No último 29 de novembro foi publicado um estudo no jornal Science descrevendo a descoberta, confirmada pela sonda orbital Messenger, de que o pólo norte de Mercúrio possui enormes quantidades de água na forma de gelo. O montante, calculado entre 100 bilhóes e um trilhão de toneladas, está distribuído no fundo de inúmeras crateras da região, onde o brilho do Sol jamais alcança.
A nave da NASA, lançada em agosto de 2004 e que chegou ao planeta em abril de 2011 após uma série de sobrevoos de Vênus, da Terra e do próprio Mercúrio, também detectou que parte desse gelo é coberta por uma capa escura, formada provavelmente por compostos orgânicos. Os próprios cientistas estão surpresos pela existência dessas substânicas em um mundo calcinado, que orbita em média a cerca de 58 milhões de km do Sol, com temperaturas de superfície da ordem de 427º C.
Especular por vida em condições tão extremas é algo que os cientistas não parecem dispostos a fazer, mas o achado pode auxiliar os astrobiólogos na busca por vida extraterrestre. De acordo com a declaração de Jim Green, diretor da Divisão de Ciênicas Planetárias da NASA: “Quanto mais investigamos o sistema solar, mais percebemos que ele é um lugar úmido. Isso é animador, pois a quantidade de água que temos na Terra, trazida por corpos como cometas e asteróides, foi levada também a outros mundos, bem como as substâncias que pode dar origem a vida. Isso nos motiva a continuar a exploração, seguindo a água e seus sinais pelo sistema solar”.
A Messenger confirmou observações por radar que têm se repetido há duas décadas, utilizando o radiotelescópio de Arecibo em Porto Rico. A nave descobriu também que nas regiões permanentemente obscurecidas, nunca atingidas pelo brilho solar, a temperatura chega a menos 223º C. Parte do gelo está exposta, enquanto em alguns locais a água congelada permanece a temperaturas menos baixas, e cobertas por um material escuro que contribui para aquecer levemente esses locais. Os cientistas dizem que é provável que essa substância sejam compostos orgânicos, que poderiam ser precursores da vida em um ambiente mais favorável.
Com sua atmosfera extremamente rarefeita e a proximidade ao Sol, Mercúrio não é considerado um planeta habitável, mas o achado contribui para a pesquisa por vida alienígena, conforme afirma Sean Solomon, principal pesquisador da Messenger: “A história da vida começa com a chegada da água e dos compostos pré-bióticos a algum local apropriado, que depois iniciam um processo de reações químicas que ainda não entedemos, mesmo aqui na Terra. E Mercúrio agora é um objeto de interesse da astrobiologia. Não esperamos encontrar qualquer forma de vida, mas em termos do livro da vida, lá estão alguns de seus primeiros capítulos, e Mercúrio pode nos informar do que devemos ler”.
Veja as mais recentes fotos da Messenger
Infográfico explicando a descoberta de água em Mercúrio
Saiba mais:
Livro: UFOs na Rússia