Pelo menos uma em cada quatro estrelas similares ao Sol na Via Láctea pode ter planetas do mesmo tamanho do que a Terra, o que indica que podem existir milhões desse tipo, alguns deles potencialmente habitáveis, segundo revela um estudo encomendado pela Agência Espacial Norte-Americana (NASA).
Trata-se do censo planetário mais amplo jamais realizado, explicou a agência, que encomendou à Universidade da Califórnia esta pesquisa publicada pela revista Science em sua edição de 29 de outubro.
“Este é o resultado de anos de acompanhamento estatístico dos planetas”, indicou o astrônomo Geoffrey Marcy, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, um dos principais co-autores da pesquisa. “Os dados recolhidos indicam que nossa galáxia contém cerca de 200 bilhões de estrelas, tem pelo menos 46 bilhões de planetas do mesmo tamanho que a Terra, sem contar aqueles cujas órbitas estão mais longe da zona habitável”, indicou, explicando que essa zona não é muito quente nem muito fria e onde a água pode existir em seu estado líquido.
Os astrônomos autores deste trabalho utilizaram dois potentes telescópios óticos e próximos do infravermelho, WMKeck em Mauna Kea, no Havaí, durante cinco anos para rastrear 166 estrelas em um espectro de 80 anos-luz da Terra. Foram procurados orbes de tamanhos diferentes, que vão de três a 1.000 vezes o tamanho do nosso.
Todos os que formam parte desta pesquisa têm uma órbita próxima de sua estrela e os resultados do censo mostram as vantagens dos pequenos planetas sobre os grandes, o que indica que os pequenos são mais freqüentes na Via Láctea.
“Estudamos os planetas com uma grande variedade de massas, como se catalogássemos num cânion os penhascos, as rochas e as pedras e encontrássemos mais rochas que penhascos e mais pedras do que rochas”, afirmou Andrew Howard, outro autor da pesquisa. “Nossa tecnologia terrestre não pode ver os grãos de areia, ou seja, planetas do tamanho da Terra, mas se pode estimar o número”, explicou. “Estes planetas em nossa galáxia são como grãos de areia espalhados pela praia, estão em todas as partes”, afirmou ainda.
Esta pesquisa também proporciona inúmeras indicações de que os potencialmente habitáveis poderiam ser uma legião. Muitos desses orbitam em torno de suas estrelas a uma distância onde as temperaturas são propícias para a vida.
O telescópio espacial Kepler da NASA explora os sistemas de astros similares ao nosso Sol em busca de orbes do tamanho da Terra e os astrônomos esperam que os encontrem nos próximos anos. Este mais recente censo planetário indica que cerca de 6,5% das estrelas têm planetas de massa intermediária, ou seja, de 10 a 30 vezes o tamanho da Terra, como Netuno e Urano.
Além disso, 11,8% dessas estrelas têm planetas chamados “super-Terras”, com uma massa de três a dez vezes o tamanho da Terra.
[Nota da Redação UFO: Coincidentemente ou não, no início da semana presenciamos uma disputa entre dois grupos de astrônomos, um da NASA e outro do observatório de Genebra, defendendo e refutando a existência de Gliese 581g. Agora, os negacionistas podem estar em maus lençóis, repentina e literalmente cercados por “Glieses”].