Para o astrônomo Seth Shostak, que trabalha no instituto Search for Extraterrestrial Intelligence [Busca por Inteligência Extraterrestre, SETI], na Califórnia, em vez de procurar por sinais biológicos de vida alienígena, os cientistas deveriam buscar indícios de inteligência artificial. Alguns cientistas do SETI argumentam que em outros planetas a vida pode ter se desenvolvido seguindo padrões químicos e biológicos completamente distintos dos encontrados na Terra. No entanto, para outros pesquisadores, algumas leis de bioquímica seriam universais e os extraterrestres teriam um ciclo semelhante ao humano, com nascimento, procriação e morte. Para esta corrente, também haveria evolução de espécies entre os ETs, exatamente como acontece aqui no nosso planeta.
Todavia, para Shostak, em vez de procurar rastros biológicos, os cientistas deveriam concentrar seus esforços na busca por tecnologias alienígenas, e defendeu a idéia em um artigo publicado na revista Acta Astronautica. “Se você examinar as escalas de tempo no desenvolvimento de tecnologias, em um determinado ponto se inventa o rádio e logo em seguida já se está transmitindo. A partir disso, há uma chance de você ser encontrado por alguém”, disse à BBC. “Mas cerca de cem anos depois de inventar o rádio – pelo menos se nós formos nos usar como exemplo – você inventa máquinas pensantes. Nós provavelmente faremos isso neste século“.
Para John Elliott, cientista da universidade britânica Leeds Metropolitan University, o artigo de Shostak segue uma linha de pensamento que é cada vez mais comum entre os pesquisadores do SETI. “Depois de procurar sinais por 50 anos, o SETI está percebendo que a forma como a nossa tecnologia evoluiu é, provavelmente, um bom indicador de como outras civilizações estariam progredindo”, disse. Tanto Shostak como Elliott concordam que encontrar sinais de máquinas pensantes pode ser mais difícil do que rastros biológicos extraterrestres, mas eles indicam que há novos caminhos a serem buscados.
Shostak afirma que a inteligência artificial teria uma tendência a se voltar para lugares com muita matéria e energia, as únicas coisas de potencial interesse aos ETs no universo. Com isso, o SETI deveria voltar seus esforços para estudar o centro das galáxias ou as proximidades de estrelas novas e muito quentes. “Eu acho que nós poderíamos gastar pelo menos uma porcentagem do nosso tempo buscando em novas direções, que talvez não sejam as mais atraentes em termos biológicos, mas onde talvez algumas máquinas pensantes estejam presentes”, escreveu.