Há 36 anos, por determinação do coronel Camilo Ferraz de Barros, do I Comando Aéreo Regional (COMAR I), de Belém, apoiado pelos brigadeiros Protásio Lopes de Oliveira e João Camarão Teles Ribeiro, foi criada a já bem conhecida Operação Prato, recebendo a chefia do então capitão Uyrangê Bolívar Soares Nogueira de Hollanda Lima. A missão militar tinha como objetivo esclarecer as fantásticas manifestações de luzes não identificadas nos estados do Maranhão e principalmente do Pará, no final da década de 70. Desde então, a onda ufológica que assolava as populações ribeirinhas foi alvo de diversos estudos, registros gravados em fotos, filmes e anotações em relatórios militares.
Como se sabe, os relatos das testemunhas falavam de estranhos artefatos voadores que projetavam focos de luz e sugavam pequenas porções de sangue de suas vítimas. As manifestações ficaram conhecidas como chupa-chupa e luz vampira e foram confirmadas por centenas de páginas oficiais produzidas pela Força Aérea Brasileira (FAB) e pelo Serviço Nacional de Inteligência (SNI), bem como por fotografias obtidas pela equipe de investigação chefiada por Hollanda. Essa documentação foi liberada por força da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, realizada pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) por meio da Revista UFO e está agora disponível no Arquivo Nacional, em Brasília. Entretanto, os filmes de UFOs, realizados pelos militares naquela ocasião sobre a Floresta Amazônica, em formatos de 8 e 16 mm, não foram liberados publicamente até o momento, causa de grande indignação na Comunidade Ufológica Brasileira.
Oficialmente, a missão militar teria durado apenas quatro meses, de setembro a dezembro de 1977. Seu cancelamento repentino, sem qualquer tipo de explicação por parte do superior hierárquico, frustrou toda a equipe e principalmente o capitão Hollanda, que entendia estar logrando sucesso nas pesquisas e já percebia avanços notáveis rumo a um contato com os tripulantes dos estranhos aparelhos voadores — um encontro inicial teria ocorrido na primeira quinzena de dezembro daquele ano [Veja edições UFO Especial 072 e 073]. Mas, não satisfeito com a decisão administrativa de seus superiores, o capitão, por conta própria, prosseguiu realizando as investigações nos mesmos locais até março de 1978. No entanto, a pergunta que permanece no ar é: por que seu comandante encerraria a Operação Prato após ela ter acumulado diversas informações, desenhos, fotografias e filmes?
Relatório do agente
A explicação para isso deve ser entendida em uma série de situações, por meio das quais se verá que, na verdade, a missão militar não se encerrara em 1977, como se sabe hoje, mas teve continuidade [Veja matéria de A. J. Gevaerd nesta edição]. Em três oportunidades no ano de 2004, este autor esteve no Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), órgão centralizador das atividades de defesa no país, onde teve acesso a cerca de 200 páginas dos relatórios da Operação Prato e a dezenas de fotografias obtidas pela equipe de Hollanda — algumas delas obtidas pelo sargento João Flávio de Freitas Costa, seu braço direito. Em uma das visitas, um militar que solicitou o anonimato disse, entre muitas outras revelações, “que a missão foi encerrada por determinação superior de Brasília, não dos comandantes em Belém. E que o fenômeno chupa-chupa continuou acontecendo esporadicamente na região, sendo que nos anos de 1980 e 1981 migrou com maior intensidade para a vizinha Amazônia, diminuindo sua presença em 1982”. Foi nessa segunda fase dos acontecimentos que militares norte-americanos também participaram das atividades.
Em 11 de fevereiro de 2002, em visita ao pesquisador espanhol radicado no Brasil Rafael Sempere Durá [Falecido em 2004], em sua residência em Águas de Lindóia, no interior de São Paulo, constatou-se que ele tinha em seu poder parte dos relatórios originais da Operação Prato, que recebeu do próprio capitão Hollanda, seu amigo. Mostrando os papéis, Durá revelou informações que obteve em conversas com Hollanda e ainda contou sobre um informante residente em São Luís, no Maranhão, chamado Martins, que tinha mais detalhes sobre a fantástica onda ufológica. Durante viagem à capital maranhense, em 17 de fevereiro de 2002, este autor recebeu desse homem uma cópia de um documento chamado Relatório do Agente, instrumento militar do I COMAR, datado de outubro de 1982.
No Porto de Manacapuru, em companhia de três civis e de um militar norte-americano, observamos em 20 de outubro de 1982, às 20h15, uma massa luminosa de formato ovalado e de cor amarelada que deslocou-se à baixa altura e em alta velocidade sobre o Rio Solimões
O documento aborda três casos ocorridos em 1982, no estado do Amazonas, e menciona a presença de um agente militar norte-americano durante as investigações. Um dos trechos diz: “No Porto de Manacapuru, em companhia de três civis e de um agente militar norte-americano chamado John, observamos em dois momentos o que segue. Em 20 de outubro de 1982, às 20h15, uma massa luminosa de formato ovalado e de cor amarelada deslocou-se à baixa altura e em alta velocidade sobre o Rio Solimões. Desapareceu em direção à Iranduba”. O primeiro caso já é bastante interessante por revelar a presença do agente dos Estados Unidos, mas o segundo também é curioso: “Em 20 de outubro de 1982, às 20h35, próximo ao local do primeiro avistamento, surgiu um corpo luminoso menor, em forma de concha e com brilho intenso amarelado que focou a água do rio por duas vezes e desapareceu à grande velocidade para o leste”.
Novas informações
Por fim, o terceiro registro que o documento Relatório do Agente continha: “Em 26 de outubro de 1982, às 19h30, no Bairro Japiim, em Manaus, um corpo luminoso triangular se deslocou à baixa altura de sul para o norte. O relator, tenente Weber N. Amorim, notou que havia quatro luzes na sua estrutura: azul, vermelha, roxa e amarela, que piscavam intermitentes. Foi total a ausência de ruídos e o artefato desapareceu deixando rastro luminoso colorido por alguns segundos”. Todos os casos são importantes por terem sido compilados oficialmente. Após uma análise comparativa da escrita e do layout desse documento em relação a outros produzidos em 1977 e 1978 e liberados pela Aeronáutica, foi constatado que se trata do mesmo padrão militar. O relatório nos revela fatos respeitáveis. Em primeiro lugar, como os casos narrados datam de 1982, é óbvio que a Operação Prato [Que a essa altura poderia ter sido renomeada] continuou após 1977, quando foi dada por encerrada.
Também é possível verificar que o fenômeno ultrapassou as fronteiras dos estados do Pará e do Maranhão, já que os três episódios narrados ocorreram em território amazonense, em Manacapuru e um bairro de Manaus. Outro ponto importante é que o documento Relatório do Agente é assinado por outro primeiro sargento. Os documentos produzidos em 1977 e 1978, durante a Operação Prato, são assinalados, em sua maioria, pelo “1S Flávio”, como se identificava o primeiro sargento João Flávio de Freitas Costa, braço direito do depois coronel Uyrangê Hollanda durante aquela missão militar. E, além disso, um carimbo mostra a classificação confidencial, ou seja, a mesma atribuída aos documentos da missão original. O Relatório do Agente ainda traz a afirmação de que, durante os avistamentos, estavam presentes três civis e um militar norte-americano — detalhe que evidencia a participação dos Estados Unidos na segunda fase de investigações do chupa-chupa.
UFOs em Parintins
A presença de um agente estrangeiro em Manacapuru naquela época é algo que causa estranheza, para dizer o mínimo. Apesar disso tudo, em 2009, quando a Aeronáutica liberou para consulta no Arquivo Nacional, na Capital Federal, vários documentos oficiais sobre a Operação Prato, o tal Relatório do Agente, de 1982, não foi liberado, bem como muitos outros que estão nas mãos de pesquisadores, obtidos por meio de vazamentos, demonstrando que a abertura ufológica do Governo Brasileiro foi somente parcial e muitas das informações ainda continuam em poder dos militares. Além disso, os arquivos liberados não são, em sua totalidade, coincidentes com os que já estão em posse dos investigadores civis.
Outro documento produzido pelo I Comando Aéreo Regional (COMAR I) e que comprova a continuidade da Operação Prato após 1977 é o chamado Informe 01/79 Ernesto, que relata uma entrevista realizada por militares, em 05 de março de 1979, com o neurocirurgião Pedro Rosado, que informou vários casos de avistamentos ocorridos no final do ano de 1978. Em um episódio específico, ele informa que uma adolescente, filha do vaqueiro Antônio Galdino, teria sido atingida por um foco de luz lançado por um UFO — após o evento, ela passou 10 dias com paralisia parcial do lado esquerdo do corpo. Não havia queimaduras no corpo da moça, apenas uma pigmentação de cor rósea acentuada foi observada pelo médico no local atingido pela luz.
Outro exemplo de registro oficial e inédito liberado pela Aeronáutica no lote de 2009, que corrobora a tese de continuidade da investigação, é uma papeleta de encaminhamento do Ministério da Marinha. Proveniente do comando do Quarto Departamento Naval e com número 006/A2/I COMAR, o documento data de 28 de janeiro de 1981 e acompanha uma cópia do Informe Número 012/4, de 21 de janeiro de 1981, e seu apenso sobre a ocorrência de UFOs na área de Parintins, no Amazonas. O texto diz que, em 05 de maio de 1980, ocasião em que a corveta Mearim navegava o Rio Amazonas, na área de Parintins, entre 04h00 e 04h15, foram vistos objetos não identificados pelo pessoal de serviço, no trecho compreendido entre Vila Amazônia e a cidade de Parintins. “Tais artefatos tinham um foco amarelado e, apesar de estarem dentro do alcance do radar, não foram captados, sendo apenas vistos visualmente pelo pessoal de serviço na hora”.
Casuística no Amazonas
O texto do Informe Número 012/4, de 21 de janeiro de 1981, hoje à disposição no Arquivo Nacional, em Brasília, continua: “Os aparelhos estavam parados na superfície da água, aparentando de início três imagens. Mas com a aproximação da corveta eles se deslocaram, tendo o do centro subido e os das laterais desaparecido em sentidos opostos. No segundo aparecimento foram vistos somente dois objetos, ambos se deslocando rumo à cidade de Parintins a grande velocidade. Houve suposições do pessoal de serviço da corveta de ser um avião ou helicóptero, entretanto, a hora não era propícia para tal e, além disso, os artefatos não faziam ruídos”. Este documento é também a prova de que a Marinha tem registros de ocorrências ufológicas em seus arquivos e falta com a verdade ao responder à Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), que formalizaram pedidos várias vezes, de que nada possui.
O fenômeno ufológico pesquisado pelos militares entre 1977 e 1978, já depois do suposto encerramento da Operação Prato, se concentrou em cidades maranhenses e paraenses, sendo que nos primeiros meses de 1979 passou a atingir comunidades ribeirinhas do Amazonas, migrando definitivamente para a região a partir da segunda quinzena de junho do mesmo ano. Um dos primeiros casos foi divulgado pelo jornal A Crítica, em sua edição de 16 de junho. Tratou-se de um avistamento testemunhado por mais de 80 pessoas de um fato ocorrido em 14 de junho daquele ano, entre as 22h00 e 23h00, no bairro de São Jorge, em Manaus. A mulher de um major do Exército, Maria de Lourdes Pires Shaho, contou que “uma bola brilhava em múltiplas cores, deslocando-se em sentido vertical e horizontal e deixando um rastro luminoso e algumas bolas menores que se formavam”. No bairro Ramos Ferreira, vários moradores também observaram em 09 de julho daquele ano um aparelho prateado sobrevoando o local — depois de alguns minutos, ele sumiu em alta velocidade, conforme informou o jornal.
No livro Perigo Alienígena no Brasil [Código LIV-014 da coleção Biblioteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br], do pesquisador norte-americano Bob Pratt, lemos o seguinte caso: “Em um sábado de 1980, um comerciante de produtos eletrônicos e outras nove pessoas viram um objeto discoide projetar uma luz sobre a água na costa leste do Rio Tapajós, no Amazonas. O homem e sua família acampavam em uma praia a 50 km de Santarém e o UFO apareceu às 23h00”. Segundo o registro de Pratt [Veja artigo nesta edição], vários adolescentes estavam acordados quando viram o artefato descer na sua direção, vindo do outro lado do grande rio — o disco parou a cerca de 30 m da praia e projetou uma luz sobre a água, mais ou menos 20 m abaixo dele. “Os jovens acordaram e o aparelho pairou por alguns instantes, depois passando
a se mover para o norte ou à direita dos campistas, paralelamente à costa. O mais curioso foi que, enquanto o raio de luz se movia sobre a água, deixava para trás um rastro de luminescência na superfície por centenas de metros. O rastro esvaecia aos poucos, de sul para norte, mais ou menos na mesma velocidade em que a luz se movia”.
Na comunidade de Valéria, em Parintins, uma nave de cinco metros de comprimento e com luzes muito fortes apareceu dois dias seguidos, 13 e 14 de junho de 1980, sendo repelido a tiros pelo agricultor Olázio Batista. Várias pessoas viram o estranho objeto voador, inclusive o presidente da comunidade, Clarival Farias. Em 18 de junho, o jornal A Crítica publicou a notícia do avistamento e registrou um fato incomum: “Em novembro do ano passado, chegou à comunidade de Valéria um navio procedente do Pará trazendo consigo vários turistas estrangeiros, que sequer falavam português. Eles demoraram por lá cerca de um mês, percorrendo a comunidade inteira e, por meio de intérpretes, fazendo mil perguntas. Depois sumiram e nunca mais ninguém soube nada deles”. Por se tratar de uma comunidade indígena, correu o comentário de que o UFO que apareceu no lugar teria ligação com os estrangeiros — talvez, uma armação tecnológica na tentativa de afugentá-los daquele lugar.
Preso em um cone de luz
Outro caso interessante da casuística amazonense ocorreu em uma noite de março de 1981 com dois caçadores que estavam nas redondezas da cidade de Monte Alegre, a nordeste de Santarém. O evento também foi pesquisado por Pratt e é narrado em seu livro. “Um dos homens ficou preso dentro de um cone de luz. Tentou sair, mas parecia que em volta havia uma parede impenetrável. O fenômeno continuou até o outro caçador disparar dois tiros de espingarda no objeto, quando este, então, apagou a luz e foi embora”. Pratt conta que outro caçador passou por um incidente semelhante, mas não teve tanta sorte. Quando ergueu a arma para atirar no artefato que estava acima dele, foi atingido por um raio de luz e caiu inconsciente.
Durante uma visita à cidade de São Luís, no Maranhão, em fevereiro de 2002, este autor teve a oportunidade de entrevistar Maria da Graça Xavier, que morava em Maués no ano de 1981, quando observou manifestações estranhas e foi atacada por uma luz. Maria contou que, em outubro, vários moradores se assombraram com luzes coloridas que voavam baixo. “Em novembro de 1981, quando acontece a Festa do Guaraná, logo que fui para casa e me deitei na rede, fui atacada por um foco de luz avermelhado e passei mal. Fiquei fraca e com o corpo paralisado por dois dias. No meu pescoço ficaram espécies de buraquinhos que coçavam — depois a pele descamou. Dias depois, um soldado veio até minha casa e me fez várias perguntas. Havia um norte-americano junto dele, que também perguntava sobre o meu caso”. A testemunha informou que o estrangeiro nunca mais foi visto na cidade.
Uma nave de cinco metros de comprimento e com luzes muito fortes apareceu dois dias seguidos, 13 e 14 de junho de 1980, sendo repelido a tiros pelo agricultor Olázio Batista. Várias pessoas viram o estranho objeto voador, inclusive o presidente da comunidade
No jornal A Crítica, de 12 de novembro de 1982, foi publicada uma notícia com o título Objeto Estranho Aparece e Assusta Região do Careiro. Em determinado trecho, o texto diz que um tal Sérgio Neri revelara que tudo começou a cerca de dois meses, em Varre Vento, onde a esposa de um senhor conhecido por Nequinho fora atingida pelo foco de luz vermelha, por volta das 21h00, sentindo seu corpo adormecer — mas tendo na ocasião gritado por socorro, a mulher fez o objeto desaparecer. “No dia seguinte, Nequinho se escondeu no matagal por trás de sua residência portando uma espingarda, e logo depois das 21h00 o artefato voltou a aparecer. Tão logo parou no ar, um pouco acima do teto da casa, ele disparou no UFO derrubando um pedaço daquilo, que parecia uma borracha bem trabalhada, dotada de inúmeras agulhas”. Esse fragmento foi mostrado a toda a comunidade para depois ser transportado para Manaus pelo coronel João Silva, supondo-se que tenha sido entregue ao Departamento da Polícia Federal.
Atirando em um ser
A história segue adiante, ainda relatada pelo A Crítica. O texto dá conta que outros dois cidadãos, que também chegaram a disparar tiros de espingardas no aparelho, foram Manoel e Simão, muito embora sem os efeitos desejados. O primeiro contou que, a certa hora da noite, observou o objeto, que tinha formato de asa, focar uma luz vermelha sobre o telhado do vizinho. Tão logo parou, desceu de seu interior um vulto em forma de homem, porém totalmente mascarado e com pequenas luzes no corpo. “Tão logo avistou o vulto, Manoel apanhou a espingarda e atirou em sua direção, mas após observar dois tombos que o vulto deu, este desapareceu repentinamente sem deixar vestígios”. Esses casos são bastante intrigantes, principalmente pelo fato de o pedaço do objeto recolhido pelo coronel não ter sido registrado em nenhum documento oficial liberado pela Aeronáutica. Onde estaria a evidência concreta dele? Será que um dia teremos acesso a esse e outros materiais coletados durante as enigmáticas aparições?
Em 1983, vários ataques também foram noticiados pelo mesmo periódico. Em Iranduba, Raimundo Araújo dos Santos disse que viu o fenômeno de perto e teve um irmão atacado pela luz — o pavor foi tão grande na população que muitos venderam suas propriedades para irem embora. O jornal também informou que donos de armas de fogo tinham orientação do delegado Edgar Souza, “para abrir fogo contra o chupa-chupa”. Em janeiro de 1983, no bairro de Compensa, em Manaus, a dona de casa Dalmira Souza de Lima ficou traumatizada quando acordou e viu um UFO no telhado de sua residência. “O calor era insuportável dentro do quarto e eu acordei com uma sensação muito esquisita no corpo. Abri os olhos e notei um aparelho redondo em cima da casa, olhei para a cama e o quarto estava todo clareado com uma luz azul”, afirmou Dalmira. Pela manhã, foi atendida no Hospital Getúlio Vargas, pois sofria de dores na cabeça e nas costas.
A Crítica trouxe a manchete Luz Chupa-Chupa Faz Nova Incursão em Petrópolis, em 26 de janeiro de 1983. Por volta das 02h00, um objeto voador avermelhado jogou um foco de luz no telhado de Maria das Dores Fernandes de Souza. Ao perceber que estava sendo dominada pela luz, gritou e chamou seu esposo, José Manoel de Souza, evitando assim ser atacada. Um fato curioso que ela declarou aos repórteres foi que a telha de zinco de sua casa, ao ser exposta a luz, começou a ficar avermelhada. Em fevereiro do mesmo ano, na cid
ade de Carauari, no sudoeste amazonense, também houve o relato de Eliete da Silva Gomes, que foi perseguida por um artefato triangular e luminoso de cor alaranjada, às margens do Rio Juruá, por volta das 19h00 — depois de se esconder no mato, o aparelho desistiu da perseguição e rumou ao espaço em grande velocidade.
Rajadas de luz no rosto
A cidade de Eirunepé parece ter sido o último destino do chupa-chupa em terras amazonenses. Há rumores de que houve casos semelhantes na Venezuela nos meses posteriores ao término dessas aparições em território brasileiro. Em Eirunepé, na madrugada de 24 de janeiro de 1983, o técnico eletrônico Gastão Cavalcante, na saída para uma pescaria acompanhado dos irmãos Pedro, Lázaro e Raimundo e de seu tio Manoel Delmiro Monteiro, passou por uma incrível experiência — todos foram surpreendidos por um UFO que lançava raios vermelhos e azulados. O objeto fez voos rasantes e foi embora, mas, no dia seguinte, as senhoras Glória Lima de Araújo e Nazaré de Souza foram surpreendidas por um triângulo formado por três focos de luzes incandescentes. Alarmada, pedindo socorro e gritando, Glória recebeu várias rajadas de luz no rosto e nos braços, enquanto Nazaré era atingida nas pernas, ficando ambas com dormências físicas.
Em 28 de fevereiro daquele ano, A Crítica trouxe outra notícia espantosa: Chupa-Chupa Volta a Atacar e Agora Assusta Eirunepé. A reportagem abordou dois casos acontecidos em 15 e 16 de fevereiro, ambos no Sítio Samambaia. O caseiro Francisco Correia Lima teria visto um artefato em forma de pião e chamou sua família para apreciar também. No mesmo horário, em outro ponto de Eirunepé, Aristóteles Delmiro e seus sobrinhos Lázaro e Manoel viram aquele aparelho voador. E em 16 de fevereiro, os pescadores João da Silva e Manoel Costa viram o mesmo UFO em forma de pião e que emitia fortes raios luminosos. Enfim, com tantos episódios, é evidente que se estava diante de um fenômeno inteligente, pois atuou de forma migratória, sempre seguindo o curso dos rios da região norte e mantendo as mesmas características nos ataques.
Remontando à sua origem, o chupa-chupa iniciou sua ação em 1977, manifestou-se pela primeira vez em cidades do litoral do Maranhão. Depois seguiu para o Pará, atingindo as populações ribeirinhas de várias localidades, como Colares, Viseu e Mosqueiro, permanecendo ali até o final de 1978. Desde então, até 1983 as manifestações parecem ter se concentrado intensamente em território amazonense, passando por Parintins, Maués, Careiro, Iranduba, Manacapuru, Manaus, Carauari e Eirunepé.
“Refletia a luz do Sol”
O pesquisador e jornalista espanhol, Pablo Villarrubia Mauso, consultor da Revista UFO, publicou na edição 74 da revista Año Cero uma matéria intitulada OVNIs Agressivos, englobando os casos paraenses — no texto revelou que suas investigações indicaram a ocorrência de uma pequena onda ufológica que assolou novamente algumas cidades do Pará, em 1984. Na vila da Ilha do Mosqueiro, por exemplo, ele entrevistou a enfermeira Rusilene Valois da Silva, que naquele mesmo ano havia visto um cilindro voador desconhecido. “Era totalmente negro, não tinha luzes, nem janelas ou outros detalhes. Voava muito devagar, às vezes na horizontal e às vezes verticalmente, sempre girando sobre o seu eixo. Veio em direção ao colégio onde eu estava e depois desapareceu para longe. Parecia que refletia a luz do Sol e tinha cerca de um metro de altura”, afirmou a testemunha.
Meses depois, um piloto civil que viajava em sua pequena aeronave entre as cidades de Souré, na Ilha do Marajó, e Belém, avistou um cilindro voador de 10 a 15 m de comprimento que passou a menos de 100 m do avião, assustando os passageiros. Outro piloto, no mesmo dia, observou um UFO em forma de flecha sobrevoando a pista do aeroporto de Souré. Ambos os casos foram publicados na imprensa local. Após a década de 80, nos anos posteriores e até nos dias atuais, o fenômeno chupa-chupa continuou e continua ocorrendo eventualmente em várias cidades da região norte do País, embora sem a mesma voracidade de décadas atrás.
Com tantas informações disponíveis, é possível concluir que a Operação Prato de fato não foi encerrada em 1978, mas teria continuado por muitos anos — e quiçá ainda exista atualmente. O envolvimento militar norte-americano na missão militar é concreto com base no documento produzido em 1982. Também existem muitos documentos em inglês, anteriores e posteriores àquele período de riquíssima casuística ufológica, que comprovam que a troca de informações entre o Governo Brasileiro e os Estados Unidos sempre existiu. Os pesquisadores devem garimpar o que está encoberto e permanecer vigilantes às novidades que surgirem sobre essa complexa operação de investigação oficial, a fim de, paulatinamente, terem a compreensão global de todo o fenômeno ufológico que assolou aquela região durante vários anos.