Quando em órbita, os ônibus espaciais continuam sob efeito da gravidade terrestre. No espaço, a aceleração é apenas 10% menor que a gravidade na superfície da Terra, que é de aproximadamente 9,8 m/s². Para permanecer em órbita, a nave é mantida constantemente em uma velocidade que a deixa simplesmente dando voltas em torno do globo terrestre. Especialistas explicam que a sensação de falta de gravidade é apenas aparente e causada por uma queda livre constante tanto dos astronautas quanto da nave. É essa situação que recebe o nome de microgravidade. Confira os experimentos que embarcarão com Pontes:
Efeito da gravidade na cinética das enzimas, experiência do Centro Universitário da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) — Adoçantes, refrigerantes e alimentos congelados são alguns dos produtos que podem ser beneficiados pela pesquisa. O estudo visa analisar o fenômeno das reações enzimáticas no organismo do ponto de vista da cinética – velocidade e dinâmica na interação com as paredes das células – em ambiente sem gravidade. Além da indústria alimentícia, a indústria farmacêutica se beneficiará das pesquisas para adoçar xaropes para crianças.
Nuvens de interação protéica, experiência do Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA/MCT) — A substância responsável pelo brilho dos vaga-lumes é a matéria-prima do experimento. Dentro de uma caixa escura, ondas acústicas induzirão o fenômeno da bioluminescência pela colisão de gotas d´água cheias de enzimas. Todo o processo será filmado e reproduzido dentro de uma sala com visão 3-D para uso dos estudiosos e, provavelmente, do público. O resultado dessa análise possibilitará, entre outros benefícios, o aprimoramento de técnicas para a obtenção de medicamentos de ação mais rápida. Outra vantagem será a identificação de microorganismos causadores de doenças em reservatórios de abastecimento de água e até a busca de vida em outros planetas.
Danos e reparos no DNA na microgravidade, experiência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) — A permanência de homens no espaço impõe a adaptação a uma série de condições diferentes das da Terra. Descobrir a influência da radiação sobre as atividades que ocorrem no interior das células na baixa gravidade, que utilizará como modelo bactérias sob radiação cósmica. A pesquisa se concentrará nos efeitos sobre o DNA e sua capacidade de corrigir lesões no código genético a fim de verificar se ocorrem em proporções mais altas, baixas ou iguais as do ambiente terrestre. Para realizá-la, os microorganismos estarão dentro de um módulo e receberão radiação induzida.
Teste de evaporadores capilares, experiência da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) — Controlar a temperatura interna em um satélite é fundamental para o funcionamento dos circuitos eletrônicos. Um experimento com o objetivo de desenvolver e aperfeiçoar o conhecimento de controle térmico para satélites. O projeto contribui para o alcance da autonomia no setor, uma vez que os dispositivos utilizados para controlar a temperatura em satélites brasileiros são comprados em outros países, além de representar uma janela de oportunidade para as empresas brasileiras em um ramo de alta tecnologia.
Minitubos de calor, experiência do Laboratório de Energia Solar e Núcleo de Controle Térmico para Satélites (Labsolar) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) — Também voltado à área de controle térmico, o projeto foca seu estudo no segmento dos minitubos de calor. A principal função deste instrumento é transportar o calor concentrado em alguma região mais quente para uma outra mais fria.
Germinação de sementes em microgravidade, experiência da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) — Sementes da planta Astronium Fraxinifolium, uma espécie arbórea do Cerrado, serão utilizadas em um experimento para os estudo dos efeitos da microgravidade no processo germinativo. A análise deverá ampliar o conhecimento sobre esta espécie nativa brasileira, o que auxiliará no aprimoramento de técnicas para a preservação ambiental e uso sustentável do meio ambiente.
Sementes de feijão e cromatografia da clorofila, experiência da Secretaria de Educação de São José dos Campos (SP) — A clássica experiência de colocar uma semente de feijão em um copo com algodão e água será reproduzida pelo astronauta Marcos Pontes no espaço. Além das sementes, extratos de folhas de couve compõem outro experimento que será conduzido na Estação Espacial Internacional (ISS) com o objetivo de estudar a clorofila. Mais que o desejo de confirmar alguma tese científica, tais estudos visam despertar o interesse dos estudantes pela pesquisa e incentivar os professores a promover atividades de observação.