A Ufologia é uma área em constante renovação, especialmente porque atrai muitos jovens que, entusiasmados com o assunto, lançam-se a pesquisá-lo. Desde que surgiram as atividades mundiais de investigação ufológica, em 1947, três gerações se sucederam no setor. A terceira delas é composta principalmente por estes jovens, que convivem harmonicamente com as anteriores. Entre estas, há poucos representantes ainda vivos da primeira geração – e menos ainda os que estão até hoje em atividade. No Brasil, Reginaldo de Athayde, Irene Granchi, Max Berezovsky, Flávio Pereira, Húlvio Brandt Aleixo, Rafael Sempere Durá e Fernando Cleto Nunes Pereira são alguns deles. Um contemporâneo destes ufólogos e igualmente pioneiro é o incansável “buscador de respostas” e “caçador de sondas”, como ele próprio se descreve. Trata-se de Roberto Affonso Beck, um fluminense de Resende que viveu em Brasília (DF) desde sua fundação e hoje, aposentado, está em João Pessoa (PB). Na Capital Federal realizou centenas de vigílias e investigações ‘in loco’, resultando em dezenas de contatos diretos com sondas. Beck foi parceiro de pesquisas do saudoso general Alfredo Moacyr Uchôa, falecido há alguns anos, e com ele fez surpreendentes descobertas sobre UFOs e ETs no Distrito Federal. Agora na Paraíba, Beck promete fazer pesquisas ainda mais aprofundadas, num estado que é reconhecido por sua vasta casuística. Ninguém duvida que consiga. “A diversidade do Fenômeno UFO aqui é imensa e há muito trabalho a fazer”, diz o ufólogo, que é consultor de Ufo há 15 anos e está se aliando aos ufólogos paraibanos em sua empreitada.
Quais foram os casos mais impressionantes que você pesquisou em sua longa temporada em Brasília? Inegavelmente, foram os acontecimentos de Alexânia (GO), ocorridos entre 1968 e 1975, na Fazenda Vale do Rio do Ouro. Os fatos eram tão intensos que, por vezes, era possível aos espectadores observar ao mesmo tempo o movimento de três ou 4 sondas ufológicas, deslocando-se pelo local. Tais ocorrências eram registradas não só na fazenda, de propriedade do senhor Wilson Plácido de Gusmão, mas também em toda a região compreendida entre as cidades de Olhos D’Água e Corumbá de Goiás, onde pudemos também observar os mesmos objetos enquanto dirigíamos à noite por estradas de terra, nem sempre em condições apropriadas. Eram bolas de luzes que variavam de cor e se deslocavam a diversas altitudes, aumentando e diminuindo de tamanho. Noutras oportunidades, as sondas nos contornavam como se estivessem nos observando. Também é importante notar que não era necessário qualquer tipo de invocações ou correntes mentais para atrair os UFOs – embora eu não seja contra esses procedimentos. Parece que a inteligência que operava aqueles objetos pouco ligava para as condições do local ou mesmo a situação climática. Houve ocasiões em que, enquanto nós assávamos um churrasquinho improvisado, tais bolas de luz se aproximavam da mesma forma da gente, sem problema…
Como você interpreta a ação daquilo que chamou de “inteligência que operava os objetos”? O que pretendiam e por que estavam naquele local? Primeiro, muitas pessoas apreciavam o fenômeno juntas e quase sempre eu estava entre elas. Mas, noutras tantas oportunidades, pude presenciá-lo sozinho, uma vez que minha constância no local era intensa. Eu chegava a ir de três a 4 vezes por semana, apesar de ainda estar trabalhando no guichê da Caixa Econômica Federal, onde era caixa executivo. Além disso, alguns companheiros não podiam e não tinham o pique necessários para me acompanhar nas vigílias. Em certas ocasiões, saía direto da fazenda para a Caixa. Nem ia para casa. Noutras, fiz experiências solicitando que as tais inteligências respondessem aos meus sinais de lanternas, e fui atendido, mantendo assim um tipo de diálogo muito curto com aquelas luzes.
Eram curtos porque não se completavam nem se definiam, como se “eles” não quisessem deixar-nos conhecê-los melhor. E sabe como eram realizados tais diálogos? De forma bem simples: eu estabelecia mentalmente ou em voz alta que, ao piscar duas vezes, eles fizessem o mesmo. E a luz fazia o mesmo! Se pedisse que piscassem uma vez, elas obedeciam, e assim por diante… Mas quando eu estabelecia que uma piscadela representaria sim e duas não, na tentativa de manter uma conversação, as luzes simplesmente desapareciam. Logo, cheguei à conclusão lógica de que, realmente, havia uma inteligência por trás daqueles objetos, mas que não desejava entrar em detalhes quanto à sua presença no local. Assim, ficamos sem saber qual era seu interesse por aquela área e o que pretendiam.
É inegável que existe um tipo de inteligência operando sondas ufológicas em várias regiões do Brasil
Em nossa edição passada, o entrevistado Marco Petit também falou muito de sondas que ele documentou na Serra da Beleza (RJ). Você acredita que as sondas que ele descreveu e as que você contatou são idênticas e teriam a mesma origem? Mas qual seria seu verdadeiro propósito? Olha, aí está uma das grandes incógnitas da Ufologia. Podem ser ou não, porque várias são suas origens, como são também as dos seres que as manipulam. Raciocinando de maneira lógica, nos parece que num universo onde haja mais de 400 bilhões de galáxias – só a Via Láctea tem cerca de 100 bilhões de estrelas –, deve existir pelo menos 10% de planetas habitados por seres inteligentes. Se uma pequena parte deles estiver explorando outros planetas, e muitos acharem a Terra, então teremos uma multiplicidade de objetivos por trás da ação desses visitantes. Segundo o comportamento das sondas, suas manifestações luminosas e formato, pode-se apenas especular se são ou não da mesma origem. Pois seria preciso uma maior troca de informações entre todos os pesquisadores para que se realizassem estudos comparativos precisos. Agora, quanto aos propósitos das inteligências que operam as sondas, está tudo na área das suposições. Creio que só saberemos depois que resolverem vir bater um papo conosco…
Como um pioneiro que começou suas investigações há mais de quatro décadas, de que forma você avalia o estado da Ufologia Brasileira hoje? Creio que houve um progresso relativo, pelo menos no que concerne à aceitação do assunto UFO pelo público, que já não nos trata mais como loucos. Ou nem tanto quanto antes… Lembro que nos anos 50 e 60 a ironia era tamanha com relação a quem pesquisasse o assunto, que estes perdiam seus empregos, casais se separavam, amigos se afastavam etc. Enfim, era a demonstração cabal do atraso mental em que se encontrava a sociedade na época. Mas quanto à atual situação das pesquisas, estas parecem que estão mesmo estagnadas, e variados fatores têm contribuído para isso. Os desentendimentos entre ufólogos estão entre os problemas mais graves. Parece haver uma necessidade de auto-afirmação por parte de alguns membros da Comunidade Ufológica Brasileira, que se sentem esquecidos pela mídia.
Alguns ufólogos chegam a sonegar os resultados de suas pesquisas aos seus colegas, com medo de que se apropriem delas e se promovam às suas custas, o que é lamentável. Estas coisas acontecem mesmo e temos de ser realistas. É preciso uma verdadeira revolução na referida comunidade, para mudarmos nossos conceitos e procedimentos. O ufólogo, para ser completo, precisa ser humilde e saber doar sem esperar recompensa de qualquer natureza. Só assim, talvez, a Ufologia descole deste ranço de mediocridade em que está. Nós somos os próprios culpados por isso, mas cada um de nós deve fazer sua parte nessa transformação. Cada um tem que tomar consciência dessas coisas e refazer seu caminho!
O que você acha das idéias que estão circulando na Ufologia Brasileira hoje, uma para a criação de um sindicato de ufólogos e, a outra, para gerar um movimento que reconheça a Ufologia como ciência? Elas vingam? Nós somos uma classe desunida, temos que admitir! O que está nos faltando é exatamente a união verdadeira, de pessoas com objetivos definidos e iguais, sem busca alucinada por projeção individual. Neste estado de coisas, não temos nem como pensar num sindicato de ufólogos, até porque as pessoas que propuseram tal idéia nada esclarecem a respeito, nem disseram a que vieram e o que já realizaram para a Ufologia Brasileira. Os ufólogos precisam trabalhar muito e mostrar seus resultados ao público. Isso fará com que a mídia respeite mais nossa atividade e permanente luta, e se una a nós na exigência de que o governo abra seus arquivos sobre o Fenômeno UFO – principalmente a Aeronáutica, que esconde o que já investigou sobre o tema, como a Operação Prato, por exemplo, conduzida na Amazônia entre setembro e dezembro de 1977.
Você acredita que a Força Aérea Brasileira (FAB) esconda muitas informações sobre a presença de ETs em nosso país ? Claro! Além da Operação Prato temos também os acontecimentos de maio de 1986, quando aviões da FAB tentaram perseguir 21 objetos voadores não identificados sobre os céus de São Paulo e Rio de Janeiro, sem sucesso. Os pilotos dos caças levaram um verdadeiro baile dos “pilotos” dos UFOs, na ocasião. Estes e outros tantos fatos estão sendo omitidos da população e os ufólogos já os provaram indiscutivelmente. Os militares escondem que naves extraterrestres já foram detectadas com radares, em registros fotográficos e filmes de todos os tipos, além de serem testemunhadas por muitos deles. A divulgação desses fatos pode dar novos horizontes à Ufologia Brasileira, mas desde que haja boa vontade e desejo de militares e cientistas em estudar o assunto. Aí, finalmente, quando constatarem a gritante, escandalosa e transparente quantidade de informações legítimas sobre o tema, a Ufologia será reconhecida como ciência.
Após mais de 40 anos de pesquisas, sua busca de respostas está concluída? Você já sabe o que queria saber sobre o Fenômeno UFO ou ainda há algo que esteja procurando? Após todo esse tempo, cheguei à conclusão de que quase nada está respondido e que devemos continuar buscando e renovando sempre o ânimo, sem sermos influenciados pelos exemplos que ficaram no meio do caminho e que se entregaram à frustração, por não conseguirem alcançar seus objetivos, ou seja, respostas imediatas. Trabalhar, trabalhar e trabalhar – esta é a ordem, se quisermos que a verdade seja do conhecimento da humanidade!