A literatura de ficção científica já apresentou inúmeras interpretações a respeito do primeiro contato da Terra com civilizações extraterrestres. Um dos mais dramáticos exemplos foi publicado em 1961, nos primeiros volumes da série alemã Perry Rhodan. Publicada no Brasil entre os anos 70 e 80 pela Ediouro, além de uma versão recente nos anos 2000 pela SSPG, a saga teve início com a primeira expedição lunar e o encontro com os alienígenas arcônidas, semelhantes aos humanos.
Perry Rhodan retorna com eles para a Terra e no processo quase eclode a Terceira Guerra Mundial, que ele impede graças à cobiçada tecnologia alienígena. O sonho de união entre as nações acontece, apesar de estas buscarem destruir Rhodan e seus amigos. Entretanto, quando fica provado que seus objetivos são a proteção da Terra, após repelir uma primeira tentativa de invasão, as potências reconhecem o pequeno estado formado por terranos e arcônidas.
Invasão com hologramas
Rhodan logo então convoca um gênio financista, Homer G. Adams, pois sua Terceira Potência carece de meios financeiros, e juntos enganam o mundo forjando uma invasão alienígena com hologramas. As bolsas de valores caem por todo o mundo, o que lhes propicia os meios de adquirir as capacidades financeiras que necessitam. Com isso, uma nova e autêntica invasão alienígena é repelida, e pode prosseguir o plano de unificar a Terra sob um governo mundial. Vale destacar que um pioneiro da Ufologia Brasileira, professor Flávio Pereira, sempre questionou em suas palestras para onde iria a economia mundial no caso da revelação da existência de vida extraterrestre.
O grande divulgador científico Carl Sagan escreveu uma única obra de ficção, Contato [Companhia das Letras, 1996], adaptado ao cinema com participação da atriz Jodie Foster. No livro, Sagan critica os governos por tentarem controlar o recebimento de mensagens de rádio extraterrestres, mostrando que esta tarefa só pode ser realizada com a cooperação entre as nações. Quando o evento é revelado, poucos problemas acontecem e não se vê o tão alardeado pânico.
Naves gigantescas
Naturalmente, um grande debate envolvendo religião e filosofia acontecerá, certamente antecipando o que poderá ocorrer em alguns anos. Arthur C. Clarke, autor de 2001: Uma Odisseia no Espaço [1971], elaborou diversas interpretações para o primeiro contato. A mais provocativa é O Fim da Infância [Aleph, 2010], na qual descreve o súbito aparecimento de naves gigantescas sobre as maiores cidades do mundo. Os seres que as tripulam se intitulam Senhores Supremos e, ao contrário de lamentáveis produções cinematográficas, deixam muito clara sua total supremacia sem usar violência. Eles auxiliam a sociedade terrestre a superar seus problemas, apesar de alguns grupos descontentes tentarem atrapalhar o processo, mas jamais se mostram, sendo seu contato o secretário geral da ONU.
Após muita insistência, os Senhores Supremos decidem que finalmente se apresentarão aos terrestres quando estes atingirem a maturidade necessária. Muitos anos depois, quando isso acontece, a surpresa é imensa quando fica comprovado que eles já haviam estado aqui anteriormente — porém, a revelação é somente um passo rumo a outros eventos que se revelarão cruciais para o futuro da humanidade.
Por sinal, os benevolentes Senhores Supremos seriam um sério problema para aqueles que, dentro da Ufologia, consideram os belos seres tipo Beta ou nórdicos como bons, e os feiosos tipo Alfa ou cinzas como maus, comprovando que devemos ir bem além das aparências. As interpretações da ficção científica são inúmeras, mas, com certeza, concordam em um ponto: o dia do contato final com uma civilização extraterrestre marcará o começo de uma nova era, com profundas mudanças no modo como encaramos nossa existência, neste planeta e no universo.