O jornalista Saulo Gomes teve a oportunidade de pesquisar e publicar diversos casos ufológicos, tais como de Maria Cintra, Turíbio Pereira, das Máscaras de Chumbo, entre outros. Depois de dez anos afastado da TV, Saulo Gomes retorna ao SBT, no programa Domingo Legal, como repórter especial do apresentador Gugu Liberato. Em seu segundo programa, em 22 de junho passado, Saulo apresentou uma matéria – a princípio bombástica – toda cheia de mistério. Em conseqüência, o nível de audiência do programa se elevou a 31 pontos, contra apenas nove da Globo.
Seria a cabeça de um ser extraterrestre, como do ET de Varginha, ou do Chupacabra? Ou a cabeça do menino d\’água (lenda amazonense)? Na verdade, ninguém sabia. Iniciou-se então uma fase de investigação. Dos vários telefonemas que recebi, uns diziam se tratar de um peixe-boi com o crânio amassado, outros um tipo de peixe existente na Amazônia.
O pesquisador Manoel Gilson Mitoso, informou que no Amazonas tem uma tartaruga chamada matamatá, que tem dois sulcos dorsais profundos na carapaça, escudos ásperos, cabeça terminada em pequena tromba, boca muito larga, pequenos barbiIhões etc – um aspecto antediluviano e hediondo. Gilson chegou a nos enviar uma fita de vídeo com imagens do animal.
Mas a cabeça que foi apresentada no programa do SBT era algo totalmente ressequido. As imagens em vídeo foram examinadas quadro a quadro. Depois de algumas horas de comparações, a hipótese da tartaruga foi rejeitada. Muitas especulações foram feitas sobre sua origem. Um jornal deu a notícia de que tal cabeça teria vindo de Campinas (SP) e que poderia ser a cabeça do ET de Varginha. Mas pelo retrato falado que temos das criaturas capturadas no Sul de Minas, essa hipótese foi também descartada.
Das inúmeras ocorrências de ataques do Chupacabras, sabemos que em 90% dos casos são predadores conhecidos, envolvendo canídeos e felinos, tais como cachorros-do-mato, lobo guará, onça pintada, jaguatirica. Os 10% restantes apresentam detalhes muito estranhos, porém era quase inviável. De posse das fotos publicadas em diversos jornais, estivemos no Instituto Biológico de São Paulo e também no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. Vários biólogos e veterinários disseram que o que foi mostrado no Domingo Legal lembrava uma arraia com algumas partes cortadas.
Já em 29 de junho último, o apresentador deu continuidade à matéria sobre o estranho crânio – oportunidade em que também fui convidado e declarei que os ufólogos não haviam chegado a uma conclusão definitiva. Neste programa, o biólogo Ertes Figueiredo dos Santos, de Ribeirão Preto (SP), apresentou uma arraia conservada em via úmida. O segredo começava então a se diluir.
E no dia 06 de julho, todo o mistério foi solucionado. Num brilhante trabalho de Saulo Gomes, com a equipe de reportagem do Domingo Legal, foi mostrado o local onde a cabeça permaneceu por mais de 20 anos: no Bar Chaleira, na Barra Funda, São Paulo. O proprietário, Décio, confirmou que ela havia sido roubada recentemente. Os repórteres foram até o Instituto de Pesca em Santos, onde o doutor Alberto Ferreira de Amorim mostrou algumas arraias. O pesquisador fez vários cortes em uma delas, que ficou muito parecida com a apresentada no programa. De fato, era a cabeça de uma arraia.
Parabéns ao Gugu, por fazer questão de mostrar toda a verdade ao Brasil, sem sensacionalismo, e a Saulo Gomes, que com seu importante trabalho conseguiu desvendar o mistério. Nossos pêsames ao atual dono da \’ex-estranha\’ cabeça: o senhor Marcos – uma pessoa sem a coragem de agir com dignidade, ao vedar aos cientistas e biólogos a realização de análises científicas no tal crânio.