Em uma noite fria de julho de 2014, um ano e três meses depois de estarmos todos juntos comemorando o histórico encontro entre os membros da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) e oficiais das três Armas na sala de reuniões do Ministério da Defesa, encontrávamo-nos um tanto frustrados pela demora nas ações práticas resultantes do que fora discutido naquele encontro. Naquela mesma noite, despedia-me ao telefone de um grande amigo da Aeronáutica com o qual, vez por outra, troco ideias a respeito da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, iniciada pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) em 2004, por meio da Revista UFO. Sentenciava ele: “Não desanime. Com boa visão estratégica, a Comissão obterá tudo o que deseja”. E finalizou: “Dê um tempo e volte à carga depois das eleições. Mas, por enquanto, vá ao Arquivo Nacional, que tem novidade lá”. O amigo aconselhava a revelar o milagre, mas não dizer o nome do santo, segundo o dito popular. Mal sabia este coeditor que aquela noite fria se tornaria para a Ufologia, poucos dias depois, um caldeirão em ebulição.
Não é novidade para o meio ufológico nacional que a campanha pela abertura dos arquivos secretos sobre discos voadores do Governo Federal, especialmente da Aeronáutica, vem despertando interesse e colaboração inclusive de nossos militares — que querem tanto quanto os ufólogos que certas verdades venham à tona. Vários foram os oficiais da Aeronáutica, do Exército e da Marinha que, no decorrer dos últimos anos, até hoje, foram fundamentais neste processo de abertura, a ponto de podermos dizer agora que, sem a força que eles vêm dando ao movimento, principalmente os da Aeronáutica, dificilmente chegaríamos aos números que indubitavelmente colocam o Brasil na vanguarda da abertura ufológica mundial. Foram liberados, até agora, cerca de 5 mil páginas de documentos antes secretos sobre UFOs, um número significativo.
Conquistas inéditas
Foi assim quando, apenas um ano após o seu lançamento, o movimento UFOs: Liberdade de Informação Já sensibilizou o Alto Comando da Aeronáutica para seu pleito de abertura, a ponto de ele formalizar um convite a todos os membros da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), autora da campanha, para que visitassem, em maio de 2005, as instalações do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta), em Brasília, onde estariam os documentos requeridos pelos ufólogos [Veja UFO 111, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. E dentro dele permitiu que adentrássemos o centro nervoso do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra). Nunca, em nenhuma parte do planeta, um grupo de ufólogos chegou à estrutura militar de segurança máxima de um país. Tampouco, ufólogos civis tiveram autorização para folhear documentos militares sigilosos, guardados a sete chaves por décadas, como foi permitido à CBU em locais reservados daqueles órgãos.
Também foi assim quando, em dezembro de 2007, igualmente como parte da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, a CBU protocolou o chamado Dossiê UFO Brasil na Casa Civil da Presidência da República, instando todo o Governo Federal a cumprir a então vigente Lei de Acesso à Informação 11.111/2005, revogada pela atual 12.527/2011, e liberar suas informações ufológicas para consulta pública. Esta ação proporcionou, meses depois, o início do envio dos tão aguardados arquivos sigilosos de nossos militares para o Arquivo Nacional, em Brasília. Os primeiros documentos a sair foram os da Força Aérea Brasileira (FAB) e do antigo Serviço Nacional de Informação (SNI), hoje Agência Brasileira de Informações (ABIN). Em sequência, centenas de arquivos, relatórios, fotos e filmes foram paulatinamente chegando ao Arquivo Nacional, ano após ano, alcançando hoje milhares de páginas de registros ufológicos que antes eram sigilosos e estavam longe dos olhos da Nação. Assim, a Ufologia Brasileira têm o que comemorar, graças aos esforços da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU).
Registros antes secretos
E foi nesta mesma ação que contemplou o protocolo do Dossiê UFO Brasil que o tenente-brigadeiro-do-ar Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, ordenou a publicação no Diário Oficial da Resolução 551/GC3, em 09 de agosto de 2010, tornando públicos procedimentos daquela arma no tocante ao registro de ocorrências ufológicas no país e ordenando o envio dos arquivos relacionados a elas também ao Arquivo Nacional — simplesmente, em nenhum país do mundo há algo parecido apresentado de forma pública. Antes disso, o procedimento determinado por Saito já era adotado internamente, mas sem conhecimento externo, uma vez que os registros daquela arma vinham sendo secretamente arquivados desde os anos 50.
Outras duas importantes determinações, a Nota N C-002/Min/Adm, de 13 de abril de 1978, e o Aviso N S-001/Min, de 28 de fevereiro de 1989 — ambas desclassificadas e enviadas igualmente ao Arquivo Nacional —, foram revogadas pela nova resolução de Juniti Saito, mas até então serviam de balizamento para os procedimentos da Aeronáutica. A diferença para o novo regulamento, no entanto, está no fato de elas sempre atribuírem algum grau de sigilo aos registros ufológicos. Enquanto isso a Resolução 551/GC3, que ficou conhecida como Lei dos Discos Voadores no país, é uma consequência direta da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, e de certa forma reflete a simpatia que militares da Aeronáutica têm pelo tema, inclusive seu próprio comandante.
Mas, mesmo com os avanços conseguidos a cada ano ao longo do movimento, ele não poderia parar até atingir plenamente seus objetivos, e nem poderia deter a determinação da
CBU em ver todos os arquivos ufológicos do Governo Federal desclassificados e abertos ao público, para conhecimento, estudo e divulgação. A Comissão está completamente focada na ideia de que não deva restar nenhum documento secreto nos arquivos militares sobre discos voadores — todos devem ser oferecidos à Nação. Ademais, é de conhecimento de todos que existe ainda numerosa casuística ufológica no Brasil envolvendo a participação militar e que ainda não está nas prateleiras do Arquivo Nacional. Portanto, acredita-se que muita coisa ainda há para ser revelada.
Reunião no Ministério da Defesa
Foi em função disso que, durante a realização do IV Fórum Mundial de Ufologia (I UFOZ 2012), que a Revista UFO realizou em novembro de 2012, redigiu-se a primeira Carta de Foz do Iguaçu, endereçada e posteriormente protocolada no Ministério da Defesa, em janeiro de 2013 [Veja edição UFO 197, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Foi justamente deste documento, assinado no evento por todos os presentes, conferencistas e participantes, que resultou mais uma façanha nunca antes vista no mundo — o mencionado encontro entre ufólogos e militares das três Forças Armadas, em 18 de abril daquele ano, na sede do Ministério. A reunião, amplamente comentada em edições anteriores da UFO e abordada por praticamente toda a imprensa do país, foi mediada por dois civis do Ministério, um deles seu secretário, o doutor Ari Cardoso Matos, servidor de carreira da Defesa e representante direto do ministro Celso Amorim. “O ministro Amorim pediu que lhes déssemos garantia de que tratamos o assunto e seu pleito muito seriamente”, disse Matos aos ufólogos presentes à reunião histórica.
Do doutor Ari Cardoso Matos recebemos ainda o compromisso de que ele colocaria a nosso favor toda a energia possível para estabelecer uma linha de diálogo constante entre o seu ministério, as Forças Armadas e a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), com destaque para a desclassificação de arquivos de determinados casos ufológicos que foram expostos pelos presentes à reunião — Operação Prato, Noite Oficial dos UFOs no Brasil e Caso Varginha, principalmente. Aliás, disse-nos ele que essa também era uma determinação do próprio ministro Amorim. E igualmente afirmou que estudaria com atenção as possibilidades de se constituir um grupo de trabalho misto, composto de ufólogos e militares, para lidar com o Fenômeno UFO no país, conforme pediu a Carta de Foz do Iguaçu. Esse grupo chegou a ser criado, embora nenhuma reunião posterior àquela em que se discutiu sua formação fora ainda marcada pelo Ministério da Defesa. Alguns aspectos peculiares da ação do grupo, bem como a indicação de participantes das três armas, parecem ser os maiores entraves.
Iniciativa e precauções
Mas não é só no Ministério da Defesa que se entende a dificuldade para se colocar em prática propostas tão ousadas quanto a abertura ufológica total e irrestrita e a criação de uma iniciativa para se investigar os UFOs oficialmente no país. De certa forma, até entre os membros da CBU há o consenso de que a formação de um grupo de trabalho com estes parâmetros deve ser de grandes cuidados — assim como também se deve ter muito tato no início das atividades e divulgação de seus resultados. Talvez isso até deva ser feito de forma tácita, tendo em vista a delicadeza do objeto de estudo para o qual o grupo foi criado. Também não se pode deixar de lado a necessidade de se fazer uma análise cuidadosa da conjuntura política do país em um ano de eleições, onde, no tabuleiro da disputa partidária, qualquer tema polêmico deve ser evitado ao máximo pelos candidatos, a conselho de seus experientes marqueteiros.
Os últimos acontecimentos mostram que estamos longe do fim do processo de abertura e manifestação da verdade por nossas autoridades aeronáuticas, que, cumprindo a lei vigente, estão disponibilizando documentos extremamente importantes. Isto nos dá esperança de que muito mais ainda será divulgado como fruto da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já
Só a título de exemplo dessa complicada teia política brasileira, veja o leitor como é notório o uso pejorativo que alguns blogueiros ou jornalistas da dita mídia leiga fazem do assunto discos voadores e alienígenas, quando é tocado por políticos. E tanto mais alto é o estrago da imagem da Comunidade Ufológica Brasileira quanto é o posto ocupado pela autoridade que pronunciou o assunto correlacionado. Não faz muito tempo, a presidente Dilma Rousseff fez declarações com relação ao respeito que nutriria sobre o caso dos extraterrestres de Varginha. O resultado de sua fala foi imediato e os comentários mais positivos que se obteve eram de que tudo não passava de “jogo político” da futura candidata a reeleição — ignorantes da complexidade do caso julgaram que a presidente estaria apenas querendo agradar o eleitorado da região do sul de Minas.
Ignorância da mídia
Outro exemplo emblemático desse tipo de situação se refere mais diretamente à divulgação dos últimos resultados da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já. Tão logo foi postada nos sites ufológicos a notícia da liberação de mais um lote de documentos sigilosos da Aeronáutica, notadamente o último deles e sobre o qual falaremos a seguir, uma dessas jornalistas de internet, a senhora Laura Capriglione, do portal de notícias Yahoo, publicou prejulgamentos absurdos, seriamente infundados e politicamente tendenciosos sobre os atos do comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro-do-ar Juniti Saito. Sem saber do imenso trabalho iniciado pelos ufólogos em 2004 e que está por trás dessas liberações iniciadas em 2008, a blogueira faz comparações tão esdrúxulas quanto preconceituosas a respeito do entendimento do comandante Saito sobre ETs e humanos. Tentando fazer crer que a mais alta autoridade da Aeronáutica estaria dando prioridade aos primeiros em detrimento dos segundos, em um claro sentido de deboche. Pior ainda foi a mistura em seu texto de assuntos sem a menor conexão, como Ufologia, torturas e recentes descobertas da Comissão da Verdade. Enfim, em anos de Ufologia, raras vezes presenciei tamanha ignorância — e justamente quando se alcançam avanços tão significativos para o meio ufológico nacional.
Mas isso não é novidade para os ufólogos brasileiros, em especial os da experiente Equipe UFO e da CBU, pois não foi a primeira vez e nem será a última que opiniões desconexas surgem após autoridades descortinarem o que sabem sobre a presença alienígena na Terra. Mas toda vez que fatos como esses ocorre
m, as respostas sempre são dadas com mais ações dos ufólogos, que invariavelmente terminam por mostrar o quão ignorantes estão certos seguimentos da mídia brasileira. É por essas e outras que se deve prestar muita atenção aos sábios conselhos do nosso experiente amigo oficial do início deste texto. Não é à toa que militares simpatizantes da causa ufológica precisam ser reservados, uma vez que até entre eles o elo mais fraco pode se romper. Sobre isso, as reações da Comunidade Ufológica Brasileira foram imediatas.
Estatística secreta
“Com a liberação destes documentos, pela primeira vez na história da Ufologia Brasileira podemos observar que houve um estudo metódico sobre o Fenômeno UFO por nossas Forças Armadas. Temos assim a comprovação de que devemos procurar mais”, disse Ricardo Varela Correa, conselheiro especial da Revista UFO. Mas, afinal, que lote de novos documentos é esse que a Aeronáutica acaba de mandar para o Arquivo Nacional e que causou tamanha euforia na Comunidade Ufológica Brasileira? Tratam-se de dois volumosos calhamaços que expõem a primeira radiografia oficial da Ufologia Militar do país. Tão logo tivemos acesso ao Inventário 01/2014, enviado pelo Centro de Documentação da Aeronáutica (Cendoc) à Coordenação Regional do Arquivo Nacional no Distrito Federal (Coreg), e repassado dias depois à Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), desconfiamos que a revelação dos dados colocaria fogo naquele inverno frio da nossa Ufologia — os inventários sempre vão para o Arquivo Nacional acompanhando um lote contendo as informações desclassificadas pelo Comando Geral de Operações Aéreas (Comgar), órgão ao qual o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra) está subordinado. São eles que dão o alerta, por assim dizer, do que será divulgado posteriormente, assim que digitalizados pelos servidores da Coreg e disponibilização no site do Sistema de Informações do Arquivo Nacional (SIAN).
Os calhamaços impressionam [Veja box]. Além dos conhecidos questionários sobre ocorrência de “tráfego hotel” — nome adotado por militares para identificar contato com UFOs —, que passaram a ser enviados ao Arquivo Nacional anualmente, a partir de 2010, como resultado da mencionada Resolução 551/GC3, surgiram pela primeira vez informações contidas em dados eletrônicos gerados pela própria Aeronáutica. Foram liberadas juntas ou compondo os calhamaços 16 fitas cassete gravadas nos anos de 1969, 1977 a 1979 e 1986, várias delas contendo registros de pilotos em comunicação com controladores de voo durante interceptação a UFOs, principalmente as fitas de maio de 1986, que representam a descrição fiel do que ocorreu durante o episódio conhecido como a Noite Oficial dos UFOs no Brasil. Também foram disponibilizadas duas fitas VHS com uma entrevista concedida pelo veterano ufólogo Fernando Cleto Nunes Pereira, autor do audacioso livro A Bíblia e os Discos Voadores [Editora Biscordi, 1971]. Todos esses materiais estavam classificados na categoria de sigilo “confidencial” da legislação brasileira, e hoje podem ser consultados por qualquer cidadão no Arquivo Nacional, novamente graças aos esforços da Comissão
Brasileira de Ufólogos (CBU).
Perplexidade entre os ufólogos
Entretanto, não foram os dados eletrônicos da Aeronáutica que causaram maior perplexidade entre os ufólogos, mas sim o conteúdo das 333 páginas que totalizam os dois calhamaços, semelhantes a dois cadernos com o sugestivo nome de Resumo Estatístico de Objetos Voadores Não Identificados. Um deles contém a descrição de ocorrências ufológicas que abrangem os anos de 1954 a 1999, e o outro estende os registros até o ano 2000. Ambos foram gerados e classificados como “secretos” nos anos de 2001 e 2002, e deveriam, segundo a legislação em vigor à época, permanecer indisponíveis até os anos de 2031 e 2032, respectivamente. “Secreto” era então, e ainda permanece até hoje, a segunda categoria mais alta em termos de tempo de resguardo ou de sigilo de um documento, 30 anos, perdendo apenas para “ultrassecreto”, 50 anos. Com a atual Lei de Acesso à Informação aprovada em 2011, as duas categorias caíram respectivamente para 20 e 30 anos de sigilo — mas, mesmo assim, o primeiro caderno só poderia ser desclassificado em 2020 e o segundo, no ano seguinte. É necessário ressaltar aqui que a disponibilização dessas informações ao público é efeito direto das solicitações da Carta de Foz do Iguaçu emitida durante o IV Fórum Mundial de Ufologia (I UFOZ 2012) da Revista UFO, para que tudo relativo ao tema fosse desclassificado e não mais reclassificado.
A classificação dos dois relatórios na categoria de “secretos”, segundo a legislação, se deve muito provavelmente a alguns dados bastante singulares neles contidos sobre a presença alienígena em nosso país, como, por exemplo, a referência ao contato de testemunhas com tripulantes dos UFOs, descrito como Contato com ETs nos calhamaços, obviamente se referindo a contato imediato de determinado grau com algum tipo de entidade inteligente extraterrestre. Ou seja, o que temos nestes documentos oficiais da Aeronáutica recém-liberados e agora disponíveis a todos é a admissão formal e taxativa de que ocorreram contatos com ETs em nosso país. Um tiro certeiro no coração dos céticos, cujas críticas, em pleno ano 2014, ainda tratam os UFOs como ilusão. Outra peculiaridade desses dois cadernos, vistos pelos militares como resumos estatísticos, está no fato de eles informarem o envolvimento do serviço de inteligência da Aeronáutica nas investigações de ocorrências ufológicas no país, o chamado A2. Os ufólogos sempre souberam da relação direta entre os UFOs e o A2 nos casos oficiais, mas a arma nunca o havia citado abertamente. Mas, apesar dos avanços com a Aeronáutica, ainda se lastima a falta de engajamento de outros setores do meio militar brasileiro.
Alvo dos ufólogos
“Entendo que o esforço da Força Aérea Brasileira (FAB) em revelar informações sobre o Fenômeno UFO deva servir de exemplo ao Exército e à Marinha, para que também o façam, assim como a Exopolítica passe a ser matéria obrigatória para o Ministério da Defesa e demais instituições do nosso Governo. E que no futuro tenhamos uma perfeita interação com as civilizações extraterrestres que nos visitam”, declarou Francisco Pires de Campos, coeditor da Revista UFO.
Os militares da Força Aérea Brasi
leira (FAB) tomaram a decisão certa, que é dar conhecimento à sociedade de fatos que a interessam diretamente, que é a ação na Terra de civilizações mais avançadas
A existência dos dois levantamentos estáticos em questão já era conhecida desde fevereiro de 2002, quando o então deputado e jornalista Celso Russomanno mostrou, em seu programa noturno Night and Day, então no canal de televisão Rede TV, as capas de um dos documentos, sem, no entanto, detalhar seu conteúdo. Elas foram filmadas nas mãos do comandante do Comdabra à época, o brigadeiro José Carlos Pereira — que também fez menção à existência dos calhamaços em entrevista histórica que concedeu ao editor A. J. Gevaerd, em 2008, mencionando ainda que tal material teria sido digitalizado e estaria em um sistema da Aeronáutica [Veja edições UFO 141 e 142, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Desde então, aqueles cadernos passaram a ser o alvo dos ufólogos e se transformaram no objeto de insistentes pedidos da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU). Um deles feito, inclusive, na inédita visita que os seus membros fizeram ao Cindacta, em maio de 2005, acima mencionado.
“Enorme passo conquistado”
Entretanto, só após a entrada em vigência da Lei de Acesso à Informação, de 2011, é que passamos a forçar legalmente o Ministério da Defesa a desclassificar toda e qualquer informação relativa ao tema, entre elas os próprios cadernos. “A liberação destes documentos é mais um enorme passo conquistado pela Ufologia Brasileira para o reconhecimento oficial da presença extraterrestre em nosso planeta. A lamentar apenas o fato de a Marinha e do Exército não seguirem o exemplo de transparência da Força Aérea Brasileira (FAB), que vem disponibilizando esses importantes documentos”, afirmou Wallacy Albino, conselheiro especial desta publicação.
Assim que a CBU tomou conhecimento daqueles resumos estatísticos, entrou com novo pedido de informações ao Governo Brasileiro, por meio do site da Controladoria Geral da União (CGU), que é um dos vários métodos eletrônicos de solicitação de informações oficiais existentes graças à Lei 12.527/2011 e disponível ao cidadão. A solicitação, formulada no início de agosto e ainda em tramitação quando finalizávamos este artigo, cita como parâmetro os dois calhamaços recém-desclassificados que já se encontram no Arquivo Nacional. E pede o fornecimento em meio eletrônico do inteiro teor das informações neles resumidas, elencando o conteúdo de cada caso — só que, dessa vez, pretendemos receber cópias fidedignas e coloridas dos originais. Isto se fez necessário porque, desde que as informações oriundas da Ufologia Militar começaram a chegar ao Arquivo Nacional, os lotes continham apenas cópias de documentos e fotografias em preto e branco — alguns, inclusive, eram praticamente ilegíveis. E dessa forma precária foram disponibilizadas nos sites da Revista UFO e do Arquivo Nacional. Porém, tanto a Lei de Acesso à Informação quanto a citada Resolução 551/GC3 não falam de acesso público ou envio de cópias ao Arquivo Nacional, mas sim de fornecimento da informação em si, da forma como ela foi gerada.
Pedido de mais documentos
Embora a resposta oficial e protocolar da solicitação feita no site da Controladoria Geral da União (CGU) não tenha sido dada a tempo, este coeditor recebeu uma ligação da assessoria do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (Cecomsaer), muito gentil e educada, durante a qual o oficial da arma explicou demoradamente as razões pelas quais os militares não poderiam fornecer, no momento, o que fora solicitado, mas que explicações viriam dentro do prazo estabelecido na legislação. A base das respostas era simplesmente porque o também mencionado Cendoc afirma não ter para fornecer aos ufólogos vários desses casos solicitados. Ou ainda, porque os restantes já foram enviados ao Arquivo Nacional, até mesmo os originais.
Ora, apesar de feitos ao Cecomsaer novamente os velhos questionamentos que rondam a Ufologia Brasileira desde o lançamento do movimento UFOs: Liberdade de Informação Já, muitas das perguntas continuam sem respostas — e precisam delas. Que fim foi dado às 16 horas de filmes em formato super 8 e 16 mm e ao restante das fotografias da Operação Prato, conforme relatou seu comandante, o coronel Uyrangê Hollanda? O que teria de fato ocorrido com o relato descrito por testemunhas oficiais, ligadas ao A2, e que tiveram “contato com ETs”, segundo os documentos recém-liberados? Onde estariam os originais dos casos ufológicos brasileiros mais complexos, se até hoje o Arquivo Nacional não os exibe em páginas eletrônicas? Enfim, estas são só algumas das muitas questões que a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) ainda quer ver respondidas neste e nos próximos anos, até que informações satisfatórias cheguem
ao público.
Baixe os documentos liberados pela Aeronáutica
A Revista UFO disponibiliza nos endereços abaixo cópias em formato PDF dos dois calhamaços estatísticos liberados pela Aeronáutica em agosto. Baixe-os digitando estes endereços em seu navegador. Se os compartilhar ou publicar, nunca deixe de reconhecer, citando a fonte, que os documentos foram obtidos graças à Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU):
ufo.com.br/documentos/Estatisticas_OVNI_Comdabra_2.pdf