A Congregação Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é mais conhecida como Igreja Mórmon. É dos santos porque os mórmons julgam-se santificados, e dos últimos dias porque crêem que vivemos o fim dos tempos. Embora seus adeptos aceitem a existência e autenticidade da Bíblia, baseiam seu trabalho principalmente no Livro de Mórmon, que traz a tradução de uma língua desconhecida, gravada em antigas placas de ouro. Tudo teria se iniciado em 1823, quando Joseph Smith, o edificador da igreja, recebeu em sua casa a visita de Moroni, um suposto anjo que lhe incumbiu de encontrar essas placas e revelar seu conteúdo à humanidade. Moroni apareceria para Smith várias outras vezes.
O encontro é descrito na introdução das modernas edições do livro e demonstra características muito semelhantes a vários contatos ufológicos de alto nível. Segundo seu relato, para posteriores comparações, Moroni descobriu uma luz em meus aposentos. “Ela aumentava gradativamente sua intensidade, a ponto do quarto ficar mais iluminado do que quando a luz do meio-dia o acomete”. Tal como em um contato de 4º grau, de repente, do lado de sua cama apareceu um personagem suspenso no ar. “Não creio que, tão branco e brilhante, pudesse ser algo terrestre… A luz ao redor desse ser, que conversava comigo, conseguia ser superior a do meu quarto”. Isso perdurou, segundo o relato, até que voltou a escuridão no ambiente, “exceto ao redor dele, e vi repentinamente uma espécie de canal aberto até o céu, pelo qual subiu o ser até desaparecer completamente”.
Como de praxe em ocorrências ufológicas, uma forte luz traz um ser celestial levitando através de um cone, que anula a gravidade ou abre uma passagem dimensional. A forte energia que impregnou o ambiente causou problemas de saúde a Smith, o que de fato já foi constatado, por acompanhamento médico, em abduzidos. “Pouco depois me levantei e, habitualmente, comecei os labores do dia. Mas ao tentar trabalhar, senti-me tão exausto que foi impossível fazer qualquer coisa… Minhas forças falharam e desmaiei”. Entre as revelações feitas a Smith, além da visão do local onde se encontravam depositadas as placas, Moroni o informou que junto a elas haveria o Urim e o Tumim – duas pedras em arcos de prata que, ajustadas a um peitoral, designavam os videntes nos tempos antigos. Segundo o ser, elas eram preparadas para traduzir as inscrições das placas. Em alguns casos ufológicos foram vistos equipamentos de tradução simultânea e, noutros, os extraterrestres informaram a existência de uma linguagem universal a que todos os seres têm acesso.
Joseph Smith seguiu à risca todas as orientações do anjo. Descobriu as placas, traduziu-as para o inglês – deixando seu conteúdo para a posteridade – e edificou uma nova religião, fato que sempre ocorre quando seres humanos têm contatos dessa ordem. Moroni não sinalizou nessa direção, mas a restrita compreensão humana cria dogmas que não colaboram com a expansão da sua consciência de ser cósmico. Ou seja, interpreta fenômenos muitas vezes ufológicos como religiosos ou folclóricos. O Livro de Mórmon, assim como a Bíblia e outros textos relativos, apresenta em sua grande parte os acontecimentos da vida cotidiana de povos antigos. Trata-se de mais uma série de textos compactados num único volume, que traz informações sobre tempos pré-cristãos. Analisemos a seguir alguns trechos do Livro de Mórmon que podem mostrar ligação entre os lamanitas, nefitas e jareditas com a presença extraterrestre.
“Fui levado pelo espírito do Senhor a uma montanha muito alta, que nunca tinha visto, e lhe falei como se falasse a outro homem, porque o via desta forma e sabia, não obstante, que era o espírito do Senhor. Ele me falou como um homem fala a outro homem… E vi o Filho de Deus caminhando entre os filhos dos homens e ser julgado pelo mundo. Vi ainda que ele foi morto pelos pecados do mundo”. Através de estudos comparativos sabemos que inúmeras vezes aeronaves de origem alienígena foram denominadas de “nuvens do Senhor”, “glória do Senhor”, “espírito do Senhor” etc. Porém, o que dificilmente é levado em consideração é a possibilidade dos fatos ocorrerem em outro plano, que não o físico, e a estratégia desses seres em conduzir as pessoas à outra dimensão. Inúmeras testemunhas já relataram, por exemplo, que os ETs têm facilidade em provocar experiências fora do corpo nos humanos, as chamadas viagens astrais. Isso foi detalhadamente observado por Raymond Fowler no Caso Betty Andreasson [Veja Ufo 36], em que uma contatada norte-americana foi seqüestrada por criaturas extraterrestres dezenas de vezes, desde sua infância. Ela estabeleceu diversos contatos, de certa forma íntimos, com seus raptores alienígenas. Mas por ser católica fervorosa, inicialmente atribuiu essas experiências a seres angelicais.
Nos textos antigos também é possível encontrar diversos relatos inusitados. “O anjo me apareceu enquanto dormia e fui transportado em espírito. Tive visões do céu e da terra”, é um exemplo clássico. É preciso considerar que em muitos casos tudo isso ocorreu numa dimensão distinta da nossa realidade espaço-tempo. No trecho citado, tanto pode ter havido uma abdução física como uma experiência fora do corpo. Foram mostradas ao profeta e missionário Nefi, por exemplo, partes importantes das manipulações genéticas na Terra, visões do futuro e a passagem de Cristo pelo planeta – o que reporta a uma alteração espaço-temporal significativa e confirmada. Outros planos de existência interagem em nossa realidade material desde sempre, que os místicos chamam planos astrais e a ciência denomina hiperespaço. Hoje já não se duvida da existência da quarta, quinta e outras dimensões. As próprias pontes de Einstein-Rosen, os chamados “buracos de minhoca”, seriam interligações entre universos distintos.
Não creio que, tão branco e brilhante, pudesse ser algo terrestre. A luz ao redor desse ser era superior a do meu quarto. E vi uma espécie de canal aberto até o céu
– Joseph Smith
Esfera de Latão — Vejamos mais relatos. “Durante a noite, a voz do Senhor falou ao meu pai e lhe ordenou que, no dia seguinte, prosseguisse sua viagem pelo deserto. Meu pai levantou pela manhã e, saindo à porta da tenda, notou com grande espanto que havia no chão umaesfera esmeradamente trabalhada e feita de fino latão. Em seu interior havia agu
lhas, uma das quais nos indicava o caminho a seguir pelo deserto. Sobre esses ponteiros, uma escrita nova, que era fácil de ler e nos dava a conhecer os caminhos do Senhor. Dirigi-me ao cume da montanha, de acordo com as direções dadas pela esfera”. Novamente nos reportamos a contatos noturnos com ETs que aconteceram no mundo onírico, mas desta vez o povo de Nefi havia sido instruído e auxiliado por um instrumento técnico aparentemente simples, uma bússola. Sua descrição é perfeita: metálica, com ponteiros indicativos, inscrições e finalidade de orientação geográfica.
É desnecessário dizer que deuses não utilizam bússolas, a não ser que afinal compreendamos que outros níveis dimensionais também possuam tecnologia sofisticada, podendo seres que neles habitem materializar o que necessitarem. E também que anjos, deuses, demônios e milagres devam ser encarados de uma forma mais racional, evitando-se, é claro, o reducionismo simples ao plano material. A despeito de toda confusão humana, é preciso entender que a vida em qualquer nível segue padrões lógicos, não abdicando da ciência avançada. Logo, se um anjo traz um instrumento técnico, não é ele uma entidade a ser adorada, mas um alienígena de um plano dimensional diferente executando tarefas bem definidas para nosso sistema planetário.
Arca de Noé Mórmon? — “E aconteceu que assentamos nossas tendas na praia e a voz do Senhor chamou-me à montanha. Fui, clamei e o Senhor me falou para construir um navio de madeira… E me mostrou de tempos em tempos de que modo trabalhar a madeira. Eu não trabalhei pelo método dos homens, mas o construí pelo modo que o Senhor ensinou”. Assim como Noé e tantos outros, Nefi foi instruído com técnicas navais desconhecidas na época. É interessante notar também a semelhança com a história de Moisés, descrita na Bíblia, pois assim como ele, Nefi e sua tribo foram separados e deslocados pelo deserto por um período determinado, o que comprova que diversas experiências isoladas estavam em curso, rigidamente controladas pelos grupos extraterrestres de então.
O Livro de Mórmon é pródigo em passagens que lembram ocorrências ufológicas. “Eis que o anjo do Senhor lhe apareceu e, descendo sobre eles como que numa nuvem, com voz de trovão, fez com que tremesse o solo onde estavam”. Efeitos físicos dessa ordem são comuns em vários relatos de contatos com UFOs e, com certeza, devem relacionar-se a pousos de engenhos espaciais. Vejamos também a descrição da descida do Senhor no Monte Sinai: “E viram que se abriam os céus e deles desciam anjos que pareciam estar no meio do fogo e lhes ministraram”. Sempre provenientes do céu em meio a luminosidades fulgurantes, como na casuística antiga, tais seres traziam conhecimento aos nossos antepassados, tal qual os deuses civilizadores da América pré-colombiana, Kukulcan e Quetzalcoaltl. Não há dúvida de que pelo menos um grande grupo alienígena está muito interessado na evolução do homem, interferindo em épocas e locais estratégicos de sua trajetória.
“O Senhor veio de novo ao irmão Jared e, permanecendo numa nuvem, falou com ele, estendeu sua mão e tocou nas pedras com seu dedo. Este era como o dedo de um homem. E disse Jared: ‘Eu não sabia que o Senhor tinha carne e sangue’. Em seguida ele lhe respondeu: ‘Vês que foste criado segundo minha própria imagem? Este corpo que agora vês é o corpo do meu espírito, e o homem foi criado segundo o corpo do meu espírito’”. Não há duvidas sobre os aspectos físicos de nossos visitantes alienígenas, registrados em tantas aparições ao redor do mundo. Porém, há também muitas interfaces ainda a serem explicadas. Os mórmons acreditam que Deus é um ser que habita uma estrela distante, denominada Colobi. Desse sistema estelar governaria os destinos da Terra. Nosso colega astrônomo, matemático e ufólogo Ademar Eugênio de Mello considera o encontro de Moronicom Joseph Smith o último contato conhecido que mantivemos com uma hierarquia cósmica que busca a evolução da Terra.
Constelação de Sagitário — Segundo ele, a cada ciclo de mil anos há um reavivamento espiritual do planeta, devido ao fato de estarmos recebendo diretamente as influências de Colobi, que seria um local no centro galáctico, próximo à Constelação de Sagitário. Em seus preceitos, a Cabala hebraica possui as chaves do entendimento das hierarquias extraterrestres, a chamada Árvore da Vida, que seria um esquema de manifestações energéticas em nossa dimensão. Malkut seria o planeta Terra, o reino, e Kether, no caso Colobi, o portador da coroa.
A vida como conhecemos surgiu primeiro em estrelas mais evoluídas. Civilizações antigas já desaparecidas poderiam ter migrado de planetas exauridos para dimensões do hiperespaço, e lá se instalado – o que, para o entendimento humano de então, seria um mundo espiritual. Em muitos contatos mantidos os ETs afirmam fazer parte da mesma família dos humanos, serem nossos irmãos mais velhos e, de certa forma, responsáveis por nós. Eles dizem ainda que somos todos seres espirituais e devemos praticar mais as técnicas de desdobramento consciente para compreendermos isso. O Caso Hermínio e Bianca Reis é um exemplo disso. O casal teve contato com um ser chamado Karran, que teria insistido na afirmação de que não somos apenas matéria.
Em todas as épocas de nossa história, nos contatos que nossos antepassados tiveram com divindades, os seres que pisaram a superfície da Terra sempre falaram a mesma coisa e sempre foram considerados iluminados. Isso em nada contraria ou nega a ciência, mas amplia largamente seus horizontes. E evidencia que cada vez mais o esoterismo se incorpora às paraciências, e daí para ser um fato resta apenas um passo. As misteriosas luzes que vemos a todo instante no céu continuam a confirmar isso. Exatamente como ontem, quando eram temidas por nossos antepassados e vistas como “tronos do Senhor”, as mesmas que agora chamamos de UFOs.