Em novembro, enquanto no Brasil os agroglifos de Santa Catarina esquentavam os debates em torno da ação de inteligências cósmicas na Terra, nos Estados Unidos a polêmica era outra — mas igualmente acirrada. Na sexta-feira, dia 04, o Escritório de Políticas de Ciência e Tecnologia daquele país [Office of Science and Technology Policy, OSTP] respondeu a dois abaixo-assinados publicados no site oficial do governo, causando grande decepção e um tanto de revolta dos ufólogos norte-americanos — como de outras partes do mundo. Ambas as iniciativas visavam pedir à Administração Obama que abrisse seus arquivos secretos sobre UFOs e revelasse o que sabe à nação. Um deles foi elaborado pelo ativista ufológico e consultor da Revista UFO Stephen Bassett, dirigente do Paradigm Research Group (PRG).
A resposta do governo veio na forma de um comunicado emitido pelo funcionário Phil Larsen, especialista em política espacial e comunicações do OSTP, intitulada Estamos Procurando ETs, Mas Ainda Não Temos Evidências Deles. O texto foi publicado no espaço reservado às respostas aos abaixo-assinados — ou petições, como são conhecidos nos EUA — publicados no site da Casa Branca, We the People [www.whitehouse.gov], um canal de comunicação com a sociedade. Qualquer pessoa pode publicar ali sua petição ao governo, desde que razoável, mas para que a mesma seja sequer considerada digna de discussão, deve atingir pelo menos 25 mil assinaturas — a petição do PRG atingiu apenas 12 mil, mas mereceu a resposta.
Larsen e a equipe do Escritório de Políticas de Ciência e Tecnologia não poderiam ter sido mais infelizes em sua resposta às 12 mil pessoas que pediam ao governo maior transparência no lido com o Fenômeno UFO. Ora, sabe-se que os Estados Unidos já estabeleceram dezenas de projetos de investigação ufológica nas últimas cinco décadas, alguns secretos e outro pretensamente públicos — esses com o objetivo de levar a nação a crer que o tema é desprovido de importância, que os UFOs não existem ou que, se existirem, não são uma ameaça à segurança nacional do país. Na verdade, o que resultou de tais projetos foi uma quantidade gigantesca de informações sobre a ação na Terra de outras espécies cósmicas — dados que evidentemente permanecem longe dos olhos do público.
“Se qualquer agência dos Estados Unidos ou mesmo a Administração Obama hoje admitir pelo menos uma parte do que sabe sobre discos voadores e extraterrestres, haverá uma imensa comoção no país”, avaliou o cirurgião californiano Roger Leir, autor de Implantes Alienígenas [Código LIV-011 da coleção Biblioteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br]. Uma das pessoas mais bem informadas da Ufologia Norte-Americana, Leir foi mais longe e disse que, “se os EUA reconhecerem agora o que sabem, a população e a imprensa vão condená-lo duramente por ter mantido tais fatos em segredo por tanto tempo”.
No Brasil a história foi outra
Enfim, como se vê, a continuidade da política de acobertamento ufológico — que para alguns está com os dias contados por causa da perda de controle que as agências governamentais estão tendo sobre o assunto — se dá porque o governo dos Estados Unidos é refém de suas próprias mentiras. O assunto, na avaliação de muitos estudiosos, jamais vai ser admitido e nem sequer discutido verdadeiramente. “Não tenho a menor esperança de que um dia venhamos a ver Obama ou qualquer outro presidente liberando informações sobre a existência de UFOs e ETs”, declarou à Revista UFO o pesquisador Jordan Maxwell, outro que sabe o que fala.
Sua opinião é quase unanimidade na Comunidade Ufológica Norte-Americana, que não vê a possibilidade de ocorrer naquele país o que se passou, por exemplo, no Brasil, que teve sua Força Aérea reconhecendo a questão ufológica e a necessidade de se tratar com transparência de assunto tão importante. “Está na hora de revelar tudo o que o Governo sabe sobre os UFOs”, declarou à essa publicação, em entrevista exclusiva, ninguém menos do que o brigadeiro José Carlos Pereira, ex-comandante do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra). Em agosto de 2010, o atual comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), o igualmente brigadeiro Juniti Saito, emitiu uma resolução no Diário Oficial da União determinando procedimentos para lidar com registros ufológicos [Veja edições UFO 141 e 170, agora disponíveis na íntegra em ufo.com.br].
Essas são situações absolutamente impensáveis de se repetir nos Estados Unidos, cujos ufólogos veem no caso brasileiro — e de outros países da América do Sul que têm posturas semelhantes, como Uruguai e Chile — um exemplo elogiado e a ser seguido. Seja como for, os ufólogos norte-americanos não desistem de tentar, e alguns movimentos extremamente ativos estão em plena luta para arrancar de seu governo qualquer coisa que seja. Um deles é justamente o Paradigm Research Group (PRG), de Bassett. Antes um lobista político de sucesso em Washington, ele se converteu à causa ufológica e vem tentando, através de várias iniciativas, promover a abertura ufológica em seu país. A petição publicada por ele no site We the People, da Casa Branca, é apenas mais uma delas — e a mais bem sucedida até então, considerando-se que recebeu mais de 12 adesões [Apenas para comparação, a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já recebeu quase 70 mil adesões].
Palavras mal empregadas?
A reação dos ufólogos norte-americanos à declaração de Phil Larson, em nome do Escritório de Políticas de Ciência e Tecnologia dos Estados Unidos, e portanto oficial da Administração Obama, foi imediata e barulhenta. “Como é possível que, diante de tantas informações já acumuladas nessas décadas todas, Larson queira nos fazer crer que nenhuma evidência da existência e ação de discos voadores na Terra esteja sendo escondida pela Casa Branca?”, questiona indignado o físico nuclear canadense Stanton Friedman, também consultor da Revista UFO. Bassett, no entanto, vem sendo questionado por membros mais conservadores da Ufologia de seu país qu
anto aos termos usados na petição [Veja na íntegra nesta edição].
Para a jornalista Leslie Kean, por exemplo, autora do recente bestseller OVNIs — Militares, Pilotos e o Governo Abrem o Jogo [Idea Editora, 2011] e entrevistada de nossa edição 180, as expressões usadas por Bassett não são as mais apropriadas. “Como um governo, seja qual for, vai dar uma resposta à altura para um requerimento que fala da ‘existência de uma presença extraterrestre engajando a raça humana’? É claro que os termos usados deveriam ser outros — e talvez dessem mais resultado”, declarou Leslie. Outros ufólogos consultados dizem que nem com termos diferentes o governo dos Estados Unidos irá responder positivamente a um pedido de informação sobre a presença alienígena na Terra. Basta que se veja que, quando forçadas judicialmente, algumas agências governamentais tiveram que entregar documentos ao público, mas eles eram completamente ilegíveis.
Clinton quase abriu o jogo
Seja como for, o fato é que há uma polêmica instalada e que, tendo ou não o formato apropriado, acabou atraindo mais atenção para a questão ufológica do que qualquer outro tema recente. Tanto que, na época do fechamento dessa edição, Stephen Bassett já preparava uma nova versão de seu requerimento à Casa Branca. Seus termos agora são, digamos, mais apropriados. Entre eles está que “os abaixo-assinados requerem formalmente da Administração Obama que se inicie uma investigação pelo Congresso Americano dos esforços realizados pela chamada Iniciativa Laurance Rockfeller, junto ao ex-presidente
Bill Clinton”.
Isso pode ser dinamite. A referida iniciativa envolveu a ação direta do bilionário Rockfeller em uma pressão sem precedentes contra Clinton, para que abrisse os arquivos governamentais — e quase conseguiu. Participaram dela, entre outras personalidades, a atual secretária de Estado Hillary Clinton, o operador da transição entre os governos Clinton e Obama John Podesta — com cargo importante neste último —, o influente membro do Departamento de Justiça Webster Hubbell e o atual secretário da Defesa norte-americano Leon Panetta, que já foi diretor da CIA. Se Bassett obtiver as 25 mil assinaturas de que precisa, o governo terá que levar a sério o pedido — e talvez realmente aconteça a tal investigação pelo Congresso. E se ocorrer mesmo, nem Hillary, nem Podesta, nem Panetta e nenhum dos outros envolvidos poderá cometer perjúrio ou se abster de revelar o que Laurance Rockfeller queria tanto que Clinton abrisse logo à nação.
Nos textos seguintes se verá o conteúdo da petição postada no site We The People, a resposta do especialista em política espacial e comunicações do Escritório de Políticas de Ciência e Tecnologia Phil Larsen, em nome da Casa Branca, a reação do ativista Bassett e um texto ainda mais contundente do citado físico nuclear canadense Stanton Friedman. É o suficiente para que o leitor da UFO tenha uma boa ideia de como andam acirrados os ânimos nos Estados Unidos. Enquanto isso, aqui no Brasil, seguimos tentando entender o que querem nos dizer as inteligências que produziram os agroglifos em Santa Catarina.