Apesar da idéia geral de que o fenômeno foi passageiro e causado por razões absolutamente naturais, os círculos nas plantações aráveis (de grãos) do sul e sudeste da Inglaterra continuam proporcionando ao mundo, ao mesmo tempo, um belíssimo show para quem os conhece e um fantástico quebra-cabeças que nem a ciência, o governo, os militares, as religiões ou qualquer outro poder institucional sequer consegue explicar. Simplesmente, os círculos ingleses, na abundância e incidência com que surgem durante a época de crescimento do plantio de cereais, representam um dos maiores desafios para estudiosos e cientistas de todo o mundo – atordoados com os formatos cada vez mais intrigantes das figuras.
Na realidade, as figuras começaram a ser descobertas assim mesmo: como meros círculos causados pela depressão dos caules de lavouras de trigo, cevada e cânola, principalmente. Era como se um objeto, em formato de anel encostasse sobre a plantação e dobrasse as plantas até alguns centímetros de altura do solo, sem quebrá-las. Imediatamente, ufólogos de plantão, totalmente desavisados e precipitados, atribuíram o fenômeno dos círculos ao pouso de discos voadores, pois já eram bem conhecidos, à época, os chamados “ninhos de UFOs”, locais em todo o mundo com vegetação amassada (e às vezes queimada) após o pouso de uma nave extraterrestre. Os círculos, entretanto, começaram a se proliferar assustadora e descontroladamente a partir de 1984-85.
De meros círculos, muitas vezes perfeitos, as figuras passaram a ser anéis, ovóides, elipses, conjuntos de vários círculos (às vezes concêntricos, as vezes em formação simétrica) etc. Depois, centenas de enigmáticos sinais em formatos complexos, com várias figuras combinadas numa só, passaram a ser encontrados em praticamente todo o sul da Inglaterra. E não deve ser por coincidência que seu surgimento se deu justamente nas lendárias áreas de monumentos pré-históricos de pedras daquele país, conhecidos como \’enterros\’, especialmente Avebury Hengee a famosa Stonehenge. Esses monumentos, de mais de 5 mil anos de idade, foram construídos por humanos que, por alguma razão, queriam homenagear “alguém especial\’ com figuras de pedra dispostas de maneira específica.
Algumas correntes de pensamento do esoterismo britânico acreditam que os monumentos eram destinados exclusivamente ao culto da alquimia e feitiçaria. Outros estudiosos crêem que foram construídos com intuito de sinalizar algo a alguém, que só poderia ver os sinais a partir do céu. Os mais afoitos abraçaram a tese de que as \’Henge\’, como são chamadas carinhosamente pelo pessoal da região (são mais de 20 monumentos), foram construídas com auxílio de seres extraterrestres.
Sinais Deixados Por ETs – Ufólogos afirmam que os círculos seriam sinais deixados por ETs para comunicarem-se com a Terra, mas estes mesmos desconhecem seu significado. Do outro lado da questão, cientistas mais ortodoxos continuam achando que os monumentos não passam de calendários e relógios solares, o que seria no mínimo menosprezar sua grandiosidade e a do povo que os construiu.
De qualquer forma, é inusitado o fato de que os círculos, entre tantos e tantos campos de lavoura em todo o globo terrestre, \’escolheram\’ justamente a região das Henge para aparecerem. Seriam mensagens extraterrestres, como atribuem os ufólogos? Comunicações extradimensionais, como querem os esotéricos? Ou fenômenos absolutamente normais, como querem os cientistas que ainda não se sensibilizaram com os fatos? A teoria mais recente nesse leque de opções inclui ainda uma interpretação espírita para o fenômeno: os círculos estariam sendo produzidos por desencarnados que habitaram o local nos tempos em que as Henge foram edificadas. Seja como for, é opinião unânime na Inglaterra e toda a Europa: ainda estamos longe de uma resposta e, mais ainda, longe de vermos o fim do fenômeno dos círculos, que só cresce a cada ano.
A associação entre os círculos e os UFOs, no entanto, não deve de forma alguma ser descartada, pois há indícios claros que unem os dois fenômenos. Desde o aumento do surgimento das figuras nas plantações, ufólogos de vários países montaram acampamentos pelas regiões de lavoura, para realizarem vigílias noturnas. Em incontáveis ocasiões, os acampamentos ficavam distantes cerca de meio quilômetro entre um e outro, de forma que seria possível até ver o que cada um dos grupos fazia, acompanhando as luzes nas barracas e a movimentação. É desnecessário dizer que os grupos estavam fartamente munidos de equipamentos de detecção de anomalias aéreas, câmeras de fotografia e vídeo de alta sensibilidade e, nos casos mais exagerados, até radares, cintiloscópios e outros instrumentos que garantissem a detecção do fenômeno e seu registro apropriado.
Em alguns casos que se tomaram famosos, principalmente os registrados pelo Yorkshire UFO Society (YUFOS), estranhas bolas luminosas de cores que variavam do branco ao alaranjado foram detectadas, fotografadas e filmadas sobre locais onde, no dia seguinte, eram descobertos círculos. Em algumas ocasiões específicas — raras — as esferas luminosas realizavam pequenas manobras sobre a área a alguns metros do solo, emitindo um silvo estridente que cessava quando não eram mais visíveis. Esses registros, de sondas extraterrestres com certeza, fizeram com que os ufólogos aumentassem suas atividades em toda a área e, a cada novo círculo, novos acampamentos se formavam. Agora, em certas semanas de observação, os grupos se distanciam cerca de 200 a 300 m entre si, formando uma verdadeira rede de observação por inúmeros quilômetros de extensão.
O mais curioso de tudo isso, no entanto, é que as esferas luminosas só foram observadas algumas vezes. Na imensa maioria dos casos, os círculos eram descobertos pela manhã, simplesmente entre um acampamento e outro, sem que ninguém visse ou ouvisse (e os equipamentos registrassem) qualquer coisa. Isso sim é extraordinário e leva especialistas d
e todas as áreas do conhecimento a tentarem achar explicações para o fenômeno. Inutilmente. Os círculos – às vezes fantásticos conjuntos de várias figuras com mais de 200 m de comprimento – surgiam entre os acampamentos sendo que os observadores estavam ali ligados durante o tempo todo e nada viam.
No início do surgimento de figuras mais complexas, evidentes mensagens de alguma inteligência poderosa – seja ela extraterrestre, extradimensional, espiritual ou o que quer que seja – também passaram a ser encontradas. Seus fantásticos formatos fizeram com que as autoridades britânicas se interessassem de uma vez (oficialmente, é claro, pois já acompanhavam o fenômeno há mais tempo, em silêncio) pelas figuras. Chegou-se a se oferecer um prêmio de um milhão de libras esterlinas (cerca de 1,6 milhão de dólares) a quem encontrasse uma explicação definitiva para o fenômeno – de preferência atribuindo-lhe uma origem natural…
Foi nessa época que começaram a aparecer os fraudadores, de todas as origens, tentando abocanhar o quinhão. Uma dupla de velhinhos apáticos chegou a assumir a responsabilidade dos círculos, mas foi destronada por várias outras duplas, cada uma com uma mentira mais elaborada. O pior de tudo é que a imprensa de massa, simplista, desinformada e de má vontade para com o assunto, engoliu a história e a publicou, pretensamente “esclarecendo o mistério de uma vez por todas”. No Brasil, as revistas Veja e IstoÉ foram as que caíram no conto do vigário.
Fraudes – Logo se percebeu que, de fato, alguns sinais e círculos eram mesmo fraudados. Eles tinham aspecto mal feito, eram imprecisos e, em geral, pequenos. No entanto, as figuras maiores e mais complexas tinham características bem diferentes: eram precisas, limpas, simétricas e muitas vezes imensas. Algumas não poderiam nem mesmo ser notadas do solo: eram necessários aviões e helicópteros para visualizá-las do alto. Mais: estas figuras não tinham qualquer vestígio de pegadas, rastros de tratores, marcas humanas quaisquer etc. Simplesmente surgiam do nada, da noite para o dia, como se alguém quisesse nos dizer algo. Mas o que? Para complicar o quadro, estudos microbiológicos feitos com as plantas nos locais dos círculos indicaram alterações celulares e até genéticas na maioria delas.
Os pés de trigo, cânola (de onde se extrai óleo) e cevada, principalmente, continuavam até a crescer inclinados, dobrados, dentro das figuras. Alguns fazendeiros mais espertos e originais, dentre os tantos que foram prejudicados financeiramente pelo surgimento dos círculos em suas propriedades (não era só a perda de parte da colheita, mas o que os curiosos atrapalhavam para visitar os círculos), desenvolveram máquinas próprias que, acopladas às suas colheitadeiras, podiam colher os cereais inclinados. Outros fazendeiros passaram a cobrar uma taxa de quem quisesse visitar os círculos em suas propriedades. E outros, ainda, recebiam os curiosos com balas e foices, de tão revoltados que ficavam ao verem suas plantações danificadas.
Aparentemente, não há quem possa ficar imune aos círculos: eles simplesmente surgem do nada, sem escolher uma fazenda ou localidade específica na vasta região do sul da Inglaterra [Editor: a Revista UFO percorreu mais de 300 km em estradas vicinais em toda essa área, em fevereiro passado, e constatou sua abrangência]. O mais espantoso de todos os círculos, no entanto, foi descoberto em novembro passado. Este foi “confeccionado” em duas etapas, nas noites de 9 e 10 daquele mês, resultando numa figura magnífica que dificilmente poderia ser igualada pelo ser humano. O círculo tinha o formato de uma perfeita teia de aranha com dados geométricos interessantes. O mais surpreendente é que essa teia, de Avebury Henge (uma das Henges mais famosas), surgiu a poucos metros do centro de recepção dos milhares de turistas que visitam o local todos os dias e a não mais de um quilômetro de um movimentado vilarejo onde os habitantes têm o hábito de ficar acordados até tarde.
Na noite de 9 de novembro, uma parte da teia foi produzida sem que ninguém, absolutamente ninguém, visse ou ouvisse qualquer coisa. A confecção, ainda incompleta, foi descoberta por fazendeiros na manhã seguinte, atraindo grande quantidade de curiosos para o local. Foi anunciado por toda a região o surgimento de mais um círculo. Mas, para surpresa dos apressados, na noite seguinte a teia foi finalizada, recebendo novos traços e figuras que, somadas às da noite anterior, proporcionaram um espetáculo incrível para quem quisesse ver. Esse foi um dos mais inusitados casos de surgimento de círculos, entre os mais de 5 mil já descobertos em toda a região ao longo da última década. Ninguém consegue explicar como a teia de aranha de Avebury foi produzida, mas poucos se arriscaram a dizer que não se tratava de algo extraterrestre, extra-dimensional, místico, demoníaco, espiritual ou seja lá o que for. Se é assim, quem produziu essa teia, então?
Entre as explicações mais aceitas por todos os segmentos que se dedicam a acompanhar e registrar o surgimento dos círculos – que está em franco desenvolvimento há 12 anos, pelo menos – está a de que os desenhos nas plantações seriam sinais ou mensagens emitidas por alguma inteligência ou civilização que, por algum motivo, encontrou (ou escolheu) esse meio para comunicar-se com os terrestres.
Poucos Terrestres – Só falta agora explicar por que esta inteligência ou civilização optou por comunicar-se apenas com o poucos terrestres que habitam o sul da Inglaterra – embora alguns raros e esparsos círculos tenham sido encontrados também nos EUA, Canadá, Rússia, Austrália, Brasil e até Japão [Editor: veja extensa matéria a respeito em UFO 20]. E mais: falta ainda explicar por que essa inteligência ou civilização insiste em manter o mesmo tipo de diálogo, por mais que perceba – já que é inteligente – que sua mensagem não está sendo apropriadamente assimilada e entendida?
Durante a conferência que a Revista UFO participou em Birmingham (descrita na matéria anterior), esse autor foi questionado pela platéia sobre sua opinião a respeito dos círculos, considerando-se residir num país há mais de 10 mil km de distância do local e acompanhar os fatos apenas pelos noticiários especializados em Ufologia. Emiti a seguinte opinião: “acredito que uma civilização inteligente e avançada, cuj
a principal virtude é a paciência (talvez até por ter outras \’chaves\’ para utilizar o tempo-espaço), esteja há muitos anos (para nós) transmitindo mensagens e quer que as entendamos. No início, há 10 ou 12 anos, emitiram o que seria um abecedário, com sinais pequenos que formavam apenas um punhado de figuras distintas. Depois, passaram a agrupar esses sinais em figuras mais complexas, o que seriam as palavras e pequenas frases em nossa comparação. Posteriormente, há alguns anos, passaram a imprimir nas colheitas parágrafos inteiros e, infelizmente, incompreendidos por nós, na forma de figuras ainda mais complexas e intrincadas”.
“Hoje” – continuei – “essa civilização nos envia textos inteiros através dos mais recentes círculos, que são emaranhados de perfeita geometria entre inúmeras figuras precisamente arranjadas. Infelizmente, não conseguimos entendê-los pois perdemos o bê-a-bá quando não prestamos atenção nos primeiros sinais que foram descobertos, as nossas primeiras aulas. Nesse sentido, a paciência dessa civilização se verifica quando ela insiste em transmitir sinais e, às vezes, retransmití-los noutras áreas para que tenhamos nova chance de entendê-los. É como se fosse uma aula de recuperação para o aluno que se perdeu no início do ano letivo”. E finalizei: “o problema é que o aluno é muito burro ou desatencioso para aprender o conteúdo da matéria. O que lhe acontecerá, então? Será reprovado nos testes vindouros e amargará ter que continuar na mesma série, sem evolução, no próximo ano letivo, aqui representado por uma nova fase planetária”. O público presente ao evento, mais de 900 pessoas, com certeza nunca ouviu uma comparação dessas, tão esdrúxula para os formais padrões britânicos. Mas muitas pessoas retornaram sua opinião: a comparação é precisa! Ótimo, demos o nosso recado!
Seja como for, para aqueles leitores que ainda imaginam que os círculos são algumas pequenas e isoladas figuras sem importância, ou para aqueles que acham que tudo foi obra da dupla de velhinhos que a Rede Globo apresentou como autores das façanhas, apresentamos nestas páginas algumas das mais eloqüentes fotografias dos recentes círculos ingleses que conseguimos obter na Inglaterra, diretamente da fonte: os especialistas na temática. Essas fotos falam mais do que um milhão de palavras e duvido que alguém possa permanecer tranqüilo depois de observar bem seus detalhes. Arrisco-me a dizer que o fenômeno dos círculos ingleses talvez seja a ponta mais evidente de manifestação do Fenômeno UFO em si – senão a mais importante.
No Brasil, livro de autor inglês descreve os círculos
No Brasil há um livro, muito bem ilustrado com fotos coloridas, que descreve os círculos em detalhes. Trata-se da obra O Enigma dos Círculos, de Ralph Noyes, publicado pela Mercuryo. Embora lançado há 3 anos, quando o fenômeno dos círculos teve uma reviravolta significante, mudando seus rumos drasticamente, o livro é uma excelente fonte de consulta. Nele estão debatidas as principais teorias para explicar o fenômeno e são mostradas as opiniões de especialistas (prós e contras) envolvidos em sua pesquisa. O livro pode ser obtido nas melhores livrarias ou através do encarte das páginas centrais.