Algumas viagens pelo Norte e Nordeste do país permitiram-me ter uma nova visão da riqueza e variedade da fenomenologia ufológica em nosso Território. Permitiram também a comprovação de uma correlação íntima entre UFOs, sítios arqueológicos e experiências paranormais. O mais representativo dos lugares que conheci foi sem dúvida o município de Dom Pedro II, no Piauí. Entre o Parque Nacional de Sete Cidades – famoso por suas fantásticas formações rochosas e pinturas rupestres – e a cidadezinha de Pedro II, encontra-se uma área praticamente ignorada, denominada Buriti dos Cavalos, com os mesmos tipos de formações rochosas de Sete Cidades.
Em companhia do geólogo Reinaldo Arcoverde Coutinho e da fotógrafa Lourdes Frota, organizei uma pequena expedição à região, onde Reinaldo havia descoberto, anteriormente, o que denominou de “sacerdotes do culto solar”, seres com uma espécie de chapéu totalmente diferente dos que se conhecem nas pinturas pré-históricas brasileiras e nas diversas que lembram a forma de discos voadores ou esferas luminosas. Curiosamente, os moradores da região falam da freqüente aparição de objetos luminosos no céu, tal como bolas, tochas de fogo ou sinais. Um deles teria aparecido em agosto de 1994, identificado pelos moradores do sertão como “uma palha desenhada no céu”.
O objeto visualmente semelhante à composição de uma nuvem se formou a partir de uma estrela que, ao completar a forma de uma folha de palmeira, deslocou-se deixando uma estrela com a mesma substância e magnitude. No mês de novembro de 1996, durante minha segunda estada em Dom Pedro II, centenas de pessoas presenciaram à noite, durante uma festa, o deslocamento de um UFO em forma de charuto muito luminoso. No ano anterior, uma família viveu momentos de terror em sua chácara ao observar um objeto com a forma de chapéu, que emitia luzes de várias cores, desprendia um cheiro semelhante a enxofre, e que ficou planando a menos de 50 m da residência. O comerciante Cláudio Antônio dos Santos Figueiredo chegou a apanhar um rifle na tentativa de disparar contra o inóspito, mas foi dissuadido pela esposa e filhos com medo de uma represália.
“Luz vindo de parte alguma”
O objeto brilhante voltou a aparecer uma segunda vez – somente para Cláudio – e, em outra ocasião, a enteada do casal e a esposa do comerciante observaram uma “luz vindo de parte alguma” no interior de um dos quartos da casa. Uma vistoria pelo exterior da residência não mostrou a possível origem daquela luz que clareava uniformemente o recinto. Como se não bastasse, Dom Pedro II é assolada há muito tempo por fenômenos paranormais, especialmente poltergeists e pirogênese [Combustão espontânea de objetos]. Em Olhos d’Água de Alexandrinos, um conjunto de casas de pau-a-pique a poucos quilômetros de Dom Pedro II, verificou-se o caso de uma assombração na antiga residência de Francisco Leite. Entrevistei diversas testemunhas do fenômeno que descreveram-no a exemplo de pequenos cocos de babaçu ou até mesmo facas. Captei ainda o ambiente de pavor e desconsolação da família do pedreiro Francisco Alves Feitosa, que teve sua humilde residência ardendo em chamas, sem explicação aparente. Mesas, colchões, armários, documentos e eletrodomésticos se consumiram total ou parcialmente pelas labaredas que começaram espontaneamente, de dentro para fora. O pároco da cidade, Paulo Bittencourt, estudioso de parapsicologia, descobriu o epicentro do fenômeno: um parente da família exercia papel de mãe-de-santo em terreiro e freqüentava a casa.
Uma das regiões mais remotas do Brasil é, sem dúvida, o Alto Rio Negro, no Estado do Amazonas. Lá, ergue-se a Venezuela e Colômbia, além do pico culminante de nosso país, o da Neblina. Durante minha estada de dez dias na região, em São Gabriel da Cachoeira, vivia-se uma intensa onda ufológica. Aquele setembro de 1995 era marcado pela aparição do lobisomem, de acordo com os próprios caboclos e indígenas macus. Estranhamente, essa figura mitológica era para eles uma espécie de luz voadora, com pequenas dimensões, que aparece sobre as águas do caudaloso Rio Negro.
Tais luzes costumam perseguir pescadores durante a noite e madrugada e geralmente surgem do interior da floresta. Segundo a descrição de vários deles, o clarão parece ter uma massa escura de forma indefinida que emite um flash para baixo como se fosse uma lanterna focando. Acrobacias e saltos são características freqüentes em seus deslocamentos. Sem aparente conexão, mas objeto de igual curiosidade, é o registro da aparição do legendário Mapiguari. Criatura monstruosa, com quase 2 m de altura, semelhante a um símio e com uma boca na barriga da qual se desprende um odor insuportável, que saiu do campo do imaginário e se faz sentir nas selvas, com seus urros e rastros de mortes.
Ser alado e flutuante
Até mesmo David Oren, biólogo norte-americano da Universidade de Harvard, realizou várias expedições à Amazônia para capturar o animal que ele supõe tratar-se de uma espécie de bicho preguiça pré-histórico que sobreviveu nas recônditas selvas amazônicas. Pude ouvir o relato de caboclos assustados com os gritos da criatura e com o cheiro característico, diferente de qualquer outro animal conhecido. Se por um lado aparecia a ‘fera’ no Alto Rio Negro, a ‘bela’ foi identificada como um ‘anjo’ por uma adolescente, habitante de uma das margens do rio, na localidade de São Gabriel da Cachoeira. A menina afirmou ter visto um ser alado, flutuando a poucos metros de altura das águas do rio e movendo a boca, sem que pudesse ouvir o que dizia. Outras criaturas aladas povoam a região. Na comunidade ribeirinha de Bauarí, o casal Josefa e Domingos dos Santos viu a estranha luz que sobrevoava o rio, só que cada um à sua maneira.
Josefa descreveu-me o objeto como uma espécie de lanterna voadora, enquanto que Domingos, como “dragãozinho voador”. Os dois não mentiam. Josefa foi objetiva e Domingos projetou sobre a luz desconhecida seus conteúdos culturais. O mesmo deve ter acontecido na Idade Média na Europa, quando se observavam duendes e gnomos e, até mesmo, dragões voando pelos céus. Lugares encantados não se escasseiam no Brasil. Um deles é o conjunto de formações areníticas de Sete Cidades, no norte do Piauí. Aí são comuns as aparições de pequenas luzes que parecem sair dos paredões do Arco do T
riunfo. Erich Von Däniken chegou a cogitar que muitas das pinturas rupestres de cor vermelha representariam naves espaciais e cadeias de DNA. Conforme José Romão Batista, guarda florestal do Ibama em Sete Cidades, algo extraordinário ocorreu ao seu irmão João e ao padrinho dele em 1944, perto da Gruta do Velho. Eles iam caçar, quando o cachorro começou a latir insistentemente. Viram uma estranha moça loira de roupa azul sair de uma pedra redonda e luminosa. Essa mulher levava nas mãos uma bola azul, outra amarela e uma verde.
Foi então que ela jogou ao chão a bola amarela, que explodiu e soltou uma onda de calor. João viu em seguida a bola verde ser arremessada, soltando menos calor; e por último, a azul que os cobriu de frio. A pedra escureceu. “Na última explosão João desmaiou, e só acordou muitas horas depois dos acontecimentos”, narrou o guarda policial. Ouvi uma história semelhante em Portugal, também associada com fenômenos luminosos e marianos. A Virgem de Fátima, por exemplo, foi vista pelas três crianças, em 1917, como uma mulher pequena com uma bola luminosa nas mãos. O fato foi exaustivamente estudado pela historiadora Fina D’Armada e o jornalista Joaquim Fernandes, que publicaram Intervenção Extraterrestre em Fátima [Livraria Bertrand, 1981]. Em meados de 1996, um outro guarda presenciou a aparição de um objeto luminoso sobre Sete Cidades, ao mesmo tempo em que a luminária de um poste foi perdendo intensidade até apagar-se.
Filetes luminosos
Um dos mais importantes fenômenos da Ufologia Brasileira é o chamado popularmente de chupa-chupa. São UFOs que disparam filetes luminosos e queimam suas vítimas em algumas partes do corpo. Fui assessorado na pesquisa pelo principal estudioso do fenômeno, o biólogo e ufólogo Daniel Rebisso Giese, de Belém (PA). Na Ilha do Mosqueiro, um dos palcos de atuação do chupa-chupa, Daniel e eu entrevistamos uma das testemunhas que havia observado um cilindro voador, em 1984. Viajando numa “gaiola”, tipo de embarcação de carga que navega ao longo do Rio Amazonas, encontrei a própria pessoa que havia avistado, nos anos 90, estranhas luzes de pequenas dimensões que sobrevoavam as margens dos rios.
Na cidadezinha de Alenquer, a 150 km de Santarém, nas margens do Rio Amazonas, entrevistei o médico José Monteiro que, em 1987, atendeu uma mulher, vítima de aborto por ter visto o chupa-chupa. Na região também aparece o que o povo chama de Lanternador ou Carro de Visagem. Este se apresenta como lanternas ou faróis de carro que voam na escuridão e costumam surgir onde não há estradas. Geralmente são dois ou três focos que se movem no ar e produzem um ruído semelhante ao do motor de um barco ou lancha. Em uma região denominada Sete Varas, José Monteiro garante que existe uma clareira de uns 50 m de diâmetro no meio da mata virgem e onde, curiosamente, não se vê qualquer ser vivo. “A Aeronáutica esteve lá, em 1988, examinando o terreno. Porém não se soube o resultado das investigações”, disse o médico.
Um funcionário de abastecimento de aeronaves da cidade de Santarém me disse que há poucos anos a pista do aeroporto era sobrevoada por esferas de luz que chegaram a fundir instalações elétricas e até mesmo um aparelho de fax. Na Ilha de Marajó, vários funcionários do pequeno aeroporto de Soure reportaram ter visto inúmeras vezes UFOs sobre o campo de pouso. A respeito das agressões a seres humanos ocorridas em 1977, uma das testemunhas é a médica Wellaide Cecim Carvalho, de Belém (PA), a mesma que atendeu dezenas de casos de pessoas queimadas pelos chupa-chupa na Ilha de Colares. “Fazendo a contagem de hemoglobina de algumas pessoas atingidas, encontrei uma queda nesta taxa de 12, que é o normal, para 6. Ou seja: havia um descoramento das hemácias. Porém, é difícil existirem hemácias descoradas sem uma diminuição delas”, esclareceu a doutora.
Embora não haja nenhum registro seguro de que os chupa-chupa realmente sugassem o sangue de suas vítimas, o certo é que algo anormal acontecia com o líquido vital, sempre depois dos ataques. Muitos casos foram estudados pela Aeronáutica, mas nunca houve um pronunciamento oficial com relação ao fato. A região do Parque Nacional das Dunas, no Estado do Maranhão, também é rica em aparições de luzes fantasmagóricas. O imenso campo de dunas, semelhantes às do Saara, é sobrevoado pelo Caburé ou jipe fantasma. Eles aparecem à noite, onde ninguém costuma circular. São dois faróis azuis que iluminam tudo ao redor como se fosse dia. “Quando estavam perto de mim, os focos de luz se apagaram e a coisa sumiu”, declarou Carlos Alberto Araújo, morador da vila de Barreirinhas.
Luz que aparece no inverno
Outro fenômeno relativamente comum na região é o Caité: um tipo de bola de luz que também clareia tudo à sua volta. Há ainda o Batatão, uma luz que aparece no inverno e é descrita pelos nativos como uma “cumbuca cheia de buracos”. Menos comum é o fenômeno visto por Carlos Araújo, que assim o descreveu: “Vi ao longe o que pensei ser a luz de um cigarro aceso, suspensa no ar, mas ela cresceu e se transformou em uma bola. Depois, esticou na horizontal e na vertical, a partir do centro para as pontas, ficando no final quatro bolas luminosas suspensas e separadas entre si. Num determinado momento elas se juntaram e formaram uma só bola que se apagou. Eu fiquei com muita dor de cabeça”, relembrou a testemunha.
Surpreendente ainda é um dos personagens ditos lendários das costas do Maranhão até o interior do Piauí. Trata-se do Cabeça-de-Cuia, cujos relatos se estendem mais além do século passado. “Há muitos anos eu remava em um igarapé, perto da Ilha do Caju, carregado de cocos. Já era boca da noite quando vi aquela coisa. Tinha uma cabeça enorme, sem cabelos, olhos grandes e vermelhos. Era o Cabeça-de-Cuia. Não vi seu corpo, pois estava mergulhado na água, e tentou virar minha canoa. Procurei remar o mais depressa para escapar do bicho”, conta José Alves, ex-pescador e agricultor da vila de Carnaubeiras, quase no Piauí. Desenhos antigos da entidade a mostram com uma cabeça desproporcionalmente maior, corpo pequeno
e grandes olhos, um verdadeiro ET. Há que recordar que essas aparições são bem anteriores à Era Moderna dos Discos Voadores. Outra entidade que rodeia o delta do Rio Parnaíba, onde se localizam as ilhas do Caju e Carnaubeiras, é o Pé-de-Garrafa ou Gritador. Suas pegadas têm o formato do fundo de uma garrafa. Aparentemente possui uma única perna e lembra um homenzarrão.
Criaturas como essas, que aparecem e desaparecem misteriosamente, lembram seres como os yetis que, segundo alguns pesquisadores, poderiam proceder de outras dimensões ou, até mesmo, do interior de UFOs. Nas chapadas do sul do Maranhão, nas proximidades de Carolina, também são comuns as aparições de tochas ou bolas de fogo, geralmente em lugares onde existem inscrições pré-históricas. Às vezes, com a forma de pé humano ou de animais. Já na Paraíba, as inúmeras itaquatiaras ou pedras lavradas são ponto de aparições de UFOs. Parece haver uma rota sobre o Monólito do Ingá, uma rocha de 23 m de comprimento repleta de símbolos enigmáticos e lavrados com grande perfeição, a 80 km de João Pessoa.
Em 1993, dezenas de pessoas testemunharam no sertão do Rio Surrão um espetáculo que identificaram como o “fim do mundo”: uma gigantesca luz com inúmeras cores se desmembrou em mais de trinta esferas, que se espalharam pelo céu. Em Caturité, uma senhora chamada Isaura Alves dos Santos garante ter levado um susto ao ver uma esfera de luz se aproximar da árvore onde ela estava parada, chegando a menos de um metro de sua cabeça. Recentemente, estive em Guarabira, a chamada “Capital dos UFOs do Brasil”, onde pude verificar a existência de inúmeras aparições ufológicas na região do Brejo Paraibano. Essas e outras estórias estão descritas, em detalhes, no livro de minha autoria Mistérios do Brasil [Editora Mercuryo, 1997].
Mistérios do Brasil esmiuçados em livro
por Equipe UFO
Pablo Villarrubia Mauso é um jornalista internacional que tem duas grandes paixões na vida: viajar e pesquisar os enigmas do planeta. Em Mistérios do Brasil: 20 mil Quilômetros Através de uma Geografia Oculta [Editora Mercuryo, 1997], Villarrubia transporta o leitor a lugares inóspitos e enigmáticos do Brasil, em 328 páginas de pura emoção! Foram mais de milhares de quilômetros percorridos numa peregrinação de quatro meses pela geografia nacional, na qual o autor reúne de forma brilhante essas duas paixões. Mistérios do Brasil relata de forma jornalística, séria e objetiva as descobertas e curiosidades de uma aventura através de 31 cidades brasileiras, passando por assuntos como o abominável homem das selvas, lobisomem, Curupira, vampiros extraterrestres do Pará e outros seres impossíveis, até o enigma das pedras moles no Rio Negro.
São muitos os mistérios paranormais e arqueológicos de nosso país. Assim como os fenômenos ufológicos, retratados nas histórias e lendas de gente simples das curiosas cidades visitadas pelo autor, que ganham uma dimensão especial quando confrontados com dados e pesquisas que Villarrubia apresenta como um complemento à informação, fruto de um currículo que acumula anos de viagens e contatos com pesquisadores – não apenas dos fenômenos em si, mas também de campos acadêmicos. O jornalista comenta ainda sobre as descobertas numa localidade chamada Dom Pedro II, a visita de fenícios no Amazonas, o enigma das dunas e chapadas maranhenses.
Mistérios do Brasil é bastante completa e, além de descrever em detalhes o encantamento de cada região, possibilita ao leitor repetir os passos do escritor, com roteiros de viagem para os interessados em conhecer pessoalmente cada mistério. Pablo Mauso, apesar de residir na Espanha, conhece bastante o Território Brasileiro, tendo durante suas pesquisas descoberto muitas belezas naturais, histórias e tomado conhecimento da vasta casuística ufológica do país. O autor sempre esteve envolvido em congressos de ciência, tecnologia e Ufologia no Brasil. Participou como conferencista do I Congresso de Ufologia e Parapsicologia do Vale do Araguaia, ocorrido no mês de junho em Barra do Garças (MT), entre outros.
Buscador global
Em 1999, o Centro de Investigações e Pesquisas de Fenômenos Aéreos Não Identificados (Cipfani) realizou uma expedição ao sítio arqueológico de Carmópolis, no centro-oeste de Minas Gerais. O objetivo era conhecer e averiguar a possível relação das inscrições encontradas na região com os fenícios. Esse estudo foi motivado por Pablo Villarrubia, que esteve na região juntamente com outros pesquisadores, e fez importantes estudos sobre as inscrições. Segundo ele, não há qualquer relação entre as gravuras de Carmópolis com a cultura fenícia. Entretanto, fez a observação de que as mesmas são bem parecidas com sinais que foram descobertos no sul da Península Ibérica em épocas que remontam há mais de 4 mil anos.
O ator é ainda um dos principais consultores da Revista Ufo, na qual publica regularmente matérias contendo o resultado de suas andanças pelo mundo. Recentemente, Villarrubia esteve em Honduras, África e Marrocos, onde pôde apurar detalhes das casuísticas locais. A edição 105 de Ufo, de dezembro, veiculou um longo texto seu sobre contatos com alienígenas em vários países do continente africano – o relato mais recente que se conhece sobre atividades extraterrenas naquelas terras.