Na quarta-feira, 12 de novembro de 2008, recebi uma mensagem do amigo e editor da Revista UFO A. J. Gevaerd, da qual sou consultor e investigador, notificando o aparecimento des círculos do tipo inglês, em plantações de trigo no oeste catarinense, mais especificamente em uma pequena cidade agrícola denominada Ipuaçu. Como Santa Catarina fica bem mais próxima que a Inglaterra, fiquei pensando seriamente em visitar aquela cidade o mais breve possível, visto que esses círculos costumam desaparecer rapidamente por conta da presença constante de curiosos que acabam os destruindo, ou mesmo pela impaciência dos agricultores que acabam fazendo a colheita antecipada. Convidei vários amigos para ir comigo até Ipuaçu – aproximadamente 500 km -, mas para infelicidade deles, nenhum pode viajar naquele momento. Decidi então tomar a estrada, solitário, no sábado à tarde, descansando em Porto União, cidade que faz divisa entre os estados do Paraná e Santa Catarina, bastante conhecida por ser progenitora da história do catarinauta, ou seja, do astronauta tupiniquim brasileiro Charles Conrad Junior, que fotografou alguns UFOs na missão Apollo e é o terceiro homem a pisar na Lua.
Ipuaçu – o início de uma saga – No domingo pela manhã, continuei a viagem até Ipuaçu, na esperança de encontrar os dois círculos relatados por Gevaerd. Pelo caminho foi difícil não reparar nas hélices gigantescas provenientes de uma usina eólica construída há apenas quatro anos. Questionando moradores da região, tomei conhecimento de que a usina produz e armazena energia elétrica para todas as fazendas da vizinhança. Outro fato que me chamou a atenção é que ao chegar próximo à região de Ipuaçu, notei um tipo de aldeia indígena a beira da estrada, uma reserva da tribo Xapecó constituída de pequenas casas onde vivem índios da região. No início da tarde, ao chegar à pequena cidade, me informei sobre os locais onde os círculos surgiram. No início do trajeto me deparei com uma pequena placa onde se lia ET, com uma pequena indicação em seta na direção do círculo. Confesso que achei aquela brincadeira engraçada e, possivelmente, feita por algum adolescente brincalhão que reside por lá. Ao encontrar o primeiro círculo, presenciei vários automóveis encostados ao seu lado, cheio de curiosos que desciam e aproximavam-se dele em meio à plantação já cortada. O proprietário tomou o cuidado de colher o trigo apenas ao redor do círculo, deixando-o em exposição. Ele ficava imediatamente ao lado de uma estrada vicinal da região que permitia acesso a outras fazendas e ao segundo círculo, que viria a conhecer posteriormente. Conheci e entrevistei o proprietário das terras que, na ocasião, acompanhava alguns amigos que queriam conhecer o estranho fenômeno que assolava a propriedade. Este círculo já estava deteriorado. Alguns presentes afirmavam que o segundo, a cerca de cinco quilômetros, estava mais bem conservado, possivelmente pelo fato de ser mais afastado da cidade.
Deste primeiro círculo, obtive várias fotografias, o medi com uma trena e fiz alguns testes com a bússola e magnetômetro. Cerca de meia hora, e, depois de presenciar muita gente saindo e chegando do local, fui visitar o segundo círculo. A orientação que tive para ir até o local foi precária, cheguei até a me perder, mas foi apenas aguardar um pouco a vinda de alguns carros e segui-los, que encontrei o segundo círculo. O segundo agrogrífo também estava em um campo de trigo já colhido. Realmente ele estava mais conservado, pois poucas pessoas o visitaram desde o domingo em que apareceu. Já tinha uma semana e ainda estava ali, sendo visitado e chamando a atenção de quem passava. Esse segundo, era mais difícil de ser visualizado daquela estrada, mas era perfeitamente visível de uma estrada paralela, onde também o filmei e fotografei. Enquanto o primeiro estava a cerca de 20 passos da estrada, esse ficava um pouco mais distante, cerca de 40 passos. Sua similaridade com o primeiro realmente era de espantar. Ainda era possível visualizar o trigo deitado em sentido horário, mas infelizmente, já pisoteado pelos curiosos. Mesmo assim, procedi aos mesmos testes e à colheita do material – trigo e amostras de terra do centro, da periferia e de fora do círculo. O proprietário da segunda lavoura também tomou o cuidado de preservar o local, colhendo apenas o trigo ao redor. Quando fazia a colheita das amostras com a ajuda de um professor local de geografia. Rozaldo Ferreira, notei que a amostra de terra do centro do círculo, onde encontrei um pequeno buraco, encontrava-se mais seca e dura do que na parte externa do mesmo. A terra usada para plantação geralmente é fofa, o que não era o caso ali.
Foi inevitável não recordar dos casos de soja que pesquisei há vários anos, próximos à cidade de São Jorge do Ivaí, próximo 60 km de Maringá, no estado vizinho do Paraná, mais especificamente no ano de 1991. Naquela época registrei vários círculos em plantações de soja, mas diferentes destes. Quando o campo de soja encontrava-se maduro o círculo estava verde e vice-versa. Sempre no meio de cada círculo encontrei pelo menos uma pequena perfuração e, em dois casos, três perfurações quase simétricas. Nos testes que realizei naquela época, apresentaram forte interferência no campo magnético da terra, deixando a bússola que usei totalmente maluca. Apenas um dos buracos diferenciava dos demais, pois cheguei a medi-lo a cerca de cinco metros de profundidade. Os demais não passavam de 10 cm de profundidade por 10 de diâmetro. Voltando a nosso círculo de trigo. Enquanto realizava a colheita de amostras, soube pelo professor Ferreira que outro círculo havia aparecido em uma cidade vizinha chamada Xanxerê. Como eu pretendia pernoitar por lá, resolvi me hospedar naquela cidade e registrar a aparição do novo agroglífo. Nesse momento, já tinha percebido que minha longa viagem havia compensado. Conheceria um novo círculo mais recente do que os anteriores.
O lado psicológico do fenômeno: depressão, conseqüência de fofoca e afirmações sem fundamento – Segundo os rumores dos moradores que conheci na região do círculo, o proprietário da terra em questão não estava satisfeito com o que vinha ocorrendo em sua lavoura. Cheguei a vê-lo ao longe quando realizava a coleta das amostras e fazia as medidas do local. Mais tarde, resolvi lhe fazer uma visita para tentar entrevistá-lo. Como era domingo, sua família encontrava-se em uma roda de chimarrão, comum naquela região, e fui gentilmente convidado a participar da rodada, mas não me permitiram gravar ou fotografar. Em nossa conversa notei que todos estavam decepcionados com o que vinha ocorrendo, pois o que mais os machucava com relação a tudo eram afirmações sem fundamento de moradores locais acusando o agricultor, ou seus parentes, de terem confeccionado o tal círculo propositadamente para tornarem-se conhecidos na região.
Conversei
atentamente com todos e notei que realmente aquilo os havia chocado e decepcionado a ponto de tomarem a decisão de cortarem o trigo do círculo já no dia seguinte, por conta de todo aquele incomodo. Afirmaram que ninguém ali possuía conhecimento para tal empreitada. Reclamaram que os pesquisadores que apareceram na região, bem como os jornalistas, não costumavam pedir permissão para adentrar em suas terras, então afirmavam que, se caso aparecessem outros círculos desse tipo, que iriam cortar a plantação o mais rápido possível, antes mesmo que as pessoas tomassem conhecimento do fato. No dia seguinte, encontrei no hotel onde estava hospedado em Xanxerê, um parente próximo do proprietário daquela terra, que afirmou, preocupado, que devido aos fatos que vinham ocorrendo e por conta de todo aquele montante de informações infundadas, o proprietário chegou a pensar em suicídio. Esta informação me preocupou profundamente e fico imaginando o que poderia ocorrer em um futuro próximo, caso os círculos continuem a aparecer como vem ocorrendo na Inglaterra e, a população se apresse em afirmar absurdos infundados baseado em opiniões egoístas sem se preocupar com as conseqüências de seus atos.
Os pesquisadores, repórteres ou curiosos, não devem esquecer que quando presencia tais fenômenos, também está lidando com seres humanos que sempre estão por trás dos avistamentos como testemunhos principais e, junto com eles, acompanham todos os problemas pertinentes a seres humanos. Lembro ainda, aos mais afoitos que Ufologia não é brincadeira, é coisa séria. Se pessoas bem informadas da cidade acostumadas a estudar ou pesquisar fenômenos, sejam eles inusitados ou não, já têm problemas em aceitar tais realidades, imaginem como é a preparação psicológica de pessoas simples do campo com seus conhecimentos limitados a preparação do solo, cultivo e colheita.
Xanxerê – verdade ou mentira? – Cheguei à Xanxerê, que possuí 40.228 habitantes, a tempo de conhecer o terceiro círculo daquela região. Apesar de a cidade ser maior do que Ipuaçu, com 6.566 habitantes, foi relativamente fácil encontrar a região do círculo, pois praticamente todo mundo sabia e conhecia o lugar. Ao avistar a propriedade fiquei impressionado com a situação, pois havia uma verdadeira romaria em direção a ela. Não preciso dizer que a essa altura e para minha decepção, o círculo estava mais pra lembrança, quase todo destruído pela enorme quantidade de pessoas que o visitaram. Notei que ao contrário dos outros campos de trigo, aqui ainda se via algum trigo verde evidenciando não estar em época de colheita. O mais curioso é que os comentários que ouvia eram sobre “Ah, é isso o tal círculo? Ah, isso foi obra de alguém?” e por ai afora. Apesar de tais opiniões também ouvi, “Não, mas no jornal dava pra ver, bem certinho, era perfeito, ninguém poderia tê-lo feito daquela maneira etc”.
Depois de medi-lo, reparei que existiam outros quatro círculos menores quase encostados no maior que era oval. O terreno como os demais possuí leve inclinação em direção leste, o que permite ser visualizado por quem passa pela rua próxima ao terreno ou por quem mora em um dos prédios das proximidades. Escutei vários comentários dizendo em tom de sarcasmo que os menores eram tentativas frustradas de igualarem ao maior, mas o que eles não perceberam é que os tais círculos menores aparentavam fazer parte de uma figura maior, uma somatória de círculos. Outra particularidade que me chamou a atenção foi os pequenos buracos que encontrei no centro de todos os círculos. Pensei: Se fosse fraude, como os fraudadores sabiam dos buracos centrais e o que eles teriam a ver com as garrafas pets e o cabo de vassoura encontrado próximo a eles, visto que essa era a matéria que vinha sendo divulgada na imprensa local. Chegaram a publicar uma foto do tal aparelho que facilitaria a criação do tal círculo. Então, fica a pergunta: Qual a relação das tais perfurações com a feitura dos círculos de Xanxerê?
Ademais, começaram a surgir muitas testemunhas de UFOs – luzes – na região. A maioria afirmava que as tinham visto exatamente sobre aquela região na noite anterior ao aparecimento dos tais círculos. Lamentavelmente, quando cheguei ao círculo de Xanxerê, o trigo já se encontrava bastante danificado e amassado, ficando difícil analisar como estavam no início, quando foram encontrados. De qualquer forma, consegui algumas fotografias feitas na manhã daquele mesmo dia com um morador. Percebi que, quando as pessoas notavam ou descobriam que eu era pesquisador da Revista UFO, procuravam me auxiliar de alguma forma, principalmente tentando me passar informações que pudessem elucidar aquele mistério como as informações cedidas pelo senhor Jéferson Miranda. Ficavam interessados quando percebiam que eu havia viajado tanto para conhecer aquele fenômeno que aparecia praticamente em frente à porta da casa deles. Foi dentro do círculo de Xanxerê que encontrei algumas testemunhas dessas luzes e, entre elas, uma em especial que me auxiliou a medir alguns dos círculos e chegou a combinar para o dia seguinte uma entrevista exclusiva, onde prestaria seu depoimento sobre um avistamento de um UFO em companhia de sua esposa, no dia anterior.
Enquanto jantava no hotel onde me hospedei, notei que as conversas ao meu redor sempre cediam largo espaço para os círculos que assombravam os moradores daquelas cidades tão próximas. Resolvi fazer uma pequena observação noturna em frente ao terreno dos círculos de Xanxerê, mas como sou mortal, por volta das 01h00, cedi ao sono e voltei ao hotel para descansar. Na manhã seguinte, voltei ao local e encontrei outro círculo toscamente feito por uma caminhonete, possivelmente por jovens arruaceiros que pretendiam brincar, achando que seria fácil reproduzir o tal círculo. Evidentemente não obtiveram nenhum sucesso em sua empreitada. Foi fácil identificar a entrada do automóvel e as marcas dos pneus, mas percebi que alguns curiosos que ainda visitavam o local, por falta de conhecimento sobre a situação, os confundiam. De qualquer forma, deve ter dado algum prejuízo ao proprietário da plantação. Ficou difícil para mim, pelo menos imaginar que aqueles arruaceiros realmente acreditavam que iriam convencer alguém com aquela tosca tentativa infantil ou que isso poderia fazer algum efeito. Eles mesmos devem ter se decepcionado, pois estavam longe de alcançar a forma geométrica perfeita que vinha aparecendo.
Os UFOs mostram sua cara – Ainda naquela manhã de segunda-feira, fui entrevistar o senhor Ivan Guedes Machado. Ele, fiscal federal agropecuário, e sua esposa, a médica Bernadete Machado, especialista em geriatria e muito conhecida na cidade, relataram que quando voltavam de Chapecó para Xanxerê, foram perseguidos por duas luzes que os deixaram um pouco assustados durante o percurso. O curioso é que avistaram as tais luzes indo em direção a sua cidade e no dia seguinte aparecem os círculos. Atrav
és do senhor Machado, ainda tomei conhecimento de que mais um círculo havia aparecido naquela manhã em outra cidade próxima 13 km, chamada Ouro Verde. Para melhor me informar, fui ao jornal local onde conheci Ivo Luiz Dohl, da Rede Princesa, que já tinha conhecido o Gevaerd há uma semana. Dohl também é ufólogo e sempre se interessou pelo assunto. Chegando até a entrevistar há pouco tempo o saudoso Antonio Nelson Tasca, caso já pesquisado pelo CIPEX, em 1983, na pessoa de Daniel Rebisso Giese. Na época, apesar de meu interresse pelo assunto, não pude acompanhar o Giese até Chapecó por ser estudante e não ter situação financeira definida. Chegamos a publicar o Caso Tasca no meio ufológico em primeira mão em nosso boletim informativo, o que chamou a atenção do saudoso pesquisador Valter K. Büller, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos sobre os Discos Voadores (SBEDV), que se dirigiu do Rio de Janeiro até Chapecó para também pesquisá-lo. Tasca, agora falecido, foi autor do livro Um Homem Marcado por ETs [Veja Biblioteca UFO – LIV-020].
Existiam mais duas testemunhas que afirmavam terem sido perseguidas na mesma estrada, de Chapecó a Xanxerê, mas não consegui localizá-las. Elas haviam confirmado sua observação publicamente para os jornais locais. Uma delas era Ricardo Klava, proprietário da Casa Chave bem conhecido na cidade de Xanxerê. Ainda em companhia de Ivan Guedes Machado, conheci uma senhora que não quis ceder entrevista gravada, mas mostrou-se receptiva para indicar o local onde havia visto um tipo de sonda, objeto iluminado que sobrevoou o mesmo local onde apareceu, no dia seguinte, a marca na plantação de trigo. Ela morava no terceiro andar de um dos prédios que circulavam a região. Mais tarde, passando de automóvel atrás do local dos avistamentos, observei várias torres de alta tensão. Também vale salientar que a região oeste de Santa Catarina, onde as sondas vinham sendo vistas, está repleta de represas de energia elétrica que, como já evidenciamos em casos anteriores de avistamentos, esse tipo de torre é a preferência dos UFOs, sejam eles de onde forem. Ainda pela manhã, retornei à cidade de Ipuaçu para tentar conhecer o terceiro círculo que havia surgido na manhã de domingo, mas quando cheguei ao local exato, descobri que o trigo já havia sido cortado, pois o proprietário não queria visitas indesejadas em suas terras. Terei que me contentar com as belas fotos e a colheita de material para análise – trigo – feitas pelo ufólogo e jornalista Ivo Dohl, que já havia observado como Gevaerd procedeu e, que nos cedeu gentilmente o material para análise e divulgação na esperança de auxiliar na tentativa de elucidar aquele novo mistério.
Ouro Verde e seu círculo dourado – No jornal Gazeta Diário Regional, concedi uma entrevista à rádio Chapecó, pois estavam interessados em saber mais sobre Ufologia e, particularmente, a respeito dos atuais círculos catarinenses. Recebi cópia das fotografias feitas por Dohl, trocamos muita informação sobre os círculos em questão e assuntos pertinentes à Ufologia. Achei interessante a maneira como a solidariedade trabalha no interior daquela região do estado. Ainda naquela tarde, iria até Ouro Verde, cidade distante 13 km, com 7.095 habitantes, também de predominação agrícola, para conhecer o mais novo círculo que havia surgido ainda naquela manhã. Ao chegar à cidade de Ouro Verde, percebi que da rua principal se via o enorme agroglífo, mas a estrada estava barrada por um pequeno trator pertencente ao proprietário da fazenda. Ele estava encostado ao veículo de braços cruzados. Afirmou que ninguém poderia passar por ele. Concordei imediatamente e lembrei que vinha de longe especialmente para pesquisar o tal fenômeno. Visualizando a distância, fiquei preocupado com uma colheitadeira que se aproximava do círculo e, com certeza, não iria demorar para chegar até ele. Perguntei se poderia ver de perto o círculo de sua plantação. Ele afirmou que sim, mas que teria que deixar o carro estacionado ali – cerca de um quilômetro do círculo -. Concordei. Quando procurava um local para estacionar que não incomodasse a passagem de outros veículos, percebi a aproximação do agricultor que disse: “Se você é pesquisador, eu vou deixar entrar”, liberando a passagem do meu carro. Cedi imediatamente, o pequeno trator foi retirado com um aceno dele e pude passar pela entrada me dirigindo em direção ao círculo.
Expliquei o meu interesse, obtive algumas fotografias e iniciei a medição dos círculos externo e interno, sempre acompanhado da atenta curiosidade do agricultor. Aos poucos fui explicando o que vinha ocorrendo e percebi um forte interesse por todos os presentes, no interior do círculo, incluindo a diretora do colégio local, Débora Rebeschini, que filmava tudo que vinha ocorrendo, inclusive minha presença naquele lugar, com uma pequena câmera digital. Um grupo de alunos do colégio, com autorização da diretora e do proprietário da terra, aproximava-se do círculo, mas só foram permitidos entrar nele após minhas coletas. Achei pertinente a maneira e o respeito como foi tratado o assunto naquela pequena localidade. Ainda dentro do círculo, conheci outro professor de geografia que me ajudou nas medições e aferições com a bússola. Notei também os tais pequenos buracos e, chegamos a medir o triângulo que se sucedia.
Novamente recordei do caso da soja de São Jorge do Ivaí, que mencionei anteriormente, ocorrido em 1991. Não podia ser coincidência dois fenômenos inusitados, possivelmente relacionados os UFOs, tão afastados pelo tempo, serem tão similares em alguns aspectos como: fenômenos em plantações, redondos em sua forma e com três pequenos orifícios em seu interior. O diferencial não estaria na forma, mas em seu conteúdo. Enquanto os círculos de soja não foram amassados, mas sempre estavam diferentes do restante da plantação, maduros, enquanto a plantação encontrava-se verde ou vice-versa, nos orifícios também se encontrava algo que interferia as bússolas, provocando pequenas interferências no campo magnético. Nos atuais campos de trigo isso não ocorre, o trigo maduro evidentemente está dobrado exatamente como nos círculos ingleses, ou seja, dobrado naturalmente após a raiz, o que o diferenciava dos falsos círculos de trigo que, após serem amassados por tábuas ou mesmo por cordas, acabam se quebrando ou até se arrancando. Após terminar as coletas do solo, do trigo e de obter mais algumas fotografias, soube pelo proprietário que a lavoura seria cortada e colhida até aquela noite, pois no dia seguinte ele pretendia plantar a soja, próxima safra escolhida e recomendada por agricultores locais. Cheguei a questionar um agricultor que curioso, apareceu dentro do círculo, mas que afirmou não se interessar em pesquisar nada sobre isso e muito menos sua empresa, que comercializava os grãos aos fazendeiros locais. Achei curioso uma empresa e um profissional se posicionar daquela mane
ira quando um fenômeno não explicado atinge seu principal produto agrícola. Agradeci a permissão de poder conhecer e coletar o material do círculo de Ouro Verde e, me despedindo de todos, voltei para Xanxerê.
Duas sondas sonorizadoras – Ao meio dia, fui entrevistado por uma televisão local retransmissora da Rede Record, que vinha fazendo uma excelente cobertura sobre o fenômeno dos círculos brasileiros. Eles já haviam entrevistado o Dohl e Gevaerd na semana anterior. Deixei claro na entrevista que os agricultores deveriam antes de qualquer coisa isolar a área, chamar os pesquisadores e a imprensa. Também solicitei aos repórteres de plantão e às pessoas que não entrassem nos círculos enquanto não chegasse um ufólogo que procederia com as coleta das amostras. Comparei a situação dos círculos com casos policiais, pois quando uma pessoa entra em uma cena de crime a área fica poluída e impedindo muitas vezes o bom andamento das investigações. Nosso caso não difere muito de investigações policiais, e as pessoas precisam estar conscientes disso. O simples pisar sobre o trigo já modifica as conclusões e o bom andamento das investigações.
Retornei ao jornal para entrevistar Ivo Dohl e ser entrevistado também. Quando me despedia dos novos amigos, o senhor Ariovaldino Souza, por telefone, relatou-me que uma menina de 10 anos havia filmado no sábado à noite, um UFO – ou algum tipo de sonda – em cima de sua casa na cidade de Jupiá, a aproximadamente 80 km de Xanxerê, com 2.134 habitantes. Como era um pequeno desvio em direção à cidade de Pato Branco, resolvi visitá-la ainda naquele dia, mas antes pretendia entrevistar duas jovens e sua mãe, que observaram dois UFOs também na noite de sábado, a cerca de 10 m de distância, e próximo ao local dos círculos em Xanxerê. Assim que localizei sua residência, gentilmente interromperam suas atividades e sem constrangimentos, me cederam uma entrevista. Tratavam-se de Adana Sevegnani, Menilda Sevegnani e a mãe dona, Gentilha Sevegnani. Após a entrevista eu conheci o restante da família, foi então que descobri que o pai delas também havia presenciado as tais sondas. A irmã mais nova do trio não foi acordada e, portanto não pode testemunhar o fenômeno que, segundo elas, tinha sido maravilhoso e queriam que se repetisse.
Dona Gentilha até então cética do tipo São Tomé, “ver para crer”, não tinha dúvidas da existência de “alienígenas e naves espaciais”. Segundo seus depoimentos, os dois pequenos objetos avistados faziam ruído de nave, tipo um zumbido e realizaram pequenas manobras presenciadas o tempo todo pelas quatro testemunhas. As duas bolas de cor branca fria adivinhavam antecipadamente o caminho da casa das testemunhas e sempre seguiam em frente a elas. Segundo seus depoimentos, o som intermitente continuou mesmo após elas terem entrado em casa. Uma delas chegou inclusive a afirmar que continuou ouvindo até altas horas da madrugada. As sondas ficaram um bom tempo sobrevoando um trigal próximo da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc) onde, na manhã seguinte, surgiram o círculo oval e os quatro menores de Xanxerê, já descritas anteriormente.
O depoimento das quatro testemunhas, somados aos depoimentos de outras pessoas que, ainda não tinham visto o círculo, poderiam corroborar com a veracidade do caso. Ignorar tais depoimentos, mesmo que não aceito pela comunidade científica, seria o mesmo que ocultar evidências de um tribunal ou julgamento público. O que ganhariam tais pessoas inventando tais histórias? O mentiroso compulsivo sempre está mentindo. Expor-se com assuntos como UFOs e discos voadores nunca trouxeram nenhum benefício, pelo contrário. Por esse motivo gostaria de externar meus agradecimentos a todos que colaboraram direta ou indiretamente com essa pesquisa e, principalmente, a coragem de se exporem concedendo entrevistas. Isso vem apenas corroborar a autenticidade de seus depoimentos.
Sonda filmada por menina de 10 anos – No caminho para Jupiá, passei pela Usina do Quebra Queixo, na cidade de São Domingos, que fica entre Ipuaçu e Jupiá. Como cheguei antes do entardecer, conheci e verifiquei o local exato onde Milena Destri havia filmado com sua Lumix 7.2 mega pixels, uma sonda que sobrevoou sua residência por alguns minutos na noite de sábado. O filme já estava copiado por Ivo em um CD que já estava em meu poder. Após consentimento de seus pais, entrevistei a menina que me descreveu os detalhes de sua aventura. Enquanto filmava com sua câmera, procurou ocultar-se atrás de duas pequenas árvores por conta do medo que tomou contra dela, mas isso não a impediu de registrar a sonda que ora aproximava-se, ora afastava-se. Notei em seu depoimento total veracidade mediante os fatos apresentados e firmados por seus pais. Também fui apresentado rapidamente a uma senhora, mãe do comerciário Ariovaldino Souza, que havia testemunhado o tal objeto no mesmo dia e horário em que Milena havia filmado a sonda. Alguma coisa vem ocorrendo naquela região, e lamentei o fato de ter que voltar às minhas atividades em Curitiba. Evidentemente, algum tipo de onda ufológica passou por aqui e, com certeza, seria interessante a presença de um ufólogo naquela região. Teria que depositar essa esperança nas mãos do competente jornalista e ufólogo Ivo Dohl, que procurava registrar tudo que podia em seu limitado tempo de trabalho, pois sua atividade principal naquele jornal não se tratava de noticiários do dia a dia e, sim, de notícias esportivas, sua especialidade profissional.
Mais um caso na memória da Ufologia Brasileira – No retorno à Curitiba, ainda tive alguns problemas com meu automóvel, o que me obrigou a pernoitar em uma pequena cidade chamada Vitorino, próximo 13 km de Pato Branco. No dia seguinte, com minha passagem pela cidade de General Carneiro, lembrei-me de um caso naquela localidade a cerca de oito anos, enviado a mim pelo amigo Julio César Goudart. Como eu não lembrava mais dos detalhes, fui atrás de algum repórter para me inteirar dos fatos. O repórter Luiz Marcondes rapidamente levantou a informação e me encaminhou até onde morava o senhor Ernesto Maciel. A testemunha me confirmou que havia visto um UFO e, comparou-o ao tamanho dele com o de duas parabólicas do tipo médio, que havia descido em sua chácara assustando seus cavalos. Quando foi verificar o que incomodava seus animais, viu o tal objeto onde se encontravam duas criaturas vestidas de branco, mas não conseguiu observar seus rostos. Depois de alguns minutos, o objeto rapidamente alçou vôo e sumiu na imensidão do espaço noturno. Em União da Vitória, pesquisando no jornal O Comércio, onde fui recebido amavelmente pelo repórter Eduardo Carpinki e seu editor chefe, encontrei a manchete e a data do caso, 13 de agosto de 1999, com algumas fotos da época, onde o senhor Maciel mostrava com as mãos o local exato de seu avistamento e do pouso do objeto marcado por pequenos copos plásticos. Perguntei a Carpinki se não conseguiria uma cópia das fotografias da época, mas infelizmente o jornal leiloou há alguns anos a maioria das fotografias a população local. Cheguei
a insinuar a idéia de fazer uma campanha de resgate da memória do local solicitando a população o empréstimo das fotografias leiloadas para o registro histórico do jornal.
Testes realizados até o momento – Em todos os círculos pesquisados, testei a presença de interferência magnética e elétrica usando uma bússola e um magnetômetro eletro-sensor que mede em mini-gaus, mas nada foi constatado. Lembrando que cada círculo na verdade compõe-se de dois círculos um interno e outro mais externo:
• Dados do segundo círculo de Ipuaçu: Afastado cinco quilômetros da cidade; surgiu na segunda-feira, 10 de novembro; medidas realizadas depois de uma semana.Medidas: 10,20 m (L) x 9,08 m (S) x 9, 09 m (N) x 9,07 m (O). Aproximadamente 18 m – raio de 9 m; 2,60 m; Total: 20,60 m.Trigo dobrado no sentido horário.
• Dados círculo – oval – maior de Xanxerê: Domingo, 16 de novembro; compõe cinco círculos, sendo um maior e quatro menores. Os menores estão em duplas separados de outra dupla por 13 m.Maior: 5,30 m(S) x 7 m(L) x 6 m(N) x 7 m(O) Externo: 70 cm x 70 cm = 1,40 m; Total: 15,40 m x 13,40 m1º menor 3,61 m2º menor 5,90 m3º menor 5,10 m4º menor 4 m
• Dados círculo de Ouro Verde: Segunda-feira, 17 de novembro.10,03 m x 09,07 m leste/norte 10,10 m x 10,05 m Aproximadamente: 20 m – lembrando que foi usado trena para medição.Círculo externo: 1,40; Total: 21,40 mMedidas das três perfurações encontradas neste círculo em forma de triângulo: 09 cm de profundidade por 10 cm de extensão. Distância entre os três: 2,40 m x 2,40 m x 2,10 m