“A primeira sonda a trazer amostras de um asteróide para a Terra foi mesmo a Hayabusa japonesa, apesar de todos os problemas que sofreu”, confirmou a Agência Espacial do Japão(JAXA). “Podemos confirmar a presença de 1.500 partículas do asteróide Itokawa nas amostras recolhidas este ano, no deserto australiano, após uma acidentada viagem pelo espaço, cheia de avarias. A composição das poeiras é extraterrestre e há até um material que não se encontra em nossa superfície”, adianta o site da revista científica New Scientist.
É a primeira vez que chegam à Terra materiais colhidos diretamente num outro corpo do Sistema Solar, pois até agora só tínhamos amostras da Lua. O estudo destas poeiras – que têm menos de 10 mícrons, sendo que um mícron é a milionésima parte de um metro – pode revelar quais os materiais que existiam quando os planetas se formaram.
Além de ajudar os cientistas a compreender a nossa casa no universo, estudar os asteróides e a sua composição pode ser importante para proteger a Terra de eventuais impactos. Nada como conhecer aquilo que se quer explodir, ou afastar, por exemplo.
“A ciência que vamos fazer com base nestas partículas nos próximos anos não tem preço”, comentou Paul Abell, do Centro Espacial Johnson da Agência Espacial Norte-Americana (NASA), membro da equipe Hayabusa. “Depois de todo o trabalho duro que tivemos e toda a longa espera, podemos dizer que, pela primeira vez, obtivemos amostras colhidas diretamente num asteróide”, disse, citado pela New Scientist.
No Japão, a notícia é motivo de grande orgulho. “Estou extremamente emocionado, nem sei como descrever isto que vai além dos meus sonhos, tivemos uma sorte incrível”, reagiu Junichiro Kawaguchi, o diretor do projeto na JAXA, citado pela agência AFP. “É uma estréia mundial e um sucesso notável”, sublinhou o ministro nipônico da Ciência e Tecnologia, Yoshiaki Takagi, numa conferência de imprensa em Tóquio.
A cápsula com as poeiras do asteróide Itokawa foi recuperada em junho, no deserto australiano, onde foi largada pela Hayabusa, ao reentrar na atmosfera terrestre. A sonda desintegrou-se, sem suportar as altas temperaturas da reentrada, terminando em fogo uma viagem espacial de ida e volta de sete anos e 6.000 milhões de quilômetros.
Durante esta longa viagem, teve repetidas avarias, nos motores, nas baterias e outros equipamentos, que levaram a atrasar três anos o seu regresso à Terra e faziam duvidar de que existissem mesmo poeiras de asteróide no depósito que tinha sido colocado na sonda, batizada com a palavra em japonês para falcão. Mas, “após o seu regresso à Terra em junho, a Hayabusa tornou-se para os japoneses, grandes e pequenos, símbolo da temeridade e de persistência na adversidade”, sublinhou a AFP.
Assista ao vídeo de reentrada da sonda Hayabusa, em 13 de junho:
Outro vídeo, mais próximo: