De uns anos para cá, a Ufologia, principalmente a praticada na internet, ganhou um novo termo ao seu vocabulário. Trata-se da palavra orb, que é aplicada para designar objetos esféricos ou circulares, geralmente pequenos, mas às vezes grandes, que surgem de forma misteriosa em fotografias diversas e não necessariamente ufológicas. Eles podem ter outros formatos mais incomuns, como traços, cilindros e figuras geométricas. Para muita gente, os orbs seriam um sinônimo de sondas extraterrestres, que estariam camufladas ou invisíveis ao olho humano em locais onde as fotos são feitas, e que aparecem apenas após a revelação do negativo – ou quando da observação mais cuidadosa da tela, no caso de câmeras digitais. Apresentam brilho, cor e transparência variável e aparecem nas mais diversas situações.
Os orbs não são visíveis no momento em que as fotografias são batidas. Em muitas ocasiões, são feitas em ambientes domésticos, por pessoas comuns e que não detêm quaisquer conhecimentos de manipulação fotográfica. Eles simplesmente aparecem, depois, em algumas poses das fotos reveladas. Mas o que seriam? Sondas ufológicas? Fantasmas? Seres de outras dimensões? Imagens do além? Energias espirituais? A teoria mais corrente e popular é que seriam pequenos globos de energia enviados pelos extraterrestres, invisíveis a olho nu. Mas não é nada disso, caro leitor! A verdade é que existe uma explicação comprovada e bem terrestre para tal “fenômeno”, e por incrível que pareça poucos fotógrafos profissionais a conhecem. No entanto, devido ao desconhecimento das pessoas em geral, os orbs são alvos dos mais diversos tipos de mistificações. De fenômenos espirituais a ufológicos, há dezenas de “explicações” para eles, todas ligadas às crenças de seus interlocutores. Nessas circunstâncias, os orbs acabam assumindo o papel de prova de algo sobrenatural e são transformados em reforçadores das crenças em questão.
O termo orb é inglês, começou a ser difundido e é muito utilizado nos Estados Unidos. Sua tradução literal é globo, que expressa basicamente sua aparente forma física. A palavra foi importada pelo Brasil para também designar o fenômeno, embora de forma bem mais modesta. De fato, em nosso país, os orbs ainda não são alvos de grandes atenções e não se criou tanta mistificação ao seu redor, como noutras nações. De qualquer forma, eles estão por aí, como se vê num exemplo típico de mistificação numa cerimônia supostamente esotérica de uma entidade que se intitula Grupo de Canalização do Entroncamento. Numa sessão que teria ocorrido no dia 16 de fevereiro de 2004, o grupo canalizou uma transmissão que seria, alegadamente, do arcanjo Sandalfon: “Essas bolinhas de luz, a que chamais de orbs, são a energia potencial que tem sido derramada sobre o vosso planeta. São formas de luz com vida própria que podeis usar dirigindo-as para os locais onde achais que tal luz deve ancorar. Esta energia foi tornada visível perante os vossos olhos, pois ainda sois bastante agarrados à matéria, apesar de alguns de vós já estarem trabalhando com essa luz”.
A mensagem, supostamente canalizada, dá até uma utilidade para os orbs: “Usai essas luzes para os propósitos evolutivos que a vossa voz interior vos indicar. Apenas com a força do vosso pensamento ela pode ser manipulada. O propósito só pode ser evolutivo. Dessa forma, essa luz, multiplica-se exponencialmente. Então, luz gera luz, que gera mais luz. E a vibração subtiliza-se. Este é um trabalho que podeis fazer”. A título de esclarecimento, arcanjo seria um anjo da ordem superior. A Bíblia cita três deles: Gabriel, Miguel e Rafael. O Grupo de Canalização do Entroncamento é um dos poucos exemplos brasileiros que teve sua atenção despertada para os orbs. Já nos Estados Unidos há um grande número de pesquisadores lidando com o assunto, principalmente os grupos conhecidos como caça-fantasmas. Dentre eles destacamos Dave Oester, fundador da International Ghost Hunters Society [Sociedade Internacional de Caçadores de Fantasmas].
Caçando fantasmas — Oester pesquisa casos envolvendo fantasmas desde 1990. Sua motivação, segundo ele, foi ter ido morar numa fazenda em Seaside, Oregon, que afirma ser assombrada pelo espírito de uma pequena menina que havia morrido no local, há muito tempo atrás. Nessa casa aconteciam diversos fenômenos perturbadores, como sons de passos no assoalho e na escada, quando não havia ninguém no local. Tentando encontrar uma explicação racional para tais fenômenos, passou a se dedicar à pesquisa de casos em regiões tidas como assombradas. Não demorou muito para Oester registrar orbs nesses locais. Em anos de pesquisas, ele chegou a algumas conclusões. Para ele, todas as criaturas vivas têm uma “força da vida”, conhecida como alma ou espírito, que a sustenta. Quando alguma criatura morre, seu corpo se deteriora. Porém, sua força de vida sobrevive, pois energia não pode ser destruída, apenas transformada – e os famosos orbs poderiam ser tal energia, cuja forma esférica seria o padrão básico no mundo dos espíritos. Para Oester, os orbs são sérias evidências fotográficas do mundo dos espíritos e, com isso, deverão se tornar objetos de estudo de uma nova ciência sobre a vida após a morte.
Baseado nessas convicções, o pesquisador especula que a diferença no tamanho e nos aparentes formatos dos orbs reflete os diferentes tipos de espíritos, que foram fotografados como humanos, animais ou vegetais. Mas seriam mesmo espíritos desencarnados ou uma energia potencial constantemente derramada sobre o nosso planeta por entidades divinas, como afirmam outros estudiosos? Afinal, o que os orbs são realmente? Fazendo referência à famosa série de televisão Arquivo X, que insiste em que “a resposta está lá fora”, também especulamos a respeito. Mas não no mundo dos espíritos ou dos extraterrestres, e sim no mundo da poeira, das micro gotas d’água, dos aerossóis [Partículas suspensas no ar], dos insetos, dos fungos na lente das câmeras e em qualquer superfície com capacidade de refletir a luz do flash da máquina fotográfica. Para nós, os tão festejados orbs têm explicação bem mais terrestre do que gostariam os místicos.
Para entendermos a mecânica do efeito orbs é preciso compreender um pouco o funcionamento das câmeras fotográficas – ponto central de sua manifestação. Quando se faz uma foto de algum objeto ou de alguém, na verdade se está registrando em filme os feixes de luz refletidos pela cena. Nossa capacidade de enxergar se deve ao fato de que nossos olhos, enquanto órgãos sensoriais, registram as luzes refletidas por tudo que está a nossa volta. E é justamente essa capacidade de refletir luz da mat&eacut
e;ria que nos permite discriminar as cores. Um objeto qualquer é vermelho, por exemplo, porque absorve todas as cores do espectro da luz branca e reflete somente a vermelha. Se a luz não fosse branca, e sim de uma outra cor qualquer, viríamos esse vermelho diferente, resultante da luz que o iluminou e o que foi refletido. A cor branca corresponde aos objetos que refletem todo o espectro da luz branca, que pode ser decomposta por um prisma, como se vê num arco-íris. Já a cor preta é referente aos objetos que absorvem todo o espectro da luz. Em outras palavras, o branco é a mistura de todas as cores, enquanto que o preto é a ausência delas.
Lentes e luzes — O funcionamento das câmeras fotográficas tem o mesmo princípio: registrar as luzes refletidas. Os objetos que estão em foco na cena que será fotografada terão seus feixes de luz passando pela lente. Ao atravessarem-na, esses feixes sofrem refração e convergem para o centro do diafragma do equipamento fotográfico. Como o diafragma se abre no momento em que a foto é batida, os feixes de luz acabam atingindo uma segunda lente, que se encontra atrás do diafragma. Nela, eles sofrem nova refração e atingem o filme fotográfico totalmente focalizado. Na realidade, na área da objetiva da câmera temos diversas lentes que vão fazer os feixes atingir o filme fotográfico, devidamente em foco. Aqui está sendo apresentado um exemplo simplificado para fácil entendimento.
Os feixes de luz de objetos que estão fora de foco, na cena, acabam provocando uma situação diferente. Quando seus feixes passam pela primeira lente e sofrem refração, não convergem exatamente para o centro do diafragma. O ponto de convergência fica entre o diafragma e a segunda lente. Com isso, parte deles é bloqueada pelas paletas metálicas do diafragma. Os feixes restantes que atingem a segunda lente acabam reproduzindo exatamente o formato do diafragma da câmera fotográfica e a segunda lente, por sua vez, os refrata para o filme fotográfico fora de foco.
No desenho acima vemos uma representação do caminho percorrido pela imagem em foco, representado pelo ponto 01, e quando atinge o filme em foco, ponto F1. Também visualizamos o caminho da imagem fora de foco, ponto 02, que atinge o filme fora de foco, F2. O ponto 03 mostra a imagem em foco sendo refratada no centro da abertura do diafragma, enquanto que o ponto 04 mostra como a imagem fora de foco converge num ponto entre o diafragma e a segunda lente. Repare que, nesse caso, parte da imagem fora de foco fica bloqueada pelas paletas do diafragma. É importante que se entenda que nem sempre o formato do diafragma é reproduzido no filme com precisão. Como estão fora de foco, as figuras tendem ao formato circular, que é quase sempre o dos diafragmas, compostos de paletas que têm a função de regular a quantidade de luz que vai entrar e atingir a segunda lente para, finalmente, ser refratado para o filme fotográfico.
Orbs nas fotos — É exatamente isso que ocorre quando o flash da máquina fotográfica atinge coisas como partículas de poeira que se encontram flutuando no ar e próximas à lente da câmera. A luz do flash refletida atinge a lente fora de foco e chega até o filme com a forma do diafragma da câmera. Porém, como estão fora de foco, tendem ao formato circular. Assim, surgem os orbs nas fotografias reveladas, nunca visíveis a olho nu. Temos uma situação diferente em algumas câmeras digitais amadoras, já que estas não possuem diafragma, pois o controle de exposição e intensidade de luz é realizado diretamente pelo sensor Charge Coupled Device (CCD) – sistema de amplificação da luz. Simplificando sua descrição e funcionamento, podemos dizer que é?um aparato eletrônico de captação de imagens. Nessas câmeras a abertura da lente é circular e permanente, o que produz esferas de fato em reflexos fora de foco. Alguns modelos de câmeras digitais profissionais têm o diafragma convencional.
Philip Carr, pesquisador e colaborador da revista Fortean Times [www.forteantimes.com], chegou a uma conclusão similar. Buscando uma resposta definitiva para os orbs, realizou uma experiência interessante em que deixava cair pó de canela em frente à lente de sua câmera fotográfica. Conclusão: fez vários registros belíssimos de orbs que nada mais eram que do que o reflexo do flash de sua câmera fotográfica no pó de canela. O engenheiro Claudeir Covo, presidente do Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (INFA) e co-editor da Revista UFO, é uma das pessoas mais qualificadas nesse assunto em nosso país. Depois de décadas pesquisando fotos supostamente ufológicas, pôde reproduzir muitas delas em suas experiências. Covo garante que não são apenas partículas de poeira suspensas no ar que produzem esses efeitos orbs nas fotografias. Micro gotículas d’água, muitas vezes presentes na lente objetiva, e a reflexão de alguma superfície brilhante no ambiente, tal como pequenos pedaços de mica ou malacacheta – grãos de areia?que brilham intensamente com a luz do Sol na praia –, também podem produzir um efeito similar.
O pesquisador garante, por experiência própria, que até o bico de um sapato bem polido pode vir a refletir a luz do flash e, com isso, acabar resultando num aparente círculo de luz fora de foco no filme fotográfico. Entre os muitos casos que Claudeir Covo já analisou há um envolvendo algumas fotografias de um casamento realizado em Cambuí (MG). Numa das fotos, há sete reflexos muito parecidos com os orbs, no lado esquerdo superior. Apesar de terem um formato aparentemente esférico, uma observação apurada com lente de aumento revelou que eram figuras octogonais fora de foco. Ou seja: a forma física do diafragma da câmera fotográfica. Ficou evidente, que a luz do flash da máquina fotográfica refletiu as superfícies polidas, no fundo da foto, dentro da igreja. Provavelmente, o proprietário das imagens não deve ter ficado muito feliz com o laudo expedido pelo INFA, uma vez que ele tinha interesse em fazer um livro sobre a presença daqueles inusitados objetos nas fotos.
Produzindo um orb — De fato, qualquer coisa que venha refletir a luz do flash fora de foco acabará, com grande probabilidade, produzindo um orb numa foto. Não é à toa que os grupos de pesquisas de “assombrações” norte-americanos, os populares caça-fantasmas, registram várias vezes orbs em suas fotografias. Normalmente, eles realizam suas pesquisas em lugares como cemitérios, e o simples andar pelo local pode levantar poeira no ar. Também não é por acaso que lugares ermos e de pouco acesso público costumam produzir maior quantidade de orbs, já que nesses locais há uma grande concentração de poeira suspensa no ambiente. Mas é importante que fique claro que qualquer ambiente, por mais limpo que seja
, dificilmente estará totalmente isento de partículas de poeira e afins. Também é importante entender que a superfície de qualquer material que refletir a luz do flash na lente da objetiva pode gerar reflexos. Assim, surgem os orbs nos mais diversos tipos de situações e ambientes. Até mesmo em fotografias domésticas.
A título de curiosidade, outro fenômeno interessante que ocorre em lugares como cemitérios e pântanos é o fogo fátuo. Todo corpo orgânico em putrefação libera gás metano que, nas noites sem vento, começa a se concentrar no ar. Se a temperatura do ambiente estiver alta, como nas típicas noites de verão, o metano pode sofrer combustão espontânea. Embora não seja similar aos orbs, esse fenômeno pode dar margem a especulações sobrenaturais. Afinal, o que se observa é uma chama que pode atingir até três metros de altura, de coloração azulada e com duração de alguns segundos.
Dispositivos divinos — Mas é importante notar que muitos pesquisadores, mesmo conscientes de que os orbs foram devidamente explicados como um acidente fotográfico comprovado, continuam firmes em suas convicções de que são espíritos desencarnados, almas penadas, assombrações, forças de vida, seres de outras dimensões ou até mesmo “dispositivos divinos” ou extraterrestres enviados ao nosso planeta para algum propósito maior que nós, pobres mortais presos à matéria, possamos compreender.
Troy Taylor, presidente da American Ghost Society [Associação Norte-Americana de Fantasmas], é um bom exemplo desse tipo de comportamento. Segundo declarações do próprio Taylor, desde criança ele sempre se interessou por histórias de fantasmas e assombrações. Ainda adolescente, foi com uns amigos de escola visitar um cemitério supostamente assombrado. Logo que chegaram ao local, o farol do carro se apagou misteriosamente. Ele alega que aquele momento marcou sua vida e, desde então, passou a pesquisar casos de assombrações. E como era de se prever, foram registrados orbs durante a pesquisa de inúmeros casos.
Mesmo o pesquisador Taylor assumindo que partículas de poeira e afins podem produzir orbs nas fotos, ele afirma categoricamente que suas pesquisas permitiram verificar que existem orbs falsos e verdadeiros. Os verdadeiros seriam os mais densos e não permitem que se enxergue através deles. No entanto, o fato de serem mais ou menos densos – a palavra certa seria transparentes –, não significa nada além da quantidade de luz que foi refletida e registrada no filme por aquele objeto, no momento em que a foto foi batida. Se a partícula de poeira, por exemplo, for feita de um material que tem uma alta capacidade reflexiva, o orb que ele vai gerar será bastante nítido e menos transparente. Taylor também garante que se um orb está em movimento, então pode realmente ser genuíno. Mas poeira suspensa no ar não se movimenta?
De todos os argumentos de Taylor a favor da veracidade dos orbs, o mais absurdo está na colocação que os falsos sempre teriam a cor branca ou azul muito clara. Na verdade, os reflexos podem ter qualquer cor, o que dependerá exclusivamente da tonalidade da fonte de luz que o iluminou e da própria cor do objeto que gerou o orb. Uma lâmpada de vapor de sódio, por exemplo, apresenta um reflexo amarelo. Já a luz de uma lâmpada de vapor de mercúrio gera um reflexo que varia entre várias tonalidades, de azul a roxo. Então, a cor de qualquer reflexo depende simplesmente do tipo de luz que está atingindo o objeto, além da qualidade reflexiva que o material possui.
Acompanhando esse texto há uma foto em que o Sol foi focalizado no lado esquerdo da imagem. Repare a intensidade dos raios que geraram um reflexo vermelho a frente, sendo que no centro aparece um pequeno círculo amarelo tendendo para o branco. Na verdade, isso ocorreu porque o tempo de exposição prolongado a uma forte fonte de luz começou a queimar os cristais de prata do filme – o que, popularmente, chamamos de “velar o filme”. Trata-se de um reflexo de cor vermelha e seguramente, mesmo não sendo de cor branca ou azul clara, não é nada mais do que um mero reflexo da luz do Sol na lente da câmera.
Percepção equivocada — Convicções e crenças pessoais à parte, certamente o melhor caminho para se fazer uma pesquisa ufológica – aliás, uma análise em qualquer área – é aceitar os fatos como eles são, e não como gostaríamos que fossem. Já houve quem afirmasse ser possível distinguir rostos e figuras específicas nos orbs, como se eles tivessem uma identidade. Esse fenômeno é explicável pela pareidolia, um tipo de ilusão ou percepção equivocada em que um estímulo vago, obscuro e caótico é percebido como algo claro e distinto. Quantos de nós não ficamos olhando à toa para as nuvens e acabamos, num dado momento, percebendo um rosto? Um exemplo típico de pareidolia foi muito divulgado na internet com os ataques sofridos pelo World Trade Center, nos Estados Unidos. Algumas fotos, que continham fumaça das explosões dos aviões nos prédios, lembravam claramente a figura de um demônio. Nem é preciso dizer que isso deu margem para todo tipo de mistificação absurda.
Desde o ano de 1889 os peritos judiciais utilizam a técnica Heinrich Dräger para analisar a quantidade de partículas diversas em suspensão no ar. Através da bomba de Dräger, que é uma espécie de bomba de vácuo, o ar é sugado e as partículas suspensas no ar são depositadas em um filtro especial, que é depois submetido a uma análise quantitativa e qualitativa. Tendo como uma tabela discriminando os níveis aceitáveis de contaminação do ambiente, chamada NR-15, os juízes determinam então se o ar de um recinto é considerado insalubre, para fins de legislação trabalhista. Milhares de cientistas ao redor do planeta utilizam essa e outras tecnologias para avaliar a qualidade do ar. E se os orbs existissem como algo físico e palpável, como é possível que até hoje eles não foram descobertos por esse e outros métodos?
Antes de finalizar, é bom que o leitor compreenda que as sondas ufológicas existem e são reais – a expressão é usada na Ufologia para designar pequenos objetos aéreos não identificados, embora não exista de fato qualquer prova conclusiva de que se tratem
de dispositivos com controle remoto destinados à exploração do planeta. O caso envolvendo a filmagem de uma suposta sonda em Capão Redondo (SP) é uma ótima evidência. No entanto, hoje, infelizmente, muitos casos de reflexos são confundidos com registros ufológicos reais.
Agora, vamos supor que você esteja num ambiente de pouca luz com uma câmera fotográfica e vai fazer uma foto de um amigo. Você está usando um flash e, no exato momento em que bate a foto, uma mosquinha passa na frente da lente de sua máquina, a pouca distância. Parabéns, caro leitor, você pode ter produzido um orb na sua fotografia. Mas você resolve fazer a foto novamente, só que sem usar um flash. E a mosquinha, muito atrevida, resolve passar mais uma vez na frente da lente de sua câmera, no momento em que registra a imagem. Sabe o que você produz agora, nessa nova foto sem a utilização do flash? Se pensou em um orb, lamento, errou! O que você pode ter produzido na foto é um rod. Um orb que se transformou em um rod! Pense nisso e tire suas próprias conclusões…
O efeito coma em fotos de UFOs
Não é apenas o flash da câmera fotográfica que pode produzir reflexos em sua lente. Diversas fontes de luz, como o Sol e as luminárias das casas ou das ruas, também podem causar reflexos que acabam sensibilizando o filme. O fenômeno conhecido pelo termo técnico coma ocorre devido à incapacidade da lente objetiva de formar uma imagem pontual oblíqua, produzindo em seu lugar uma mancha de luz assimétrica. Esse reflexo também é conhecido como “cauda de cometa” porque, dependendo da intensidade da fonte luminosa, o reflexo pode gerar um segundo que, por sua vez, gera um terceiro reflexo e assim sucessivamente. Não há limite para a quantidade de reflexos que são gerados e isso depende exclusivamente da intensidade de luz da fonte luminosa, do tempo de exposição e da abertura do diafragma.
É muito importante que os ufólogos e entusiastas percebam bem como o coma acontece, pois, neste caso, não estamos falando simplesmente de orbs, mas de fotos supostamente legítimas dentro da casuística ufológica. Esse reflexo é o que mais confunde as pessoas, e muitas vezes fotos que o contém são tomadas como imagens reais de UFOs. É interessante ressaltar também que esse tipo de reflexo pode gerar imagens que realmente parecem bastante densas e materiais. Como todo reflexo, o coma não é visto pelo fotógrafo no momento em que a foto é batida, já que o reflexo ocorre na lente da máquina fotográfica e não no ambiente. E quando a fotografia é revelada, ele surge nitidamente na cena. Podemos demonstrar um exemplo típico desse tipo de reflexo. A foto abaixo foi extraída da página 14 da revista Veja de 31 de julho de 2002. Repare que na imagem há uma série de pontos luminosos no céu e uma porção deles no chão. Na imagem abaixo, indicamos os pontos com setas brancas. Seriam orbs? A resposta é não! Tratam-se apenas de reflexos coma, cujas fontes luminosas foram as várias luminárias na parte superior da imagem. Com um papel transparente sobre a foto podem-se fazer riscos ligando as fontes de luz e seus respectivos reflexos, como indicado na terceira imagem.
Repare que todos os riscos de ligação entre as fontes luminosas e seus respectivos reflexos se cruzam. Se a foto for publicada na íntegra, sem quaisquer cortes em suas bordas, esse ponto de cruzamento ocorrerá bem no centro da fotografia. Agora imagine uma foto desse mesmo ambiente, só que focalizando o céu e mantendo-se as luminárias na extremidade inferior da fotografia. O resultado será vários pontos luminosos no céu escuro – algo facilmente associável aos UFOs. Esse tipo de reflexo gera muita confusão entre fotos ufológicas. Para isso, apresento também a imagem de um homem esquiando na neve, que serve como exemplo para ilustrar porque esse reflexo é também conhecido como cauda de cometa. Foi a luz do Sol, bastante intensa, que gerou um reflexo. Este, por sua vez, ainda tendo grande luminosidade, gerou um segundo reflexo e assim sucessivamente. Como resultado, apareceram vários pontos alinhados com a fonte de luz. É esse efeito que faz com que o fenômeno coma seja também conhecido como cauda de cometa.