Você verá a seguir, na última etapa do espaço Dossiê Amazônia, a parte final da entrevista com uma das personagens mais marcantes de toda a Operação Prato, a médica psiquiatra Wellaide Cecim Carvalho, que com apenas 21 anos já era responsável pela Unidade Sanitária de Colares e prestou socorro a mais de 80 vítimas de ataques do chupa-chupa. Wellaide viveu na pele as pressões dos militares da Aeronáutica em suas atividades de investigação do fenômeno em Colares. Na segunda parte de sua assombrosa entrevista, concedida ao editor A. J. Gevaerd em 15 de agosto, a médica descreve em detalhes seus impressionantes contatos imediatos com UFOs na região e o pavor dos moradores, que precisavam se defender do desconhecido. Seu depoimento traz informações preciosas para a Comunidade Ufológica Brasileira, que até hoje desconhece muitos desdobramentos dos acontecimentos na Amazônia.
Há tempos a Revista UFO apresenta aos leitores o desenrolar dos fatos ocorridos na Região Amazônica, em especial no litoral fluvial do Pará, registrados nas décadas de 70 e 80. Para quem acompanha o trabalho da publicação, particularmente o espaço Dossiê Amazônia, o depoimento de Wellaide certamente é o mais arrebatador. Suas revelações irão enriquecer, e muito, a visão que os ufólogos têm desse período tão marcante para a história da Ufologia Brasileira. Com a apresentação dos textos desta edição, damos por encerrado – por enquanto – o Dossiê Amazônia, a menos que tenhamos novos dados a apresentar. Nas últimas 4 edições, neste mesmo espaço, UFO veiculou entrevistas e reportagens com pessoas que tiveram suas vidas marcadas pelos acontecimentos ligados ao chupa-chupa. E o fez por considerar que tais fenômenos precisam ser detalhados e explicados com clareza e objetividade à população brasileira. Vamos, então, ao fascinante depoimento de Wellaide.
Os raios de luz eram emitidos dos objetos voadores sempre linearmente ou faziam curvas para atingir as pessoas? Mantinham-se linearmente, nunca faziam curvas. Às vezes, eram emanados de forma oblíqua, mas sempre retos e nunca na horizontal. Percebi isso porque, para ter uma melhor comunicação com os pacientes, eu desenhava num papel o que eles me descreviam, pedindo que verificassem se estava representando corretamente os casos. Os moradores relatavam que as luzes geralmente entravam pelas janelas e portas – quem não as tinha corria logo para providenciar tudo novo –, até mesmo pelas telhas, que eram colocadas uma sobre as outras para reforçar a proteção.
Você acredita que as pessoas atacadas foram escolhidas por alguma razão específica, talvez por ter ou não alguma determinada doença? Ou os ataques se deram ao acaso? Qual era o padrão das vítimas? Tirando as características da faixa etária e da estrutura física das vítimas, não notei nenhuma predileção por parte deles. Bem, eram atacados mais homens do que mulheres, mais adultos jovens do que pessoas idosas. Poucos casos de crianças foram registrados, e nenhum com menores de 10 anos. Não atendi ninguém tão jovem ou idoso com idade avançada. Todas as vítimas eram magras e nenhuma tinha sobrepeso ou era obeso. Além disso, todos eram pardos ou caboclos. Não atendi nenhuma pessoa branca ou loira, mesmo porque existia apenas uma meia dúzia delas na ilha toda. A grande maioria das vítimas era composta por agricultores, pescadores e donas de casa, casados e que não usavam álcool. Mesmo as duas pessoas que foram a óbito [A doutora Wellaide admitiu que pode haver mais casos de morte, que não são de seu conhecimento] nada de especial tinham em comum, exceto problemas cardíacos. Ou seja, não morreram em função da agressão que sofreram, mas sim porque não resistiram às suas conseqüências.
Não me deixei intimidar pelos militares, por mais que eles tentassem fazer com que eu tivesse medo
Muitos dos pacientes que você atendeu em Colares chegaram a falecer? Não, apenas três casos, todas mulheres. O primeiro aconteceu num hospital de Belém. Essa senhora chegou carregada à Unidade Sanitária de Colares e recebeu a medicação energética necessária, ao mesmo tempo em que controlávamos sua pressão. Ela era um pouco idosa, tinha 72 anos, apresentava problemas cardíacos e hipertensão. Esperei 36 horas e não vi resultados no tratamento. Não tivemos sequer uma reação da paciente. Daí resolvi conversar com o prefeito para levarmos aquela senhora ao Hospital dos Servidores do Estado, em Belém. Tivemos dificuldade até para colocá-la no carro, pois estava com espasmo muscular [Contração exagerada e permanente de um músculo]. Mas ela foi deitada no banco traseiro do automóvel, com as pernas para fora da janela. Estava quase cadavérica, da mesma maneira como ficam os animais que eram atacados, completamente secos e enrijecidos. Assim que chegou ao hospital, morreu.
O que aconteceu depois desse primeiro óbito? Pedi para os familiares da falecida acompanharem todos os procedimentos e exigirem que fosse feita necrópsia. Eles pediram, mas não foram atendidos. Era época de repressão e a ditadura militar estava efetiva, com o Ato Constitucional n° 5 em vigor. Num período como aquele, a gente não podia pedir muita coisa… Quando os parentes da falecida retornaram, pedi a eles a cópia da declaração de óbito e constatei que estava escrito que a causa da morte foi dada como desconhecida.
E os demais óbitos? O segundo caso foi de uma paciente mais jovem, em torno dos 44 anos, mas que também tinha hipertensão. Ela foi atacada em sua casa por uma luz que entrou pela janela. A vítima teve as mesmas características da primeira e a causa da morte também não foi esclarecida. Esses dois fatos aconteceram no mês de outubro. Já o terceiro foi em novembro ou dezembro. A mulher foi levada a minha casa pela comadre dela. Estava num estado deplorável e falava com dificuldade. Foi atacada da mesma forma que as outras, porém morreu seis anos após o contato com a luz. Foi acometida de manchas vermelhas na pele [Núcleos eritematosos sistêmicos] e insuficiência renal.
Houve envolvimento de alguma outra instituição de saúde paraense com as mortes, seja no tratamento das vítimas ou análise de seus cadáveres? Bem, além do Hospital dos Servidores do Estado, as vítimas poderiam ter sido levadas ao Instituto Médico Legal Renato Chaves, que deveria proceder à autópsia dos cadáveres. Só que, como não tínhamos óbito em via pública, e sim dentro do Hospital dos Servidores, não houve amparo legal na hora das exigências e as necrópsias não foram feitas. A lei era essa: só se fazia autópsia de gente que morria em via pública. E a declaração de óbito da segunda vítima foi da mesma forma que a primeira e
pelo mesmo hospital, sem ter sido levada ao IML: causa desconhecida.
Mais uma frustração, não? Mas teve o caso de uma vítima que você acompanhou pessoalmente ao hospital… Foi o último caso. Eu levei a vítima até o hospital, deixei-a lá e retornei a Colares. Eu tinha prometido ao prefeito que retornaria, que não ficaria em Belém. Esse era o medo dele. Nessa ocasião, liguei para a Secretaria Estadual de Saúde Pública (SESPA) e pedi que os funcionários atendessem meus apelos, feitos através de ofícios àquela instituição, pedindo ajuda, supervisão, explicação e apoio. Ninguém da SESPA me respondia, seja por temor, pois nenhuma equipe queria ir à ilha, os técnicos tinham medo de serem atacados ou por receio de desafiar a ditadura militar, querendo expor, se envolver ou ter que concordar com algo que naquela época não permitiam que fosse conhecido. E assim, a SESPA ficou de fora do fenômeno chupa-chupa.
Qual foi a conseqüência daquelas mortes entre a população, mais pânico do que antes? Sim, elas provocaram mais pânico em todos. Tanto que muitas pessoas fugiram da ilha após os dois primeiros casos. Os que ficaram, começaram a pressionar o prefeito para que acionasse a Secretaria de Saúde Pública e as Forças Armadas a tomarem providências, e foi o que ele fez: chamou os militares da Aeronáutica.
Houve casos de animais serem atacados e seus proprietários não? Sim, houve, mas também outros em que seus donos também eram vítimas. Com certeza, os bichos eram vitimados com maior freqüência que os seres humanos. Geralmente, encontrávamos mortos os animais que tinham mais pêlos ou penas. Ao amanhecer, eles apresentavam crises compulsivas e morriam. Quando não tinham sido atacados recentemente, apareciam queimados, secos e esturricados, com olhos abertos e arregalados, como se fossem colocados vivos dentro de um forno. Os locais em volta das cenas dos ataques tinham odor de pêlo queimado. Ninguém tinha coragem de comê-los, mesmo que tivéssemos fome e nada para nos alimentar. Ninguém sequer tentou, pois estávamos apavorados. Foi a partir daí que começamos a pescar siri…
Você teve conhecimento de algum caso em que animais e seres humanos foram atacados simultaneamente? Que eu saiba, não. Veja, por exemplo, o caso daquela senhora cardíaca de 72 anos que mencionei. Ela estava dando comida aos seus animais quando foi atacada, mais eles não sofreram nada.
E os objetos que atacavam humanos eram os mesmos que vitimavam os animais? Sim, eram os mesmos. Acredito que muita gente não viu isso acontecer, mesmo porque os ataques aconteciam mais à noite. Os moradores escutavam um barulho estranho e alguns pensavam que eram pessoas querendo roubar seus animais, pois havia falta de comida na região. Quando corriam para o quintal, para afugentar o suposto ladrão, não encontravam ninguém. Viam apenas a luz emanada do chupa-chupa e voltavam rapidamente para dentro de casa. Às vezes até tentavam pedir socorro.
Aquela luz vinha de onde a gente nem esperava e nos atacava sem piedade. Parecia que não tinha jeito nenhum da gente se proteger da maldita
– Nelsonita Silva
Quais espécies de animais eram mais atacadas durante a onda chupa-chupa? Geralmente eram patos, galinhas, porcos e vacas, além de cachorros que iam à direção da luz para ver o que estava acontecendo. A forma da morte era sempre a mesma: no dia seguinte, todos estavam secos e com os olhos arregalados. Estimo que um número muito maior de animais foi atacado, muito mais que pessoas. Essa talvez seja uma informação que os ufólogos não sabiam, até porque nunca achei que fosse interessante.
De fato, eram desconhecidos os ataques a animais durante a onda chupa-chupa. Essa informação é muito importante e dá uma dimensão maior do que foi o fenômeno. Agora, partindo para seus contatos pessoais, quando foi seu primeiro avistamento de um objeto voador em Colares (PA)? Foi em outubro de 1977. Nessa época, a Aeronáutica já estava com dois postos de observação lá, um montado na praia que fica em frente à Vila de Colares e, outro, a 50 m da minha casa, no campo de futebol. Eles cercaram a cidade com seus equipamentos de observação. Então, a partir das 16h00, todos nós já ficávamos atentos. Eu ia atender algumas pessoas e voltava rapidinho para casa, pois os ataques começavam cada vez mais cedo.
Que tipo de equipamentos os militares tinham naquela época? Eram muitos? Muitos e de altíssima tecnologia. Essa história que eles não tinham tecnologia era pura mentira [Conforme relatado por alguns integrantes da Operação Prato]. O radar dos militares era muito potente, apitava freneticamente sempre que “eles” estavam se aproximando. Tinha noite que eu ia bisbilhotar toda vez que o radar disparava, porque, depois que vi o disco voador pela primeira vez e percebi que os seres não queriam nada comigo, eu fiquei audaciosa. Tinha um tenente capixaba que me arrasava cada vez que fazia isso. Ele dizia: “Volte para sua casa e deixe de ser irresponsável, porque a sua segurança é responsabilidade nossa”. E eu, por ser rebelde, falava: “Não sou soldado, nem cabo e não tenho que obedecer às suas ordens”.
Conte como foi a sua primeira observação? Certo dia, fui chamada às 16h00 para atender uma criança que tinha quebrado a clavícula, exatamente o filho mais novo da única paciente que teve as mãos queimadas para se proteger da luz que aterrorizava as pessoas. Então, fui com as três secretárias da unidade até a casa dela. Eram mais ou menos umas 17h00, quando terminei de fazer todos os curativos e imobilizar o local do ferimento. Pensei que poderia ter feito isso em apenas 20 minutos, mas acabei demorando uma hora. A criança estava muito nervosa e gritava muito. Quando terminei o atendimento, a família levou o garoto imediatamente para casa e eu fechei a unidade com as três secretárias – a Loló, uma senhora de 88 anos cheia de ferimentos de arraias, Jucemar e um rapaz de 16 anos. Nesse horário não havia mais ninguém na rua e nós andávamos a passos rápidos. Quando chegamos na frente da casa do presidente do Sindicato dos Pescadores, cujo apelido era Compadre Caneco, ouvi um barulho de algo caindo – sua casa era vizinha à minha. Olhei para baixo e vi minha acompanhante Jucemar desmaiada, caída no chão.
Quando isso aconteceu vocês já estavam quase chegando em sua casa… Sim, faltavam poucos metros. Então, a Loló começou a me empurrar, a bater no meu braç
;o e a apontar o dedo para cima, querendo me mostrar algo. Ela não olhava, apenas mostrava algo, mas eu estava ocupada dando atendimento à dona Jucemar. Enquanto isso, o povo gritava nas janelas das casas para que saíssemos de lá. Mas eu não podia correr, não sei porque. Era uma mistura de três sentimentos distintos: curiosidade, êxtase e espanto. E caso acontecesse algo ali comigo, seria a prova definitiva de que a população não era delirante, histérica ou alucinada.
O que se passou em seguida? Eu olhei pra cima e vi algo cilíndrico, com a aparência de metal e uma beleza suprema. Não era prata ou inox e tinha um brilho que nunca vi, com luzes na parte inferior e superior, azul, rosa e amarela, uma de cada cor. Posso comparar grosseiramente as cores daquele objeto com as do arco-íris. E o metal talvez seja como um inox classe A, extremamente polido e bem tratado, mas não era bem o tipo que conhecemos. Nunca mais vi material semelhante. O objeto devia ter aproximadamente uns 4 m de diâmetro, estava super baixo e era gigantesco. Moro num prédio de 13 andares e o artefato estava a uma altura de um edifício de 10.
Até os animais da ilha eram mortos, aparecendo secos pela manhã
Como era o movimento daquele objeto? Ele ia em direção à baía, voltava novamente e passava sobre minha cabeça. Nesse momento, eu achava que poderia cair sobre mim. Aí ele passava de volta, calmamente. Seu movimento era elíptico, sempre indo em direção à baía. Aquilo não era uma luz e sim algo metálico, mesmo porque, apesar de estar entardecendo, o dia estava claro e o céu sem nuvens. Eu via o artefato com clareza.
Você conseguiu ver se havia alguma coisa dentro daquele objeto? Sim. Quando ele começou a baixar, pude ver algo na parte da frente, como se fosse uma janelinha transparente. Enxerguei seres dentro do artefato, apenas da cintura pra cima, e eles tinham um formato humanóide. O que me chamou a atenção foram seus longos e volumosos cabelos amarelos. Tudo aquilo que falam nos gibis é mentira, eles apresentam formas humanas! Eram duas silhuetas de criaturas parecidas com humanos. Não tinham cor verde como alguns atribuem aos extraterrestres, e sim cor de gente. A parte da frente do artefato era transparente e tinha uma janela panorâmica. Deu para ver nitidamente a silhueta das criaturas quando desceram e chegaram à altura de um prédio de cinco andares. Eu os vi do tórax para cima, por isso não os identifiquei como mulheres ou homens. Só sei que não tinham a mesma altura – um era um pouco mais alto que o outro.
Você tinha alguma idéia do que poderia ser aquilo que estava vendo? Claro, porque você só acredita no que seus olhos vêem. Tal objeto ficou quase 15 minutos sob minha cabeça e eu não sabia o que “eles” iam fazer comigo. Fiquei ali parada. Até pensei em correr, mas se tivesse feito como a Loló fez, fugir de medo, eles poderiam atacar a Jucimar, que estava desmaiada. Além do mais, eu queria ver e saber o que realmente era aquilo. Precisava continuar vendo para acreditar de uma vez por todas que a população não estava louca. Muitos moradores gritavam pedindo para que eu saísse de lá, mas não me movia. Esses poucos minutos duraram uma eternidade, mas foi uma das coisas mais lindas que já que vi.
Qual foi a atitude dos militares da Aeronáutica quando viram isso acontecer com você e seus acompanhantes? Eles correram para a praia onde estavam instalados os radares, equipamentos e as máquinas de alto alcance que trouxeram para a ilha. Uma equipe de militares foi para o campo de futebol, onde estava instalada outra base de observação. Mas os objetos apenas iam e voltavam para a baía. Tudo aquilo durou pouco tempo, mas mesmo assim os militares se movimentaram. Os radares apitavam freneticamente, enquanto os soldados fotografavam tudo. Então, depois, o artefato foi em direção à baía e sumiu…
Após esse fato você se sentiu pressionada pelos militares? Depois que os oficiais viram que já não podiam mais esconder os fatos e que era verdade que “eles” existiam, começaram a fazer propostas piores para mim, para que eu dissesse que eram esquadrilhas de russos estudando a população brasileira. Isso porque já não podiam mais falar que eram apenas delírios dos moradores. A população inteira da ilha já estava vendo tudo a olho nu e durante o dia. Não recebi essa ordem diretamente do coronel Uyrangê Hollanda, mas sim de seus subordinados. Ele, Hollanda, nunca vinha me falar qualquer coisa, acho que por receio.
Como era seu contato com os militares a esta altura dos acontecimentos? Era de hostilidade. As primeiras pessoas que eles visitaram foram o prefeito, eu e o padre. Todos os militares tinham a mesma proposta: fazer com que o prefeito me convencesse a obedecê-los e que o padre, por também ser médico, persuadisse a população a acreditar que todos estavam tendo uma histeria coletiva. Os tenentes da Aeronáutica pediram para que eu aplicasse nas vítimas os tranqüilizantes Idsedin [Que hoje é conhecido como Psicosedin], Diazepam e Benzodiazepam. Pediram-me para que convencesse as testemunhas de que estavam tendo alucinações. Eles chegaram a me dar caixas desses remédios, mas eu não os ministrei às pessoas. E ainda lhes disse: “Mas como faria isso? Então sou histérica também, bem como vocês! Porque eu os vi e todos vocês correram para fotografar o UFO quando estava sobre mim. Por que vocês não tomam também o remédio?”
Ninguém mais plantava ou pescava, com medo. Quase passamos fome
Eles a ameaçavam? De que forma? Sim. Eles me falaram: “Se a senhora continuar acreditando no que a população fala, vai sofrer severas punições. Será punida por sua instituição e pelas Forças Armadas”. Percebi que corri o risco de ser presa, castigada e transferida, além de ter o meu registro cassado pelo Conselho de Medicina do Pará. Os militares sabiam que minha palavra na comunidade era muito importante, até mesmo mais do que a do prefeito e do padre. Chegaram a afirmar que se eu dissesse aos moradores que tudo aquilo era alucinação, eles iriam acreditar. E era justamente isso que queriam! “Sabemos que você é muito querida pelo povo e a única na ilha que tem nível superi
or, além do padre. Convença seus pacientes de que estão tendo alucinações, delírios e visões”, pediam.
Quando os militares lhe deram os medicamentos que queriam que você ministrasse às pessoas, falaram como se fosse uma ordem? Bom, como uma ordem eu não sei, mas tenho certeza de que não foi um mero pedido. Eles me solicitaram aquilo com muita convicção. E disseram: “Nós trouxemos esses medicamentos. Entregue uma cartela a cada uma das pessoas que disser ter sido atacada por esta tal luz. Você ficará responsável pela administração dos remédios”. Até aquela época eu já havia atendido mais de 50 casos e disse que não ia receitar medicação para ninguém. Primeiro, porque aquelas eram drogas e só podem ser indicadas para pacientes que tenham necessidade e, ainda assim, com receita de cor azul. O Benzodiazepam, por exemplo, é um medicamento de tarja preta indicado para o alívio sintomático da ansiedade, agitação e tensão devido a estados psiconeuróticos e distúrbios passageiros, causados por situação estressante. Pode também ser útil como coadjuvante no tratamento de certos distúrbios psíquicos e orgânicos. Mas como não quis medicar ninguém com essas drogas, os militares começaram a me tratar com hostilidade.
O coronel Uyrangê Hollanda estava junto dos tenentes que levaram os remédios? Não, geralmente eram seus comandados que vinham à Unidade Sanitária de Colares. O Hollanda se mantinha sempre polidamente a distância, me cumprimentava, mas nunca se aproximava de mim para me dar nenhuma ordem. Mesmo porque, acho que no fundo ele sabia que tudo aquilo que estava se dando na ilha era verdade. Talvez ele fosse o mais íntegro de todos os militares, mas recebia ordens de seus superiores e tinha que cumpri-las. Os militares usavam fardas oficiais da Aeronáutica, mas não tinham nenhuma identificação. Apresentavam um sotaque da região Sul do país, não sendo paraenses. Muitos até se identificavam como biólogos e geólogos, só que um deles, o que dirigia um jipe, era sargento e não tinha nível superior.
Os militares que a procuravam no posto de saúde eram sempre os mesmos? Não, mas normalmente vinham entre 3 e 4 soldados conversar comigo. Nunca vinham sozinhos. O número total deles na Ilha de Colares era de 33 ou 34 pessoas, entre oficiais e soldados. Geralmente, sempre havia alguém me vigiando. Certa vez um militar, referindo-se ao meu avistamento, me disse que “aquilo não foi nada, deve ter sido algum acidente aéreo, apenas isso”. Então falei: “Como assim, acidente? Então, para vocês aquilo foi acidente? Se não for para explicar à população o que realmente aconteceu, o que vocês vieram fazer aqui? Botar esses medicamentos garganta abaixo nas pessoas?” Eles estiveram lá na unidade entre os meses de outubro a dezembro de 1977.
Os militares tinham uma atitude grosseira ou rude com a população? Sim, muito. Aquela senhora que foi queimada na mão, por exemplo, estava sendo atendida na casa do prefeito quando eles chegaram, abriram a porta e gritaram: “Pare com seus ataques histéricos, vá para sua casa cuidar da sua família”. O prefeito ficava muito dividido nessas ocasiões, pois acho que tinha medo de enfrentá-los. Ele me dizia: “Doutora, não discuta com eles porque se forem embora será pior para nós”. Eu contestava e falava: “Mas não posso dopar uma população inteira…”
Você guarda algum sentimento ruim daquela época, em relação aos militares? Sim, tenho mágoa da tirania daqueles soldados. Naquela época, apesar de ser médica e ter estudado tanto tempo, estava formando minha personalidade. O que ocorreu fez com que, até hoje, eu não goste de militares. Era uma mulher, profissional e jovem, estava tentando proteger uma população por qual era responsável e cujo trabalho era paga – muito bem paga, por sinal. Ganhava uma verdadeira fortuna para uma recém-formada. Comparativamente, seria o equivalente a uns R$ 35 mil hoje em dia. Então, tinha mais do que obrigação de cuidar daquela população.
A pressão que você recebia dos militares era sempre a mesma, constante? Quando o radar tocava, eu saía sem vela ou lampião na mão para que ninguém me identificasse e ia ver o que estava acontecendo. Mas sempre havia uns dois ou três militares me observando, para me levar de volta para casa. Eu não deixava que eles me tocassem, mas sempre ficava brava e acabavam me levando detida para a delegacia. Eu me lembro até de uma vez em que lhes disse: “Como vocês vão me prender, se nem tem prisão especial aqui na ilha?” Um deles então retrucou: “Nós pedimos uma cela qualquer e colocamos na frente uma placa escrito ‘cela especial’ para você”.
O Hollanda chegou pessoalmente a fazer alguma proposta ou pressão para você não revelar o que estava acontecendo na região? Não, nunca. Ele sempre foi muito gentil comigo, mas suas ordens partiam sempre do comandante, é óbvio. E quando tinha que falar algo para mim, mandava alguém. Ele nunca vinha pessoalmente. Eu identificava os enviados pelas listras e estrelas bordadas nos uniformes, pois nenhum tinha identificação de nome. Como já fui estagiária de medicina na Aeronáutica, sabia qual era cada patente.
Não tenho medo de ser ridicularizada, pois sei bem o que vivi junto daquelas pessoas de Colares
Como você descreveria o comandante da Operação Prato, coronel Uyrangê Hollanda? Ele era uma pessoa introspectiva, tímida e calada. Um militar reservado que não tratava sua equipe com hostilidade e nunca levantava a voz. Nunca ouvi um grito dele, nem nos momentos de agonia em meio a tantas aparições. Hollanda sempre se mantinha a distância, mas me observava muito. Inclusive, sabia que os militares me vigiavam com binóculos e acompanhavam todos os meus passos. E eu sabia que todas as ordens partiam dele. Quando nos encontrávamos, ele apenas me cumprimentava e perguntava: “Tem atendido muitos pacientes, doutora?” Nada mais do que isso.
Você chegou a ver algum militar estrangeiro participando de alguma atividade na Ilha de Colares? Não, nenhum. Todos os que conheci eram capixabas, mineiros, goianos, pernambucanos e uns pouquíssimos paranaenses. Eram sempre militares da Aeronáutica, sem roupa de camuflagem. Eles usavam o uniforme oficial mesmo, calça azul e blusa branca. Mas causava estranheza não usarem no peito seu nome de guerra, porque são obrigados a isso. Todas às vezes que eu perguntava o nome de um militar, eles diziam: “Me chame apenas de tenente”. Nunca falavam nada de pessoal além disso. Para se ter uma idéia, eu só fui saber o nome do capitão Hollanda depois que tinha partido de Colares, em 1978…
Naquela época, quando você não est
ava mais em Colares, ainda aconteciam ataques? Ocorriam esparsamente, uma vez a cada 30 dias. Nesse período, a Aeronáutica já tinha sido retirada do local e enviado um relatório à Secretaria Estadual, para que eu fosse transferida imediatamente por insubordinação e rebeldia. Se isso acontecesse hoje, com certeza, estaria presa, porque seria mais rebelde ainda. Agora tenho mais discernimento do que antigamente.
Você chegou a ser transferida para outra unidade, longe dos acontecimentos de Colares? Era para eu ser transferida para a cidade de Juruti, na divisa do Pará com o Amazonas, em março de 1978, para exercer o cargo de diretora da Secretaria Estadual de Saúde. Tudo estava pronto, faltava apenas aprovar a portaria estadual, mas eu não queria ir. Fui então conversar com o secretário de Saúde do Pará, o doutor Manoel Ayres, e dizer que não ia sair dali. “Então a senhora vai ter que ser demitida por insubordinação”, ele me disse. Saí de seu escritório e voltei pra casa. Dois dias depois, fui recebida pelo governador do Estado, Aluízio Chaves, que escutou tudo mas não prometeu nada. Pouco tempo depois, o mesmo secretário me chamou novamente, disse que eu não iria mais para Juruti e que ele ia cancelar a portaria de transferência para tal localidade. Mas, mesmo assim, eu não retornaria à Colares. Ele queria que eu fosse chefiar uma unidade no interior do Maranhão.
As autoridades paraenses sabiam a gravidade dos acontecimentos e não fizeram nada? Sabiam sim, porque a imprensa local divulgava. As pessoas que fugiam de Colares passavam as informações aos jornalistas, tanto que o repórter Carlos Mendes [Veja entrevista em UFO 115] publicou matérias detalhadas sobre o assunto no jornal em que trabalhava. Mendes é uma das pessoas mais valentes e corajosas que eu conheço, e merece esse título. Ele tem muito a revelar sobre esse assunto.
Como você se sente falando sobre os ataques do chupa-chupa? Essa deve ser a minha centésima entrevista sobre o assunto, e talvez a última, porque isso nunca me ajudou, só me atrapalhou. Dou essas informações como a ressalva que peço às pessoas que as recebem, que só divulguem aquilo que é verdade e não usem a Ufologia para atos escusos, o que só faz desmoralizar os pesquisadores. Eu não sou ufóloga e tenho plena certeza de que jamais serei, até por falta de tempo, mas tenho plena convicção de que não somos os únicos seres inteligentes no meio de milhões de galáxias. Depois de ler muito sobre Ufologia, percebi o quanto fui equivocada quando tomei algumas atitudes, em 1977.
Absolutamente, Wellaide. Suas ações refletiram a situação daquela época e não há nada de errado nelas. Você deu enormes contribuições. Por falar nisso, descreva as outras observações que você teve naquela região. Bem, minha segunda experiência com aqueles objetos voadores não identificados deu-se no campo de futebol, quando “eles” tentaram fazer – segundo os ufólogos dizem – contato de terceiro grau. Ou seja, queriam se comunicar conosco. Até então eu nem sabia o que era isso. Mas, naquele dia, parecia que queriam pousar e manter contato.
Como se deu esse fato? A Aeronáutica ainda permanecia na área e o radar dela acusou algo estranho no céu, por volta das 18h00, entre os dias 15 e 25 de novembro de 1977. Saí correndo e fui para a estrada principal que dá acesso à ilha. Ali já havia um aglomerado de pessoas, inclusive dentro da água, querendo acertar o objeto com pedras e estilingue. Mas os militares tentavam impedir que os moradores fizessem isso, porque acreditavam que o objeto pretendia pousar. Estava difícil, pois umas 200 pessoas corriam para a estrada para evitar que a nave descesse. Muitos acreditavam que a população seria massacrada. Os militares queriam que o objeto pousasse, mas os populares não.
O objeto era o mesmo que você viu antes? Era outro bem grande, umas três ou quatro vezes maior que o primeiro, tanto em largura como em altura. Por isso que eu acho que aquele primeiro deveria ser alguma aeronave pequena, e essa seria a nave-mãe. As duas tinham as mesmas características metálicas, formato e cores. Só que eu não pude ver silhuetas de seres, porque tinha tanta gente gritando, batendo latas, jogando pedras e foguetes que aquilo virou uma confusão. Os moradores não obedeciam aos militares e tentei convencê-los a não continuarem aquela bagunça, pois era perigoso. “Eles” poderiam revidar. Então, a partir disso, a Aeronáutica não teve como esconder mais nada.
O que você acha que aquele objeto estava fazendo ali, uma tentativa de pouso mal-sucedida? Depois de muito tempo pensando, cheguei à conclusão de que aqueles objetos poderiam estar apenas perdidos naquela região da Amazônia, talvez desgarrados de um grupo maior e pretendendo apenas voltar ao seu local de origem. Não sei como, mas “eles” pareciam estar armazenando alguma forma de combustível para poder retornar ao seu mundo e, talvez, a energia e o combustível que precisassem era justamente nossa energia vital sintetizada.
Sempre se teve a idéia de que o chupa-chupa extraía sangue, além da energia vital das pessoas. Você acha que a perda de energia é decorrente da perda de sangue? Com certeza. Para onde ia o sangue sugado dessas pessoas, eu não sei lhe dizer. Eu fazia diversos exames laboratoriais e não percebia mudanças extremas. Acredito que “eles” faziam as duas coisas, tirar a energia das pessoas e mexer em sua parte hematológica. As vítimas não tinham hemorragia, mas para onde ia o sangue? Elas não apresentavam vômitos, nem diarréia sanguinolenta, nem mesmo hemorragias gengivais ou pelos poros. Curiosamente, as mulheres apresentavam até três ciclos menstruais num único mês, pois quando se está anêmico se menstrua com mais intensidade.
O que você pensa hoje a respeito da ação desses seres? Eram hostis ou estavam fazendo uma pesquisa, digamos, na Terra? Olhe, pesquisa não era, pois “eles” não pareciam estar nos usando como cobaia. Se fosse assim, haveria captura de pessoas, e não houve nenhum caso. Tive a notícia do desaparecimento de dois pescadores, que as autoridades só encontraram seu barco. Agora, não se sabe se foram agredidos e, assim, possam ter caído ao mar.
Já fui hostilizada por céticos, mas mesmo assim não me calei< /span>
Ou levados pelos seres… Nisso não acredito, porque eles tiveram mil maneiras de nos destruir e, se quisessem, o teriam feito. Então, deduz-se que não eram hostis e não nos usavam como objetos de pesquisa. Minha impressão é que estavam apenas nos observando e por alguma razão ficaram desfalcados em “matéria-prima” para retornar ao seu local de origem, tendo que fazer as extrações de sangue.
Tudo indica que conseguiram a “matéria-prima” que precisavam… Sim, tanto é prova disso que eles desapareceram logo em seguida. Hoje tenho plena convicção de que muitos casos apresentados ao longo desses anos e atribuídos ao chupa-chupa não são verdadeiros. Acho isso porque, quando você questiona as supostas vítimas, várias se contradizem. Talvez por ser sanitarista e psiquiatra, sou muito detalhista e observo com cuidado a reação das pessoas.
Enfim, como aconteceu o seu terceiro e último avistamento? Ocorreu quando tive que sair da ilha para buscar alguns medicamentos na capital, Belém. Planejei sair de Colares lá pelas 04h00, pois a maré estava baixa nesta hora, e retornaria à cidade antes do final do dia, já que os rios voltariam a subir às 17h00. Tinha que pensar em tudo, principalmente na travessia da balsa. Fui sozinha no meu fusca verde, morrendo de medo. Peguei a estrada que liga a Vila de Colares ao porto onde a balsa estava ancorada, que tem uns 6 km, e quando já estava na metade do caminho meu carro parou inexplicavelmente. O motor pifou completamente, apesar da chave ainda estar na ignição. Foi quando percebi que aquela situação não era normal. Comecei então a escutar um barulho estranho, que pensei que fosse do veículo. Achei que tivesse estourado a correia ou coisa parecida, pois o fusca geralmente é muito barulhento. Então, vi um clarão imensamente maior que o meu carro, bem acima do veículo. Era como se eu tivesse entrado num tubo de luz. Aquilo era enorme, tinha o tamanho de uns quatro automóveis enfileirados.
O que aconteceu depois? Você viu o objeto? A primeira coisa que eu fiz foi deitar no banco e me jogar para baixo do volante. Tinha a impressão que “eles” estavam com raiva de mim e que iam me trucidar. Fiquei de olhos fechados esperando um choque, pancada ou qualquer coisa que acontecesse. Mas, quando abri meus olhos, o feixe de luz diminuiu e foi se afastando. Não deu para ver direito o que era, porque meu carro não tem teto solar. Eu fiquei paralisada, pois sabia que não podia pedir socorro a ninguém – onde eu estava era mato para todos os lados. Resolvi ficar quieta, esperando que tudo acabasse logo. Quando não dava mais para ver o objeto, resolvi tentar ligar o carro novamente. Dei a partida e saí dali igual louca pela estrada, nem com os buracos me importava. Quando cheguei na balsa, perguntei para o proprietário se havia visto alguma coisa estranha e ele, tão assustado quanto eu, respondeu que sim. Foi incrível.
Como você se sentiu após essa experiência? Eu tremia e estava toda arrepiada, super nervosa. Não acertava subir na balsa com o fusca e tive dificuldade até para frear o carro em minhas manobras. Cheguei a bater o pára-choque na rampa, fazendo o fusca estancar. Então, desci do carro e pedi ajuda para o proprietário da balsa embarcar o veículo. Aproveitei e perguntei a ele se eu estava queimada, pois não conseguia sentir nada. Mas não tinha nada, ainda bem!
O fusca verde não deu problema depois? Não, ficou perfeitinho. Fiquei com medo dele nunca mais funcionar, mas ele ligou e saiu desembestado pela estrada. Agora, o problema foi que eu me entreguei àquela situação, pois tinha certeza que “eles” iam fazer alguma coisa comigo. Deitei e simplesmente fechei os olhos esperando uma reação, como se eu fosse receber um tiro ou algo assim. Foi a mesma sensação… Mas, felizmente, o barulho parou de repente e tudo se acabou. Na hora, fiquei com medo de que eles tivessem parado o som porque estavam em cima de mim, mas tinham realmente ido embora.
É estranho que você não tenha sido atacada em nenhum dos três contatos, inclusive neste caso, quando era uma presa facílima… É, eles tiveram oportunidades de me atacar e não o fizeram. Mas posso lhe confessar uma coisa, que até conversei com o ufólogo Daniel Rebisso [Consultor de UFO e autor do livro Vampiros Extraterrestres na Amazônia, edição particular, 1991]. Eu acho que fui poupada por causa da cor do meu cabelo, que na época era loiro natural. O Daniel diz que não tem nada a ver, mas continuo achando que sim. Ora, meu tinha a mesma cor do cabelo dos seres, e talvez isso os tenha impedido. Além disso, só existiam seis pessoas loiras em toda Colares, pois a maioria da população era cabocla, de cabelos e olhos escuros. Nenhuma pessoa loira foi vitimada. Nenhuma! Quando eu vi os seres dentro no objeto, no meu primeiro encontro, percebi que tinham cabelo longo e volumoso, de cor amarela. Então, ainda questiono isso e acho que deve existir alguma relação. Por que eles não atacaram pessoas loiras?
O que sua família achava de você estar no centro de todos esses acontecimentos? Meu pai dizia que eu era louca. Falava que eu devia ter ido para o Líbano fazer especialização, ou para qualquer outro lugar, pois na época tínhamos dinheiro para essas viagens. Ele dizia: “Veja só, você foi ficar numa localidade como aquela, onde tem um monte de coisa estranha acontecendo. Vai que acontece algo contigo”. Meu pai também já estava acreditando no que a Aeronáutica estava espalhando no Estado, que tudo aquilo estava sendo causado pelos russos ou norte-americanos. Minha mãe ficava muito mais desesperada do que meu pai, pois ela sempre foi super protetora. É sempre assim: quando jovens, tentamos sempre mostrar aos nossos pais que tudo aquilo que eles investiram em nós valeu a pena. Era assim que me sentia trabalhando em Colares, ajudando aquelas pessoas humildes e sendo totalmente útil à sociedade.
Você ainda vai a Colares? Tem notícias do que ocorre por lá? Não. Há uns 15 anos não piso lá. Minha vida é muito corrida e não tive mais tempo. Mas acredito que não esteja acontecendo mais nada lá. Agora, as histórias do chupa-chupa já são quase que crenças, contadas e deturpadas. Como lendas que vão passando de pai para filho, que cada um conta de uma forma diferente. Ainda há lá pessoas que querem aparecer de qualquer maneira na imprensa, nem que seja com mentiras.
Wellaide, você tem idéia de quanto seus depoimentos contribuíram para a Ufologia? Sim, embora nunca tenha me importado com Ufologia e nem tenha feito qualquer estudo nesse sentido, até os meus 21 anos de idade, quando vivi aquelas experiências. Acredito que todos esses fatos podem contribuir para que a ciência pesquise detalhadamente o tema. Minhas entrevistas foram divulgadas por diversos veículos de comunicação, tanto no Brasil como no exterior, especialmente nas redes de televisão italiana, francesa, inglesa e espanhola. Na época, nã
;o entendia a importância dada pelas pessoas ao fato, mas hoje, quando buscamos melhorias nas condições de vida da população e de nosso planeta – que o homem insiste em destruir –, por que não pesquisar tal tema? Se nós, médicos, fazemos tantas pesquisas para a cura das mais variadas doenças, por que não contribuir com a Ufologia? Ainda fico me perguntando por que as pessoas que têm informações a dar sobre o assunto as omitem? Por que os pilotos dessas grandes empresas aéreas só falam depois que se aposentam?
Na época em que o chupa-chupa estava acontecendo, as autoridades sabiam e a imprensa publicava constantemente informações a respeito. Mas você não acha estranho que as universidades locais e institutos de pesquisa não apresentassem qualquer interesse sobre o assunto? Nem mesmo cientistas e pesquisadores da Amazônia, ou mesmo profissionais na área de pesquisa, investigaram os fatos… É estranho, mas vou lhe responder como psiquiatra. O ser humano tem uma característica ímpar e tudo aquilo que ele não encontra uma explicação lógica “precisar ser” ignorado. A humanidade prefere ver aquilo que não compreende como algo inverídico ou inexistente, porque é mais fácil assim. É mais simples colocar de lado o que é inexplicável do que buscar uma lógica para tentar explicá-lo.
Você chegou a ser ridicularizada na época por defender a realidade dos casos? Não tenho vergonha de ser ridicularizada, nem tenho medo ou temor de falar sobre isso, pois tenho plena certeza do que vi e vivi junto daquelas pessoas. Já fui hostilizada por muitos céticos, tanto hoje quanto antigamente. Mas nunca me calei, pois não me importo com a opinião das pessoas. Não estou aqui para convencer ninguém, apenas para relatar minhas experiências. Cada um que tire suas próprias conclusões. Na realidade, quem hostiliza é exatamente o leigo, aquele que não tem a menor noção nem conhecimento dos fatos, aquele que acha que o ser supremo é o humano, apenas porque não rasteja…