O principal centro de pesquisas dedicado a encontrar as origens da matéria deu nesta quarta-feira, 28, um passo gigantesco em direção à conclusão de um projeto de 15 anos que, cientistas esperam, poder ajudar a descobrir muitos segredos do Universo. Um enorme núcleo magnético, pesando 1.920 toneladas, ou o equivalente a cinco aviões jumbo, foi baixado em uma vasta câmara 100 metros abaixo do centro internacional Cern, na fronteira da Suíça com a França, perto de Genebra. “Acreditamos que este projeto descobrirá coisas que nem imaginamos agora”, disse o professor Jobs Engelen, diretor científico chefe do Cern, a organização européia de pesquisa nuclear, formada por 26 países.
Alguns de seus colegas afirmaram que o projeto, que chocará partículas entre si a altíssimas velocidades no Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), poderá criar novo conhecimento, como a possível existência de múltiplas dimensões além das quatro tradicionais da física: comprimento, largura, peso e tempo. Outros se atrevem a descrever possibilidades há muito descritas apenas na ficção científica – múltiplos universos, mundos paralelos, buracos negros no espaço ligando diferentes níveis de existência. “Este é um momento muito emocionante para a física. O LHC está preparado para nos levar a um próximo nível de entendimento de nosso Universo”, disse Tejinder Virdee, porta-voz da equipe responsável pelo detector de partículas do projeto, conhecida pelas iniciais CMS.
O ímã e os equipamentos que o cercam, e que foram instalados com a ajuda de uma grua especialmente projetada e um sistema hidráulico, são a parte mais pesada do CMS, e somam oito das 15 partes do colisor. Além do ímã e dos detectores, o elemento principal do LHC é o túnel circular de 27 quilômetros, onde partículas de matéria serão disparadas em direções opostas e a velocidades próximas à da luz, para se chocarem. Os experimentos devem começar no final de 2007, e o sistema estará totalmente operacional em meados de 2008.
Usando aceleradores de partículas construídos para uma versão anterior do LHC, controladores poderão gerar cerca de 600 milhões de colisões por segundo. Cada choque, segundo o Cern, recriará as condições que existiram nanosegundos depois do Big Bang, a explosão inicial que cientistas dizem ter ocorrido há cerca de 15 bilhões de anos, e que gerou o Universo.
Estudando o que acontece com as partículas, um processo que será analisado por computadores ultra-sofisticados, os pesquisadores do Cern acreditam que conseguirão conhecimento sobre como a matéria do Universo conhecido, e talvez de dimensões desconhecidas, foi formada. Eles esperam também aprender mais sobre a matéria escura que, acredita-se, existe em quantidades muito maiores do que a matéria brilhante da qual o Universo visível e tudo que está nele, como nós humanos, são feitos.