Nota do autor: Absolutamente nada do que lerão a seguir aconteceu realmente. Trata-se apenas e tão somente de uma ficção científica com temática ufológica, ambientada no que seria uma versão igualmente fictícia da 1ª Conferência Internacional sobre Vida Extraterrestre da Juréia. Os personagem Roberto Monteiro, Batista, Leandro e Franco, além do mencionado Phill Reynolds, tomam parte na trama de meu livro, também dentro da FC ufológica, De Roswell a Varginha, porém lá não existe Revista UFO, nem os demais personagens deste pequeno conto. A história é apenas e tão somente uma brincadeira e uma homenagem ao recente e excepcional evento realizado em Peruíbe, a qual espero que os amigos mencionados no texto e os leitores apreciem.
Três Faroleiros e um ET em Peruíbe
Diante do Espaço Vitória Régia, Peruíbe
Sexta, 15 de abril, 18:12 h.
– Continuo achando que não deveríamos estar nós três neste evento – disse Leandro.
– Você fala como se nosso sistema de segurança da central em São Paulo não fosse o mais sofisticado do Brasil! – caçoou Franco.
– Por cima, com nosso equipamento, podemos monitorar tudo daqui mesmo – disse Batista sem tirar os olhos do pequeno netbook.
Leandro, o mais racional e desconfiado dos três, não se deu por vencido. Dirigiu-se a Franco:
– E por cima, Franco, você sabe muito bem que o Coronel Celente te conhece. E se ele ligar os pontos, e te associar ao Farol?
O Farol era o newsletter clandestino mais conhecido do Brasil, onde os três amigos publicavam as mais malucas teorias de conspiração, e os mais impactantes casos de discos voadores do Brasil. Nem a Revista UFO tinha a ousadia de tocar nos assuntos que eles abordavam em quase todas as edições, e não eram poucos os ufólogos que manifestavam completa ojeriza ao trabalho dO Farol.
– Pois vou te contar uma coisa que talvez não saiba, meu velho – disse Franco. – É claro que o Celente, assim como o Geva, já sabem há muito tempo que o Farol é editado por nós.
Leandro teve ganas de virar as costas e sair dali correndo, mas controlou-se. Não ficaria bem para sua reputação de mais sério dos três. Ajeitou a gravata, pois quase nunca deixava de vestir terno, mesmo diante do quente final de tarde em Peruíbe.
Um rapaz alto e de longos cabelos loiros, de calça jeans e camiseta branca, passou na outra calçada e olhou para a entrada do Espaço Vitória Régia com ar distraído. Batista o viu e cutucou Franco, dizendo:
– Não é aquele alienígena que já encontramos antes, o Astar?
Os outros dois se viraram, e Leandro desdenhou:
– Ah, tá, um legítimo ET do tipo beta bem em um evento de Ufologia, muito conveniente!
O loiro já havia virado a esquina e desaparecido, e Franco comentou:
– Leandro, já dissemos a você que o loiro é apenas um disfarce para Astar…
– Também sei disso, ele é na verdade um ser do tipo Varginha, uma raça muito antiga, blá, blá, blá… – arrematou Leandro.
– Se não queria vir, era só dizer – disse Batista.
O hacker negro, provavelmente o melhor do mundo, idealizador de sistemas tão avançados de informática que nem mesmo em dez anos estariam disponíveis ao público, riu e explicou:
– Estou muito interessado no que alguns dos palestrantes vai apresentar. E não poderia perder essa chance de ver ao vivo o Stanton Friedman.
Como que atendendo seus desejos, a poucos passos de distância passaram Gevaerd, o editor da Revista UFO, e Stanton Friedman. Leandro os acompanhou com o olhar, e Batista e Franco ficaram tirando uma com ele pelo resto da noite.
Pizzaria Di Fiori, Peruíbe
Sexta, 15 de abril, 23:42 h.
O rodízio de pizzas, a que compareceu boa parte da Equipe UFO, também teve a presença dos Faroleiros. Leandro não queria aparecer de forma tão pública, mas acabou deixando a paranóia de lado e entretendo uma conversa animada com Stanton. Franco conversava com Geva, e Leandro participava de uma roda onde estavam Fábio, Paulo, Jonatas, Renato, Augusto e Daniel.
A comida estava ótima, e o papo melhor ainda. Renato perguntou de Roberto Monteiro, jornalista de São Paulo que militava havia anos também na Ufologia. Batista disse que não havia podido vir devido a compromissos profissionais em Brasília.
Assim que o mais jovem dos Faroleiros terminou sua sentença, olhou casualmente para fora, e viu passando um homem de cerca de cinquenta anos, com um terno um tanto amarrotado e aspecto absolutamente comum. Mas era um homem que eles já haviam encontrado algumas vezes antes. Batista levantou-se e saiu apressadamente, a tempo de ver o homem entrar em um carro que logo desaparecia em meio ao trânsito.
Leandro veio correndo, e olhou para Batista:
– Era ele mesmo?
Seu colega estava mudo de espanto, e Leandro completou:
– O Friedman acabou de me apontar esse cara, dizendo que o conhecia, e lembrava que tinha uma voz rouca bem desagradável…
Pousada Sollar dos Gerânios
Sábado, 16 de abril, 01:15 h.
Os outros dois já haviam ido dormir, mas Batista não resistiu a ficar conversando com Renato, Jonatas, Fábio e Nelson por mais algum tempo. Da conversa ainda participou Flávia, a gerente da pousada.
Nelson falava de universos paralelos e seres de energia, e Batista lembrava das incríveis experiências que tivera nos últimos tempos. A forma como Astar, por exemplo, “dobrava” a luz a fim de produzir a imagem que quisesse, capaz de enganar até mesmo máquinas fotográficas. Exatamente neste ponto Philipe, filho de Nelson e um dos fotógrafos do evento, chegou e mostrou algo interessante.
Ele já estava baixando as fotos para o laptop, e em seguida o Facebook, e apontou uma que dizia hesitar em colocar no ar.
Um rapaz loiro aparecia em meio aos participantes do evento. Mas algo estranho se passava. Sua imagem aparecia parcialmente transparente, deixando antever uma outra figura, que parecia “dentro” dele.
A de um ser baixo e marrom, com três protuberâncias na cabeça e um par de olhos vermelhos.
Todos comentaram que era bem estranho, e Batista não pôde deixar de observar que o homem da voz rouca, um membro do aparato estatal brasileiro responsável pelo acobertamento, também aparecia em diversas fotos. Não comentou nada com os demais, e apenas pediu que Philipe lhe enviasse as fotos, inclusive aquela muito estranha.
Retomaram a conversa, e ainda saíram por alguns minutos no pátio interno da pousada, com vista para um belo céu estrelado. Foi Flávia que em seguida percebeu na pequena “estrela” se deslocando a distância, parecendo voar sobre o mar.
O objeto luminoso seguiu até quase ser encoberto pelas casas mais próximas da praia, quando voltou na direção contrária, e finalmente desapareceu para baixo, como se mergulhasse no mar.
Avenida beira mar
Sábado, 16 de abril, 20:40 h
Os Faroleiros davam uma volta pela avenida de carro, conversando a respeito dos acontecimentos.
– Gostei muito da palestra do Coronel Celente, e conversei bastante com ele e o Geva – disse Franco. – Sabem que o Geva adorou nossa última edição, sobre as ligações da politicagem em Brasília e os UFOs?
– Pois eu não saí do auditório entre as três e as seis da tarde – comentou Batista. – Queria muito conhecer mais sobre a casuística do litoral, e a apresentação do Jamil e do Wallacy foi excelente. O Nelson é uma grande figura, sempre que posso vou a seu Instituto Physion, e deveríamos usar mais nosso equipamento astronômico no teto de nosso prédio em São Paulo, para dar apoio as pesquisas do Marco.
Leandro, que dirigia o carro, nada disse, e Franco perguntou:
– Mas e você, Leandro, o que achou da palestra do Saga?
Surpreendentemente, o mais cético dos Faroleiros respondeu:
– Achei que muito do que disse realmente tem paralelo com a realidade. O governo oculto, afinal, não tem sido o principal alvo de nossas investigações por anos a fio?
“Quem diria”, disseram em uníssono Batista e Franco, comentando a seguir a apresentação de James Fox e Rebecca Kauffman. Leandro também participou, louvando o esforço dos casal de norte-americanos para trazer figuras importantes a fim de narrarem suas experiências com o Fenômeno UFO. Eles passaram pelos restaurantes da avenida, e em um deles viram boa parte dos ufólogos da Equipe UFO, mas preferiram se recolher mais cedo, pois o domingo seria longo.
Espaço Vitória Régia
Domingo, 17 de abril
Os três dividiram-se a fim de assistir e filmar todas as palestras. Batista assistiu a de Paulo, e depois conversou com ele a respeito da casuística no litoral e no Amazonas. Paulo comentou que recebia O Farol, e que gostaria de conhecer seus editores. Batista confirmou que adoraria fazer o mesmo, mas que eles faziam questão de se manter anônimos.
Leandro acompanhou as palestras de Francisco e Ricardo, e Franco a de Thiago e a de Carlos. Enquanto isso, Batista conversava com algumas pessoas. Havia rumores de ovnis pela região, e algumas pessoas haviam visto aparentemente o mesmo UFO que eles testemunharam na primeira madrugada, baixando sobre o oceano. Alguns dos ufólogos haviam ido a praia investigar, mas não foi encontrado mais qualquer indício.
Atrasado, Batista correu para a apresentação de Fernando, e viu de relance que o homem da voz rouca chegava naquele momento. Alertou Franco a respeito, e o mais velho dos Faroleiros decidiu sentar-se na parte de cima do auditório, a fim de acompanhar o acobertador de perto.
Sua surpresa foi grande ao dar com Astar sentado em uma cadeira, acompanhando as apresentações. Franco dirigiu-se a ele:
– Astar!? O que faz aqui?
O loiro virou-se para ele, sorriu e disse:
– Estou acompanhando este grande evento. Seus colegas ufólogos estão de parabéns, e no caminho certo. A verdade pode aparecer muito antes do que qualquer um de vocês imagina!
– Você é sempre tão misterioso! Parte de mim quer gritar daqui de cima para os amigos lá embaixo e apontar para você. Mas vai ver você iria desaparecer feito o Ginho!
Astar riu, e respondeu:
– O Marcio Baraldi, autor do Ginho, é um sujeito formidável! Já conversei com ele algumas vezes.
Por incrível que pudesse parecer, Franco não se surpreendeu com aquilo. Sentou-se como se não fosse nada demais a presença de Astar ali, e pôs-se a acompanhar a palestra e a presença do Rouco. Também não se surpreendeu ao olhar para o lado e não mais encontrar Astar.
A partir daí, os Faroleiros permaneceram no auditório, acompanhando as apresentações de Gevaerd primeiro, e de Stanton Friedman depois. O veterano pesquisador canadense, redescobridor do Caso Roswell, foi aplaudido de pé pelos presentes, e fez uma excelente apresentação.
Leandro fez questão de depois ir conversar com ele, e não se surpreendeu quando o canadense disse já ter travado conhecimento com o nome de um oficial que havia chegado ao conhecimento dos Faroleiros anos antes, Phill Reynolds. Leandro suspeitava que fosse o próprio autor da política de acobertamento global, iniciada logo após Roswell, e Stanton concordou que existiam indícios nesse sentido.
As conversas nos bastidores se arrastaram pelas duas horas seguintes, enquanto stands eram desmontados, fotografias de grupos tiradas e ocorriam trocas de cartões, telefones e e-mails. Gevaerd surgiu depois, perguntando a equipe da revista se já havia empacotado os numerosos DVDs, livros e revistas que estavam expostos no stand.
Nisso, viu a mesa limpa, sem ninguém, mas com várias caixas de papelão cheias e pesadas ao lado. A equipe chega logo a seguir, e Daniela, a gerente, diz:
– Já íamos começar a arrumar, estávamos tirando fotos… mas quem já empacotou tudo?
Franco, que conversava com Geva, olhou para a porta a tempo de ver um rapaz alto e loiro sair. Não se atreveria a expor a possível causa do mistério. Para a equipe restou apenas fechar as caixas com fita adesiva.
A Equipe UFO se agrupou para fotos, e alguns repararam que um dos que operavam uma máquina era um sujeito de terno um tanto mal-encarado, que depois entrou em um carro. Leandro ainda conversava com Stanton, e ambos viram o homem da voz rouca entrar no mesmo carro, que saiu e dobrou a esquina seguinte, não sendo mais visto.
E finalmente, na rua diante do Espaço Vitória Régia e olhando na direção do mar, muitos puderam ver um ponto luminoso surgir de repente, subindo lentamente a princípio, e a seguir aumentando a velocidade e desaparecendo por fim em meio as nuvens.
Pousada Sollar dos Gerânios
Domingo, 17 de abril, 23:20 h
Flávia recebeu os Faroleiros e os ufólogos hospedados na pousada com seu adorável sorriso, e todos ficaram ali por um bom tempo conversando a respeito do evento. Um e outro comentou o estranho avistamento que havia ocorrido no final, mas ninguém arriscou uma explicação.
Alguns foram arrumar as malas, pois iriam embora dali a minutos, e Batista abriu a mochila e deixou alguns exemplares do Farol com Flávia, dizendo:
– Os malucos que escrevem isso (omitiu o fato de ele próprio ser um dos tais malucos), sempre me mandam a mais, e achei que iria gostar.
– Ah, Batista, obrigada!
Flávia demonstrou haver adorado o presente, dizendo que também havia recebido revistas, DVDs e livros de Gevaerd, e também fora presenteada por Renato com seu livro de ficção científica ufológica. Ela fez Batista prometer que voltaria, e ele disse que sempre que viesse pesquisar no litoral sul, ficaria no Sollar.
No caminho de volta, os Faroleiros discutiram suas impressões, e começava a tomar forma a próxima edição dO Farol, dedicada ao evento.
– Então quer dizer que o tal alienígena, Astar, estava no evento, Franco? – perguntou Leandro sarcasticamente. – E você não avisou ninguém claro!
– Não iria adiantar nada, Leandro, o cara só aparece quando quer – respondeu o mais velho do trio.
– Ao menos consegui umas fotos do homem da voz rouca – disse Batista manipulando a sofisticada máquina digital. – Será legal ter as fotos dele nO Farol!
– Seria melhor ainda fotos do tal Astar – retrucou Leandro. – Será primo do famigerado Ashtar Sheran?
– Você sabe muito bem, Leandro, – devolveu Franco – que Ashtar Sheran não passa de um mito ufológico!
– Sabe que uma vez, quando eu estava no norte do país… – começou Leandro.
– Vai começar! – implicou Franco.
Batista manteve-se entretido com a máquina fotográfica, e Leandro e Franco discutindo também não perceberam quando, ao virar uma esquina e entrar na avenida principal, diante de uma placa que indicava São Paulo, uma pequena figura marrom de olhos vermelhos acompanhou o carro.
– Um dia, em breve, amigos! – disse Astar com um sorriso.
FIM
Agora sim, minhas impressões sobre o evento! Sempre é muito proveitoso participar de um encontro como esse, e conversar com colegas e amigos com os quais temos contato quase exclusivamente por e-mail. As conferências foram todas excelentes, incluindo o trabalho de tradução dos amigos Thiago (com James Fox e Rebecca Kauffman), e Carlos (com Stanton Friedman).
Muito me chamou a atenção a apresentação do Coronel Celente, ressaltando a importância de uma apresentação séria da Ufologia, para em suas palavras “conquistar corações e mentes”. Paulo Anibal apresentou resultados de sua extensa pesquisa de campo, incluindo amostras de plantas queimadas pelo pouso de um objeto voador não identificado. Wallacy e Jamil exibiram casos do litoral paulista, e vale lembrar que o Geubs de que fazem parte é o único grupo ufológico a ganhar destaque na revista Veja.
Nelson Granado mostrou seus vastos conhecimentos não apenas durante sua palestra, mas também a todos que o procuravam e até na Pousada Sollar dos Gerânios, onde ficamos hospedados. Marco Petit apresentou sua impressionante pesquisa sobre o programa espacial terrestre ( seus CDs são muito recomendáveis), e nosso amigo Saga com certeza surpreendeu muita gente.
Dos estrangeiros, Rodrigo Fuenzalida sempre apresenta novidades. James Fox e Rebecca Kauffman mostraram seu trabalho, e é admirável como conseguem contato com personalidades tão importantes que vêm a público falar de suas experiências ufológicas. O DVD que produziram, Destino Terra, é imperdível! Já Stanton Friedman absolutamente dispensa apresentações, foi realmente aplaudido de pé, e impecável em sua apresentação, quando alertou para o grave fato de que nenhum documento ultra-secreto foi liberado na recente onda de divulgação de documentos classificados, que já dura desde 2008.
Ricardo Varela com sua análise de imagens deu uma aula de Ufologia, Francisco Pires falou sobre a impressionante casuística da região de Botucatu, Thiago Ticchetti mostrou casos ufológicos de Brasília dos quais eu pessoalmente nunca havia ouvido falar, e Carlos Machado me surpreendeu com sua extensa pesquisa sobre os agroglifos no sul do Brasil, em uma nova aula sobre como fazer trabalho de campo.
Fernando Ramalho, o principal artífice da abertura dos documentos brasileiros, contou a longa saga pela liberdade de informação ufológica, e relatou quais os próximos passos da campanha, e finalmente, nosso editor A.J. Gevaerd encerrou magistralmente o evento, mostrando como a Ufologia tem progredido, bem como o entendimento da Ciência a respeito do Universo, deixando claro uma coisa: o tempo da comprovação final de que nunca estivemos sozinhos no Cosmos está muito próximo!
E por fim, deixo um abraço especial aos amigos Fábio, Jonatas, Paulo e Augusto, com quem tive ótimos papos, e a Flávia, gerente da Pousada Sollar dos Gerânios que tão bem nos acolheu. E estaremos juntos novamente nos próximos eventos, que brevemente serão anunciados no site de UFO. E convido todos a visitar meu outro blog, EscritorcomR, onde publiquei outros contos com os personagens de meu livro De Roswell a Varginha.