Este consultor já postou em seu blog um artigo a respeito da Imagem de Campo Ultra Profundo do Hubble (HUDF), uma extraordinária fotografia que é a mais distante já obtida universo adentro. A HUDF mostra uma região do cosmo com cerca de 400 a 800 milhões de anos de idade, somente, logo após o Big Bang. O estudo foi publicado na revista Nature.
Agora, foi anunciado que uma equipe de astrônomos, trabalhando com o Telescópio Muito Grande Europeu do Sul (ESO VLT), identificaram na famosa foto do Hubble a galáxia mais antiga de que se tem conhecimento, e que se encontra a uma distância recorde de 13,1 bilhões de anos-luz da Terra. A galáxia UDFy-38135539 já existia quando o universo tinha apenas 600 milhões de anos de idade, um período de tempo ínfimo comparado aos 13,7 bilhões de anos transcorridos até hoje desde seu surgimento.
O VLT observou a galáxia por 16 horas, ao que se seguiram dois meses de cuidadosas análises. O trabalho foi dificultado pela grande presença, nessa visão do universo primordial, de nuvens de hidrogênio molecular que formava uma névoa, dificultando as observações. O resultado final foi obtido quando os astrônomos conseguiram medir o desvio para o vermelho, ou redshift, da UDFy-38135539, comprovando sua idade.
É necessário explicar que, quanto mais distante está um objeto no cosmos, mais veloz ele se afasta de nós e portanto mais sua luz tem um desvio para o vermelho. É o efeito Doppler, que ocorre tanto com ondas eletromagnéticas como a luz, quanto com ondas sonoras. Pode ser percebido facilmente pela mudança de tom em uma sirene, por exemplo, quanto o veículo em que esta está instalada se aproxima e a seguir se afasta do observador.
Medindo a intensidade do desvio para o vermelho na frequência da luz emitida por uma estrela ou galáxia distante, os astrõnomos podem determinar sua distância, e portanto sua idade. O desvio para o vermelho da galáxia UDFy-38135539 foi determinado como 8.6, o mais alto que se tem notícia. Os astrônomos ainda afirmam que o brilho somente dessa galáxia não seria capaz de atravessar a opacidade das nuvens de hidrogênio, e que portanto devem existir galáxias menores nas suas proximidades, que aumentaram o brilho a ponto de ser medido pelo VLT.
Veja a Hubble Ultra Deep Field em alta resolução (18 MB de tamanho)