Na história da Ufologia Mundial existem alguns casos que servem como prova definitiva da existência física dos UFOs, devido ao número de testemunhas e à documentação fotográfica ou cinematográfica. Alguns deles ocorreram já nos primeiros anos da pesquisa ufológica e serviram para fundamentar a idéia de que estávamos realmente diante de algo sério, que merecia investigação. Um desses clássicos da Ufologia é o Caso Trindade, ocorrido no dia 16 de janeiro de 1958, cujo principal envolvido foi um fotógrafo, membro da tripulação de um navio da Marinha Brasileira que atracava no porto da Ilha de Trindade (RJ).
Na época, o acontecimento foi digno de grande repercussão e a testemunha deu entrevistas a quase todos os meios de comunicação, especializados ou não. Mas alguns detalhes do fato ainda ficaram obscuros, mesmo depois das impressionantes imagens fotográficas, feitas por ele, terem sido exibidas nas páginas de jornais e revistas de todo o Brasil. Após algum tempo, o Caso Trindade foi deixado de lado e substituído na mídia por outros, mais atuais e talvez até mais relevantes.
Depois de quase 40 anos, voltamos a falar dele apresentando novas revelações, pois, considerados de suma importância, os detalhes não mencionados em 1958 merecem ser revisados, a partir do envolvimento de testemunhas militares e das rigorosas e profundas investigações feitas pela Marinha do Brasil. Recentemente, em entrevista exclusiva, o fotógrafo Almiro Baraúna, testemunha chave do episódio, reportou-nos fatos inéditos, os quais passaremos a transcrever.
Pode-se dizer que essa história começou no dia 14 de janeiro, quando chegava à Ilha de Trindade o navio Almirante Saldanha, da Marinha Brasileira, trazendo a bordo, como vinha fazendo em suas últimas visitas, além de sua tripulação, uma equipe de caça submarina. Essa equipe tinha como um de seus integrantes Baraúna, que se transformaria no principal personagem do caso. Em 1958, ocorreu o Ano Geofísico Internacional, e a Marinha Brasileira participava ativamente das pesquisas, realizadas inclusive em Trindade.
Portanto, a presença do grupo de caça submarina estava relacionada a essas atividades. A equipe deveria recolher espécies raras de peixes, que normalmente não eram encontradas no litoral. Baraúna foi convidado para fotografar o fundo do mar, pois havia sido construída uma caixa estanque, que permitia-lhe imagens submarinas. O fotógrafo realizou, na época, várias reportagens para as revistas Mundo Ilustrado e Manchete Esportiva. Na manhã de 16 de janeiro, depois de cumpridas todas as missões, a tripulação e o grupo de caça submarina retornaram ao navio, que havia permanecido fundeado próximo à ilha.
Primeira fotografia – O fotógrafo não passou muito bem: chegou enjoado à embarcação e foi deitar-se ao convés. Pouco depois do meio-dia, em meio a uma gritaria, um tenente da tripulação alertou o fotógrafo para a presença de um objeto voador metálico e discoidal, que evoluía no céu rumo ao navio. Baraúna levantou, armou o tripé e a máquina fotográfica, uma Rollerflex, e bateu a primeira fotografia. Logo em seguida, a segunda. Mas o objeto desapareceu por trás do Morro Desejado. Pouco tempo depois reapareceu, ficando praticamente imóvel no céu. Segundo o fotógrafo, o UFO parecia um balão apagado, em movimento.
Nesse instante, Baraúna conseguiu a terceira imagem – diga-se de passagem, a melhor da série. O disco voltou a se movimentar, rumando em alta velocidade em direção ao horizonte, mas antes que desaparecesse, Baraúna tirou mais uma fotografia. Na realidade, o fotógrafo chegou a bater seis poses, mas em duas delas o disco voador não aparece, pois o obturador da câmera foi acionado no momento em que Baraúna estava sendo derrubado pelos militares que corriam no convés da embarcação. Em uma delas aparece somente o mar e na outra, parte da ilha com o horizonte inclinado.
Após o UFO sumir rumo ao alto-mar, Baraúna ficou vários minutos sentindo-se ainda trêmulo. O avistamento daquela nave deixou vários militares da tripulação emocionalmente abalados. Vários deles chegaram a apontar suas armas em direção ao UFO. Após o desaparecimento do objeto, o comandante da embarcação perguntou a Baraúna se havia conseguido fotografar aquelas evoluções. A resposta foi a de que tinham sido batidas várias fotos, mas que ele não podia afirmar o registro da presença do UFO.
Em seguida, o mesmo militar indagou se havia condições de revelar o filme a bordo já que o navio possuía um laboratório fotográfico, mas que encontrava-se abandonado. O profissional descobriu que vários dos produtos químicos existentes naquela dependência estavam deteriorados, porém como encontrou metol e sulfito, decidiu revelar o filme, substituindo o ácido acético por vinagre. Antes, teve ainda que reparar o tanque de revelação. Baraúna contou com a ajuda do capitão José Viegas, da Aeronáutica, membro do grupo de caça submarina, que segurava uma lanterna elétrica com um celofane verde na frente, utilizada no processo de revelação.
Os riscos de queimar os negativos eram grandes, pois Baraúna não tivera tempo de regular o diafragma da máquina antes de bater as fotografias, e o filme havia sido exposto à luz em demasia. Do lado de fora do laboratório os militares aguardavam com ansiedade. Alguns portavam lentes, na esperança de examinar o filme logo após sua revelação – coisa que acabou por acontecer. Não havia mais dúvidas: o UFO tinha sido registrado. Durante o jantar, ainda a bordo do Almirante Saldanha, o comandante da embarcação informou a Baraúna que outras três aparições já haviam sido registradas antes. Pelo menos uma fora testemunhada pelo comandante militar da ilha, o capitão de corveta Carlos Alberto Ferreira Bacellar.
Superexposição – Ao chegarem a Vitória (ES), Baraúna solicitou e conseguiu permissão para que seu grupo retornasse de ônibus, pois o navio ficaria ainda dois dias na cidade. Ao amanhecer já estavam em Niterói (RJ). Baraúna prontamente levou os negativos para seu laboratório, o filme estava de fato muito carregado devido à superexposição. Resolveu então rebaixá-lo – uma técnica bastante perigosa, pois se não houvesse muito cuidado poderia quei
má-lo. Sendo assim, o fotógrafo trabalhou primeiramente com o negativo menos importante, justamente o da foto em que o disco visivelmente está mais distante, pouco acima da linha do horizonte.
O resultado foi positivo e a imagem ficou bem mais clara. Assim ele aplicou a mesma técnica nas demais, fazendo as primeiras ampliações. Mas não as divulgou ao público de imediato, pois os militares haviam solicitado que mantivesse o caso em sigilo até o término das investigações. Dias depois, Baraúna foi convidado a levar os negativos e prestar um depoimento no serviço secreto da Marinha, na cidade do Rio de Janeiro. Lá, ele foi interrogado durante várias horas. A partir do negativo da terceira foto – a melhor -, foram feitos dois slides no laboratório da Marinha. Eles usaram um processo técnico que permite gerar uma imagem em três dimensões, possibilitando assim determinar a distância em que o disco estava ao ser fotografado.
Tal estudo foi realizado ainda na presença de Baraúna. Os militares lhe informaram que o UFO se encontrava a cerca de 14 km de distância do navio no momento em que a fotografia foi batida. Posteriormente, Almiro foi chamado para outro interrogatório. Na ocasião, a Marinha confiscou os negativos das fotos e, ao devolvê-los, o fotógrafo notou que suas bordas estavam raspadas. A Marinha os tinha enviado para análise ao serviço aéreo fotogramétrico da Cruzeiro do Sul, onde foram feitos estudos de textura e granulação do filme. Não foi encontrado o menor sinal de trucagem. Mesmo assim, novamente os militares requisitaram os fotogramas.
O serviço secreto da Marinha ouviu um total de 48 testemunhas, incluindo marinheiros, cabos, sargentos, três oficiais e o almirante Paulo Moreira da Silva – que possuía a mais alta patente entre os militares que observaram o disco voador. Numa das reuniões em que Baraúna esteve presente, foram depositadas sobre uma mesa inúmeras fotos de UFOs, adquiridas em outros países, pertencentes aos arquivos da Marinha. Misturadas a estas foram colocadas as cópias das fotografias de Baraúna.
As testemunhas, incluindo o almirante Moreira da Silva, foram convidadas a identificar o disco que teria sido observado em Trindade no meio de todas aquelas fotografias. Apenas um marinheiro identificou erroneamente o objeto, indicando um disco voador fotografado pela Marinha argentina em Baía Blanca. Baraúna pôde verificar nas dependências do órgão a existência de uma fotografia de UFO que foi tirada por um sargento.
Tratava-se da documentação através de uma “máquina caixão” de baixa velocidade do primeiro objeto não identificado observado na Ilha de Trindade, poucos meses antes daquela experiência. Depois de terem sido requisitados os negativos pela segunda vez, finalmente deram-lhe autorização para tornar públicas suas fotos. Baraúna tinha a intenção de procurar o jornalista João Martins, da revista O Cruzeiro, para divulgar os detalhes do caso. No entanto, foi surpreendido com a notícia de que o Correio da Manhã apresentaria em primeira mão, como furo de reportagem, fotos de um disco voador que foram conseguidas pela Marinha em Trindade.
O jornal havia adquirido cópias das fotos de Baraúna diretamente do presidente da República Juscelino Kubitschek, que estava passando uns dias na cidade carioca de Petrópolis. Baraúna procurou João Martins e contou toda a história. Depois de várias ampliações dos negativos, feitas no laboratório da revista, os dois convocaram outros jornais e forneceram as cópias. No dia seguinte, o tal furo de reportagem foi ofuscado por matérias muito mais completas, que continham entrevistas tanto de Baraúna quanto de João Martins, que havia se tornado pesquisador ufológico logo após o Caso da Barra da Tijuca.
O Brasil e o mundo começavam a tomar conhecimento dos acontecimentos verificados em Trindade. Passados alguns dias, o jornal Diário de Notícias, que não havia recebido o material, publicou em represália uma reportagem visando demonstrar que as fotografias batidas por Baraúna eram fraudes feitas a partir de modelos.
Apesar da falta de embasamento para a acusação, uma grande polêmica foi gerada. Um dos fatores que agravou ainda mais a acusação foi que, no passado, Baraúna havia produzido hologramas de discos voadores através de trucagens, com a finalidade de mostrar a toda a população como era fácil criar imagens falsas do gênero. Entretanto, em abril daquele mesmo ano, a controvérsia estaria chegando ao seu término, quando o Estado Maior das Forças Armadas, da Marinha, depois de ter concluído um inquérito rígido e sigiloso, resolveu se pronunciar oficialmente confirmando a autenticidade do caso e das fotos.
Caso fundamentado – o relatório confidencial sobre o incidente, entretanto, não foi divulgado à Imprensa. Porém, de maneira surpreendente, vários documentos secretos ligados ao acontecimento acabaram sendo veiculados em uma revista argentina anos mais tarde. Um deles, um memorando da Embaixada Norte-Americana, assinado por seu adido militar, endereçado ao contra-almirante Luiz Felipe Pinto da Luz, na época subchefe do Departamento de Inteligência da Marinha. Nesse documento são solicitadas maiores informações sobre o caso e cópias das fotografias, aparentemente ressaltando a existência de testemunhas inteligentes e confiáveis, que, por sua vez, serviriam para fundamentar o caso.
Pelos documentos publicados na Argentina, fica claro que a Marinha do Brasil não divulgou maiores informações sobre os fatos ligados à Trindade, limitando-se a fornecer apenas cópias das fotos. Outro documento guardado às sete chaves, com data de 13 de fevereiro 1958, proveniente do Comando de Operações Navais, foi remetido ao diretor de Hidrografia e Navegação da Marinha. Nele, os oficiais superiores sugeriam que o posto da Marinha em Trindade fosse mantido em permanente estado de alerta, pois outras manifestações de discos voadores poderiam acontecer a qualquer momento naquele local.
Os militares deveriam realizar todos os esforços possíveis na ilha para fotografar os UFOs com os mais diversos tipos de máquinas. As observações deveriam ser efetuadas também através do radar e de agulhas magnéticas. O memorando chamava a atenção para possíveis interferências nos motores de combustão interna e nas luzes elétricas. Sugeria ainda que fosse ordenado ao comandante militar da ilha que, em caso de qualquer sucesso obtido em relação ao assunto, prontamente comunicasse os fatos a seus superiores.
Através deste documento fica evidente que a Marinha não só sabia da existência dos UFOs, como também estava convencida de que outras aparições poderiam acontecerem Trindade. O documento mais importante publicado na Argentina é, entretanto, o relatório secreto onde são detalhados todos os fatos verificados na ilha e ainda as conclusões das investigações, remetido para o Ministro da Armada. Tal declaração é datada de 03 de março de 1958. Inicialmente foi feito um histórico
sobre as aparições antecedentes ao dia 16 de janeiro deste ano.
Manobras insólitas – A primeira observação ocorreu no dia 05 de dezembro de 1957, enquanto que a segunda aconteceu em 31 de dezembro de 1958 e a terceira no dia seguinte, 1º de janeiro. O relatório secreto descreve um abalo no estado emocional das testemunhas frente ao sucedido em janeiro, quando ficaram diante do UFO. Nele há também as manobras insólitas que o disco voador foi capaz de realizar na presença dos militares, demonstrando uma capacidade tecnológica muito acima da ciência terrestre e despertando o pânico dos que estavam a bordo do navio.
As últimas linhas do texto trazem uma importante declaração: “A partir da existência de informes pessoais e da evidência fotográfica de certo valor, considerando-se as circunstâncias em que foi obtida, admite-se a existência dos UFOs”. Inclusive, o relatório propõe ao ministro da Marinha que o Alto Comando da Armada acompanhe de perto todas as informações ligadas a casos ufológicos, com o objetivo de alcançar uma melhor compreensão da questão. O documento é assinado pelo capitão de corveta José Graldao Brandão, do Serviço de Inteligência da Armada.
UFOs flagrados no Rio Paraguai
O envolvimento da Marinha Brasileira com os UFOs evidentemente não ficou restrito ao Caso Trindade. Existem vários outros incidentes em que militares da Armada estiveram frente a frente com discos voadores, mas o sigilo e as rígidas regras militares não têm permitido que tais casos cheguem à população de nosso país. Recentemente, entretanto, tivemos conhecimento de um, extraordinário, ocorrido também nos primórdios da Ufologia Moderna, mais exatamente no ano de 1962. O fato aconteceu com uma embarcação da Marinha responsável pela sinalização náutica do Rio Paraguai. Diante disso, entrevistamos o comandante do barco, o capitão de mar e guerra João Maria Romariz.
Segundo o oficial, em uma das vezes que subiu o rio em direção a Porto Murtinho (MS), vários membros da tripulação o alertaram para a presença de várias luzes misteriosas no céu na direção da proa do barco. Anoitecia e logo em seguida um dos objetos sobrevoou a embarcação, permitindo a ele avistar, inclusive, algumas possíveis janelas, o que foi confirmado por outro membro da tripulação, através de um binóculo.
A embarcação continuou subindo o rio, tendo sempre à sua frente vários objetos luminosos. Quando já estava totalmente escuro, por volta das 19h00, um daqueles aparelhos se movimentou rapidamente, chegando bem mais próximo, permitindo a observação detalhada de sua forma. O UFO era semelhante a dois pratos sobrepostos, emitia uma luminosidade amarela dourada e apresentava uma espécie de “antena” na parte superior. Neste momento, o comandante deu ordem para que navegassem mais próximos à margem brasileira, e todas as luzes foram apagadas.
Código Morse – Próximo passo foi uma tentativa de comunicação através do Código Internacional de Sinais (Morse): o piscar de uma luz situada na popa da embarcação. Não houve qualquer resposta, mas logo em seguida vários daqueles objetos, que estavam próximos à linha do horizonte, bem em frente ao navio, começaram a aumentar e diminuir seu brilho de maneira sucessiva. Em seguida toda tripulação pôde observar um dos objetos que se aproximou cada vez mais, pairando rente à embarcação, e lentamente perdendo altura. O UFO foi desaparecendo misteriosamente sobre território paraguaio.
Em seguida um outro objeto se aproximou do navio, projetando uma luz prateada sobre a tripulação, para poucos segundos depois evadir-se também em alta velocidade. Quando finalmente chegaram a Porto Murtinho, o comandante Romariz ficou sabendo, pelo prefeito da cidade, que apareceram discos voadores também sobre essa localidade, sendo avistados por um grande número de pessoas. Procurado pelos jornalistas, o comandante negou qualquer tipo de contato com os UFOs, vindo a falar abertamente comigo sobre o incidente há poucos meses atrás. Naquela época foi chamado ao Rio de Janeiro para dar um relato detalhado sobre o incidente no Estado Maior da Armada.