A idéia que Albert Einstein considerou seu maior erro – a de que há uma força contrária à gravidade no Universo –, na verdade, parece estar certa, e uma descoberta anunciada ontem traz mais reforço para essa hipótese.
Físicos já sabiam desde 1998 que essa força age atualmente no cosmo, mas, estudando imagens do Telescópio Espacial Hubble, descobriram agora que ela já atuava há 9 bilhões de anos –quando o Universo tinha apenas 60% da idade que possui hoje – e já era bem parecida.
“Vimos isso a partir da descoberta de 23 supernovas – explosões de estrelas – que estão além do alcance de telescópios terrestres”, disse o astrofísico Adam Riess, do Instituto de Ciências do Telescópio Espacial. “Essas supernovas fornecem marcas de quilometragem, por assim dizer, que nos permitiram medir a taxa de crescimento do Universo naquela época.”
Essa misteriosa força, hoje apelidada de “energia escura”, é responsável pela maneira acelerada com que o Universo se expande. Einstein, na verdade, postulou essa entidade para resolver um problema teórico que ele mesmo criou. Em sua época, acreditava-se que o Universo seria estático, mas isso não estava de acordo com a relatividade geral, teoria segundo a qual galáxias, estrelas e tudo o mais deveriam colapsar. O físico, então, mudou suas equações à força para introduzir um valor conhecido como “constante cosmológica”, apenas para contrabalancear a gravidade.
Einstein acabou desistindo da idéia depois que o astrônomo Edwin Hubble provou em 1929 que o Universo está se expandindo, mas ela acabou sendo resgatada por outros físicos em 1998 – não para provar que o Universo está parado, mas, sim, para mostrar que a energia escura está suplantando a gravidade e fazendo o Universo crescer cada vez mais rápido.
A descoberta anunciada ontem, dizem os físicos, ajudará a compreender melhor a natureza da energia escura, que, apesar de compor 70% do Universo, ainda é desconhecida. Mas o fato de descobrir agora que ela existe há tanto tempo e já tinha as mesmas características naquela época já permite descartar algumas teorias que postulam que ela seja um fenômeno altamente variável.