeto, e astros celestes não aparecem no radar! Eu fiquei mantendo contato com o controle e, já nessa altura, com o controle de São Paulo também, e fui na direção do objeto. Mas, na medida em que me aproximava, ele foi desaparecendo, até que sumiu por completo, e então retornamos para São José.
Pereira – O senhor chegou a ver um segundo objeto não identificado naquela região?
Silva – Sim, quando estávamos para pousar em São José, o chefe do controle local me alertou sobre outro objeto, agora na direção do Rio de Janeiro e bastante visível no radar. Novamente pedi orientação para me aproximar dele e segui em sua direção. Conforme nos aproximávamos, notamos que ele estava em uma altitude bem mais baixa do que a nossa. Naquele momento, era um corpo bastante alongado, talvez da cor de uma lâmpada fluorescente comum.
Pereira — O que o senhor fez quando estava perto daquela luz não identificada?
Silva — Eu a circulei várias vezes com o avião, olhando para baixo. Mas, sinceramente, não sei dizer o que era. Era um objeto alongado e bastante claro, mas eu não podia baixar mais o Xingu. Era noite e a altitude que eu estava voando já era a mínima para aquela área, que é bastante montanhosa. Mas ele continuou permanentemente ali abaixo.
Pereira — O que o senhor pensou que fosse aquele objeto?
Silva — Com sinceridade, não sei o que era. A única coisa que posso dizer é que, na minha visão de aviador – e tenho mais de 40 anos de aviação –, tenho visto objetos semelhantes, mas sempre com alguma uma explicação. E neste caso não havia. O objeto era visto pelo radar em Brasília. No dia seguinte, eu liguei para o Cindacta, em Brasília, e tentei falar com o operador, para ver o que ele tinha detectado. Mas, a essa altura, o Ministério da Aeronáutica já estava fazendo uma investigação e infelizmente a qualidade dela não foi muito boa – não se pôde chegar a nenhuma conclusão. Essa, efetivamente, foi a minha experiência.
Pereira — Naquela mesma noite houve uma ordem para que os caças da FAB saíssem em busca dos objetos?
Silva — Foi sim, eles saíram e também viram os objetos, como ocorreu a um piloto da ponte aérea Rio-São Paulo. Naquela época, a ponte funcionava com os aviões Electra, e o piloto também reportou a mesma visão. Agora, o que é mais impressionante é que efetivamente havia um “alvo” no radar, e eu acho que esse “alvo” é que tem muito a nos contar. Eu não sei se ainda é possível localizar o operador da época. As pessoas que fazem pesquisas nesta área podiam fazer um contato com ele e tentar descobrir o que viu. Aí nós teríamos uma medida eletrônica clara, gravada, o que é muito mais importante do que qualquer testemunho pessoal que se possa produzir.