A constelação de Órion tem se mantido nas notícias desde o final de 2019 e não é sem razão. Pode vir de lá o maior espetáculo celeste de nosso tempo, se a gigante vermelha Betelgeuse entrar em supernova.
A gigante vermelha Betelgeuse tem sido uma visão constante no céu noturno ao longo da vida de várias gerações, brilhando com uma luz vermelha no ombro da constelação de Órion, o Caçador, de fácil visualização.
Um dia, no final de 2019, os observadores do céu descobriram que ela estava escurecendo O escurecimento da estrela foi ainda mais emocionante porque é um fato bem conhecido que ela irá explodir e se transformar em uma supernova.
Betelgeuse, então, se tornou um dos assuntos mais comentados tanto por cientistas quanto por catastrofistas, teóricos da conspiração, estudantes de profecias e teóricos do caos. Todos diziam que algo grande estava a caminho, embora a definição desse “algo” fosse diferente a depender de com quem se falava.
O súbito escurecimento da estrela era um sinal de que explodiria em breve? As especulações duraram semanas, enquanto olhávamos para uma Betelgeuse mais fraca do que jamais havíamos visto antes. Mas ela não só não explodiu, como começou a clarear novamente.
Poeira, manchas, explosões
Betelgeuse Crédito: NASA
E aí começaram os estudos e teorias para explicar o que havia acontecido. Em fevereiro ela estava começando a clarear novamente. Em abril foi publicado um estudo dizendo que a estrela estaria envolta em nuvem de poeira estelar e por isso seu brilho teria diminuído.
E, no começo de julho, outro estudo sugeria que a estrela estivesse passando por um período de resfriamento temporário e irregular. Seguindo os links, você poderá conhecer as matérias que publicamos sobre o assunto, o qual a todos nós interessa, e muito, afinal seria o evento celeste de nossa geração, a observação de uma supernova.
Então, na semana passada, no dia 13 de agosto de 2020, os cientistas divulgaram um novo estudo sugerindo que o escurecimento repentino de Betelgeuse foi, provavelmente, causado pela ejeção e resfriamento de gases quentes e densos. E quem resolveu o mistério foi ninguém menos do que o telescópio Hubble
Perda de massa
Imagen ilustrativa, mostrando a perda de massa e a nuvem que se formou em consequência
Crédito: NASA
Uma declaração do Harvard & Smithsonian Center for Astrophysics (CfA) explicou que “entre outubro e novembro de 2019, o Telescópio Espacial Hubble observou material denso e aquecido movendo-se para fora através da atmosfera estendida da estrela a 320.000 km/h”.
Assim, “as contínuas observações espectroscópicas de luz ultravioleta com o Hubble forneceram uma linha do tempo para os pesquisadores seguirem, como migalhas de pão voltando no tempo para localizar a fonte do misterioso escurecimento”.
Andrea Dupree, diretora associada do Centro Harvard & Smithsonian para Astrofísica e principal autora do estudo, disse que “no outono de 2019 descobrimos uma grande quantidade de gás quente movendo-se para fora de Betelgeuse. Achamos que esse gás resfriou e formou a poeira que bloqueou a parte fotografada em janeiro e fevereiro”.
Supernova?
Supernova Crédito: CanalTech
Dupree acrescentou que a atividade recente em Betelgeuse não era normal para esta estrela. Ela observou que Betelgeuse está perdendo massa a uma taxa 30 milhões de vezes maior do que o Sol, mas que a atividade recente resultou em uma perda de aproximadamente duas vezes a quantidade normal de material do hemisfério sul da estrela sozinho.
Porém, parece que Betelgeuse está escurecendo mais uma vez, cerca de um ano antes do esperado. E então, temos uma supernova a caminho ou não?
“Ninguém sabe como uma estrela se comporta nas semanas antes de explodir, e havia algumas previsões sinistras de que Betelgeuse estava pronta para se tornar uma supernova. As chances são, entretanto, de que não explodirá durante nossa vida, mas quem sabe?”, respondeu Andrea Dupree.
Fonte: Earth Sky