Gabriela Freire Trombetta Calheiros foi a única da família Freire a vir para Artur Nogueira. A professora que mora hoje no bairro São Vicente, era a neta favorita de seu Samuel Freire, por isso guardou um tesouro deixado pelo velho: um livro sobre o planeta Argêoton que ele afirmava ter visitado em setembro 1973. “Ele sumiu por uma semana e quando voltou, trancou-se em um quarto e não saiu até que escrevesse tudo.” São 568 páginas escritas a mão com profecias sobre o Brasil a partir da década de 90. Algumas, curiosamente, teriam se cumprido.
Diz-se que o fato aconteceu assim: às 10h30 de uma sexta-feira do mês de setembro de 1973, num local em que já havia acontecido diversos casos inexplicáveis, seu Samuel havia levado uma turma de trabalhadores para a cidade de Frutal (MG). Na sua volta, à meia-noite, quando passava no local fatídico, foi interceptado por um extra terrestre que lhe levou para uma nave espacial. O destino era visitar Argêoton, o ‘Planeta Dourado’, que ficava na segunda galáxia do Universo a 2.592.000.000 de quilômetros de distância. Na nave ele teria feito amizade com a recepcionista, uma socióloga, e com toda a equipe da tripulação. Ainda participou de uma ceia familiar, “tradição dos deuses do universo”.
O livro conta com detalhes a experiência. Ao chegar na nave Samuel teria passado por uma cirurgia em que foi mexido na parte do cérebro que responde pela memória, para não esquecer das experiências vividas durante a viagem, e teria sido nomeado embaixador da Terra.
O primeiro alienígena, aquele que lhe conduziu à nave, é descrito como uma fera de olhos azuis faiscantes, capacete com antenas nas cores verde e vermelha e 1,65 de altura – tamanho padrão de todos os moradores de Argêoton. Ele vestia um macacão e por cima dele um manto cheio de escamas nas cores verde e marrom.
“Hoje escrevo tudo com a máxima naturalidade e relato os fatos sem fantasias. Vejo que depois de tudo o que passei e senti, se não tive um colapso, é porque fui escolhido para aquela grande missão. A qual estou descrevendo, após alguns meses passados, mesmo sabendo que hoje é sete de janeiro de 1974 e somente depois de vinte anos poderei fazer a divulgação desta super aventura vivida por mim.”
Todos estes relatos estão na obra. Lá Samuel escreveu que os alienígenas lhe pediram segredo por 20 anos e que o caso fosse revelado só a partir de 1993.
A família que soube de tudo, ainda se divide, ri, duvida, mas acredita que algo tenha acontecido com o Samuel. “Desde que me conheço por gente conheço essa história”, conta a neta Gabi, que hoje tem 27 anos. “Não posso dizer se isso aconteceu ou não, mas o que eu sei é que foi uma verdade muito grande para ele. Sempre que ele recontava a história para alguém mantinha os detalhes. Não mudava nada.”
Seu Samuel morreu em 2008, aos 73 anos. Na casa dele, a neta conta que haviam várias réplicas da nave, coisa que ele fazia com sucata. A abdução teria acontecido na chapada de Planura. Devido ao pedido dos alienígenas a história só veio à tona em outubro de 1993, quando ele já vivia em Poços de Caldas (MG).
Os jornais da cidade divulgaram o caso:
Na época Samuel foi em lan houses para que os manuscritos fossem digitados e cópias do livro fossem entregues à população. Mas o que sempre marcou Gabriela era que seu Samuel frisava: “Vou levar essa história ao máximo de pessoas possíveis.”
Na obra chamada ‘Argêoton o Planeta Dourado’, Samuel transcreveu diálogos inteiros e ainda apontou os conselhos dados pelos alienígenas. Ele se questiona no início do livro: “Eu, um homem de 39 anos, casado, pai de quatro filhos, de profissão motorista, somente com curso ginasial. O que realmente eles querem de mim?”
Nos relatos ele fala da rotina do planeta, alimentação e aspectos políticos. São descritos muitos robôs e uma tecnologia muito à frente da que o Brasil possuía na década de 70.
Entre as conversas se sobressaltam profecias para seis estados brasileiros e a missão de Samuel: ‘Você vai mostrar que potência não é ter dinheiro, não é escravizar pequenas nações, não é ter estoque de armamento para destruir a casa do seu vizinho. Potência para nós é ter para dar. É ajudar e amar, é respeitar o direito do cidadão por mais simples que ele seja, é ter Deus em nossos corações e não levá-lo amarrado numa cruz pelas ruas e depois jogá-lo em qualquer lugar nas igrejas”.
Em vários outros trechos os alienígenas teriam confirmado a existência de Deus, além de criticar o egoísmo humano: “Será possível que eles [humanos] possam pensar que o pai universal criou tudo o que eles veem em cima de suas cabeças somente para enfeitar o planeta terra?”.
Nas profecias escritas em 70 é dito que São Paulo seria um estado que sofreria com enchente e alto grau de população. Além disso teria um número preocupante de desempregados e uma super lotação de criminosos. A cidade de São Paulo também teria problemas com saúde devido ao calor e poluição. Os alienígenas imploraram que Samuel levasse a mensagem às autoridades pois, de acordo com os relatos, se não fosse feito algo a situação pioraria depois do ano de 1997.
O Rio de Janeiro seria palco de grandes violências. “E seu exército terá de invadir, a fim de acabar com os celeiros de drogas”, diz trecho. Minas Gerais começaria a sofrer pelo insuportável calor, além de ser palco para grandes lutas fazendárias. Bahia, disseram, deve grande tributo a Deus e Seu filho. O Amazonas, também foi citado nos escritos como profecia. E Ceará, que fica de frente à Argêoton, é um lugar em que “o povo deve se unir e exigir providências de açude, poços artesianos e transporte de água.
Uma das profecias que saltam os olhos é a de que o Brasil seria palco em 1992 de um grande evento de ecologia, ano em que ocorreu a Rio 92. E a revelação: em três planetas do sistema solar existem vida, ar, rios, matos e vulcão. Não é citado o nome dos planetas.
“Hoje sua geração está destruindo tudo. Seus rios não tem mais peixes e suas águas estão contaminadas. Suas experiências nucleares abalam o eixo da terra provocando vendavais, maremotos e terremotos. Vai chegar um momento em que as nações não aguentarão o calor, uma delas é a sua. Aqui [Argêoton], a vida é sagrada. Ninguém pode tirar a vida de um ser”, frisaram os alienígenas.
Gabriela diz que as
mensagens são lindas. Mesmo seu avô tendo pouca escolaridade escreveu muito bem a história. “Pode ter sido um trauma, algo que ele passou e escreveu dessa forma. Não sei. Nunca o julguei. Mas o que se fala é que ele realmente sumiu por uma semana e voltou avoado, preocupado e depois escreveu.”
Fonte: Nogueirense, Por Isadora Stentzler
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