Inesperadamente, a exótica palavra merkabah começa a brilhar no circuito ufológico. Ela foi usada pelo profeta Ezequiel para descrever um estranho objeto vindo do céu e que pousou bem à sua frente. A melhor tradução para ela é “máquina que produz um torvelinho de fogo”, como se apresentava aos olhos do perplexo profeta. Daí por diante, os tradutores e exegetas [Intérpretes] se dedicaram a tentar entender porque Deus necessitava de uma carruagem ruidosa e fumacenta para se locomover. Ao tentar abandonar essa ideia, maluca para a época, houve até quem proibisse a leitura integral do livro de Ezequiel antes de completar 30 anos.
Também o patriarca da escola rabínica, Yehuda, autor da Mischná, a codificação tradicional da lei judaica, tentou eliminar qualquer referência aos termos merkabah e angeologia [Haiot]. O primeiro por indicar uma máquina voadora e o segundo por se referir a seus tripulantes. Por pouco Ezequiel não caiu na malha fina dos apócrifos judaicos, assim como acontecera aos perturbadores livros de Enoque, homem que, assim como Elias, foi arrebatado aos céus pela misteriosa merkabah.
Máquina de Deus
Porém, a vasta literatura do passado, sobretudo dos séculos V e VI, que mostra a descrição do Deus-máquina feita por Ezequiel — como também os famosos apócrifos Terceiro Livro de Enoque, Apocalipse de Abraão e ainda certas passagens do Êxodo [Moisés no Sinai] — criou grande alarde na época. Isso resultou em um movimento de fé que cultuava merkabah como uma máquina de Deus, seu trono e glória. Esses termos e expressões, hoje, sugerem a presença típica de uma nave espacial em operação. Aquele movimento, de cunho místico e esotérico, subsiste até os dias atuais, em Israel.
Obras como O Livro dos Hehalot, Grandes Hehalot e Pequenos Hehalot se tornaram a bíblia desse grupo dissidente, especificando minuciosamente a máquina e tornando corrente expressões como “o mundo do trono”, “estudo da glória”, “emprego da glória”, “a esfera do trono”, “ascensão da merkabah” etc. É extremamente interessante a palavra hebraica hehalot significar “átrios ou palácios celestes através dos quais passa o visionário e onde, no sétimo e último se encontra o trono da glória divina”, segundo a obra A Mística Judaica, de Gershom Scholem. Chamam a atenção as recomendações aos candidatos para ingressar na merkabah, que em seguida empreendia voo ao espaço, aos vários céus e à morada de Deus.
Engenhos voadores inconcebíveis
Pode parecer temerário um julgamento à luz do nosso atual estágio tecnológico. Mas, a lógica e o bom senso nos levam a imaginar a chocante possibilidade de que uma civilização alienígena manteve contato com humanos, utilizando engenhos voadores inconcebíveis para a época. Por isso, os terráqueos julgaram estar com deuses e anjos celestes e tentaram descrever essas experiências, embora não tivessem um conhecimento mínimo para tal.
Talvez os ETs tivessem um propósito ao provocar temor nos inconscientes habitantes da Terra, tornando-os dóceis a seus ensinamentos. Isso parece blasfêmia, mas soluciona certos pontos críticos da exegese, não apenas bíblica, mas de quase todos os antigos sistemas mítico-religiosos do planeta. Seria a merkabah uma nave extraterrestre? O que será que se oculta por trás do trono celeste? Revisaremos a história, em face dos novos conhecimentos adquiridos, ou permaneceremos passivos, cultivando ideias e crenças de um passado obscuro, já fora da realidade?
É bom frisar que tal revisão não deixaria o homem em um vazio existencial ou em crise de fé. Novos e poderosos conceitos neognósticos surgem à medida que aprofundamos nossa visão, transcendendo as barreiras da matéria e adentrando os domínios invisíveis da consciência, como se preparasse para um salto quântico de evolução. Esse, aliás, programado por Deus quando nos fala de um apocalipse ou revelação, em que, conforme disse Jesus, “não ficará pedra sobre pedra”. Não está na hora de repensarmos os valores, que bem ou mal têm sustentado a nossa frágil civilização? Esses pensamentos vêm a propósito da circunstância de estarmos festejando agora a transição dos milênios e, seguramente, saindo de uma velha ordem para entrarmos em um novo tempo, assim como está escrito pelos profetas.