Horace Crater
Analisando-se as imagens feitas pela Viking e pela Surveyor a respeito das formações de Marte pode-se tirar algumas conclusões. Sobre o chamado Quarteirão, ou “praça”, observa-se que apenas cinco dos doze pequenos montes que eram vistos nas fotografias da Viking estão presentes nas fotos obtidas pela Mars Global Surveyor – três dos quais facetados grosseiramente e dois simétricos ao redor de um eixo. Com relação à esfinge percebe-se simetria semelhante a uma cabeça humana, sendo notável uma cavidade ocular e a possibilidade da existência de uma outra. É bastante perceptível a aparência facial da estrutura. As fotografias de ambas as sondas foram tiradas mais ou menos por cima da cabeça, de um ângulo elevado. Mas, nas da Viking, uma das faces está oculta pela sombra do Sol, enquanto que com a Surveyor o Sol permanecia à leste e o ângulo de visão da câmera era em torno de 45 graus, realçando um grande número de detalhes não presentes na primeiras imagens, de 1976. São necessários profissionais – um artista ou um perito forense – que saibam julgar os traços faciais no rosto humanóide, mesmo que os pesquisadores percebam esses sinais.
O que dificultou as coisas no início foi que a primeira imagem produzida pelo Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) foi realçada de maneira a parecer que a esfinge havia sido esmagada por um pé. Como o fator da erosão não pode ser descartado, argumentos que relacionam traços individuais a estruturas naturais sejam talvez uma conclusão precipitada. Por outro lado, esses indícios poderiam ter mais força se alguém apontasse para outros locais semelhantes, que se mostram erodidos individualmente. São imprescindíveis mais imagens – em particular as feitas por sobre a cabeça ou tomadas do lado leste e, de preferência, que o Sol esteja à leste – para um julgamento definitivo a respeito.
Vincent Di Pietro
Notam-se algumas falhas nas análises das fotografias da esfinge em Cydonia. O lado que está iluminado pelo Sol nas fotos da Viking aparece nas fotos da Surveyor na escuridão. Portanto, muito pouco detalhe pode ser visto, a menos que um contraste extenso seja feito para revelar algum sinal. As imagens da primeira sonda foram tiradas diretamente sobre a cabeça marciana, a 90 graus na vertical, tendo a esfinge sido registrada totalmente centralizada. O outro aparelho fotografou a ângulo lateral do monumento, num deslocamento de 45 graus para a vertical. O primeiro indício para esta perspectiva angular foi observado na forma alongada da pequena cratera localizada no lado inferior esquerdo da face – na Viking esta formação era redonda, sendo que a curvatura pouco pronunciada do terreno sugeria uma superfície suavemente curva. Observa-se também uma estreita porção representando menos de 25% do lado direito. Enfim, as fotos da Viking e as da Surveyor têm características extremamente diferenciadas entre si, talvez por circunstâncias dos vôos e missões das duas sondas, talvez por manipulação dos fatos pela NASA.
Há vários detalhes encontrados na área acima das sobrancelhas. Esta inclui uma espécie de X, que está centrado acima do nariz, além de um objeto vertical dividindo este e outros ornamentos neste local. Acredito firmemente que a imagem feita pela Surveyor no ângulo de 45 graus rende muito pouco em termos de dados adicionais sobre a porção central da esfinge e não soma nada ao conhecimento do lado que nós nunca vimos. A fotografia é proveitosa somente na verificação da simetria bilateral da estrutura, no contorno da área do “cabelo” desta e na simetria dos objetos encontrados na “testa”. Se imagens adicionais não forem produzidas pela sonda norte-americana ou outra espaçonave, acredito que o rosto de Marte ainda não possa ser considerado como obra natural.
Mark Birdsall
Mars Global Surveyor da NASA está agora engajada em focalizar algo em torno de 200 lugares que são considerados de interesse científico em Marte. Os pesquisadores de Cydonia analisaram as últimas imagens em alta resolução, que mostram uma cratera desconhecida no hemisfério sul do planeta, com diâmetro de 50 km e vestígios de ser um grande reservatório de água. Há duas surpreendentes características geomórficas na cratera. A primeira é que sua parede [foto] mostra algo semelhante a vestígios de um leito de água corrente. Há também o contato do material iluminado da parede com os do solo escuro, que se supõe, pela formação de baías e penínsulas, que sejam sinais de um reservatório de água. No entanto, outro fluído que não a água poderia ser responsável pelas imagens captadas pela última missão da NASA ao planeta, ainda que a agência relute em admitir qualquer anormalidade nas diversas fases de exploração de nosso planeta vizinho.
Não é primeira e nem será a última vez que estudiosos olharão Marte com suspeita. Desde a descoberta das peculiaridades do satélite Phobos é que estudiosos vêm notando que o Planeta Vermelho é uma inesgotável fonte de mistério. E isso é espantoso para o homem terrestre por um motivo prosaico: nós mal começamos a explorar o Universo, limitando-nos a enviar alguns poucos homens à Lua e naves não tripuladas a Marte, e já notamos que não sabemos absolutamente nada sobre o espaço que nos circunda. Se em Marte já observamos tamanha quantidade de incongruências e estranhos vestígios, imaginem quando formos capazes de viajar a mundos mais distantes da Terra?