Confrontados com o questionamento sobre a existência de vida extraterrestre, os cientistas se dividem. Dentro da comunidade acadêmica, os que são céticos alegam que apenas formas de vida muito simples poderiam ser encontradas em outros planetas, mas insistem em que a vida inteligente somente é possível na Terra. Baseiam-se no fato de que nosso mundo possui atributos físicos únicos, incluindo um campo magnético que desvia raios cósmicos mortais e uma Lua que absorve asteróides e faz com que o eixo vertical do planeta não flutue loucamente. Estas características protetoras, que não estariam presentes facilmente em outros orbes espalhados pelo cosmos, fariam da Terra um lugar singular e seguro para a evolução de formas primitivas em seres inteligentes.
No lado oposto, cientistas mais ousados lançam mão de equações matemáticas complexas para demonstrar a possibilidade de haver vida extraterrestre no espaço exterior. Baseiam-se, principalmente, na famosa Equação de Drake, que une a probabilidade de descobrir inteligência extraterrestre a fatores diversos e mensuráveis, como o tamanho do universo e o número de estrelas com sistemas e planetas parecidos com o nosso [Veja edição UFO Especial 37]. Com o descobrimento de novos planetas além do Sistema Solar, os chamados exoplanetas – até agora já encontramos cerca de 300, e a cada dia surgem novos registros –, aumentam as probabilidades de encontrarmos vida inteligente fora da Terra. Ou seja, o que é óbvio para os ufólogos há décadas, começa a ser uma suspeita para certos segmentos da comunidade acadêmica.
O primeiro contato
Apesar deste desencontro entre os diversos segmentos científicos, que ainda estão longe de abraçar unânimes uma posição quanto à existência de outras espécies inteligentes no universo, os Estados Unidos, assim como outras potências mundiais, já têm preparada uma série de dispositivos de emergência nuclear e de defesa biológica para quando ocorrer o primeiro contato em massa com uma civilização extraterrestre. Pouca gente sabe disto, mas o governo norte-americano estima que isso possa de fato ocorrer, e encara tal situação de maneira similar a uma invasão de seu território por outra potência, com um conjunto de medidas que podem ser implementadas de imediato. E se é assim, é certo que reconhecem que estamos mesmo sendo observados por outras formas de vida – porque, se não fosse assim, que razão teriam os EUA para se prepararem para isso, com tantos esforços e gastos?
Uma possibilidade que se aguarda é a de que a humanidade venha a saber da existência de civilizações extraterrestres de modo oficial, isto é, que obtenhamos a prova indiscutível de que não estamos sós. A comunidade ufológica defende que esta prova já existe há décadas, abundantemente, mas que as potências mundiais a escondem em seu processo de acobertamento ufológico. Para a comunidade acadêmica, a prova teria que vir de esforços como o Projeto SETI [Search for Extraterrestrial Intelligence ou Busca por Inteligências Extraterrestres], que, com financiamento privado, usa radiotelescópios do mundo inteiro para varrer o céu e, assim, captar sinais de rádio eventualmente emitidos por civilizações avançadas. Nada além disto é sequer cogitado pelos meios científicos. Porém, se alguma destas civilizações receber a mensagem que estamos enviando, a entender e responder, ou se por acaso também estiver emitindo sinais, poderemos ainda levar muitos anos e até décadas para saber, por causa das enormes distâncias que nos separam. Isso apenas retardaria nossa preparação para o primeiro contato oficial em escala global.
Lamentavelmente, apesar de uma iniciativa louvável, o SETI só pode observar pequenas porções do céu, de forma que qualquer sinal de civilizações extraterrestres provavelmente nunca será registrado. Já os ufólogos dizem que se trata de uma perda de tempo, uma vez que os UFOs já estão se mostrando cada dia mais em todo o planeta. Outra opção que seria aceita pela comunidade científica é a de que se descubra, através de grandes telescópios, que uma nave espacial alienígena esteja se dirigindo para a Terra. Isto causaria uma revolução nos meios acadêmicos, mas significaria que os visitantes estariam apenas alguns dias ou mesmo poucas horas de se apresentarem em nosso planeta. Estas são apenas duas possibilidades consideradas cientificamente.
Protocolo de ações
A resposta da Terra ao primeiro encontro extraterrestre já foi prevista, estudada e está relatada em um acordo internacional chamado Declaração de Princípios Acerca de Atividades Depois da Detecção de Inteligências Extraterrestres, escrito por um comitê de cientistas do Projeto SETI. Neste documento se expõe detalhadamente o que os astrônomos deveriam fazer e o que não fazer, imediatamente após o primeiro contato. Talvez o aspecto mais surpreendente do texto seja o que diz que os cientistas que o receberam e ratificaram concordam em manter as notícias de um contato iminente sob sua tutela, e estudá-las em profundidade antes de dá-las ao conhecimento do resto dos astrônomos, das autoridades e da população.
A declaração também estabelece diretrizes específicas quanto à proteção das freqüências de rádio que as civilizações alienígenas poderiam eventualmente usar para se comunicarem com a Terra, dentro do processo de aproximação. Entre tais regulamentos está o de que, quando se confirmar que um sinal de rádio provém de uma fonte extraterrestre, a União Internacional de Telecomunicações (UIT) já estaria instruída para ordenar aos governos do mundo inteiro que proíbam o emprego de tal freqüência, deixando-a livre para uso oficial, sem interferências. Estes primeiros protocolos de contato foram colocados à prova durante 12 horas, no ano de 1999, quando os astrônomos do SETI receberam o sinal de um possível contato. A emissão captada se repetia de maneira regular, dando mostras de ser artificial, e era emitida diretamente à Terra de uma distância de mais de 1,5 milhões de quilômetros. A primeira prioridade dos cientistas foi alertar aos radioastrônomos associados ao programa, no mundo inteiro, para orientarem seus instrumentos em direção à fonte do sinal, que provinha de um objeto imóvel e distante.
Douglas Vakoch, cientista do SETI responsável pela preparação da resposta da Terra a uma mensagem extra
terrestre, comenta o que se passou depois. “Neste ponto, não quisemos dar um falso alarme à população. Mas, passadas algumas horas de grande incerteza e estudos, a equipe do SETI identificou o sinal como uma transmissão do observatório SOHO [Solar and Heliospheric Observatory ou Observatório Heliosférico e Solar], um aparelho para observação e estudo do Sol localizado em uma órbita quase imóvel e aproximadamente a 1,5 milhões de quilômetros da Terra”. Assim, foi desfeita a expectativa em torno de um primeiro contato oficial com ETs. Vakoch informou ainda que as diretrizes do SETI para esta ocasião, contidas na declaração, não têm nenhuma força legal, e que foram redigidas com a esperança de se obter o ponto de vista mais amplo e racional sobre a matéria. Mesmo assim, o governo dos Estados Unidos está preocupado quanto a este primeiro contato e tem suas próprias idéias e planos para quando ocorrer, tendo como pressuposto que os visitantes sejam potencialmente perigosos.
Convite cósmico tentador
Em 1972, os engenheiros da NASA lançaram ao espaço a sonda Pioneer 10, a primeira missão espacial que viajaria para fora do Sistema Solar, após explorá-lo detidamente. Ela foi planejada para atingir a estrela Aldebaran, na Constelação do Touro. A agência espacial norte-americana, ignorando as pressões do governo do próprio país quanto aos perigos de um suposto contato com uma raça extraterrestre avançada, incluiu na bagagem da sonda uma placa de ouro com uma gravação que mostra num mapa a posição da Terra no espaço e o desenho de um casal humano, além de muitas outras informações sobre nosso mundo, espécie e atividades. Isso foi considerado por muitos como um “convite” para que nos visitem, caso a Pioneer 10 fosse interceptada por civilizações inteligente.
Ocorre que, se uma raça alienígena encontrasse a Pioneer e resolvesse atender ao convite, e assim se apresentasse na Terra para um contato com os seres humanos, ela seria imediatamente aprisionada pelos agentes da Brigada Criminal de Investigação dos Estados Unidos, seus emissários seriam enfiados em trajes de biossegurança e levados ao Departamento Central de Enfermidades Animais, em Long Island. Mesmo que estivesse com a placa da Pioneer nas mãos, a prova do convite formulado. Se não resistissem ao tratamento recebido, os extraterrestres que viessem até aqui, atendendo ao “chamado” que mandamos, ainda seriam estudados e submetidos a todos os tipos de exames médicos e científicos. E sua nave seria igualmente imobilizada e transportada a um lugar isolado por uma equipe do Departamento de Emergências em Energia Nuclear, possivelmente secreto e seguramente no Novo México, para ter sua tecnologia investigada.
Este protocolo de boas-vindas é a cadeia de acontecimentos que, até então, o governo dos Estados Unidos preparara para o dia de um possível primeiro contato com uma civilização extraterrestre avançada. Como se vê, não é nada amistoso e nada tem de boas-vindas. Imediatamente ao contato, e após tomadas as providências acima, as diretrizes governamentais prevêem a emissão de um aviso global sobre o contato e que ações foram exercidas para que transcorresse sem riscos à humanidade. É inverossímil, os procedimentos adotados seriam semelhantes aos que seriam colocados em prática no caso de um acidente com material radioativo ou biológico contaminado, ou ainda na captura de um animal suspeito de ter uma enfermidade contagiosa. E isso já ocorreu antes.
Guerra nas estrelas
Um caso se deu em 1978, quando um satélite soviético caiu no Canadá – país que tem pacto de cooperação nesta área com os Estados Unidos – e parte do combustível nuclear que levava escapou. Suspeita-se que esta não tenha sido a primeira vez. Em 1970, uma conferência com representantes dos Estados Unidos e da extinta União Soviética foi realizada no Canadá para se estabelecer procedimentos semelhantes, a serem adotados pelas nações envolvidas, caso ocorra a mesma situação. Os presentes discutiram como seria manuseada a informação confidencial resultante de uma possível confrontação com alienígenas não amigáveis que chegassem à Terra, para evitar o pânico. E também concordaram que deveriam manter suas forças militares unidas, apesar das diferenças políticas, para repelir o inimigo. Ou seja, no caso de uma ameaça externa, as diferenças entre os EUA e a extinta URSS estariam desfeitas. Isso já foi declarado publicamente pelo então presidente Ronald Reagan, em 1987, em plena Assembléia Geral das Nações Unidas. “Fico imaginando quão rapidamente as diferenças entre as potências mundiais se desmancharão quando estivermos diante de uma ameaça alienígena ao nosso mundo”, disse Reagan para uma platéia estupefata de líderes globais.
O presidente norte-americano não tinha receio de esconder seu pensamento sobre a matéria. Uma década antes, em maio de 1978, durante um almoço público em Chicago, Reagan respondeu de maneira espantosa a uma pergunta feita por um jornalista, sobre um assunto que nada tinha que a ver com extraterrestres. “Muitas vezes me pergunto o que se sucederia se, de repente, descobríssemos que todos os habitantes deste mundo estão ameaçados por forças procedentes de outro planeta. Seguramente nos uniríamos e lutaríamos contra eles”. Foi deste tipo de pensamento que surgiu o projeto militar mais ambicioso da Era Reagan, a Iniciativa Estratégica de Defesa [Strategic Defense Initiative, SDS], depois apelidado de Programa Guerra das Estrelas. Tratava-se de um sistema a ser implantando em órbita da Terra, composto por instrumentos que detectariam a entrada de intrusos e dispararia potentes armas a laser contra eles.
Bilhões de dólares em vão
Na ocasião, muita gente pensou que o SDS tinha o propósito de defender os Estados Unidos de ataques soviéticos, mas a id&e
acute;ia se desfez quando Reagan foi propor a implantação do sistema justamente ao seu colega, o presidente da então URSS Mikhail Gorbatchev. Aliás, o desenho original do projeto era soviético. Gorbatchev protelou até onde pôde sua resposta e o programa nunca foi implementado. Pelo menos que se saiba, já que há estudiosos que garantem que fora instalado no espaço e estaria plenamente funcional. De qualquer forma, o fato marcante a se ressaltar é que o SDS, que consumiria bilhões de dólares, não se destinava a proteger os norte-americanos dos inimigos comunistas, mas ambos de uma possível agressão externa à Terra. É inacreditável que os homens mais poderosos da Terra, na década de 80, imaginassem ser possível um ataque extraterrestre ao nosso planeta. Mas se eles pensavam assim já naquela época, como pensam os líderes das mesmas e de outras nações, hoje?
Pode ser que este seja o motivo pelo qual nossos visitantes extraterrestres não se dêem a conhecer abertamente à sociedade e nos estejam observando a uma distância prudente, de forma quase invisível. Talvez saibam de nossas intenções de impedir que se apresentem amplamente ou dos procedimentos que os esperam, caso decidam fazê-lo. É certo que devem possuir elementos tecnológicos que os permitam repelir com facilidade as ações bélicas dos seres humanos, mas a que custo para estes? Confrontos no espaço ou na superfície, mesmo que neutralizados pelos ETs, causariam grandes baixas em nossa espécie. E, talvez, até algumas entre eles. O curioso nisso tudo é que os preparativos para o primeiro contato são alegadamente pacíficos, mas, na prática, são ações de guerra custeados com muito esforço e com o emprego de muitos recursos.