INTRODUÇÃO – Nossos leitores já estão habituados a ler em nossa Revista entrevistas com personalidades, nacionais e internacionais, de \”primeira linha\” na Ufologia, embora estejamos comemorando apenas quatro meses de existência de UFO, E esta edição deverá consolidar, na mente de nossos leitores, o fato de que esta publicação, embora dedique-se exclusivamente â pesquisa e divulgação dos UFOs, não pretende apresentar respostas simples e pré-fabricadas para um enigma que nos acompanha, a nível histórico e planetário, há milênios.
Pelo contrário, UFO pretende apresentar ainda mais perguntas ao leitor; pretende apresentar ao leitor todas as indagações ainda pendentes, não resolvidas. Aliás, nesse propósito, pretende insuflar a discussão do assunto ufológico nos mais diversos segmentos da Sociedade, e nos mais variados níveis, pois é da discussão que se chega à conclusão. E não é outra a nossa intenção ao apresentar ao leitor uma entrevista com um dos ufólogos mais respeitados no pais, seja por sua competência e \”ceticismo sadio\” em relação à parte mais aberrante do Fenômeno UFO, seja por sua imensa bagagem de conhecimentos no setor, adquirida em anos de pesquisas e estudos,
Carlos Reis, no entanto, é um ufólogo que dispensa completamente apresentações, pois entre as pessoas que no Brasil acompanham o desenvolvimento da Ufologia, poucas desconhecem seu trabalho. Mesmo assim, queremos acrescentar que Carlos Reis não é um pesquisador, simplesmente: é um \”buscador\” de respostas, e as procura mesmo onde possa existir a anti-pesquisa. No entanto, nunca se afasta de seu bom senso, associando uma constante revisão de posicionamento quanto ao assunto à reflexão diária sobre as ditas \”verdades absolutas\” da Ufologia que, como nos mostrará nesta entrevista, não são tão absolutas assim. Quem desejar trocar idéias com nosso entrevistado, pode contatá-lo através da Caixa Postal 30096, CEP 01051 São Paulo (SP). E vamos então à entrevista…
Carlos, primeiramente uma pergunta pessoal: o que o levou a se interessar por um assunto tão estranho como a Ufologia e como teve início sua \”carreira\” de ufólogo? O meu interesse pelo assunto tomou forma no início dos anos 70, ao comprar meus primeiros livros, embora o gosto pelo mesmo venha desde os tempos de criança. E claro que nessa época minhas idéias e pensamentos eram primários; eu não tinha a menor noção de que a profundidade do tema alcançava limites extremos.
A partir de então, comecei a trocar idéias com amigos, a procurar outras fontes de informação, livros, congressos, que foram me aparecendo naturalmente. Essa curiosidade inicial gerou gradativamente cada vez mais interesse, que por sua vez alimentou minha curiosidade e deste círculo vicioso parti definitivamente para a pesquisa, o estudo e, principalmente, para a transmissão dos conhecimentos que ao longo da \”carreira\” pude adquirir, através de cursos, simpósios, essas coisas. Todavia, não posso deixar de mencionar a fundamental participação em tudo isto de duas pessoas, a quem devo muito do que sei. O nosso querido Prof. Guilherme \”Wilti\” Wirz, pedra angular de todo meu trabalho, e nosso colega Jaime Lauda, cuja amizade fraterna de anos pôde me proporcionar uma visão extremam ente maior deste fenômeno que por si só já ultrapassa os limites de nossa compreensão.
No princípio de sua \”carreira\”, qual foi o aspecto ou os aspectos do Fenômeno UFO que mais o intrigavam, que pareciam mais absurdos e descabidos para você? Como disse, inicialmente eu imaginava que falar de \”discos voadores\” seria referir-se às \”máquinas\” e seus tripulantes; mas só inicialmente, ainda naquela fase de criança. Com o passar do tempo, após muita leitura, muita \”conversa de bastidores\”, muita reflexão, percebi a magnitude daquilo que estava à minha frente e do imenso trabalho que teria para tentar compreendê-lo. Naturalmente, todos os aspectos eram (e são) intrigantes, descabidos, absurdos, mas apesar de tudo, eu achava também (e continuo achando, diga-se) que havia muita coisa que poderia ser explicada, que deveria ter uma explicação, e comecei a analisar os aspectos fraudulentos, as trucagens, as falsas impressões. Para isso, parti do princípio de que, conseguindo criar esse \”filtro\”, o que restasse seria digno de uma análise mais correta, precisa e melhor direcionada. Esse \”ruído de fundo\” sempre atrapalhou a pesquisa e isso é uma opinião unânime. Daí para um estudo mais abrangente, englobando as áreas da psicologia e da sociologia foi um passo, um amadurecimento natural e inevitável.
Naturalmente, ao lado do grande interesse que o moveu para que pesquisasse algo tão complexo como a Ufologia, devem ter surgido as primeiras dificuldades. Quais foram? As dificuldades que me surgiram, meu caro Gevaerd, não foram diferentes das dos demais colegas como você e outros. De início, aquela famosa expressão de galhofa dos amigos, muita gozação, incompreensão; depois, a total inexistência de uma literatura atual, completa, rica, pois as obras mais importantes demoravam a chegar às nossas mãos, sempre muito defasadas no tempo. As grandes distâncias com outras capitais, onde se concentram as maiores atividades de pesquisa, como Rio, Minas, Curitiba, não permitiam uma troca de idéias mais fluente, mais rápida; ainda hoje essa difi-
culdade se faz sentir, só contornada parcialmente através dos agradáveis eventos que ocasionalmente são promovidos.
Essas dificuldades chegaram a prejudicá-lo pessoalmente, a nível de rendimento profissional, familiar, social, enfim, essas dificuldades alteraram sua vida, ou a pesquisa ufológica alterou sua vida? Não posso dizer que estas dificuldades tenham prejudicado diretamente minha vida, mas contribuíram para me colocar às vezes em situações constrangedoras, social e profissionalmente. Nem por isso desisti ou mudei de rota, pois estava ciente todo o tempo de que tinha uma responsabilidade moral. Desde o princípio permaneci fiel à minha filosofia, mesmo quando, em um momento de minha vida, pensei em abandonar as pesquisas, os estudos enfim, largar a Ufologia. Não sei definir o que falou mais alto, mas o fato é que quando optei por continuar este trabalho, decidi que nada mais obstruiria meu caminho.
Essa é uma pergunta que eu tenho certeza que muita gente gostaria de fazer para você: na sua opinião, por que a Ufologia parece não ter uma solução definitiva para o Fenômeno UFO, ou seja: por que, após tantos anos e esforços, não se sabe nem ao menos o que querem, de onde vem e quem são estes seres que nos visitam? Justamente em razão do que acabei de lhe dizer, e aproveito para completar a resposta anterior. Na minha opinião, a Ufologia jamais terá uma solução, uma resposta, um esclarecimento, simplesmente porque é assim que a coisa funciona. Veja, eu estou convencido de que nós estamos vivendo o primeiro capítulo da \”pré-história da Ufologia\”, algo como descobrir o fogo… nós fazemos parte da história, somos a história e não escribas dela. Portanto, é evidente que não teremos respostas… os UFOs, seja lá o que forem, continuarão seguindo o seu caminho, fazendo contatos, aterrissando, explodindo e não sei mais o quê. Não importa. O fato é que o fenômeno é real, transcende à nossa capacidade de entendimento; uma vez inseridos nele, tomemos a iniciativa de tentar compreendê-lo compreendendo primeiro a nós mesmos. Se não alcançarmos este objetivo, como esperar entender um acontecimento ainda maior? Não lhe parece lógico?
Naturalmente, como um especialista na área \”social\” da Ufologia, quais você acha que são as principais repercussões, ou quais são os principais legados, vamos dizer assim, que os UFOs estão deixando, transmitindo para nossa sociedade planetária? Eu não me considero um \”especialista\” na área social da Ufologia, apenas um dedicado investigador e analista. Dentro dessa ótica, eu estou aprendendo a conhecer de maneira profunda o comportamento humano, individual e coletivamente. Fica difícil responder sobre seu legado, sua herança, pois corro o risco de uma resposta banal, trivial. Acho que há muito mais por trás disso tudo, e que ainda não consegui captar inteiramente. Aliás, foi oportuníssima a matéria do Osni Schwarz na UFO nº 3, onde ele sintetizou um pensamento que se dissemina pelas cabeças verdadeiramente pensantes. Dizer apenas que os UFOs ampliaram nossos horizontes cósmicos, que nos proporcionaram a possibilidade de uma irmandade galáctica, me soa insatisfatório. Não me contento com isso e nem sei se tenho certeza de que assim o seja. Te respondi há pouco, Gevaerd, que estou numa fase de redimensionar tudo aquilo que já vivi, vi, ouvi e escrevi sobre o assunto; reavaliando minhas antigas posições, retomando idéias que estavam engavetadas e \”abrindo-as\” num gigantesco painel imaginário tentando encontrar possíveis elos de ligação, pontos de apoio e verdadeiro sentido prático de aplicação. Desculpe se não satisfiz seus leitores e a você próprio, mas minha postura neste momento não permite definições sobre várias áreas.
Você acredita que o falo de os tripulantes dos UFOs, seja lá quem forem, não estarem tentando estabelecer contato formal, direto e inequívoco com as autoridades de nosso planeta indica que haja algum tipo de estratégia ou manobra com relação a sua aproximação a Terra? Será que já não estabeleceram este contato formal, direto e inequívoco? Sei que responder com uma pergunta é uma tática capciosa, mas serve até para especular, Ainda até pouco tempo atrás eu acreditava que um \”contato final a nível mundial\” traria sérias conseqüências sociais, éticas, religiosas, políticas… mas já não estou tão certo disso. Tampouco creio em qualquer tipo de estratégia ou manobra de aproximação; não vejo por esse prisma. Voltamos à estaca zero, porque num certo sentido e diante de tamanha inexplicabilidade, até que ponto estamos seguros de estar fazendo as perguntas certas? Ansiamos por respostas mas e quanto as indagações, estão elas sendo feitas da forma correta? Será que nossa preocupação com o fenômeno só se restringe à uma possível aterrissagem em larga escala, as suas origens, seus objetivos, sua forma de vida? Este é o ponto, e é aí que encontro colegas as voltas com este problema: o de formular adequadamente as perguntas. Senão modificarmos um pouco nossa estratégia de trabalho, tenha a certeza de que passaremos os próximos 40 anos levantando as mesmíssimas interrogações. Se no ano de 2028 alguém estiver lendo esta matéria, estará me dando razão.
Você acha que a Ufologia está apta a dar as respostas para as perguntas do parágrafo anterior, entre tantas outras perguntas que nos fazemos dia-a-dia? Quando será isso? Eu venho afirmando já há algum tempo que a Ufologia pode ser comparada a uma ilha de exclamação cercada por um mar de interrogações: a exclamação é \”o Fenômeno UFO existe!\” Já as interrogações não caberiam neste espaço. O que são? O que querem? De onde vêm? O que fazem? Como se locomovem? …? Alguém em sã consciência pode dar alguma resposta conclusiva? Eu garanto que não, e por mais que nos esforcemos na elucidação destes mistérios, mais estaremos mergulhando na insolubilidade de sua própria natureza. E oportuna a lembrança de Valée: \”Quanlo mais luz arrojarmos sobre o tema, mais zonas de sombra estaremos criando \”. Antes que você me faça a pergunta \”Então, porque continuar?\”, eu lhe respondo: porque essa é a nossa parte na história – viver o fenômeno não significa ignorá-lo e deixar seguir seu próprio rumo. Viver a história significa fazer acontecer os fatos, seja como uma simples testemunha, um fortuito viajante dessas naves, ou um desprendido pesquisador. Um exemplo: se uma sociedade ignorar os acontecimentos políticos, ela não fará parte da história, ela simplesmente verá os fatos acontecerem e não poderá reivindicar nada no futuro. Mas se ela participa, se ela revoluciona, se ela contesta, ela vive sua história e traça seu próprio destino.
Você acredita que nossos visitantes venham de onde? A resposta clássica me levaria a te responder que as possibilidades são três: intraterrestres, ultraterrestres e extraterrestres, cada qual com seus argumentos e sua defesa própria. Mas, dado as circunstâncias e impelido a uma reflexão mais ampla, eu no momento fico com duas alternativas: a extraterrestre (com muitas reservas) e a ultraterrestre (também com reservas), apenas porque a manifestação do fenômeno induz-nos a pensar nestas duas opções. Ora ele é físico, palpável e dá nítidas demonstrações de suas origens espaciais, ora ele é fluídico, etéreo, sugerindo por conseguinte pertencer a uma dimensão não física.
Você acredita que eles estão aqui com quais objetivos? Também aqui recaímos no mesmo raciocínio d a resposta anterior e à qual vou me manter fiel. Pode parecerem princípio que a recolha de amostras do solo, da água, da vegetação, ou segmentos de animais, apêndices humanos ou seres vivos inteiros seja um dos objetivos básicos de determinadas espécies. Mas isso é muito vago, ou ainda, pode ser apenas um disfarce. Se assim for, como descobrir suas reais intenções? As mensagens, telepáticas ou não e tão bem analisadas pelo Osni na mesma matéria, hoje parecem perder o sentido, sem muita razão de ser. Seria também um disfarce? É prematuro, é perigosamente prematuro afirmar efetivamente sobre seus objetivos, porque o quadro quantitativo neste aspecto é múltiplo, com infindáveis manifestações. Sc pudéssemos fazer uma reciclagem, uma triagem, um filtro de toda a casuística e a partir daí eliminar os casos inverossímeis, quem sabe poderíamos formar uma equação de resposta mais clara?!
Não lhe parece, o que inclusive foi citado no texto de Osni Schwarz em UFO nº 3 (maio), que \”algo não está totalmente certo na Ufologia\”, pois os ETs parecem estar nos transmitindo charadas para decifrarmos, e quando conseguimos decifrá-las avançam os com relação a eles, quando não conseguimos, ficamos no caos informacional? Exatamente, e aí está a razão pela qual eu fiz questão de mencionar esta matéria. O meu querido amigo Osni está certíssimo quando afirma, logo ao iniciar seu trabalho, que vamos nos certificando dolorosamente de nossa pequenez e limitação. Qualquer acréscimo de comentário meu à esta altura seria redundante e repetitivo. Tão logo li aquele artigo, telefonei imediatamente para o Osni e parabenizei-o, e qual foi minha surpresa quando ele me disse que a matéria foi \”escrita mentalmente\” durante a nossa conversa na viagem de volta do Rio, em 1986, quando fomos juntos ao Encontro de Ufólogos promovido pelo Paulo F. Kronemberger, após a \”onda de maio\”. Ora, eu sou então cúmplice dele e com muita honra assino em baixo palavra por palavra daquele artigo, Tudo é de fato um monumental teatro mágico, e os caos informacional que você se refere é conseqüência direta de nossa ignorância. Dizer mais o quê?
Se você tivesse um contato imediato de 5? grau (entrasse numa nave), quais seriam suas primeiras atitudes para com os ETs, sejam eles seus raptores ou anfitriões? Ah meu amigo Gevaerd, essa é muito boa! Está aí uma coisa que NINGUÉM pode te responder com certeza. Mas ninguém mesmo, porque posso falar de cadeira sobre isso. Como te disse, estou aprendendo muito sobre comportamento humano, e não poderia encontrar melhor escola que a Ufologia. Pode até existir outra, mas desconheço. A reação humana, em situações normais, já é imprevisível. Você pode até tentar adivinhar o que poderá acontecer nos próximos minutos, com uma determinada pessoa, num dado momento, mas só terá certeza disso quando ela agir. Se eu te der um tapa agora, eu posso tentar adivinhar a sua reação: revidar, dar risada, tomar um susto, desmaiar, explodir de raiva ou simplesmente ficar impassível. Mas só vou saber mesmo quando você reagir. Numa situação tão especial, inusitada como é a entrada numa nave, é absolutamente impossível prever a reação. Eu posso correr de medo (e isso já aconteceu com cinco experientes ufólogos só por avistarem alguns objetos à distância…), posso aventurar-me a entrar e entabular um diálogo, posso consentir que vasculhem a minha mente, posso propor uma chegadinha em casa para um café (e isso satisfaria certos \”cientistas\”…), enfim, eu posso dizer aqui, confortavelmente instalado, qual seria a minha reação, mas quando e se isso acontecer, eu te conto depois…
Você acredita que, a nível mundial, a Ufologia possa vir a ser uma ciência verdadeira, ou seja, reconhecida pelas demais? Ou você acha que a Ufologia está com seus dias contados? Será a Ufologia uma ciência mesmo? Será que nós não estaríamos forçando-a a galgar este patamar, quando sua essência a direciona para outro sentido? Se este pensamento estiver correto, que sentido será esse? O de uma filosofia semelhante à uma religião? Que ela seja reconhecida, não há dúvidas de que devemos nos esforçar, lutar com seriedade e objetividade, cumprindo nosso papei na história (lembra-se?); por outro lado, ela jamais estará com seus dias contados, por razões óbvias e que dispensam estender-se mais. O que é importante frisar e isso eu enfatizo sempre é que devemos encarar os fatos, assumir uma postura guiada pelo bom senso, pelo equilíbrio, pela firmeza de nossos propósitos mais elevados, não nos inclinando ao fanatismo, ao extremismo e ao raciocínio conclusivo. O maior mérito que cabe ao estudo dos UFOs está em nos manter despertos, incutindo-nos cada vez mais o instinto da procura. Não nos preocupemos com as respostas, mesmo porque não as teremos agora… Vamos preparar o campo para aqueles que hão de nos seguir, estes sim poderão alcançar o que buscamos. Nossa responsabilidade (e aqui eu incluo TODOS nós, leitores e colegas) está em manter acesa a luz da razão. O canto da sereia (obrigado, Osni) é melodioso, porém fatal.
E a Ufologia Brasileira, como você a situaria no contexto mundial? Eu penso que a Ufologia Brasileira, em termos de pesquisa, está defasada do resto do mundo, até aonde posso acompanhar. Em termos de casuística, nada fica a dever em razão das extraordinárias dimensões que colocam o Brasil como um dos maiores países do mundo, geograficamente falando. O elemento humano incorporado â pesquisa é de bom nível, mas ressente-se de intercâmbio cultural, de troca de conhecimentos, de disponibilidade sócio-econômica para viabilizar seus projetos, de apoio institucional. A publicação de trabalhos de autores brasileiros em periódicos do exterior, é escassa, quase inexistente, ao passo que a recíproca não é verdadeira. A vinda de pesquisadores estrangeiros, apesar de sempre bem-vinda e necessária, é extemporânea, enquanto que raramente investigadores brasileiros são convidados no exterior, salvo honrosas exceções. Por tudo isto, embora haja muito mais, acompanho com uma certa sensação de decepção a evolução da Ufologia Brasileira, ainda tímida, insegura e carente de estrutura organizacional. São poucos os pesquisadores nacionais conhecidos fora do Brasil, embora eu saiba que em alguns países já obtivemos respeito e reconhecimento pela nossa capacidade. Mas essas exceções são poucas.
Uma penúltima pergunta: qual você acredita ser a \’\’mensagem\’\’ que nossos visitantes estão tentando nos passar? Qual ou quais as lições que estão nos transmitindo? Estamos aprendendo? A \”mensagem\” que eu penso existir em tudo isto está no fato de que, apesar do caos informacional, das limitações impostas as pesquisas, da multiplicidade de opções, da diversificação de linhas de pensamento, das intrigas e dos questionamentos internos, da impaciência pelas respostas, da falta de apoio oficial, da falta de espaço para divulgação, da falta de intercâmbio, de recursos econômicos, da falta de coragem, e da falta de muito mais coisas, nós persistimos! Continuamos as nossas pesquisas, encontramos tempo para escrever, para esta entrevista, para as próximas; vamos continuar pedindo apoio, pedindo papel, pedindo espaço. Aí está a \”mensagem\”. Não vem \”deles\”, mas de nós. Está em nós, faz parte da natureza do homem procurar, investigar, saciar sua curiosidade, aliás, combustível para sua própria evolução. Esta mensagem então diria, simbolicamente, que nós somos capazes! Se estamos aprendendo? Talvez, a duras penas, lentamente, com sacrifícios, mas a razão nos manda cumprir com nosso papel.
Agora a nossa última pergunta: após todos os seus anos de pesquisas, o que você diria para um leitor que nesse momento estivesse ingressando na Ufologia, que estivesse agora começando suas atividades? É sempre muito importante que cada vez mais pessoas se interessem pelo assunto, conscientizem-se de suas manifestações e ingressem no grande \”circo ufológico\”, onde a platéia é formada daqueles que acompanham nossos trabalhos, que nos estimulam a pesquisar, que formulando suas dúvidas obrigam-nos a repensar e a fornecer explicações; entre estes, alguém imbuído da proposta honesta de um trabalho sério é sempre bem-vindo. O início é perturbador, cheio de novidades, cheio de dificuldades (já mencionadas aqui mas que, como o momento é outro, a época é outra, poderão ser substituídas por outras); a escada que nos leva próximos do fenômeno é longa e com degraus irregulares, obrigando-nos a estar atentos ao passo seguinte; um em falso e regredimos, ou voltamos ao princípio! Jamais avistamos o fim dessa subida, não se iludem com aparências e falsas imagens, o melhor a fazer é não alçar a vista procurando este final, e sim preocupar-se com o próximo degrau. A leitura é importante, viver o clima de congressos idem, mas principalmente, acima de tudo, manter os pés firmes à terra e em nenhuma hipótese, sejam quais forem os motivos, tentar levantar vôos maiores. O homem não foi feito para voar, mas em compensação, tem o dom do raciocínio, o brilho do pensar, a chama da inteligência, usá-la é uma virtude.