O estudo, desenvolvido por Luca Comisso, da Universidade de Columbia, Estados Unidos, e Felipe A. Asenjo, da Universidade Adolfo Ibañez, Chile, propõe uma fonte de energia inesgotável para uma civilização avançada.
Cientistas desenvolveram uma teoria que mostra ser possível extrair energia de buracos negros. Isso permitiria que a humanidade tivesse fornecimento de energia assegurado mesmo em lugares remotos do Universo. Os resultados foram publicados na quarta-feira (13/01) na revista científica Physical Review D.
“Os buracos negros são comumente cercados por uma ‘sopa’ quente de partículas de plasma que carregam um campo magnético. Nossa teoria mostra que quando as linhas do campo magnético se desconectam e se reconectam, da maneira correta, elas podem acelerar as partículas de plasma para energias negativas, e grandes quantidades de energia de buracos negros podem ser extraídas”, explica Luca Comisso, principal autor do estudo, citado pelo portal Science Alert.
Os cientistas elaboraram a teoria com base na premissa de que a reconexão de campos magnéticos acelera as partículas de plasma em duas direções diferentes. Se as partículas se dividissem em dois grupos, com uma parte caindo no horizonte de eventos do buraco negro e a outra escapando da atração gravitacional do buraco negro, a energia produzida pelo objeto em fuga seria teoricamente extraível. Da perspectiva do buraco negro, a partícula em queda seria imbuída de uma quantidade negativa de energia.
Quasar Teacup, denominado assim por parecer uma xícara de chá, abriga o buraco negro supermassivo SDSS 1430 +1339.
Fonte: NASA/STScI/W. Keel et. Al.
De fora do buraco negro, a partícula que sai teria energia positiva. Por meio desse método, a fuga de plasma com energia poderia, teoricamente, servir como uma fonte ilimitada de energia livre, desde que o buraco negro continuasse engolindo plasma de energia negativa. “É como se uma pessoa pudesse perder peso comendo doces com calorias negativas. Isso pode parecer estranho, mas pode acontecer em uma região chamada ergosfera, onde o contínuo do espaço-tempo gira tão rápido que todos os objetos giram na mesma direção que o buraco negro”, esclarece Comisso.
“Nós calculamos que o processo de energização do plasma pode atingir uma eficiência de 150%, muito maior do que qualquer usina em operação na Terra. Alcançar uma eficiência superior a 100% é possível porque vaza energia dos buracos negros, que é distribuída gratuitamente para o plasma que escapa do buraco negro”, comenta Felipe A. Asenjo, coautor do estudo. A teoria propõe, dessa forma, uma fonte de energia inesgotável para uma civilização avançada. Até lá, permitirá que os astrônomos calculem com mais precisão a rotação dos buracos negros e suas emissões de energia.