Nos últimos três meses, a comunidade de Vila Guajará, no município de Colares, no Pará, vive uma situação que remete a que foi vivenciada pelos moradores da ilha na década de 70. Pelo menos quatro pescadores teriam visto objetos luminosos sobrevoando o vilarejo em baixa altitude. O fenômeno é muito parecido com o que amedrontou moradores de Colares, Santo Antonio do Tauá e Vigia entre os anos de 1972 e 1979, num dos mais intrigantes casos registrado na Ufologia Brasileira. O fenômeno dos objetos luminosos em Colares de 30 anos atrás ficou conhecido como Chupa-Chupa pelo fato de alguns moradores terem sido atacados por essas fontes de luz. Um dos moradores de Vila Guajará que viu os recentes UFOs foi o professor Deusarino Lobato. Ele estava num barco com o irmão, a irmã e o cunhado quando viram as luzes coloridas sobrevoando uma casa. “Formava uma espécie de triangulo. Ficaram poucos minutos e depois sumiram no rumo de Colares”, disse Lobato. História semelhante é a contada pelo pescador José Ferreira Monteiro. “Vi umas luzes numa hora morta, perto de meia-noite. Tinha mais uns três pescadores comigo. A luz parecia uma estrela. Ficou mais ou menos uns 300 m de altura e depois foi para o sul.”
Em Vila Guajará os casos começaram a ser contados em rodas de dominó e nas conversas de fim de tarde. Dione Almeida é mulher de Raimundo Almeida, pescador antigo de Vila Guajará. Na terça-feira, 21 de julho, Almeida havia ido a um batizado. Mas Dione conta que um mês atrás o marido chegou à sua casa assustado. “Ele viu na beira da rampa uma bola subindo da água, parecia uma bola de fogo. Essa coisa ficou por cima das águas e depois sumiu”. Maria Lourdes da Silva, mulher do pescador Benedito Rodrigues, também ouviu do marido um relato semelhante. Três meses atrás Rodrigues e uns amigos foram caçar em uma mata próxima e foram surpreendidos por uma luz que os seguiram por alguns metros. Essas histórias tem sido repetida não só em Vila Guajará como em outras localidades do centro de Colares, como Terra Amarela e Toquinho. Dessa vez, no entanto, é mais remota a possibilidade de que os testemunhos sejam considerados fraudulentos ou resultado da imaginação coletiva de uma comunidade inteira. A revista IstoÉ publicou recentemente uma matéria de capa, dando conta da abertura dos arquivos ufológicos da Aeronáutica sobre alguns episódios de UFOs, entre eles o ocorrido nos anos 70, que desencadeou a Operação Prato, uma missão da Aeronáutica que visava elucidar o mistério do chupa-chupa na comunidade.
Após 30 anos, vítimas ainda não esqueceram – Embora o caso já tenha sido absorvido pelos habitantes de Colares, tornando-se até motivo de atração turística, não deixa de ser uma espécie de redenção aos antigos moradores, os que vivenciaram intensamente o período de medo quando o fenômeno mudou a rotina dos moradores. Pessoas como a professora aposentada Teresinha Auxiliadora Costa Monteiro, hoje com 70 anos, ajudou os militares da Aeronáutica, em especial o capitão Uyrangê Holanda, comandante da Operação Prato. “Todo mundo tinha medo. A gente achava que era uma nação que estava tentando combater o Brasil”, declarou a professora. Teresinha lembra que até o capitão, que no início era cético, ficou apavorado com o que presenciou naquela época. “Ele viu as luzes também. Viu o que nós todos vimos”. Teresinha e o marido, o pescador Manuel Costa Monteiro, presenciaram juntos uma das aparições dos UFOs. “Ele ia pescar e, de repente, voltou para casa dizendo: ‘cuidado, acho que a luz está perto da casa\’. Eu quis ver. A luz passou baixo e me deixou estagnada”.
O aposentado Manuel Monteiro, hoje com 77 anos, lembra a primeira vez que viu as luzes. Ele conta que foi em um roçado. Viu as luzes e depois encontrou algo que parecia um rádio transmissor. O delegado da cidade entregou o objeto à Aeronáutica. Como pescador, Monteiro disse que chegou a ver algumas vezes o objeto luminoso sobrevoando acima das embarcações. “A gente apagava as luzes e se abaixava no barco. No escuro dava para vê que era uma luz rápida, que vinha de cima do mato”. O irmão de Monteiro, já falecido, chegou a atirar contra essa luz. “O Elias era destemido. Ele trouxe uma cartucheira e deu um tiro em direção a ela”.
Foi um período que a população de Colares praticamente trocou o dia pela noite. Os moradores juntavam-se me frente às casas e esperavam o dia amanhecer. O medo era coletivo. “No começo a gente tinha medo de falar e ser preso”, diz Monteiro, pois o Brasil vivia o auge da Ditadura. Durante muitos anos Newton de Oliveira Cardoso viveu traumatizado. Ele foi um dos moradores atacados pelo chupa-chupa. O ano era 1976, e Newton estava dormindo em uma rede na casa da namorada quando sentiu uma espécie de pontada. Acordou com o local cheio de gente dando tiros para o alto. “Ninguém conseguiu dormir mais. Tentei levantar, mas vi que estava fraco”. O pai de Cardoso o levou a Belém para consulta, mas a família nunca pegou os resultados. “Muita gente ficou assustada”, disse Cardoso que hoje mora em um sítio afastado de Colares.