Pouco antes da morte do papa João XXIII, ocorrida em 03 de junho de 1963, verificou-se um caso intrigante envolvendo o astrônomo amador George Adamski, à época considerado o contatado mais importante do mundo. Adamski teria se encontrado com o Santo Padre e levado a ele uma mensagem extraterrestre, talvez oriunda da mesma entidade que o papa contatara em 1961, em Castel Gandolfo, conforme se soube anos depois, em julho de 1985, pelo jornal inglês The Sun, que obteve tal testemunho de monsenhor Lóris Capovilla, então secretário do papa.
Os testemunhos sobre o encontro de George Adamski com o papa João XXIII dizem que teria ocorrido em 31 de maio de 1963, em Roma. E que dias antes, imaginando algumas palestras na Europa, o notável contatado saíra de improviso de sua residência nos Estados Unidos e fora à Itália, levando um embrulho nas mãos e sendo visto entrar no Vaticano alguns dias antes da morte do papa.
Em sucessivas declarações, Adamski dissera aos jornalistas que o objetivo de sua viagem era entregar ao Santo Padre uma mensagem de origem extraterrestre. Assim, sua chegada a Roma não passou despercebida. O ufólogo italiano Roberto Pinotti, correspondente internacional da Revista UFO, assim como nós, atento aos acontecimentos, registrou que a resposta dada pela Secretaria de Estado de Sua Santidade ao investigador inglês Ronald Caswell fora desconcertante — Caswell solicitara à Santa Sé para confirmar a visita de George Adamski e o teor de sua conversa com o papa.
Medalha pontifícia
Na ocasião, Adamski estava em Roma acompanhado da escritora suíça Louise Zinsstag — parente do professor de psicanálise Carl Jung —, de sua amiga May Morlet e do diplomata italiano Alberto Perego, testemunhas que viram o contatado realmente entrar no Vaticano por uma porta lateral, levando na mão um pacote. Na volta, Adamski mostrou aos amigos uma medalha pontifícia, que somente os visitantes do papa recebiam de presente. Tratava-se da Medalha Dourada de Honra ou Medalha da Paz, segundo outros.
Não obstante o cobiçado presente patenteando o encontro, o evento se manteve discreto, mas não passou despercebido para Caswell, que interpelou a Igreja sobre o encontro com Adamski e o teor de sua conversa com o papa. Após a resposta oficial, o jornalista inglês considerou que mais intrigante do que a medalha papal foram os dizeres do Vaticano: “A Secretaria de Estado de Sua Santidade, em resposta à recente carta enviada por Ronald Caswell à Sua Eminência, o cardeal Amleto Cicognane, sente comunicar que não é possível conceder-lhe as informações solicitadas do teor da conversa”. Isso foi o que informou a resposta o ufólogo italiano Pinotti em seu livro Missione Uomo [Editorial Armênia, 1976].
Com tal resposta — e sem negar a visita —, não é difícil concluir que a Santa Sé estava apenas confirmando o encontro de Adamski com o Santo Padre e que os relatos jornalísticos sobre o teor da conversa eram factuais. Afinal, o que um contatado teria a dizer ao papa, senão algo sobre extraterrestres? Dentro do Vaticano, falava-se à boca pequena que no verão de 1961, em pleno dia, o papa fizera contato com uma entidade extraterrestre nos jardins de sua residência. E que agora, por intermédio de Adamski, os alienígenas teriam passado a ele uma mensagem, cujo teor, a exemplo daquele contato com o papa de dois anos antes, jamais seria divulgado.
Em uma carta datada de 15 de julho de 1964, publicada por Pinotti, George Adamski registra: “Creio que a mensagem dos irmãos especiais ao papa tivesse algo a ver com o seu sucessor, porque a maior preocupação de João XXIII era essa”. O sumo pontífice tinha câncer em estágio avançado e queria favorecer de algum modo a questão sucessória. Jamais se soube o verdadeiro teor da mensagem, mas o sucessor de João XXIII seria o papa Paulo VI, religioso que se revelou também de notável comunicação ecumênica.
Investigações de Leslie
Por sua vez, lorde Desmond Leslie, parente do famoso primeiro-ministro inglês Winston Churchill, quis tirar tudo a limpo com George Adamski, com quem houvera escrito o conhecido livro Discos Voadores: Seu Enigma e Sua Explicação [Globo, 1957], do qual consta o famoso encontro extraterrestres de Adamski, ocorrido em 20 de novembro de 1952 no Deserto do Colorado. Em um documentário para a televisão, Leslie declarou que “existem elementos substanciais sobre a visita de Adamski ao papa e que as evidências sustentam os fatos”.
Conta que certo dia eles alugaram um barco para passear ao longo do Rio Tâmisa. Foi quando Adamski colocou a mão no bolso, como se fosse pagar a conta, e tirou dele uma relíquia de ouro, um pequeno tesouro para ele, dizendo, contentíssimo, que ninguém jamais o separaria daquilo — tratava-se de uma medalha com a efígie de João XXIII. Então, explicou que a ganhara do papa, já moribundo, tendo-a recebido de suas próprias mãos, quando de seu encontro no Vaticano.
Em tom amistoso, Desmond Leslie escarneceu: “Acreditaria mais se me tivesse falado de um passeio seu de bicicleta nos anéis de Saturno”. Tal observação deixou Adamski contrariado e ele respondeu sério: “Encontrei mesmo o papa e na ocasião entreguei-lhe uma embalagem lacrada, recebida por mim dos homens do espaço”. E acrescentou que esperava ser o tal pacote em benefício da vida do papa. Disse que orou muito para que isso acontecesse. Então Leslie perguntou o que havia na embalagem e o contatado disse que não sabia, mas que vira o papa em bom estado de saúde.
“Estava esperando você”
Desmond Leslie relata que, dias depois, em um domingo, quando os jornais deram a notícia da morte do papa João XXIII, George Adamski, profundamente consternado, exclamou de improviso: “Aqueles degenerados o mataram”. Tempos depois, o médico pessoal do Santo Padre, referindo-se a esse episódio, disse que o sumo-pontífice sofria de câncer no estômago em estágio terminal, e que em situação assim não é incomum o paciente apresentar um surto de melhora aparente, tanto física quanto psicológica, tratando-se apenas de um prelúdio do colapso final. Em suma, o quadro clínico do papa coincidia com o observado por Adamski dias antes, em sua visita.
Passado algum tempo, Leslie telefonou a quem acompanhara Adamski naquela viagem para saber mais do encontro com o papa, e escutou: “Estávamos passeando na cidade do Vaticano. E na Praça de São Pedro Adamski apontou para um religioso e disse: ‘Eis ali o nosso homem’. Tratava-se, por certo, de um bispo ou de um monsenhor. George Adamski se dirigiu a ele e ambos se ab
raçaram como velhos amigos. Em seguida entraram na basílica pela porta privativa e, cerca de uma hora depois, nós o vimos radiante de alegria. Ele gritava: ‘Fantástico. Encontrei o papa e entreguei-lhe a mensagem’”.
Louise Zinsstag, correspondente suíça de Adamski e a pessoa que organizava quase todas as suas conferências na Europa, confirmou que ele havia sido recebido pelo Santo Padre. Disse que naquele dia ela estava presente na Praça de São Pedro, vira Adamski entrar e sair do Vaticano e escutara dele o seguinte relato: “‘Eu estava esperando por você’, disse-lhe o papa [Segundo George], e Adamski entregou a ele uma mensagem lacrada que havia recebido anteriormente de um irmão do espaço, em Copenhague. Em retribuição, o papa lhe ofereceu um novo medalhão do Conselho Ecumênico”.
Interpretações equivocadas
George Adamski foi católico praticante, mas em sua vida religiosa procurou sintetizar Cristianismo e esoterismo oriental vivendo um clima evangélico com reencarnação, filosofia concebida por ele durante a juventude, quando estagiou na Ordem Real do Tibete e fez tal associação. Depois, afirmava, começou a contatar entidades alienígenas, tidas por ele como criaturas sólidas, oriundas de planetas do nosso Sistema Solar. Fez uma mistura que se revelaria ilógica e publicou sozinho dois livros, nos quais contou suas experiências e mostrou sua filosofia sincrética, explicando em pormenores os seres extraterrestres e suas naves espaciais.
Adamski foi católico, mas em sua vida religiosa procurou sintetizar Cristianismo e esoterismo oriental vivendo um clima evangélico com reencarnação, filosofia concebida por ele durante a juventude, quando estagiou na Ordem Real do Tibete
Disse que os seres de Vênus, Marte e Saturno se apresentavam a ele sólidos, e que naqueles mundos as pessoas também eram sólidas — nunca admitiu que tais entidades pudessem ser ultrafísicas, de uma dimensão rarefeita, criaturas materializadas na nossa atmosfera ou que tais contatos se fizessem em estado de alma emancipada, como postulam certas doutrinas. Nos últimos anos de sua vida, Adamski denotou estar dominado por um processo obsessivo, fanatizado e cheio de ideias preconcebidas. E em detrimento dos estudos científicos que fizera no início de suas pesquisas, revelava então uma estranha fascinação e um desequilíbrio místico que desarticulavam sua pessoa e sua interpretação do Fenômeno UFO, deixando-o longe da realidade factual.
Em 1961 declarou ter sido levado a Vênus e encontrado ali sua falecida esposa Mary, encarnada em uma menina venusiana. Os irmãos do espaço, que, segundo suas declarações, respondiam a todos os seus questionamentos sobre imortalidade da alma e reencarnação, comportavam-se como uma espécie de guias espirituais, algo muito diferente do conceito de vida extraterrestre na verdadeira acepção da palavra e incompatível com as inúmeras evidências em filmes, fotos e depoimentos que ele mesmo dera aos militares em anos anteriores.
Doze Conselheiros
E após dizer que visitara Vênus, planeta que na época já se sabia ser uma verdadeira fornalha sem vida, George Adamski declarou que estivera também em Saturno, entre 27 a 30 de março de 1962, participando como observador de uma reunião com os “Doze Conselheiros” do nosso Sistema Solar. Aí ficou difícil segui-lo. As pessoas equilibradas se afastaram dele, pois sabiam que vida como aquela não havia naqueles mundos, enquanto ele insistia em sua versão desequilibrada. Em franco descrédito popular, o contatado desencarnou em 23 de abril de 1965, levando consigo a medalha pontifícia que ganhara de Ângelo Roncalli, o papa João XXIII. Por certo, no mundo dos espíritos ficaria sabendo a verdade sobre os aliens que contatara e o motivo de o “Bom Papa”, como era conhecido, tê-lo recebido de modo incomum no Vaticano.