
Em seu segundo livro psicografado, Cartas de Uma Morta [Lake, 1935], Chico Xavier registrou as palavras de sua mãe, dona Maria João de Deus, que da vida espiritual voltou à Terra para relatar a visita que havia feito a outros mundos habitados. Ela registrou pelo médium que nos planetas do Sistema Solar há espíritos encarnados em corpos menos materiais, seres nativos em uma natureza para nós indistinta, de composição ultrafísica. Na psicografia, não foi dado aos habitantes daqueles mundos um nome para designar sua constituição corpórea incomum, mas ficou claro ao leitor atento que tais seres estavam postados em uma dimensão rarefeita, contiguamente aos planetas Saturno, Marte e outros, interagindo em um plano de vibração diferente daquele do espírito e distinto também do plano físico tridimensional.
O famoso médium de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, além de psicografar espíritos que diziam ter visitado outros mundos, também orientou inúmeras pessoas que lhe procuravam na esperança de obter uma psicografia, uma assistência específica ou saber sobre algo de importância particular. Chico participou de vários programas de televisão falando sobre os problemas do homem na ótica espírita, sobre a vida no mundo dos espíritos e nos mundos de outros “distritos espaciais” distantes, mas reservou suas experiências pessoais com extraterrestres para parentes e amigos mais próximos — pessoas de sua convivência diária, que podiam absorver sem impacto eventos tão extraordinários.
Em um programa de televisão, o então famoso Pinga Fogo, em razão do interesse público sobre a questão extraterrestre, Chico falou sobre a chance de contato formal com outras civilizações do cosmos. Contudo, o que poucos sabiam é que seus apontamentos tinham muito de prático — estavam embasados em contatos pessoais com seres alienígenas e assistidos pela esfera espiritual que lhe dava suporte nos contatos. Quanto a nós, o propósito aqui é trazer à luz apenas alguns testemunhos de Chico, para termos uma visão xavieriana da questão extraterrestre.
Previsão de contato formal
Na noite de 28 de julho de 1971, uma quarta-feira, em São Paulo, ao participar do programa Pinga Fogo, na TV Tupi, Chico deu informações importantes sobre um possível contato formal de uma civilização extraterrestre. Indagado se os seus mestres espirituais acreditavam que na nossa atual civilização o homem poderia entrar em contato com civilizações de outros planetas, o médium, envolvido por seu mentor espiritual, Emmanuel, respondeu o que se segue, registrado no livro Pinga Fogo com Chico Xavier [Edicel, 1997]:
“Se nos próximos 50 anos o homem não entrar em uma guerra de extermínio, então podemos esperar realizações extraordinárias da ciência humana partindo da Lua (…) É possível que o homem construa ali as cidades de vidro, as cidades-estufas, onde os cientistas possam estabelecer pontos de apoio para observação da nossa Galáxia (…) Vai obter-se azoto, oxigênio, usinas de alumínio, formações de vidro e matéria plástica para construção desses redutos e, provavelmente, a água, fornecida pelo próprio solo lunar (…) Então teremos, quem sabe, a possibilidade de entrar em contato com outras comunidades da nossa galáxia. Assim vamos, definitivamente, encerrar o período bélico na evolução dos povos terrestres, porque vamos compreender que fazemos parte de uma só família universal, que não somos o único mundo criado por Deus (…) Há muitas moradas na casa de meu pai, disse o Cristo (…) Portanto, precisamos prestigiar a veneração máxima pela ciência, para que possamos auferir esses benefícios em um futuro mais próximo do que remoto, se nos fizermos por merecer”.
O mentor espiritual asseverou ainda no programa e, também, em outras ocasiões, que a família humana não está circunscrita à Terra, mas é universal. Falou que não somos os únicos e que não devemos esperar apenas seres como nós em outros mundos, pois no cosmos há vasta diversidade de vida — mas disse que para se fazer contato formal com outra civilização é preciso, antes, merecer, ter atingido substancial evolução científica e padrão moral, capazes de auferir benefícios e multiplicá-los no bem.
Hoje, há um lustro apenas daquele ano informado no Pinga Fogo, vemos ser preciso que o homem trabalhe muito e evolua ainda mais para chegar ao ponto que o capacitará a fazer contato formal com outras civilizações, porque o esperado encontro com extraterrestres depende apenas de nós. Nos dias atuais, esse entendimento parece consensual no movimento ufológico mais impregnado de espiritualidade.
Um alien de três metros
Geraldo Lemos Neto, chamado carinhosamente de Geraldinho por Chico Xavier, após a desencarnação do médium fundou na cidade de Pedro Leopoldo um memorial com os pertences dele. Hoje, a Casa de Chico Xavier é referência turística obrigatória para quem vai àquela região de Minas. O administrador da instituição, ao falar conosco, em 2011, lembrou-se de uma frase dos tempos de Cristo: “Se vos falo das coisas terrestres e não me credes, como crereis se vos falar das coisas dos céus?” (Jó 3, 12). A frase parecia se encaixar bem na ocasião, porque quando Chico contara a ele seus contatos com ETs, fora difícil ao rapaz acreditá-lo. “Engana-se quem pensa que o médium não teve contato com discos voadores”, afirmo Chico a Geraldinho.
Quando pedi permissão a Geraldinho para publicar seu testemunho, ele nos disse com tranquilidade: “Fique totalmente à vontade, Pedro, caso queira divulgar essa experiência, porque creio que os tempos são chegados e precisamos amadurecer mais com as informações de Chico Xavier”. Contou também que há muito desejava relatar este fato. Ele ficara sabendo da ocorrência quando de suas conversas com o prestigioso médium e não vira ninguém contá-la até então. Aproveitou para fazer isto em 02 de abril de 2012, data em que Chico Xavier, caso estivesse entre nós, estaria completando mais um aniversário.
Se nos próximos 50 anos o homem não entrar em uma guerra de extermínio, então podemos esperar realizações extraordinárias da ciência humana partindo da Lua (…) É possível que o homem construa ali cidades de vidro, as cidades estufas
Na residência de Chico, em Uberaba, por ocasião das conversas de Geraldo Lemos Neto com o médium, as quais se prolongavam às vezes até a madrugada, o moço gostava de perguntar a ele sobre as coisas do universo, das galáxias e nebulosas, das estrelas e planetas que se movimentam ao nosso redor. Chico, sempre solícito, falava-lhe com muita vivacidade sobre esses assuntos, inclusive sobre a existência de humanidades muito mais avançadas do que a nossa espalhadas por esses multiversos sem fim. Certa feita, de modo surpreendente, Chico contou a ele que já havia estado com visitantes de outros mundos, mas quando Geraldinho disse que sua vontade era um dia também conhecê-los, o médium ficou preocupado e contou-lhe uma intrigante experiência pessoal:
“Você deve ter muito cuidado, Geraldinho, porque embora a maioria das civilizações que já desvendaram os segredos das viagens interplanetárias seja de grande evolução espiritual, voltadas ao bem e à fraternidade, há também aquelas que somente se desenvolveram no campo da técnica, enregelando os sentimentos mais nobres do coração (…) Representantes dessa outra turma também têm nos visitado, mas com objetivos escusos. Para eles, nós somos tão atrasados que não prestam nenhuma atenção às nossas necessidades e aos nossos sentimentos. São eles que raptam pessoas e animais para experiências horrorosas em suas naves. Quanto a esta turma, devemos ter muito cuidado”.
Uma luz no meio do caminho
De fato, o médium mostrava-se preocupado com este fato, e então parou, pensou e em seguida prosseguiu, contando sua experiência intrigante. “Uma vez eu estava indo de Uberaba a Franca, viajando para Ribeirão Preto visitar a irmã do Vivaldo [Cunha Borges, ex-cunhado de Geraldo Lemos Neto, responsável pela organização e diagramação da maior parte das obras de Chico, falecido em 20 de março de 2014], a Eliana, que havia passado por uma cirurgia no coração no hospital da cidade. O doutor Elias Barbosa foi dirigindo o automóvel na companhia de Vivaldo e eu, que fiquei no banco detrás”. Barbosa, falecido em 2011, era médico psiquiatra, professor universitário, escritor, amigo e biógrafo de Chico, e publicou dois livros sobre o médium, Presença de Chico Xavier [2001] e No Mundo de Chico Xavier [2005]. E continua Chico:
“Pois bem, íamos viajando lá pelas 03h00 da manhã para evitar o trânsito e, no meio caminho, uma luz meio baça, de cor alaranjada, envolveu o automóvel e passou a segui-lo. O doutor Elias achou por bem encostar o carro e esperamos os três para ver o que ia acontecer. Comecei a orar intuitivamente, pedindo aos amigos que me acompanhassem na prece. O espírito Emmanuel se fez presente e nos solicitou redobrada vigilância. A nave apareceu então no pasto ao lado, iluminando toda a natureza em torno com sua luz alaranjada e baça. Ela pairou no ar sem tocar o solo, e do meio dela saiu uma luz mais clara ainda, de onde desceu uma entidade alienígena. Tinha uma aparência humanoide, mas muito mais alta do que nós, com cerca de três metros, quase esquelética [Imagem na página ao lado].
“Senti um medo instintivo e roguei ao Senhor que nos afastasse daquele cálice de amargura, que pressentia com o auxílio de Emmanuel. Então, subitamente, a entidade parou e desistiu de nós, retornando para sua nave. Depois, o veículo interplanetário se elevou do solo e eu vi perfeitamente uma vaca sendo levada até o seu interior, como se levitasse até lá. Em seguida, a nave desapareceu de nossas vistas com velocidade espantosa. O espírito Emmanuel me revelou, então, que estes irmãos infelizmente não eram vinculados ao bem e ao amor, mas eram de sociedades que pilhavam planetas em busca de experiências genéticas estranhas. De vez em quando, abduzem homens e animais para suas aventuras laboratoriais”.
Ainda de acordo com o relato de Chico Xavier, “segundo Emmanuel, eles somente não fazem mais porque Nosso Senhor Jesus estabeleceu normas e guardiães para proteger a humanidade terrestre, ainda tão ignorante quanto às realidades siderais em sua infância planetária”. E asseverou a Geraldo Lemos Neto: “Então, meu filho, se você avistar alguma entidade com as características que eu lhe dei — três metros de altura e corpo humanoide esquelético, corra. Pernas para que te quero!”
Caso Cinza do Bem
Ao finalizar o relato, Chico Xavier desatou seu riso tão característico. Embora na ocasião estivesse preocupado, estava agora feliz por ter vivido essa e outras experiências. Geraldinho, por sua vez, não conteve a pergunta e quis saber se havia também os aliens “bonzinhos”, ao que o médium respondeu comentando outra experiência. “Ah, são magníficos! Os que eu conheci, são criaturas de muito baixa estatura, cerca de um metro apenas. São grandes inteligências e por isso mesmo têm a cabeça de tamanho avantajado em relação à nossa, com grandes olhos amendoados e meigos, capazes de divisar todas as faixas de vida nos diversos planos de matéria física e espiritual”.
O médium também descreveu suas características físicas: “Não possuem nariz, orelhas e sua boca é apenas um pequeno orifício. Seus sistemas fisiológicos são muito diferentes dos nossos e já não possuem intestinos. Toda sua alimentação é apenas líquida. São de uma bondade extraordinária e protegem a civilização terrena assumindo compromisso com Jesus de nos guiar para o bem. Um dia que não vai longe, eles terão permissão do Cristo para se apresentarem a nós à luz do dia, trazendo-nos avanços tecnológicos, médicos e científicos nunca antes pensados”. Com essas palavras, Geraldo Lemos Neto ficou imaginando como o universo deve ser vasto e quanto o Chico sabia sobre ele e ficava calado.
Certa feita, o médium mineiro falou que Plutão era uma espécie de “prisão espiritual”, um isolamento milenar de espíritos endividados por crimes contra a humanidade — para eles mesmos se protegem das multidões de hordas vingativas e repensarem os seus atos criminosos do passado. Semelhante àquele planeta, também Mercúrio e Lua seriam esferas em que vibram espíritos com grandes débitos, cada qual com seu grau evolutivo e vivendo experiências reparadoras. Mas nessas moradas de isolamento os seres não estão sem o amparo da Providência Divina, que se faz presente ali por meio de espíritos de elevada express
ão, verdadeiros mestres da paz em missão do bem. Chico Xavier, com sua sabedoria, era capaz também de falar sobre os mistérios do além-vida naquelas esferas isoladas. “E com que simplicidade e naturalidade ele nos falava dessas coisas dos céus”, finalizou, saudoso, o administrador da Casa de Chico Xavier.
Positivos e negativos
Os ufólogos como nós, que há anos estão envolvidos no estudo e na pesquisa da questão extraterrestre, sabem que há evidências de que exista mais de meia centena de raças alienígenas chegando ao nosso planeta para experiências. Hoje, pelos contatos e abduções estudadas com métodos científicos, tem-se que o tamanho e a aparência do alien tipo gray [Cinza] contam pouco para concluirmos sobre o seu caráter e a sua sensibilidade para com o homem — mais que os aspectos exteriores, têm-se na conduta deles, relatada pelas testemunhas, nada favorável ao tipo genérico. As características positivas dos cinzas, registradas no testemunho xavieriano, devem ser tomadas apenas como pequena fração das muitas experiências já testemunhadas. Os depoimentos de pessoas abduzidas nos fazem considerar que haja certa variedade do tipo cinza, cada uma delas postada em um patamar evolutivo e denotando ciência e moral diferenciadas.
A nave apareceu então no pasto ao lado, iluminando toda a natureza em torno. Ela pairou no ar sem tocar o solo, e do meio dela saiu uma luz mais clara ainda, de onde desceu uma entidade alienígena humanoide, mas muito mais alta do que nós
Ainda do ponto de vista de Chico Xavier, os espíritos encarnados em corpos densos (que viveriam em planetas como o nosso) ou em bioformas ultrafísicas (entidades de outras dimensões do espaço-tempo) também possuiriam livre arbítrio, assim como nós, e poderiam viajar conforme sua capacidade. Haveria os ávidos por conhecimento, que fazem experiências e, vez ou outra, deixam mensagem alertando-nos sobre as nossas ações incorretas, mas tal iniciativa não significa que vieram exclusivamente para nos orientar — trata-se apenas de “nota de viagem”, por assim dizer. Para termos certeza de suas intenções, seria preciso fazer contato. E se o contato fosse com os negativos, caso contrariassem os nossos princípios, haveria repulsa e, talvez, confronto. E caso fosse com os positivos, por certo haveria amistosidade e troca de informações.
Assim, ainda considerando as palavras do médium sobre aqueles aliens do tipo cinza — de que “não vai longe o dia em eles terão permissão do Cristo para se apresentarem a nós à luz do dia, trazendo-nos avanços tecnológicos, médicos e científicos nunca antes imaginados” —, isto nos faz considerar que o contato formal seria com os mais evoluídos daquela espécie. Contudo, antes disto, a prudência nos recomenda examinar de modo criterioso todos os relatos e testemunhos.
Contatos em Pedro Leopoldo
O doutor Weimar Muniz de Oliveira, advogado e juiz de Direito, presidente da Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas, ex-presidente da Federação Espírita do Estado de Goiás e membro do conselho superior da Federação Espírita Brasileira, teve o privilégio de saber dos contatos de uma costureira de Pedro Leopoldo e do sobrinho de Chico Xavier, contados pelo próprio médium. Tal como nós, que publicamos os casos anteriores em nosso blog no site da Revista UFO [Endereço: http://ufo.com.br/blog/pedrodecampos], Oliveira também os publicou, mas no Diário da Manhã, de Goiânia, na edição de 08 de abril de 2012, no caderno Opinião Pública. Ocorre que a publicação não se restringiu a certificar os relatos de Geraldo Lemos Neto, mas adicionou outra incidência, uma narrativa de Chico Xavier sobre contatos de terceiro grau ocorridos em Pedro Leopoldo.
Assim que recebemos o informe, entramos em contato com ele para termos detalhes do caso e solicitar a permissão para darmos a público seu relato. “É com muito prazer que lhe autorizo a divulgar o artigo”, disse-nos solícito o autor, jurista dos mais notáveis. “Trata-se de uma síntese da história que ouvi pessoalmente de Chico Xavier”, acrescentou. De fato, ele estava disposto a relatar o evento porque, dias antes, ao abrir seu computador, tivera uma agradável surpresa: vira ali o relato de Geraldo Lemos Neto sobre a experiência que Chico tivera com o alien de três metros. Afinal, além de Geraldinho ser presidente-fundador da Casa de Chico Xavier e destacado dirigente espírita, é amigo de Weimar Muniz de Oliveira e também fez parte do grupo íntimo do saudoso médium.
Então o experiente magistrado resolveu dar seu apoio àquela divulgação e podia, inclusive, corroborar com o que ele mesmo escutara de Chico — ele entrevistara o médium sobre a questão extraterrestre e ficara sabendo sobre os discos voadores que desciam periodicamente em Pedro Leopoldo. “Esse fato me trouxe à memória uma narrativa que Chico nos fez em Uberaba, há uns 20 anos, mais ou menos. Estavam presentes à mesa do médium, em sua casa, Cleuza, duas outras pessoas e eu. Foi quando ele, Chico, começou a falar sobre o disco voador que uma vez por ano descia sobre um platô de Pedro Leopoldo. Assim que Chico começou a discorrer, eu me imbuí de coragem e perguntei se poderia anotar. Nunca pude esquecer-me de suas palavras textuais, sem faltar uma letra sequer”.
Oliveira descreveu a autorização que teve para registrar os fatos: “Você tem direito, meu filho”, disse-lhe o médium. Então, ele não perdeu tempo e anotou o que pôde. “Lembro-me de que, entre outras coisas, ele informou que a única pessoa que tivera acesso ao interior da nave fora o seu sobrinho, de quem não anotei o nome”. Nas conversas que tivemos, o doutor Weimar Muniz de Oliveira expressou estar certo de que ao longo de toda a vida de Chico, esse sobrinho do médium, testemunha da ocorrência, jamais lhe dera motivo de desconfiança ou descrédito, sendo considerado homem sério, equilibrado e saudável. E Oliveira, com sua experiência de anos em processos e depoimentos, prosseguiu contando os intrigantes contatos em Pedro Leopoldo:
“Chico informou, também, que a única pessoa que contatava o ‘comandante’ da nave era uma humilde costureira, declinando o nome dela. Tempos depois, tentei localizá-la na cidade de Uberlândia, em Minas Gerais, para onde se mudou, mas não consegui. Tenho o nome dessa costureira nos meus guardados. Chico contou também que o ‘comandante’ sempre ia à residência dela para buscar água da cisterna e que ficara muito impressionado com a nossa cana de açúcar, a ponto de pedir à costureira uma amostra, levando-a consigo para a nave. Chico informou ainda que nem todos os discos voadores que visitam o nosso planeta são do bem, e que devemos ter muito cuidado”.
Relíquias arqueológicas
Cabe aqui uma pausa para lembrar que a cidade de Pedro Leopoldo é rica em minério, em água, grutas e cachoeiras, além de ter substancial agropecuária, itens dados na Ufologia como de interesse alienígena. Em tempos pré-históricos, na Gruta da Lapa Vermelha, naquela cidade, vivera “Luzia”, apelido do mais antigo fóssil humano encontrado no Brasil, com datação de 11,5 mil anos, e talvez até 15 mil anos. A descoberta foi de Annette Laming-Emperaire, pesquisadora russa de nascimento, mas de coração francês, porque foi na França que se formou, casou-se, lecionou arqueologia pré-histórica em Sorbonne e entusiasmou-se por arte rupestre. A partir de 1971, ela iniciou um vasto programa de pesquisa na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais, vindo a culminar no achado de “Luzia”, em 1975, fóssil hoje mundialmente conhecido.
O doutor Weimar Muniz, por sua vez, como magistrado de longa carreira jurídica e sabedor da importância das provas, ao finalizar seu relato lamentou nos dizer que não podia detalhar o caso como gostaria, pelo menos no momento, pois as suas anotações da época ainda não tinham sido localizadas — e que seu depoimento era fruto das lembranças, lances principais que ficaram gravados na memória. Seu testemunho teve por objetivo corroborar o de Geraldo Lemos Neto, mostrando que a costureira de Pedro Leopoldo e o sobrinho de Chico Xavier tiveram também contatos de terceiro grau com seres alienígenas, e que o ilibado médium sabia desses contatos e falava deles com parentes e amigos próximos, com aqueles que tinham o “direito” de ter detalhes e poderiam divulgar de modo conveniente experiências tão incomuns.
É preciso notar que, em seu relato, Chico Xavier não se refere às experiências do chamado “contatismo”, prática comum na Ufologia Mística, evento no qual ocorre apenas a transmissão de pensamento entre o alienígena e o homem, mas sim à casuística tida como fato concreto. E, neste caso, a alçada é da Ufologia Científica, que estuda cada incidência observando os vestígios físicos e as testemunhas, com exames e pesquisas técnicas tanto quanto possível. Em outras palavras, é preciso ter um UFO nos céus, visível a todos e detectável por aparelhos de radar e câmeras fotográficas, ou um alienígena em contato de proximidade para que haja “logia”, estudo do fenômeno no qual o chamado “objeto voador não identificado” (UFO) passa a ser identificado como disco voador.
Portanto, os contatos de terceiro grau com o sobrinho de Chico Xavier, que entrou na nave, e com a costureira, com quem o suposto comandante, após coletar água na cisterna, pediu amostras de cana de açúcar e levou-as à nave, são eventos sugestivos de seres densos, criaturas físicas como nós, habitantes de mundos tridimensionais. Por certo, tais seres deveriam vir de algum distrito extrassolar distante e aqui, de modo mais ou menos velado, fariam contatos, estudos e experiências para aquisição de conhecimento. Quanto a nós, cabe-nos o detido exame da questão extraterrestre, em todas as suas nuances, para decifração satisfatória do fenômeno.
Naves interplanetárias
Em uma época em que sigilosamente as grandes potências, em especial os Estados Unidos e a antiga União Soviética, viviam a chamada Guerra Fria, na qual uma nação tentava sobrepujar a outra em termos de tecnologia bélica, o médium Chico Xavier apontou precauções relativas à incidência de discos voadores. Ambas as potências chegaram a construir secretamente naves em formato discoide, simulando os discos relatados por testemunhas em várias partes do mundo. Para isso, os Estados Unidos estreitaram laços com o Canadá — empresas de ambos os países juntaram forças para trabalharem em regime de parceria no desenvolvimento de engenhos aéreos com formato discoide.
A fábrica de aviões Canadian Avro Aircraft passou a trabalhar para a Força Aérea Norte-Americana (USAF) no desenvolvimento desses engenhos. Sua engenharia de projetos acreditava que a melhor maneira de entender os discos voadores seria tentando produzi-los. Assim, o bom trânsito de informações deveria ser crucial. E o fluxo delas ocorreu não só entre os governos, como transitou também pela cúpula das grandes empresas, que ordenaram ações para produzir os projetos executados. Foi assim que na investigação dos UFOs surgiam equipes altamente capacitadas, oriundas de empresas renomadas, como a IBM, a Hughes Aircraft, a Bell Labs, a Dow Corning e outras do ramo. Em razão da Guerra Fria e do ganho em negócios com tecnologia de ponta, essas companhias colocaram a campo seu pessoal mais qualificado para investigar tudo sobre os UFOs e obter informações para desenvolver novas tecnologias de emprego militar.
A única pessoa que contatava o comandante da nave era uma humilde costureira. Ele sempre ia à residência dela para buscar água da cisterna e ficava muito impressionado com a nossa cana de açúcar, a ponto de pedir à costureira uma amostra
O estudo dos fragmentos da nave alienígena acidentada em Roswell, em 1947, proporcionara a realização da chamada “engenharia reversa” nos aparelhos e, em meados de 1959, um protótipo de disco voador, com cerca de 7 m de diâmetro, foi apresentado ao público norte-americano pela Avro canadense — e embora essa tentativa de construção tivesse malogrado, ainda assim o projeto seguiu, sugerindo para o futuro o lançamento de aeronaves com formato discoide. Foi nesse tempo que Chico Xavier começou a participar de inúmeras entrevistas de jornal, rádio e televisão, nunca se recusando a responder nenhuma pergunta que lhe fosse endereçada. O assunto discos voadores, engenhos tidos como de outras civilizações do universo, embora não fosse sua especialidade nem sua preocupação, costumava vir à tona nas entrevistas. E recebia de Chico e de seu mentor espiritual, Emmanuel, a devida apreciação. O médium se posicionava sempre com a necessária prudência ao abordar cada caso. Certa feita, como se falava muito em discos voadores e contatos com ETs, perguntaram a ele se acreditava na existência dos discos. E o médium respondeu, de acordo com a obra Xavier, Francisco Cândido: Mandato de Amor [União Espírita Mineira, 1992]:
“Eu acredito que existem naves interplanetárias. Mas o assunto é um tanto quanto difícil, porque pertence ao campo da ciência. Nós não podemos ignorar que depois da Segunda Guerra Mundial as superpotências experimentaram determinadas máquinas, mormente voadoras, naturalmente com segredos de Estado que são compreensíveis. Possivelmente teremos máquinas de forma esférica para voar e concorrer com nossos aviões, com nossos Concordes e, talvez, estejam esperando a hora certa para surgir. Se entrarmos aí em uma contenda sobre discos voadores, que dependem de outros mu
ndos, de outras regiões da nossa galáxia, e se as sedes desses engenhos não permitirem que eles venham visitar a Terra durante muito tempo e [Nesse ínterim] aparecerem as máquinas esféricas das superpotências, então com que rosto nós iríamos aparecer? Vamos deixar que a ciência resolva este problema”.
“Outras regiões da galáxia”
Observa-se hoje que Chico Xavier fora perfeito em sua resposta. Ele acreditava em naves interplanetárias e a hipótese extraterrestre lhe parecia correta. Mas o tema era difícil de ser abordado porque os Estados Unidos e a antiga União Soviética estavam projetando, em regime secreto, aeronaves inspiradas em discos voadores — de fato, a forma discoide experimental dos engenhos aéreos, construídos depois pelo homem, seria confundida com eles. E se os aliens, por sua vez, parassem de vir à Terra por algum tempo, a farta casuística, verificada antes, imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, seria tomada apenas como teste dos novos aviões. E quem tivesse falado que os discos voadores eram engenhos de “outras regiões de nossa galáxia”, sem fazer as ressalvas necessárias, mais tarde, quando os novos engenhos fossem apresentados, seria tido como ingênuo e ficaria em má situação perante o público.
Para o médium mineiro, a comprovação das manifestações ufológicas não poderia ser uma questão de crença, mas evento da alçada científica — somente a ciência poderia resolver a questão, como deixou bem claro em sua resposta. De fato, alguns anos depois, as formas discoides fabricadas pelo governo dos Estados Unidos foram dadas a público, levando muitos entusiastas da Ufologia ao descrédito, não obstante os ufólogos terem apresentado várias evidências distintas para mostrar que a crença popular nos discos voadores não era infundada.
Razões da Ufologia
Ao mesmo tempo das novidades da nossa engenharia, a casuística ufológica teve prosseguimento e apresenta significativa quantidade de casos bem documentados. São evidências legitimadas com filmes, fotos e detecções por radar, acompanhadas por relatos de pessoas equilibradas, inclusive de pilotos experientes. Do mesmo modo, vieram à tona algumas abduções, as quais foram examinadas sob o olhar aguçado de médicos, psicólogos e de outros facultativos. Alguns implantes alienígenas, retirados de seres humanos, por intervenção cirúrgica, foram levados a laboratório para detido exame físico e orgânico. Sequestros e mutilações de animais em vários países receberam acurado estudo científico. Marcas intrigantes nas plantações, surgidas da noite para o dia com desenhos enigmáticos no solo, exigiram estudos na tentativa de entender sua execução e significado.
Além disso tudo o Projeto SETI, o programa de busca por vida extraterrestre inteligente, ao procurar por sinais de rádio no cosmos, obteve ao menos uma incidência, sugerindo-nos a existência de vida com tecnologia avançada em algum distrito da nossa galáxia. Todos estes fatos vieram mostrar que havia razões de sobra para a ciência levar a sério a questão ufológica, seja dos casos com potencial extraterrestre, ao encargo da ciência positiva, seja dos virtualmente sugestivos de atividade paranormal, que exigem pesquisas avançadas da Psicobiofísica.
Existem naves interplanetárias e o assunto pertence à ciência. Mas não podemos ignorar que depois da Segunda Guerra Mundial as superpotências experimentaram máquinas voadoras, naturalmente com segredos de Estado, que são compreensíveis
Hoje, de modo acadêmico, para além da realidade dos UFOs adentra-se a dos mundos insondáveis. São exemplos de mistério o estranho universo das subpartículas, as outras dimensões do espaço-tempo, o monumental multiverso, o chamado hiperespaço e seus canais de ligação — previstos pela Teoria dos Buracos de Minhoca — que permitiriam viajar mais rápido que a luz, sem detalhar aqui as captações da mente humana, eventos factuais de alcance indeterminado, ainda com alto grau de incerteza, entre outros. Quem acreditava na vida em outros mundos, ao ver o homem lançar naves e laboratórios espaciais, indagou: por que uma civilização mais avançada que a nossa não faria o mesmo? Por que não lançaria seus engenhos em nossa direção? Sendo mais adiantada do que a nossa, ela já poderia ter conseguido tecnologia e descoberto o segredo de viajar de uma estrela a outra, sem quase gastar tempo.
O fato é que a filosofia kardecista da pluralidade dos mundos habitados, divulgada em meados do século XIX, recebeu nas últimas décadas uma contribuição de peso, justamente o fenômeno ufológico. E tal afirmação não é para reivindicar o acerto, mas para mostrar que as evidências são antigas. Os chamados UFOs podem ser manifestações de cosmonaves com tecnologia totalmente desconhecida. Talvez sejam preparativos para contato formal com o homem, no futuro. E tal suspeita não pode ser classificada de absurda, em razão da casuística existente. Por enquanto, ainda é filosofia fruto de vestígios, porque se houvesse prova cabal, de domínio público, o contato teria sido realizado e não caberia mais filosofar. A Ufologia estuda essas manifestações insólitas, cujo potencial extraterrestre se faz presente, sugerindo-nos possível contato de outra civilização. É admissível, em teoria, que “eles” viagem por uma entrada espacial desconhecida, fazendo percurso por fora do nosso espaço e pegando atalhos apenas vislumbrados pela nossa ficção.
A filosofia evolutiva de Chico
Ainda quanto ao médium mineiro, sabe-se amplamente de sua aderência à Doutrina Espírita — ele a professava nos moldes codificados por Allan Kardec. Para ele, a doutrina é “uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal”. Chico se aprofundou no estudo e na divulgação dos eventos da esfera espiritual e nas manifestações de falecidos do mundo terreno. Considerou que a evolução do espírito se faz no curso das vidas sucessivas e nas várias categorias de mundo do universo. Ponderou que a evolução se faz encarnando em corpos de consistência “densa” e em outros de gradação &ldqu
o;menos material” — as primeiras vividas em mundos primitivos, passando por expiações e provas de todo tipo, e as demais em esferas dimensionais, onde o bem supera o mal e desfruta-se de felicidade relativa.
Ele considerou que a forma corpórea em que o espírito encarna, na medida em que ele evolui, vai se tornando cada vez menos material, mais rarefeita, mais sutil, chegando a sutilizar-se em uma bioforma de plasma luzente, quase espiritual, típica da vida sublimada em mundos evoluídos. Temos que, ao longo dessa extensa caminhada de progresso, o espírito estagia nas diversas categorias de mundo, encarna em bioformas diferentes, formadas em uma escala que vai desde a matéria consistente até o plasma de energia mais rarefeita. E experimenta, nessa ampla gradação de vida corpórea inúmeros ciclos vitais, nos quais vivencia novas situações, prova cada uma delas, aprende o geral e o específico, avança na ciência, na sabedoria e na moral, produz tecnologia cada vez mais sofisticada e, conforme avança, vive experiências junto a outras humanidades, conhecendo-as e ajudando-as na medida de sua capacidade.
Então, ao desvencilhar-se do ciclo das vidas sucessivas, por ter chegado ao estádio de espírito puro, ele não mais precisa de uma nave que transporte seu corpo “material” ou “menos material”, porque já não os tem mais. Assim, ao fazer-se, por evolução, apenas “foco inteligente”, o espírito depurado pode transpor os espaços siderais com recursos de sua íntima constituição — vai e pode estar onde quiser, sem esforço algum, senão o da vontade. E o combustível que move sua vontade é o de ajudar outras humanidades, por amor ao próximo. Eis aí a filosofia evolutiva que Chico Xavier tinha para consigo. Ela o motivava a querer saber, contatar e expor sobre civilizações mais avançadas que a nossa, cujos engenhos voadores e seus tripulantes aterrissam, reservadamente, em nosso solo, fazendo contato com o homem e dando mostras do que o espírito pode fazer quando avança na escalada evolutiva e encarna em mundos adiantados.
As experiências com discos voadores e entidades alienígenas fazem parte do aprendizado prático, científico e filosófico do espírito. Na verdade, são as leis naturais de progresso impulsionando todos a ascender para encarnação em mundos mais elevados, em especial os espíritos estagiários da Terra, mundo cuja fase de transição está em curso e exige de cada um o devido afinamento. Em suma, é a nave Terra, a transitar no cosmos como escola secundária de almas, instruindo e resgatando seus educandos para acesso ao saber superior de outros mundos.